quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Os políticos querem ser respeitados, mas…

Todo o ser merece respeito, mas numa instituição ou grupo social, os chefes têm o privilégio de verem acatadas as suas decisões, tomadas segundo as normas em vigor e explicadas aos que as devem executar, depois de terem beneficiado de melhoramentos provenientes da participação dos colaboradores. Nestas condições, situam-se os detentores de cargos públicos e políticos, pelas consequências das suas determinações num vasto número de cidadãos.

Mas, para serem respeitados, têm que «dar-se ao respeito», evitando resguardar-se com o ditado «ouçam o que eu digo mas não olhem para o que faço».

É notório o espírito que preside aos discursos dos políticos e que traduz uma convicção arrogante de que só eles são inteligentes e todos os cidadãos são carentes de cérebro. Pura ilusão porque, para se candidatarem a eleições ou a nomeações, não são obrigados a apresentar prova de alto grau de quociente de inteligência

Mas o mais chocante é a falta de respeito entre os seus pares, também merecedores de respeito institucional. São exemplos desses despautérios os casos referidos em duas notícias de hoje. Alberto João Jardim é de opinião de que o Tribunal Constitucional deve ser extinto, porque rejeitou o pedido de fiscalização sucessiva da inconstitucionalidade do Orçamento do Estado 2007, suscitada pela Assembleia Legislativa Madeirense. O chefe do Governo regional considera que a Madeira está a ser objecto de "terrorismo de Estado em matéria de aplicação constitucional".

Outro exemplo vem do ministro da Saúde, Correia de Campos, que ontem no Parlamento contestou as conclusões do relatório do Tribunal de Contas (TC) sobre a contabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), afirmando que aquela instituição "não está abrangida pelo dogma da infalibilidade" e que o documento parte de pressupostos "que não têm adesão à realidade". Será o Sr. ministro é infalível? E será que as decisões tomadas pelo Sr. ministro têm esse realismo? Antes ou de depois dos vários recuos que se viu obrigado a fazer perante a discordância das autarquias e dos populares acerca das medidas que tomou, quanto a maternidades , urgências, centros de saúde, etc?

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segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Novo conceito de direita e esquerda!

A Vitalino Canas admite que "à medida que os problemas forem sendo ultrapassados, é claro que a dimensão à esquerda poderá ser mais visível". "Isso virá com o tempo". Segundo ele, "o PS governa à esquerda e de acordo com as possibilidades que tem de governar à esquerda". Estas frases do socialismo realista de Vitalino Canas, porta-voz do PS, foram ditas quando, desafiado a comentar o repto de Mário Soares para que o Governo virasse à esquerda.

Parece que estamos perante um teorizador da política sugerindo novos aspectos da clássica divisão entre esquerda e direita. Parece deduzir-se das palavras desta influente figura do principal partido que a esquerda não tem a mínima vocação ou capacidade para governar em situações de crise e muito menos para as resolver, só podendo brilhar em situações normalizadas à medida que os problemas ficarem resolvidos. As direitas estão melhor preparadas para resolver as crises e os problemas. Por isso, o PS sentiu-se obrigado a fazer uma política de direita para resolver a crise do défice orçamental e, após a missão cumprida, pode dar-se ao luxo de fazer política de esquerda, talvez para criar a próxima crise?

Com esta filosofia, ficamos na dúvida de quem teria ocasionado esta crise? Possivelmente, ao contrário destes pedaços de «ciência» política, a crise foi sendo criada paulatinamente por todos os político dos mais variados partidos!

O que eles dizem e o que fazem!!! É só fumo, fumaça, poeira em frente ao povo que consideram muito estúpido. Não deviam destruir a auto-estima dos cidadãos e fica-lhes mal ostentarem tanta superioridade, que nem sequer corresponde à realidade.

Recomenda-se a leitura do artigo no Diário de Notícias de hoje sobre este caso. PS promete mais esquerda à medida que a crise passar

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domingo, 25 de novembro de 2007

Chávez, o «amigão»!!!

A verdade nua e crua !!!
Todo menino passou por isso ao menos uma vez: Ter de encarar um valentão na escola. Todo mundo já foi para o recreio passando por uma odisséia mental, e a nada metafórica górgona que o aguardava era um moleque mais velho e mais forte, espancador de menores e ladrão de merenda. Todos conhecem o tipo. E todos evitavam cruzar com ele, claro. Quanto maior a distância, menor o problema. Mas alguns usavam uma tática oposta; viviam puxando o saco do sádico mirim. Eram os baba-ovos de plantão, que compravam a simpatia dele com as adulações. Quando o valentão escolhia um deles pra extravasar sua violência natural, a saída do puxa-saco agredido era fingir que tudo não passava de uma brincadeirinha do amigão. Diminuía o tempo de surra e salvava as aparências. Assim o puxa-saco continuava amiguinho do covardão e tentava fazer com que os outros acreditassem que era apenas uma travessura. E afinal, quase nem tinha doído, gente.

Semana passada Lulla riu quando Hugo Chávez o chamou de sheick da Amazônia e de magnata do petróleo, entre outras graves ofensas. Tudo televisionado. O riso nervoso, forçado, demonstrava claramente que Lulla tinha medo. Lulla morre de medo de Chávez, o valentão boquirroto. Lulla fez o papel de amiguinho para apanhar menos.

Lulla foi ironizado, espezinhado, humilhado pelo psicopata Hugo Chávez , na Cúpula Ibero-Americana, ocorrida no Chile. Riu, nervoso, quase histérico, para disfarçar a humilhação mundial que passava. Não só ele, mas, aos olhos do mundo, todo o Brasil foi, de novo, agredido verbalmente pelo venezuelano. O mesmo que chamou nosso Congresso de papagaio dos americanos.

O rei da Espanha não comunga com esses pensamentos. Não agiu como Lulla, fingindo que era tudo brincadeirinha do amigão do peito. Não foi fraco, não foi pusilânime. Quando o psicopata falou mal da Espanha e do ex-primeiro-ministro José Maria Aznar, chamando-o de fascista, ouviu o merecido cala-boca; rei Juan Carlos, um homem educado, piloto aposentando da Força Aérea espanhola, fidalgo que bem representa seu país, deu seu recado ao ditador. E ao mundo: chega desse imbecil. Algo que não ouviu do presidente brasileiro; Lulla perdeu uma excelente chance de mostrar que não somos idiotas, ou ao menos, que não é covarde. Estamos mal. Lulla riu (riu!) ao ouvir as ofensas ironicamente dirigidas ao Brasil e à sua triste figura, meu nobre cavaleiro Dom Quixote; digo, Sancho Pança. Moinhos que o digam. Cervantes foi honrado pelo seu rei. Fomos humilhados pelo nosso presidente, mais ainda que pelo falastrão venezuelano. É de chorar; justamente quem deveria, até pela força de seu cargo, defender o Brasil de Chávez, preferiu fingir que a pancada não doeu. Achou melhor assim. Lulla só mostra as garras com os menores, como o jornalista americano Larry Rother, que relatou as paixões etílicas do presidente e quase foi deportado pelo "crime". Com os mais parrudos, age diferente; Chegou até a ficar amicíssimo de Fernando Collor, José Sarney e Orestes Quércia, a quem antigamente chamava de ladrões.

Com Evo Morales não foi diferente. O boliviano espoliou e humilhou o Brasil invadindo militarmente a Petrobrás, com transmissão ao vivo pela TV mundial. Lulla fez que não era com ele. Como se a pedrada não tivesse atingido suas costas.

O rei espanhol provou que tudo tem limite. Fez com Chávez o que Churchill fez a Hitler em 1938: Avisou ao mundo o perigo que representa um tirano demente e armado até os dentes. Parece que Juan Carlos teve mais sucesso que o inglês em sua empreitada. O alerta foi ouvido.

A Europa cansou de Chávez. O rei disse o que muitos pensam, mas não falam. O venezuelano odeia a Espanha, um país que enriqueceu à custa de muito trabalho duro. Muito diferente da Venezuela, que empobrece a olhos vistos, não obstante as fortunas arrecadadas com a exportação de petróleo, cujos lucros vão diretamente para o ralo do populismo e da corrida armamentista.

Na escola em que o rei Juan Carlos ministra aulas, Lulla ainda está no primário. E Chávez o espera no recreio, para roubar nossa merenda.

