segunda-feira, 30 de junho de 2008

Desertificação do interior - 3

Transcreve-se o texto publicado no jornal gratuito «Global Notícias» e, no fim juntam-se alguns links de posts já publicados neste espaço, sobre este tema.

Aqui o vazio - Desertificação
Global Notícias, 080630

Ricardo J. Rodrigues

Na aldeia de Cubas vivem apenas dois casais, mas estão zangados um com o outro. Em Sanguinhedo já não vive ninguém. O despovoamento do interior atinge níveis alarmantes.

População: quatro, dois contra dois. Há dez anos que os vizinhos de Cubas, concelho de Vila Pouca de Aguiar, andam desavindos. Na aldeia vivem apenas dois casais, estão azedos um com o outro por causa da limpeza de uns terrenos. Francisco Costa, 67 anos, e Maria da Liberação Alves, 59, acabam de amanhar um nabal às portas da aldeia. Agora, é preciso juntar os pés em molhos, atá-los bem e levá-los para qualquer lugar seco. O homem ocupa-se de agrupar a alfaia, a mulher de carregá-la para o celeiro. No caminho da horta para a povoação, é inevitável que cruzem a casa de José Diegas, 71, e Nazaré Costa, 76.São os dois outros habitantes de uma aldeia cheia de casas vazias e terra que nada produz. José decide vir à rua, Liberação passa-lhe ao largo sem o cumprimentar. "Um homem não se põe debaixo dos pés de ninguém", explicam os dois chefes de família mais tarde, coincidindo no argumento para a zanga. Nesta povoação desolada, o silêncio é ensurdecedor…

População: sete, mais um a caminho. Samaria está grávida. Ela e Carlos Diegues instalaram-se há um ano em Cerdedo, concelho de Vinhais. Ele tem 31 anos, viveu 18 em Espanha.
Ela é de Salamanca, tem 24. Ambos apresentam o corpo coberto de tatuagens e piercings, Carlos também tem quatro rastas a enfeitar-lhe o cabelo curto, mas prometeu cortá-las no dia do nascimento do filho. A sua chegada teria provocado uma enorme estranheza entre os quatro moradores da povoação, não fosse o facto do jovem casal ter trazido consigo Lúcia, a filha de três anos. É a única criança que a aldeia vê crescer em décadas. Daqui a sete meses, a família poderá orgulhar-se de ter duplicado a população da aldeia. Cerdedo está a lutar contra o desaparecimento.

População: zero. A aldeia de Sanguinhedo morreu. Ou antes, foi morrendo. Há seis anos, os dois últimos residentes decidiram mudar-se para Braga, depois de os restantes terem morrido ou emigrado. Hoje, não é mais do que um povoado deserto no concelho de Montalegre, no lado transmontano do Gerês. Está tão visivelmente abandonado, que o chão da única rua que o atravessa está coberto de musgo. Ao longo do caminho, uma vintena de casas de granito, algumas com portas e vidraças cerradas, outras arruinadas. O mato tomou conta de uma – rachou-lhe paredes, rompeu-lhe soalhos, encheu-lhe a sala de giestas e urze. De resto, e um pouco por todo o lado, não se vê outra coisa que não sejam despojos: caixas de correio danificadas, uma arca vazia e podre, panos de loiça pendurados num prego, um arado ferrugento. É como se aldeia tivesse sido dizimada pela peste e todos os seus habitantes
fugido à pressa. Na verdade, o primeiro facto assinalável que se observa quando se chega
a Sanguinhedo, é que alguém se esqueceu de fechar a torneira da fonte.

Metade do país está em processo de desertificação humana e, nas serranias transmontanas, o fenómeno é particularmente visível. Enquanto no Sul a população está mais dispersa, aqui ela sempre esteve concentrada em aldeias. Isso significa que não faltam povoações inteiras mortas ou moribundas – em nenhum outro lugar a ferida do despovoamento ficou tão exposta. "O pior é que é cada vez mais difícil atrair população", diz Lívia Madureira, economista e directora do Centro de EstudosTransdisciplinares para o Desenvolvimento, da Universidade deTrás os Montes e Alto Douro. "Os serviços vão sendo afastados das pessoas, a oferta de emprego está mais dependente do sector público, a iniciativa agrícola não é incentivada. Queremos que os jovens se fixem no interior, mas onde é que eles vão pôr os filhos a estudar? Onde é que vão ao médico? De que se vão ocupar? Como é que lhes dizemos que a região
deles tem potencialidade?"

Os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) são esclarecedores. Dos 236 400 habitantes que moravam no Alto Trás os Montes em 1991, sobravam 221 mil em 2001.Calcula-se que hoje não haja mais de 212 mil moradores na região (só o censo de 2011 poderá fornecer dados exactos). No Alto Douro, o número desceu de 239 700 para cerca de 210 mil. O Vale do Tâmega também está a perder gente e apresenta índices inquietantes de envelhecimento da população – 181 idosos por cada 100 jovens. No que toca ao emprego, a mesma cantiga." Em 2001, mais de um quinto dos jovens economicamente activos
residentes nesta comunidade estavam desempregados. O mesmo acontecia com 16% das mulheres", lê-se num estudo do INE sobre a área da fronteira Norte de Portugal. Um relatório de 2007 da mesma instituição alerta para o facto de o poder de compra per capita ser, em municípios como Vinhais, Montalegre ou Vila Pouca de Aguiar, inferior a 50% da média nacional.