Fernando Montes Lopes Advogado
fermlopes@uol.com.br

NOTA: recebido por e-mail de correspondente identificado.
Não é só Lulla da Silva a ter medo do amigão valentão. Recorde-se a forma como tem sido tratado pelo nosso Governo e pelo ex-PR Mário Soares. Infelizmente, nas relações internacionais, não é frequente a frontalidade, a coragem e a nobreza demonstradas pelo Rei Juan Carlos, de Espanha.

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quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Novo Aeroporto de Lisboa, onde?

É agora enfatizado que o Pinhal Novo é nova proposta para a localização do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL). Esta notícia que cita um estudo do Engenheiro Pompeu dos Santos não deveria passar despercebida aos opinadores da Comunicação Social, porque encerra realidades que não podem ser ignoradas – a força dos lobis que não desistem perante uma eventual derrota e procuram escolher terreno mais favorável para nova batalha.

Já vai longe a data em que as duas alternativas eram a Ota e o Rio Frio. Como os terrenos da Ota eram mais baratos por não interessarem nem à agricultura nem ao urbanismo, várias pessoas se podem ter tentado a investir aqui em força para colherem boas «mais valias» no momento da expropriação, para a construção do NAL e as pressões para ali se orientaram. Soa que tais pessoas estiveram ligadas a idêntico investimento no distrito de Beja tendo em mira as construções da A-2, de um projectado centro de rastreio de satélites em Almodôvar e de um resort chinês com amplos campos de golfe e um centro logístico para abastecer toda a Europa a partir do porto de Sines.

Tendo, assim, sido desprezada a hipótese de o NAL ir para Rio Frio, ficou apenas a Ota para gáudio daqueles que ali investiram e o caso estava considerado encerrado, com o ministro Lino a dizer, com a sua pronúncia francesa, que no «deserto» da margem sul «jamais» seria construído. Com o «jamais» mostrou-se desactualizado quanto à geopolítica, pois, hoje é mais curial usar termos em inglês do que no obsoleto francês. Mas, como é iberista...

Porém, alguém não preso pelo pescoço ao Poder, nem ao grupo influente dos investidores prediais, alertou para os graves inconvenientes da Ota e para as variadas vantagens da margem Sul. E surgiu a hipótese de Alcochete onde o Estado possui terreno suficiente para instalar o NAL com todas as suas dependências. Os investidores não podiam encarar com bons olhos tal solução, por não haver hipótese de ali virem a beneficiar de mais valias, mas, na sua esperteza, viram que a lógica iria inclinar-se para a margem esquerda do Tejo, dadas as vantagens variadas daí resultantes para o País. Ora, naquela margem, no tal «deserto», dado que o Rio Frio já tinha sido excluído do campeonato, e Alcochete não lhes interessar, havia que deitar as garras à hipótese, já em tempos referida de fugida, do Pinhal Novo.

Agora vinda a público a notícia baseada em estudo elaborado por técnico credenciado, há todo o interesse em investigar o que consta ou venha a constar na Conservatória do Registo Predial da área quanto às transacções de terrenos efectuadas desde o início deste ano. Desta forma, à semelhança de igual pesquisa na região da Ota, ficará a saber-se quem tem originado tantos atrasos na decisão sobre a localização do NAL e causado tão vultosas despesas em sucessivos «estudos» e «comissões de estudo». É certo que os custos desses estudos não foram perdidos porque entraram no bolso de «estudiosos» amigos e da confiança dos detentores do Poder! Mas o erário público, o dinheiro dos nossos impostos, esse foi gravemente lesado, bem como os custos da demora da entrada em funcionamento do NAL e as sucessivas adaptações entretanto necessárias na Portela para poder manter a operacionalidade por mais tempo.

Esperemos para ver. Mas a lógica não trará grandes surpresas ao que aqui fica esboçado, à laia de profecia.

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A formação gera riqueza

O JN de hoje traz a oportuna notícia de que decorre na Fundação Gulbenkian, em Lisboa uma conferência internacional sobre sucesso e insucesso escolar em que vários especialistas defendem que a educação é fundamental para o aumento da riqueza dos países e para o desenvolvimento social e cultural da humanidade.

Anna Vignolles, da Escola Londrina de Economia e Ciências políticas afirmou, com muita clareza, que a "Educação é um investimento para produzir capital humano, essencial para aumentar a produtividade e as capacidades económicas do país", pois a "educação traz benefícios para o pais e para os indivíduos ao aumentar, para além da produtividade, os salários" que "devem reflectir os níveis de produtividade dos indivíduos".

Segundo Manuel Villaverde Cabral, investigador e coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, é "este défice de capital humano que explica a extrema dificuldade com que a economia (portuguesa) está a enfrentar os desafios da competitividade à escala global".

Porém, julgo que não se pode esperar que estas afirmações, só por terem sido proferidas produzam milagres. Já há muitos anos que se aceitaram estas verdades e Portugal recebeu dinheiro da CEE para a formação profissional com vista a elevar a produtividade das suas empresas aproximando-a da média europeia. E nada se conseguiu, tendo até surgido suspeitas de fraudes de organismos sindicais e de muitas empresas.

As ideias e as intenções são imprescindíveis, mas devem ser continuadas pela prática, pela sua realização no terreno. E, para ser eficaz, esta exige adjectivação como ser séria, honesta, sempre tendo em vista objectivos bem definidos, ministrada a pessoas interessadas e estimuladas para a aprendizagem, por instrutores (professores) competentes e eficientes, sem aldrabices nas avaliações, etc.

Além da maior produtividade e possibilidade de melhor salário, o trabalhador com melhor preparação quer nos aspectos específicos quer de âmbito geral, usufrui de maiores facilidades de mudar para melhor emprego ou de encontrar trabalho no caso de a sua empresa fechar. Quem quer realmente trabalhar e dispõe de uma boa formação cultural e profissional, facilmente encontra emprego, porque tem várias hipóteses à sua frente. Há, porém que evitar aquela posição vaidosa, inepta e anquilosada de rejeitar um emprego só porque não é compatível com o seu grau académico.

Um simples quiosque de jornais fará melhor negócio se, em vez de empregado analfabeto, tiver um mestre em comunicação social, política internacional ou literatura (exagero dispensável!). Tive conhecimento, há cerca de trinta anos, de que um oficial de marinha fora saneado por inveja de camaradas que não se sentiam bem a seu lado porque a comparação com a sua inteligência, saber, competência profissional e dedicação ao serviço, os deixava ficar mal classificados, não se sentindo bem. Para ter o tempo ocupado e suprir o efeito do carimbo que lhe colocaram, resolveu criar um quiosque de jornais e revistas, onde granjeou uma clientela culta com quem discutia os temas mais interessantes do dia. A facturação foi crescendo e o negócio progrediu... O segredo do seu êxito foi a sua formação superior, o apoio dado a clientes menos informados e o diálogo culturalmente enriquecedor com os indivíduos mais cultos que lhe deram a preferência, em detrimento de outros locais de venda pior providos de capital humano.

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segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A corrupção e a deontologia dos jornalistas

No JN de hoje, com o título de "Interesse público", o jornalista Manuel António Pina aborda, com a sua subtileza e a perspicácia habituais, aspectos curiosos da corrupção. Por um lado, os jornalistas pegam com pinças deontológicas os casos criminais de corrupção que envolvem muitos zeros ou gente para quem os muitos zeros são triviais. O respeitinho é muito lindo e os jornalistas sabem tê-lo em atenção quando se referem aos detentores do poder, seja qual for o aspecto de este se evidenciar, político, económico, empresarial.

Por outro lado, à semelhança do touro manso que, inesperadamente, se toma de brios, encrespam-se em defesa do «interesse público», por causa de simples amendoins, o que foi notório há dias quando tantos «jornalistas correram para a porta de um tribunal onde eram interrogados uns árbitros e uns dirigentes do futebol regional, suspeitos de câmbio de 500 euros pelo resultado de um jogo». O "interesse público" da semana era o Lamego-Cinfães. E a notícia era que o resultado foi, mais euro menos euro, 2-2.

A volubilidade de conceitos jornalísticos, como o de "interesse público", seria tema interessante para uma tese de doutoramento em Comunicação Social. É que parece ninguém se ter interessado minimamente por saber quais são as "grandes empresas" que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais acusou de estarem envolvidas em crimes de fraude fiscal, provavelmente de valor superior a 500 euros! Bem tentou o secretário de Estado espicaçar a curiosidade de jornais e jornalistas com a lista das "1000 maiores empresas portuguesas" e bem o presidente da CIP deixou cair, como as senhoras púdicas de antigamente deixavam cair o lenço, a pista das construtoras civis. Em vão. Aqui os jornalistas não conseguiram descortinar o «interesse público», tal é a sua miopia. Ou haverá vantagem em tal conivência, do ponto de vista da segurança profissional e pessoal?

O tal respeitinho pelos poderosos caídos na tentação da corrupção ou a leve esperança de cada português poder vir a beneficiar com tais habilidades levou há meses o PGR a afirmar que o combate à corrupção é extremamente difícil porque o povo não a condena e não a denuncia. Quem, então, a pode eliminar dos costumes usados no enriquecimento fácil? Parece que ninguém está interessado nisso, porque quem era suposto realizar tal tarefa, não evidencia o mínimo interesse pessoal nela, antes pelo contrário. Recordem-se as reacções do poder político às propostas de João Cravinho.

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domingo, 18 de novembro de 2007

Segurança rodoviária. Memória acusa governantes

Operação Memória faz sete detidos e 22 mil euros em multas

Ana Mafalda Inácio, DN

Sete detenções e mais de 22 mil euros em multas. Este o balanço da Operação Stop Memória levada a cabo pela Divisão de Trânsito (DT) do Comando da PSP de Lisboa, na sexta-feira à noite. O objectivo era reforçar a fiscalização no que toca à condução sob o efeito do álcool e ao uso dos cintos de segurança, bem como a outros comportamentos que possam pôr em perigo a circulação rodoviária, já que hoje se assinala o Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, explicou ao DN o oficial de dia da DT.

No entanto, o maior número de infracções detectadas foi mesmo por excesso de álcool, 18 muito graves e 29 graves, o que correspondeu às sete detenções, seis homens e uma mulher, e a mais de 16 mil euros em multas. Durante mais de três horas, foram testados ao álcool 506 condutores, destes 103 eram mulheres, das quais nove registavam taxas acima dos 0,5 g/l no sangue. Um dos detidos não só tinha uma taxa de alcoolemia elevada como conduzia sem carta uma viatura que não tinha também seguro nem inspecção. Os restantes seis mil euros do total de infracções reportavam-se a situações de falta de documentação, inspecções, seguro, coletes, cintos de segurança e alteração de características de viaturas.

Nas ruas da capital estiveram mais de 50 agentes de várias esquadras da DT, 14 viaturas e 12 motas, que controlaram o trânsito em cinco locais estratégicos, junto a zonas de animação nocturna, como Bairro Alto, Cais do Sodré e Restauradores.

Esta não foi a única operação na cidade nem no País. O Dia em Memória das Vítimas da Estrada também foi assinalado pela polícia em Aveiro, onde 70 agentes fiscalizaram 700 viaturas, o que resultou em cinco detenções e 106 autos de contra-ordenação por infracções rodoviárias, 12 das quais por condução sob a influência do álcool. A operação, que incidiu nas zonas de Santa Maria da Feira, São João da Madeira e Ovar, foi desencadeada a pedido do gabinete coordenador de segurança distrital do Governo Civil. "Serviu para demonstrar às pessoas o cuidado que devem ter com a condução e que por vezes tendem a descurar", alertou o comissário Loureiro, do comando da PSP.| com JÚLIO ALMEIDA, Aveiro

NOTA: Memória dos milhares de portugueses que morreram na estrada ou ali deixaram a sua vitalidade, ficando inválidos para o resto da vida. Qual o número de vítimas dos últimos dez anos?

O que fez a Prevenção rodoviária, o que fizeram os governantes, para o evitar???
É vergonhoso haver razões para se falar de «situações de falta de documentação, inspecções, seguro, coletes, cintos de segurança e alteração de características de viaturas.» O que têm andado a fazer as forças policiais e a Justiça para se chegar a este ponto???

Para que serve termos de andar com o pára-brisas com papelinhos se não servem para nada, pois não têm servido para punir quem não faz as inspecções, ou não paga os seguros???

Afinal, para que serve pagarmos impostos? Para que servem os inúmeros assessores? Qual o resultado dos altos salários de indivíduos que deviam garantir a segurança dos portugueses nas estradas, nas ruas, etc? Quem pode esclarecer os portugueses das razões que levam a não se reduzir drasticamente esta tragédia?

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Governantes abusam do erário

Em 14 do corrente, o jornalista Manuel António Pina referiu na última página do DN um mau uso dos dinheiros públicos.

Mão amiga trouxe-me o recorte do artigo com o título «parabéns portugueses» de que extraio algumas linhas, por serem interessantes no sentido de comprovarem, mais uma vez, o desrespeito, despudor e ausência de escrúpulos dos políticos em relação aos dinheiros que nos são sacados através de crescentes impostos.

Diz que o Ministério da Justiça «comprou cinco limusinas de luxo, uma para o ministro, duas para os secretários de Estado, outra para o presidente do Instituto de Gestão Financeira e de Infra-Estruturas da Justiça (mais que justificadamente, pois esta só já tinha uns velhíssimo Audi A6 e Peugeot 404 de 2003) e mais uma para a secretaria-geral».

Refere também outra notícia que lhe «dava conta de que o OE gastará, em 2008, 3,4 milhões de euros (mais 15,4% do que este ano) com viagens de deputados». E cita mais aspectos interessantes que não transcrevo, para não perder mais tempo a digitar, porque o tempo é dinheiro e este é muito pouco para os impostos!

Temos que pagar a crise para eles se gaudiarem.

Mas, pensando melhor, talvez isto não passe de más línguas. Não se pode exigir que a secretaria-geral do Ministério, os secretários de Estado e o Ministro se desloquem em carros tão velhos e de fraca potência como os agentes da polícia e da GNR, nem tão obsoletos como as viaturas blindadas Chaimites e as espingarda automáticas G3 do Exército. Estes que apertem o cinto e se conformem com as fracas performances no cumprimento das suas missões!!!

Temos que compreender (!) que, para haver justiça, legal e social, neste pobre País, temos que reverenciar um ministro que se sinta feliz e ufano da sua posição. E, para ser feliz, o Sr. Alberto precisa imperiosamente de luxos básicos, coerentes com a sua condição de ex-colonialista de Macau, onde foi brilhante (!) e impoluto (1), de elemento influente do denominado grupo de Macau, de ex-MAI onde ficou célebre com o espectáculo dos «secos e molhados» e com a frase «esta não é a minha polícia», e, agora, de ministro da Justiça onde se fez notar com a guerra às férias judiciais, do fecho de tribunais no interior do País, da despenalização de «pequenos» crimes, do novo, brilhante (!) e incontroverso (!) Código do Processo Penal e, também, da nomeação da assessora Susana Dutra de quem os jornais muito falaram sem pretenderem beliscar a honorabilidade da licenciada, pois o alvo era o despudor de seu pai.

Teve o referido Sr. a «coragem» de garantir publicamente que não existem escutas telefónicas ilegais, como se alguém possa ser tão genial ao ponto de dar garantias credíveis de que, em qualquer sector da vida nacional, não existam acções ilegais! Os próprios tribunais só tomam conhecimento de ilegalidades muito após a sua ocorrência e desde que haja denúncia, queixa ou rumor público.

A sua obstinação na «reforma» jurídica ficou bem patente quando, há dias, disse que a sua política irá para a frente, mesmo que a oposição tenha opinião adversa!

Quanto às limusinas de luxo, ficou bem patente que o Sr. Alberto tem absoluta necessidade de sinais exteriores de valor intelectual e cultural, neste caso, constituídos por boas máquinas de quatro rodas de topo de gama obtidas à custa dos pagadores de impostos cujo cintos já têm falta de mais furos para apertar, dado que a grave crise criada e alimentada por tais políticos sem escrúpulos cuja vaidade os impede de ver à frente do nariz, os deixou na miséria e quase sem estômago.

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Restaurante fornece alimentação e simpatia

Não quero aqui fazer publicidade, mas não devo deixar de referir um caso raro e exemplar. Tendo passado alguns dias nos arredores de Viseu, recorri diariamente aos restaurantes com a principal finalidade da alimentação e, por vezes, de convívio social com amigos. A mesa é um óptimo local para estabelecer e reforçar relações humanas. Se a vida não é apenas materialismo e estômago, convém promover nestes momentos a alimentação dos sentimentos e dos afectos.

Dos vários restaurantes visitados, há um que conquistou um lugar no pódio das ementas, com a simplicidade da comida confeccionada com produtos regionais frescos e saborosos, com a pureza que nos faz pensar ser este o caminho para a longevidade saudável e feliz.

Chama-se «Retiro do Caçador» não por ter qualquer relação com a arte venatória mas porque se situa no lugar denominado Caçador, ao lado da EN 16, entre Viseu e Mangualde, a poucos quilómetros da primeira cidade. Para quem parte desta, vira à direita na primeira transversal depois de passar a saída para as Termas de Alcafache e Zona Industrial, pela rua para Fragosela de Cima a que se segue a Av. Visconde José Pereira. Quem vier pela A25, segue em direcção a Viseu e, a cerca de 400 metros, vira à esquerda na primeira rua.

Dispõe de duas salas com o total de mais de 400 lugares e de parque de estacionamento privativo com capacidade para muitas dezenas de carros. O proprietário, David Costa, embora seja pessoa reservada é simpático e mantém-se e muito atento ao atendimento dos clientes. A cozinha está a cargo da sua esposa, Maria Rosa, dotada e uma juventude espirituosa e muita gentileza. Os dois empregados, Elizabete e Márcio, desfazem-se em amabilidades e eficiência para satisfazer os clientes, mesmo quando estes têm hesitações, falta de apetite ou que se encontram em situação de dieta exigente. Sai-se de lá com vontade de voltar. Quem foi pela primeira vez não se sente enganado e sente-se satisfeito por ter experimentado entrar por sua iniciativa ou por sugestão de amigo.

Deixamos aqui ao Sr. David e à sua equipa eficiente esta simples mas merecida prova de apreço e votos de que continue com esta qualidade do serviço a merecer a consideração dos seus clientes.

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Luz – Poesia de José Amaral

LUZ

Naquele quintal,
encavalitado entre as casas
De uma aldeia beirã,
há dois diospireiros.

O verde das folhas
há muito
que se tornou avermelhado
e caiu.

Agora o alaranjado
Dos diospiros
Ilumina
- como o sol –
aquele pobre e triste aldeia
de gentes velhas,
trajadas de negro.

NOTA. Transcrito do livro «Outonalidades» de José Amaral, amigo bloguista do ad litteram , a quem felicito pela sua obra literária já constante em três livros e outro textos publicados.
Além de um retrato da sociedade de uma aldeia do interior desprezado do nosso País, este poema constitui uma imagem interessante do Outono, das ressonâncias luminosas da cor predominante desta estação – símbolo da beleza do amadurecimento em que é enfatizada a sabedoria acumulada durante uma existência. Nesta região beirã, os vinhedos e pomares apresentam-nos, à luz do dia e ao entardecer, os reflexos barrocos do ouro enriquecedor da Natureza.
Mas, por outro lado, caro Amaral, a perfeita integração da cor do diospiro na ambiência das folhas laranja faz pensar também na obediência incondicional e acomodada do funcionalismo público, em que as ameaças do género da que vitimou o professor Charrua são uma constante, mais ou menos velada, a ter em conta, as quais constituem um travação à inovação e à produtividade voluntariosa.
Tudo nas realidades da vida pode suscitar reflexões do tipo «prós e contras».

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sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Pausa informática

Mais do que informática, é uma paragem para manutenção, com um programa absorvente de «update» da memória, de revisão das hiperligações, reformulação de programas, desfragmentação, etc.

Esta pausa de manutenção ou higiénica, não propriamente do computador que fica em descanso, mas da alma, já devia ter sido feita e repetida várias vezes nos últimos dois anos, mas condicionalismos vários a impediram.
Farei amanhã um «upload» até às terras do coração da Beira Alta de onde farei um «download» alguns dias depois.

Por estas palavras, ficam os amigos informados do motivo do meu silêncio nestas páginas.
Se desejarem e acharem que vale a pena, podem entreter-se com os 580 artigos que aqui encontram e deixarem as vossas críticas que são sempre bem vindas e muito apreciadas.
Se algum bloguista da Beira Alta quiser levantar o braço (como antigamente nas escolas!) lá nos encontraremos. O meu comentador mais assíduo, José Amaral, saberá como me contactar.
Abraços de amizade e até breve

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Portugal, País virtual

A realidade, esse contratempo
Por Manuel António Pina, no JN

Deitar foguetes é um bom remédio para as depressões colectivas, o problema é ter que apanhar as canas.

No mesmo dia em que começava na AR o debate do Orçamento de Estado para 2008, e o Governo festejava, e a Maioria aplaudia, as prestações da economia portuguesa e as suas, a UE divulgava estatísticas que colocam Portugal no último lugar da Europa do crescimento do PIB "per capita". Enquanto, nos 27, PIB, produtividade e emprego continuam a ir por aí fora, aumenta, em todos esses factores, a distância de Portugal para a última carruagem do comboio europeu, o que quer dizer que estamos hoje pior do que estávamos em 2005, ano da graça da maioria absoluta do PS.

De perto, o panorama é ainda mais negro. Assim, a produtividade da nossa economia terá crescido apenas um terço da média europeia (0,5% contra 1,5%). Mas, como o emprego aumentou na UE mais do dobro do que em Portugal e a produtividade tem em conta o PIB por trabalhador, aqueles 0,5% são, na realidade, bem menos.

A solução pode ser, como faz a ministra da Educação com o abandono escolar, trabalhar "para a estatística" e despedir mais gente. Com o mesmo PIB a dividir por menos trabalhadores, aumentará milagrosamente a produtividade da economia portuguesa. E haverá novas razões para foguetório.

NOTA: Como disse o ex-PM Pinheiro de Azevedo, «é só fumaça». E o pior de tudo isto, por colocar fora do horizonte a hipótese de uma reforma profunda nas mentalidades, principalmente dos dirigentes, é que, como ele dizia «o povo é sereno», mas infelizmente continua demasiado sereno, silencioso e apático, talvez demasiado esperançado num milagres providencial, o que elimina as esperanças realistas.

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quinta-feira, 8 de novembro de 2007

E consideram-se democratas!!!...

Segundo notícia do Jornal de Notícias, uma pessoa morreu e seis ficaram feridas na sequência de uma carga policial armada sobre um grupo de estudantes que se manifestava, ontem, nas ruas de Caracas, a capital da Venezuela, contra a reforma constitucional, que visa o reforço dos poderes presidenciais de Hugo Chávez. Aos estudantes juntaram-se professores que desfilaram até ao Supremo Tribunal de Justiça, para entregarem um recurso a exigir um referendo sobre o tema.

Notícias semelhantes chegam frequentemente de outros países, como Myanmar (ex-Birmânia), Sri Lanka, Zimbabué, Nepal, etc., onde a falta de liberdade de opinião e de expressão e a ausência de respeito pelos outros, são um factor que nada tem a ver com democracias e mais se identificam com as ditaduras. Mas, estranhamente, há em países livres quem apoie e aplauda tais atitudes repressivas.

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Lamento de um professor

À Sra Dra Fátima Campos Ferreira

Os meus respeitosos cumprimentos:

Para vosso conhecimento envio cópia da carta aberta por mim endereçada ao Sr. Presidente da República.

Grato pela atenção

Carta aberta ao Senhor Presidente da República Portuguesa

Ílhavo, 22 de Outubro de 2007

Senhor Presidente da República Portuguesa

Excelência:

Disse V. Excia, no discurso do passado dia 5 de Outubro, que os professores precisavam de ser dignificados e eu ouso acrescentar: "Talvez V. Excia não saiba bem quanto!"

1. Sou professor há mais de trinta e seis anos e no ano passado tive o primeiro contacto com a maior mentira e o maior engano (não lhe chamo fraude porque talvez lhe falte a "má-fé") do ensino em Portugal que dá pelo nome de Cursos de Educação e Formação (CEF).
A mentira começa logo no facto de dois anos nestes cursos darem equivalência ao 9º ano, isto é, aldrabando a Matemática, dois é igual a três!
Um aluno pode faltar dez, vinte, trinta vezes a uma ou a várias disciplinas (mesmo estando na escola) mas, com aulas de remediação, de recuperação ou de compensação (chamem-lhe o que quiserem mas serão sempre sucedâneos de aulas e nunca aulas verdadeiras como as outras) fica sem faltas. Pode ter cinco, dez ou quinze faltas disciplinares, pode inclusive ter sido suspenso que no fim do ano fica sem faltas, fica puro e imaculado como se nascesse nesse momento.
Qual é a mensagem que o aluno retira deste procedimento? Que pode fazer tudo o que lhe apetecer que no final da ano desce sobre ele uma luz divina que o purifica ao contrário do que na vida acontece. Como se vê claramente não pode haver melhor incentivo à irresponsabilidade do que este.

2. Actualmente sinto vergonha de ser professor porque muitos alunos podem este ano encontrar-me na rua e dizerem: "Lá vai o palerma que se fartou de me dizer para me portar bem, que me dizia que podia reprovar por faltas e, afinal, não me aconteceu nada disso. Grande estúpido!"

3. É muito fácil falar de alunos problemáticos a partir dos gabinetes mas a distância que vai deles até às salas de aula é abissal. E é-o porque quando os responsáveis aparecem numa escola levam atrás de si (ou à sua frente, tanto faz) um magote de televisões e de jornais que se atropelam uns aos outros. Deviam era aparecer nas escolas sem avisar, sem jornalistas, trazer o seu carro particular e não terem lugar para estacionar como acontece na minha escola.
Quando aparecem fazem-no com crianças escolhidas e pagas por uma empresa de casting para ficarem bonitos (as crianças e os governantes) na televisão.
Os nossos alunos não são recrutados dessa maneira, não são louros, não têm caracóis no cabelo nem vestem roupa de marca.
Os nossos alunos entram na sala de aula aos berros e aos encontrões, trazem vestidas camisolas interiores cavadas, cheiram a suor e a outras coisas e têm os dentes em mísero estado.
Os nossos alunos estão em estado bruto, estão tal e qual a Natureza os fez, cresceram como silvas que nunca viram uma tesoura de poda. Apesar de terem 15/16 anos parece que nunca conviveram com gente civilizada.
Não fazem distinção entre o recreio e o interior da sala de aula onde entram de boné na cabeça, headphones nos ouvidos continuando as conversas que traziam do recreio.
Os nossos alunos entram na sala, sentam-se na cadeira, abrem as pernas, deixam-se escorregar pela cadeira abaixo e não trazem nem esferográfica nem uma folha de papel onde possam escrever seja o que for.
Quando lhes digo para se sentarem direitos, para se desencostarem da parede, para não se virarem para trás olham-me de soslaio como que a dizer Olha-me este!" e passados alguns segundos estão com as mesmas atitudes.

4. Eu não quero alunos perfeitos. Eu quero apenas alunos normais!!! Alunos que ao serem repreendidos não contradigam o que eu disse e que ao serem novamente chamados à razão não voltem a responder querendo ter a última palavra desafiando a minha autoridade, não me respeitando nem como pessoa mais velha nem como professor. Se nunca tive de aturar faltas de educação aos meus filhos por que é que hei-de aturar faltas de educação aos filhos dos outros? O Estado paga-me para ensinar os alunos, para os educar e ajudar a crescer; não me paga para os aturar! Quem vai conseguir dar aulas a alunos destes até aos 65 anos de idade?
Actualmente só vai para professor quem não está no seu juízo perfeito mas se o estiver, em cinco anos (ou cinco meses bastarão?...) os alunos se encarregarão de lhe arruinar completamente a sanidade mental.
Eu quero alunos que não falem todos ao mesmo tempo sobre coisas que não têm nada a ver com as aulas e quando peço a um que se cale ele não me responda: "Por que é que me mandou calar a mim? Não vê os outros também a falar?"
Eu quero alunos que não façam comentários despropositados de modo a que os outros se riam e respondam ao que eles disseram ateando o rastilho da balbúrdia em que ninguém se entende.
Eu quero alunos que não me obriguem a repetir em todas as aulas «Entram, sentam-se e calam-se!»
Eu quero alunos que não usem artes de ventríloquo para assobiar, cantar, grunhir, mugir, roncar e emitir outros sons. É claro que se eu não quisesse dar mais aula bastaria perguntar quem tinha sido e não sairia mais dali pois ninguém assumiria a responsabilidade.
Eu quero alunos que não desconheçam a existência de expressões como obrigado", "por favor" e "desculpe" e que as usem sempre que o seu emprego se justifique.
Eu quero alunos que ao serem chamados a participar na aula não me olhem com enfado dizendo interiormente "Mas o que é que este quer agora?" e demorem uma eternidade a disponibilizar-se para a tarefa como se me estivessem a fazer um grande favor. Que fique bem claro que os alunos não me fazem favor nenhum em estarem na aula e a portarem-se bem.
Eu quero alunos que não estejam constantemente a receber e a enviar mensagens por telemóvel e a recusarem-se a entregar-mo quando lho peço para terminar esse contacto com o exterior pois esse aluno "não está na sala", está com a cabeça em outros mundos.
Eu sou um trabalhador como outro qualquer e como tal exijo condições de trabalho! Ora, como é que eu posso construir uma frase coerente, como é que eu posso escolher as palavras certas para ser claro e convincente se vejo um aluno a balouçar-se na cadeira, outro virado para trás a rir-se, outro a mexer no telemóvel e outro com a cabeça pousada na mesa a querer dormir?
Quando as aulas são apoiadas por fichas de trabalho gostaria que os alunos, ao sair da sala, não as amarrotassem e deitassem no cesto do lixo mesmo à minha frente ou não as deixassem "esquecidas" em cima da mesa.
Nos últimos cinco minutos de uma aula disse aos alunos que se aproximassem da secretária pois iria fazer uma experiência ilustrando o que tinha sido explicado e eles puseram os bonés na cabeça, as mochilas às costas e encaminharam-se todos em grande conversa para a porta da sala à espera que tocasse. Disse-lhes: "Meus meninos, a aula ainda não acabou! Cheguem-se aqui para verem a experiência!" mas nenhum deles se moveu um milímetro!!!
Como é possível, com alunos destes, criar a empatia necessária para uma aula bem sucedida?
É por estas e por outras que eu NÃO ADMITO A NINGUÉM, RIGOROSAMENTE A NINGUÉM, que ouse pensar, insinuar ou dizer que se os meus alunos não aprendem a culpa é minha!!!

5. No ano passado tive uma turma do 10º ano dum curso profissional em que um aluno, para resolver um problema no quadro, tinha de multiplicar 0,5 por 2 e este virou-se para os colegas a perguntar quem tinha uma máquina de calcular!!! No mesmo dia e na mesma turma outro aluno também pediu uma máquina de calcular para dividir 25,6 por 1.
Estes alunos podem não saber efectuar estas operações sem máquina e talvez tenham esse direito. O que não se pode é dizer que são alunos de uma turma do 10º ano!!!
Com este tipo de qualificação dada aos alunos não me admira que, daqui a dois ou três anos, estejamos à frente de todos os países europeus e do resto do mundo. Talvez estejamos só que os alunos continuarão a ser brutos, burros, ignorantes e desqualificados mas com um diploma!!!

6. São estes os alunos que, ao regressarem à escola, tanto orgulho dão ao Governo. Só que ninguém diz que os Cursos de Educação e Formação são enormes ecopontos (não sejamos hipócritas nem tenhamos medo das palavras) onde desaguam os alunos das mais diversas proveniências e com histórias de vida escolar e familiar de arrepiar desde várias repetências e inúmeras faltas disciplinares até famílias irresponsáveis.
Para os que têm traumas, doenças, carências, limitações e dificuldades várias há médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros técnicos, em quantidade suficiente, para os ajudar e complementar o trabalho dos professores?
Há alunos que têm o sublime descaramento de dizer que não andam na escola para estudar mas para "tirar o 9º ano".
Outros há que, simplesmente, não sabem o que andam a fazer na escola…
E, por último, existem os que se passeiam na escola só para boicotar as aulas e para infernizar a vida aos professores. Quem é que consegue ensinar seja o que for a alunos destes? E por que é que eu tenho de os aturar numa sala de aula durante períodos de noventa e de quarenta e cinco minutos por semana durante um ano lectivo? A troco de quê? Da gratidão da sociedade e do reconhecimento e do apreço do Ministério não é, de certeza absoluta!

7. Eu desafio seja quem for do Ministério da Educação (ou de outra área da sociedade) a enfrentar ( o verbo é mesmo esse, "enfrentar", já que de uma luta se trata…), durante uma semana apenas, uma turma destas sozinho, sem jornalistas nem guarda-costas, e cumprir um horário de professor tentando ensinar um assunto qualquer de uma unidade didáctica do programa escolar.
Eu quero saber se ao fim dessa semana esse ilustre voluntário ainda estará com vontade de continuar. E não me digam que isto é demagogia porque demagogia é falar das coisas sem as conhecer e a realidade escolar está numa sala de aula com alunos de carne, osso e odores e não num gabinete onde esses alunos são números num mapa de estatística e eu sei perfeitamente que o que o Governo quer são números para esse mapa, quer os alunos saibam
Estar sentados numa cadeira ou não (saber ler e explicar o que leram seria pedir demasiado pois esse conhecimento justificaria equivalência, não ao 9º ano, as a um bacharelato…).
É preciso que o Ministério diga aos alunos que a aprendizagem exige esforço, que aprender custa, que aprender "dói"! É preciso dizer aos alunos que não basta andar na escola de telemóvel na mão para memorizar conhecimentos, aprender técnicas e adoptar posturas e comportamentos socialmente correctos.

Se V.Excia achar que eu sou pessimista e que estou a perder a sensibilidade por estar em contacto diário com este tipo de jovens pergunte a opinião de outros professores, indague junto das escolas, mande alguém saber. Mas tenha cuidado porque estes cursos são uma mentira…

Permita-me discordar de V. Excia mas dizer que os professores têm de ser dignificados é pouco, muito pouco mesmo…

Atenciosamente

Domingos Freire Cardoso
Professor de Ciências Físico-Químicas
Rua José António Vidal, nº 25 C
3830 - 203 ÍLHAVO
Tel. 234 185 375 / 93 847 11 04
E-mail: dfcardos@gmail.com

NOTA: Como vai o nosso ensino!!! Como serão os cidadãos de amanhã? Como será a produtividade da nossa economia? E a sua competitividade? Como sobreviverão as futuras gerações na economia globalizada?

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quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A estrada espelha o «civismo» dos portugueses

Tragédia cultural
Por: Alexandre Pais, Director do Record e director editorial da TV Guia, em Destak de 07Nov07

A semana tem sido trágica em acidentes rodoviários, com muitas vítimas mortais e um denominador comum: a inépcia ou a negligência dos automobilistas na origem dos sinistros.

Não tem havido mau tempo, não há pisos escorregadios, e não tem sido por mau estado das estradas ou deficiente sinalização que a desgraça tem batido à porta de tantas famílias. Este acréscimo brutal de vítimas é também a confirmação da falência de três décadas de políticas erradas na área da prevenção rodoviária. Sucessivos governos apostaram na repressão dos condutores em vez de o terem feito na mudança de mentalidades, na indispensável revolução dos hábitos assassinos ao volante que distingue os portugueses como dos piores automobilistas da União Europeia.

De que adianta, por exemplo, duplicar as multas por excesso de velocidade se, quem prevarica, pode pagar e voltar a carregar no acelerador? Temos a mania de entregar à Divina Providência a vida e o futuro da nossa gente. Mas até a Senhora discorda dessa irresponsabilidade. É o segundo autocarro que regressa de Fátima que vai pela ravina abaixo.

NOTA: Hoje no jornal «Meia Hora» aparece um artigo extenso com o título «Estradas nacionais mataram 66 mil pessoas nos últimos trinta anos». Em subtítulo diz: Os dados da Direcção-Geral de Viação revelam números equivalentes a uma guerra».

No Blog Mentira Têm sido publicados alertas para este problema preocupante, tendo o último sido intitulado «Assassinos da estrada». Devemos felicitar o seu autor por este cuidado. Ao mesmo tempo, devemos lamentar os autores da «falência de três décadas de políticas erradas na área da prevenção rodoviária» pela decadência do civismo que esta tragédia representa e que resulta, principalmente, da falência do ensino, da educação, do funcionamento das escolas e do serviço público da RTP. Mas será estultícia esperar que os políticos mais em evidência sejam capazes de resolver esta crise de valores e de respeito pelos outros.

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terça-feira, 6 de novembro de 2007

Como é encarado o Turismo?

No jornal Destak de hoje lê-se o seguinte:

SAÚDE Depois de o ministro da Saúde não ter comentado a crise no hospital de Faro, Pedro Nunes, da Ordem dos Médicos, disse ao Destak que as condições nas urgências daquele hospital são «terceiro-mundistas ».

Sendo o Algarve a maior fonte de receitas provenientes do turismo, seria lógico que as condições de apoio de saúde, em vez de «terceiro-mundistas» apresentassem um grau de qualidade ao nível dos países europeus.

Tem de haver coerência, ou se quer turismo ou não; mas, se o queremos, temos de agir em conformidade. E para que os turistas não se apercebam de que vivemos de política de fachada, convém que todo o País dê ao exterior uma imagem real de uniformidade em todo o território, com eficientes apoios dos serviços essenciais.

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segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A ocultação da história

Há já alguns anos, assisti ao lançamento de um livro no Palácio Galveias em Lisboa em que foi orador o professor Borges Macedo. O livro relatava casos concretos vividos na guerra de África e o apresentador iniciou a sua oração referindo o respeito que deve haver em relação à história, para o que foi estimulado pelo facto de no jardim haver uma colecção de retratos em azulejos dos reis de Portugal, excepto os três Filipes. Criticou essa falha porque eles também foram reis de Portugal, por mais que isso nos posa causar desgosto. Quer se queira ou não é um facto histórico a que não podemos fugir, e que nada adianta ocultar.

Vem isto a propósito de dois artigos de jornal que me chegaram às mãos, segundo os quais a União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) entrega hoje no Parlamento uma petição com 16 mil assinaturas, pedindo aos deputados que travem a criação de um museu dedicado a Salazar, em Santa Comba Dão. A URAP pretende assim contrariar a intenção de construir no Vimieiro (terra natal de Salazar) o "Centro Documental Museu e Parque Temático do Estado Novo". Para isso, a autarquia conta já com parte do espólio de Oliveira Salazar - um terço dos bens imóveis da herança da família, que recebeu por doação de um sobrinho-neto.

Quanto a esta polémica, o autarca de Santa Comba, João Lourenço, diz que o "Centro Documental" é sobre "a história dos 48 anos do Estado Novo". E se o antigo ditador é a figura central do projecto, é porque "foi ele que fundou o Estado Novo". A garantia é de que os mentores da obra não querem "uma homenagem" a Salazar. "Nunca ninguém falou nisso. Pelo contrário, a fazer uma homenagem, é a quem lutou contra o fascismo! Não queremos lições de democracia!"

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PS receia perder as próximas eleições !

Apesar das anunciadas reduções do IVA (Imposto sobre o valor acrescentado) e de aumentos de salários em 2009 e de outros benefícios devidos «ao desafogo criado pelas medidas concretas sensatas e eficazes do actual Governo» (serão mais ou menos estas as palavras a usar na justificação!) é notório que os políticos no poder temem não alcançar a melhor posição na contagem dos votos nas próximas legislativas. Um dos indícios desse receio, talvez pânico, é a consolidação de benefícios aos políticos, o aumento de outros e a criação de novos. Situa-se neste âmbito o aumento orçamentado das despesas dos políticos em viagens e estadas (Ver Correio da Manhã de hoje). Dizia o humorista brasileiro Milôr Fernandes: «roubem já porque amanhã poder vir a ser proibido». Os nossos eleitos, na expectativa de não continuarem no poleiro por mais mandatos, procuram, sem vergonha nem pudor, sacar o máximo dos dinheiros dos nossos impostos.

O argumento do défice que, se existia, deveu-se apenas a erros de governação, serviu principalmente de pretexto para nos obrigarem a apertar o cinto sem a mínima hesitação e com desumana insistência, a fim de eles poderem gozar de todos os benefícios como se estivessem num país em que todos os cidadãos fossem ricos e felizes, à custa de abundantes recursos naturais nacionais. Parecem senhores feudais servindo-se lautamente daquilo que há, sem pensarem nos servos que passam fome.

A clareza destas atitudes autoritárias, exploradoras, contrariam as esperanças que o povo alimentou após a revolução de 25 de Abril. Fazem recordar a frase do artista Camilo de Oliveira «Tomem que é democrático!» Pobre povo resignado, mais apático do que o de Myanmar, do Tibete o do Paquistão, só semelhante em moldes actuais ao da Venezuela. Quando acordará? Qual a força da onda explosiva de tanto sofrimento recalcado? Quando a pressão dentro da marmita se torna demasiado elevada, a explosão poderá ser catastrófica, o que poderá ser grave. A história nacional mostra que as revoluções violentas do século passado não melhoraram a substância da vida do País, continuando tudo cada vez mais nauseabundo (tal pântano referido por um ex-PM, ou a tanga que outro citou). Mas parece não existir um obreiro competente para operar a mudança pacífica que leve o nosso desenvolvimento ao nível dos nossos parceiros europeus.

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sábado, 3 de novembro de 2007

Os fogos florestais continuam

As notícias trouxeram imagens de fogos de vários pontos do País, desde a Peneda-Gerês até Santarém. Os fogos florestais andam por aí, apesar de um secretário de Estado ter dito muito ufano e arrogante que nos meses de Verão deste ano houve menos fogos do que em igual período do ano anterior, devido, segundo ele, a três factores:
- um aumento da área intervencionada,
- uma melhor articulação dos sapadores florestais e a
- uma melhor vigilância da GNR.

Intencionalmente, para que esta explicação fosse politicamente correcta, não se referiu à diferença das condições atmosféricas com temperaturas mais baixas e humidades mais altas e mais chuvas do que no ano passado.

Mas, apesar dessas medidas tão eficazes do governo os fogos aí estão com toda a sua espectacularidade, o que leva a perguntar: qual a razão de estarmos a enfrentar mais fogos do que no mesmo período do ano passado? Será que agora o mesmo governante vem a atribuir as culpas exclusivamente às condições meteorológicas? Então, porque estas só são referidas quando são agravantes da situação?

E, para evitar que o secretário de Estado fosse exposto a perguntas de jornalistas mais perspicazes e informados, apareceu o ministro e disse que os meios de combate aos fogos estão, em qualquer época do ano, prontos a reunirem-se e avançarem para o combate aos fogos. Então, como explica os fogos mais recentes? Há explicações incoerentes carentes de lógica em que só o próprio poderá nelas acreditar, se é que acredita.

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O estatuto do aluno e a história

As dúvidas e críticas ao estatuto do aluno não são inovações. Os políticos portugueses já eram dotados de «mentes iluminadas» há mais de um século. Parece que nada piorou... nem melhorou!!! como se infere do seguinte texto da obra «Vida Irónica» de Fialho de Almeida (1857-1911):

-Senhor !
Por uma graciosidade especial dos funcionários a quem V.M. (Vossa Majestade) houve por bem encomendar a organização interna do Ministério de Instrução Pública e Belas Artes, pude percorrer esta manhã os cadernos de planos, os relatórios e minutas dos projectos de lei que aqueles ilustres homens têm preparada a grande obra da futura educação da mocidade, com uma largura de vistas que me espanta, atento o facto de Suas Exas. não terem senão dois olhos, e esses mesmos oftálmicos e piscos. Senhor, eu estou contente.

Dês que desfruto razão, é esse Ministério a primeira coisa assombrosamente perfeita que me é dado admirar no meu País. Como chegaram a construir tão sábios projectos, homens que nem sequer sabem ler ? Eis o que eu nunca me poderei explicar nitidamente.

Entretanto, como é sina da natureza humana o sempre haver quem ponha pecha às concepções mais impecáveis, aqui lhe venho acusar, meu Senhor, uma lacuna reconhecida por mim nos planos do novo Ministério, para que V.M. a preencha conforme os seus desejos de glória, e espírito magnânimo que sempre tem mostrado no respeitante à felicidade dos seus súbditos.

Meu Senhor, nas reformas de ensino planeadas pelo Sr. ministro de Instrução Pública falta a mais útil. Entre as escolas práticas a criar, esqueceu S. Exa a mais indispensável. Falta no orçamento da Instrução Pública, verba custeadora duma escola de roubo; falta nos cadernos do novo Ministério o projecto duma escola de assassinato.

Para as restantes profissões está tudo. Há professores que ensinam a fazer queijo, a montar a cavalo, a bordar a missanga, e a observar os olhos doentes. Há para a pintura, para cutilaria, para rendas e para partos. A todos os ramos da acção humana, o Estado vai dando guias, ateliers, e matrículas baratas. O ensino metódico e científico desceu até à aprendizagem dos carpinteiros e dos fabricantes de sapatos de liga. Há bacharelatos para tudo, só o Governo de V.M. deixa o ladrão desamparado, e o assassino ignorante e à mercê da sua própria imaginação.

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sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Ajudar não é coisa fácil

Ajudar poderá significar o exercício de um esforço em colaboração com o agente principal da acção em curso, com vista a incrementar os resultados do esforço total, aliviando um pouco o daquele agente.

A ajuda só se compreende quando for desejada pelo agente principal e que este a saiba utilizar com vista a potenciar o seu esforço, obtendo melhores resultados. Quem ajuda deve ter a sensatez e o cuidado de coordenar o seu esforço de forma integrada com a acção e os resultados pretendidos, evitando substituir o agente principal ou a ele se sobrepor.

Hoje, numa visita rápida a dois jornais diários, retirei cinco títulos que nos fazem meditar seriamente neste assunto.

- Um dos títulos coloca em evidência a oferta de um carro de lixo que já não está em condições de exercer a função para que foi construído. Em «Moçambicanos e mal agradecidos» o autor com muita ironia, diz « O camião do lixo que Rui Rio ofereceu à Cidade da Beira e esta recusou poderá "não conferir" utilização na recolha do lixo, mas sempre há-de "conferir" outra utilização qualquer. A Câmara da Beira poderia, por exemplo, oferecê-lo por sua vez à Câmara de Ouahigouya (Burkina Faso), esta à Câmara de Phuntsholing (Butão), esta à de Tanjakent (Tajikistão), esta à de Natitingou (Benin), esta à de Nak'fa (Eritreia), e por aí fora, e o camião do lixo do Porto tornar-se-ia (como os medicamentos fora de prazo que as multinacionais farmacêuticas desinteressadamente doam aos países pobres, poupando milhões em impostos) num verdadeiro embaixador da generosidade internacional, perpetuando o nome de Rui Rio junto dos descamisados de todo o Mundo. A coisa seria ainda mais louvável se o génio económico de Rui Rio se tivesse lembrado de, em vez do camião, oferecer o próprio lixo da cidade (e por que não mesmo a vereação PSD/CDS?) ao Terceiro Mundo.» Não são necessários comentários.

- Em «Ajudar não é para todos» são bem expressivas as seguintes palavras: «A trapalhada em que caiu a ONG Arca de Zoé, no Chade, demonstra que o trabalho humanitário é sério de mais para ser deixado nas mãos de amadores. Dir-me-ão que amador e amar estão ligados e que sem amar não se pode fazer trabalho humanitário. Pois acho preferível a secura profissional. De boas intenções estão os campos de refugiados cheios de gente que só atrasa e, isso, com a presunçosa intenção de ajudar. (...) Os lugares de intervenção das ONG são por definição trágicos. O mínimo de prudência aconselha que para essas circunstâncias tão más só acorra quem sabe. É como num incêndio: pataratas só servem para atrapalhar os bombeiros. Entre os crimes da Arca de Zoé já há este, provado: atrapalharam as ONG sérias.»

- Em «Arca de Zoé e crianças do Chade» podem destacar-se as seguintes palavras «Os elementos da ONG (organização não governamental) Arca de Zoe podem até merecer o benefício da dúvida quanto às suas intenções. Mas são indesculpáveis na sua irresponsabilidade. Estes "amadores", como escreveu em editorial o Libération, foram longe de mais. Ao tentarem levar 103 crianças do Chade para França - pelas quais várias famílias francesas já tinham pago milhares de euros -, puseram em causa toda a constelação de ONG. Países como o Sudão já ameaçaram expulsar as organizações humanitárias estrangeiras. (...)
A acção humanitária é algo de nobre. Mas é preciso cautela, porque sob a sigla de ONG se escondem realidades muito diferentes. Tanto pode haver uma Arca de Zoe como uma Amnistia Internacional com o seu profissionalismo irrepreensível. Quando se trata de vidas, profissionalismo é o mínimo que se pode exigir. Não chegam boas intenções.

- Em «Crianças raptadas tinham pais e não eram de Darfur» pode ler-se «Um relatório de duas agências da ONU e da Cruz Vermelha, ontem divulgado, afirma que a maioria das 103 crianças africanas que um grupo francês planejava levar do Chade para a Europa tinha famílias. O relatório diz que 91 das crianças vieram de um lar com "pelo menos um adulto considerado um dos pais" e que, portanto, não eram órfãs, como alegavam os franceses. O documento também afirma que a maioria das 21 meninas e 82 meninos, com idades entre um e dez anos, veio de aldeias no Chade, perto da fronteira com o Sudão, e não das zonas de conflito de Darfur, contrariando outra alegação dos franceses que pertencem à Arche de Zoé.»

- No artigo «Sentimento anti-ocidental está a crescer no Chade» lê-se «O governo de Idriss Deby já declarou que os ocidentais se aproveitaram do conflito de Darfur e que não seria a primeira vez que os franceses fariam tráfico de crianças. O governador do sul de Darfur afirmou: "Todos sabemos que as ONG ocidentais têm um impacto negativo na cultura islâmica. Dizer que há demasiadas aqui não é uma opinião, é um facto". Entre a população e nos jornais, os estrangeiros, à excepção dos árabes, são agora vistos como esclavagistas e raptores. Um dos diários publicava: "Negreiros violadores dos tempos modernos". E Idriss Deby, responsável pela campanha, incendeia a fogueira do nacionalismo africano e do perigo do neo-colonialismo, recusando, que esta seja uma forma de hostilizar a presença ocidental no Darfur, e de paralisar as conversações de paz para a região, organizadas pela ONU na Líbia.»

Enfim, não bastam as boas vontades. É preciso saber actuar de modo a não produzir catástrofes em vez de salvar vítimas das circunstâncias. O bom senso é indispensável. A adequada preparação prévia é fundamental. A escolha criteriosas dos componentes das missões das ONG é imprescindível. AJUDAR NÃO É TRABALHO PARA MEROS AMADORES.

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Ministério genial!!!

O MAI está a estudar uma ideia de colocar no pára-brisas dos carros um dístico de cor que denuncie se o condutor é seguro ou perigoso. Se teve acidentes ou não. Ideia maravilhosa de um ministério que já resolveu tudo o que é essencial para a felicidade dos cidadãos e agora se preocupa com pormenores conducentes ao aumento da segurança nas estradas!!!

Uns génios extraordinariamente inteligentes e realistas!!! É preciso que criem também dísticos para denunciar os carros que transportam casais de namorados mais preocupados com as meiguices do que com a segurança deles e dos outros utentes da estrada. Também um dístico para dizer que o condutor esteve na discoteca até às seis da manhã, outro para o que matou a sede com uma conhecida marca de uísque, ou que se tranquilizou com determinado estupefaciente, etc, etc.

Seriam apenas uns dísticos a juntar ao do seguro (que é totalmente inútil, visto que só a BT-GNR acaba por detectar os carros sem seguro, em grandes quantidades), ao das inspecções periódicas, ao do imposto de circulação. São inúteis mas ornamentam os pára-brisas!!!

APENAS me permito sugerir aos responsáveis do MAI que não imponham dísticos em quantidade tão exagerada que impeçam o condutor de dispor de um pequeno rectângulo livre no vidro de modo a poder conduzir com a segurança suficiente para não saírem da estrada. Mesmo sem esses adesivos já há despistes que sobram!!!

Com medidas deste calibre, podemos estar descansados porque temos gente inteligente e sensata a velar por nós!!!

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Desconfiança tradicional portuguesa

Transcrição

Jorge Casal deixou um novo comentário na mensagem ""QUEM NÃO CONFIA NÃO É DE CONFIANÇA" ditado popula...":

Há razão para sermos desconfiados.

A meu ver, a desconfiança e a falta de civismo são, antes de mais, produtos da ruralidade que constitui um rasto muito visível da cultura portuguesa. A confiança e o civismo são qualidades típicas da urbanidade. Lembro que o termo «civismo» é o próprio da «civitas» (cidade, meio urbamo, cosmopolitismo). Os aldeões são essencialmente desconfiados (e com razão). A cultura portuguesa tem ainda um forte cunho de ruralismo. Os rurais eram desconfiados porque estavam cercados de aldrabões.

A actual desconfiança dos portugueses é a continuidade da velha desconfiança dos rústicos. Mas também há novas razões para a desconfiança. Na aldeia desconfiava-se de tudo e todos: dos desconhecidos porque nada garantia que fossem gente de bem, dos citadinos que tomavam os aldeões por estúpidos, dos letrados porque se tinham superiores aos iletrados, dos funcionários que exigiam galinhas ou prendas para despachar um requerimento, dos políticos porque eram «uns comilões» (oh se eram! digo eu, e ainda o são!), dos patrões que se portavam como esclavagistas , dos feirantes que eram uma «ciganagem» e ninguém os proibia de vender gato por lebre. Só confiavam no «senhor prior» (desde que fosse o «nosso»...).

Hoje têm outras razões para desconfiarem: dos jornais que vendem papel e publicidade (gato por lebre), dos empresários que recorrem ás falências como eu bebo um copo de água, dos políticos que traficam influências e dos governantes que são gente a quem eu não comprava um carro em segunda mão. Vejam-me a polémica em torno do aeroporto «Ota versus Alcochete». Mas que grande aldrabice esse ministro do «Na Margem Sul? Jamais», e esse Sócrates, seu chefe, estavam prestes a impingir-nos. Foge!... Governo da trapaça. Esse Sócrates merece que se confie nele depois das últimas promessas eleitorais? A dentuça dele merece-vos confiança? A mim não. Reparem que, a cada anúncio de medida dura contra funcionários, professores, reformados, centros de saúde, contribuintes, etc, etc., sai a público a mostrar a dentuça de vitória. Ri-se, goza com a miséria alheia esse tipo. Cada vez que o vejo a mostrar a dentuça penso logo: «vamos ter merda». Fosca-se o homem da dentuça! Confiança? Só os imbecis! Fujam dessa gente!

O António abre o artigo com um provérbio popular. Eu vou inventar este: «Mais vale passar por desconfiado do que ser comido como parvo» porque também existe estoutro: «Gato escaldado de água fria tem medo».

Um abraço Jorge Casal

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quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Confusões no ensino

Há pouco tempo era a confusão da TLEBS que nos proporcionou dois secretários de Estado a fazerem declarações, com muito calor, de sinais opostos, com poucos minutos de intervalo. Antes tinha sido o problema de os professores terem de passar todo o horário dentro das escolas, mesmo que não tivessem aulas calendarizadas para essas horas. Outros pomos de discórdia têm surgido, como o problema da violência escolar e o controlo da disciplina.

Agora o Diário de Notícias diz que o «PS recua no novo estatuto do aluno». O leitor fica sem perceber se «os alunos do ensino básico com excesso de faltas poderão ficar retidos no mesmo ano de escolaridade, caso não tenham aproveitamento na prova de recuperação. Na mesma situação, os estudantes do secundário serão excluídos da disciplina em que falharam a aprovação na prova» ou se haverá alteração desta proposta.

Qualquer recuo mostra humildade dos dirigentes que aceitam o seu lado humano de errarem. Mas evidencia também a sua incapacidade de analisar rigorosamente o assunto, por forma a decidir da forma mais correcta e inatacável que não obrigue a recuos. Tais erros são incongruentes dada a quantidade de assessores e de outros «trabalhadores» que superlotam os gabinetes e serviços afins. Seria suposto que a colaboração de tanta gente «bem escolhida» resultasse numa gestão impecável do ensino e da educação. Mas, pelos vistos, não é!

Se as faltas dos professores não devem ser negligenciadas, as dos alunos também não devem ser ignoradas. Os alunos devem aprender a ser responsáveis, a saber gerir as suas vidas de adultos que virão a ser. Para isso devem ser estimulados a estudar, embora, pelo que me dizem, os psicólogos defendem que não se devem forçar as crianças porque isso as traumatiza e impede que cresçam naturalmente. Mas, com a falta de valores, do culto pela excelência, do prestígio do saber, da meritocracia, teremos um futuro de ignorantes que só pensam na ostentação de riqueza, adquirida de qualquer forma. Exceptuam-se, certamente, uns poucos, curiosamente, de famílias onde ainda se respeita a ética, a moral e outros valores tradicionalmente válidos, que, por se distinguirem numa sociedade mal preparada, acabarão por ser alvos da inveja dos medíocres.

Muitas faltas e o abandono escolar poderia ser evitado com a reactivação das escolas técnicas de outrora, em que se formariam técnicos necessários à economia nacional. Hoje é reconhecido que o encerramento das escolas comerciais e industriais foi uma asneira crassa. Alegava-se que se condenavam as crianças a não seguirem para a universidade. Mas é errado porque temos muitos licenciados e até professores universitários oriundos dessas escolas.
Profissões como as de serralheiro, marceneiro, etc. aprendem-se na adolescência e não na vida adulta depois de se ter falhado na universidade, altura em que já não se tem disposição para ser aprendiz, por falta de humildade e de motivação.

A falta de preparação profissional metódica e sistemática resulta em Portugal ficar nas mãos de imigrantes que vêm fazer aquilo que os portugueses não querem ou não sabem fazer, acabando por haver desemprego ao mesmo tempo que termos cá muitos estrangeiros a trabalhar. Por isso, o futuro do país está em risco.

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