Amélia Cavaca Augusta tem uma teoria para explicar o que se passa hoje em Trás os Montes, mas também na Cova da Beira, no Alentejo Interior ou no Norte Algarvio. "Os problemas do interior não são diferentes dos do país, simplesmente têm uma expressão muito mais acentuada ao longo de toda a zona raiana", defende a socióloga, especialista em Mudanças e Transformações Sociais. Saúde, educação, emprego, competitividade económica – a manta destapou aqui. Este é um Portugal extremado ao mínimo, cada vez mais magro e curvado à idade. Os que ficam fazem-no por opção ou falta de oportunidades. Só podem ser chamados
de resistentes.

Os efeitos do despovoamento humano são, em primeiro lugar, económicos. Sem pessoas não se gere o território, não se produz riqueza, não há desenvolvimento sustentado. Mas são as feridas ambientais que estão cada vez mais à vista. Como os matos deixam de ser limpos, o risco de incêndios aumenta. O fim da agricultura e da pecuária tornam os solos áridos e ameaçam a biodiversidade. Já em 2005, Vítor Louro, coordenador do Programa de Acção Nacional para o Combate à Desertificação, alertava no Diário de Notícias que o abandono das terras está a acelerar o processo de desertificação dos solos. “Neste momento, o fenómeno atinge 36% do Continente. No espaço de duas décadas, se continuarmos
a este ritmo, o valor subirá para 66%.”

Paulo Alexandre Neto é investigador na Universidade de Évora, especialista em Desenvolvimento Regional e Planeamento Estratégico. Segundo ele, a desertificação do
interior decorre de um processo histórico. “Portugal sempre viu a sua fronteira atlântica como factor de orgulho nacional. Nunca se preocupou muito com a sua identidade europeia, ou seja, com a fronteira espanhola. O país era um império colonial e, devido à sua reduzida dimensão populacional, os recursos foram sendo canalizados para o Brasil ou África.”Aponta depois o caso espanhol para estabelecer as diferenças. “Nos anos 40, durante o regime de Franco,
foram criados planos de ordenamento do território de modo a que toda a superfície do país tivesse ocupação humana. A verdade é que hoje eles têm cidades de 400 mil habitantes
por toda a parte, que conseguem estancar a sangria do interior. Em vez de fugirem para a capital ou para o estrangeiro, as pessoas mudam-se para essas urbes, o que lhes permite voltar facilmente às suas aldeias. Aqui, nunca se pensou no que se queria fazer com cada parte do país.” Até hoje.

Sanguinhedo sucumbiu, Cubas definha, Cerdedo luta desesperadamente contra a fatalidade.
Juntas, não escrevem mais do que a crónica de uma morte anunciada. Ninguém pode negar que, hoje, metade do país agoniza, sem soluções à vista. Os resistentes são como um exército decadente, onde há mais dissidentes que soldados e a que ninguém distribui armas. A incompetência no ordenamento do território criou uma nação caricata. O centro das grandes cidades está vazio, os subúrbios cada vez mais sobrelotados e o interior sangra, despovoado.

O centro das cidades está a ficar vazio, os subúrbios ficam sobrelotados e o
Interior do país despovoa-se. Hoje, metade do país agoniza, sem soluções à vista. Em Espanha, há grandes cidades por toda a parte, que estancaram a sangria. Em vez de irem para Madrid, as pessoas fixam-se nessas cidades e voltam facilmente às aldeias de origem.

Links de posts anteriores:

Desertificação do interior - 2
Desertificação do interior - 1
Lição da China contra a desertificação
O Interior abandonado pelo Governo
Maus governantes ao sabor de manifestações
O interior português está ostracizado
Ministro da Saúde avança e recua

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domingo, 29 de junho de 2008

Democracia vista por simpatizante do PS

Transcrevo esta mensagem recebida por e-mail do Alô Portugal de 29-06-2008 às 20:20

Como se deve participar em democracia
(texto de um dos mails que costumo enviar ao partido no governo)
de Albino Pinho - Switerzland

Na qualidade de simpatizante do PS e na de emigrante, leio e assisto diariamente através da imprensa Portuguesa e Internacional ao crescente aumento de miséria no meu país. Sempre que algo vai mal é lógico que se acatem as culpas a quem nos governa, o estado de alma dos Portugueses actual é de baixar os braços de descrédito do deixa andar, já mal protestam, pois temem que as coisas ainda piorem mais.

A conjuntura económica Internacional também não é muito favorável á nossa recuperação económica, mas sinceramente como é que quem nos governa vai explicar aos Portugueses o aumento dos que cada vez tem mais, contrastando com a miséria, muitas vezes escondida, que aumenta diariamente?

E os salários de muitos administradores de empresas públicas? Que como escrevia outro dia um jornal Suíço, em muitos casos são 22 vezes maiores do que o salário médio de um Português. Não se encontra explicação para tamanha diferença. Que explicação dá o governo ao país sobre estas injustiças?

Tudo isto me magoa profundamente, pois assisto outra vez à debandada de muitas famílias para a emigração, muitas para aqui, e muitas dessas famílias até já tinham ido de vez há uns anos para as suas terras.

As forças da extrema-direita aproveitam-se, como é lógico, para levantar velhos fantasmas, é preciso que a democracia dê respostas antes que a crise social se agrave ainda mais. Pois como a história nos prova só em democracia e com justiça social é possível sair de qualquer crise económica.

Que o governo não se coíba de falar nos que sofrem, mas com modéstia, que lhe dê uma esperança sem crispações, sem altivez, que não fale em números
quando lhe são favoráveis, mas que reconheça os seus próprios erros e seja mais humilde, a começar pelo Primeiro Ministro.

De um Português que ama o seu país. Que ama a democracia e a dignidade da pessoa humana.

Com os meus melhores cumprimentos
Albino Pinho Switerzland

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sábado, 28 de junho de 2008

Tiros para assustar

Transcrevo notícia do JN

Tiros disparados contra pavilhão onde José Sócrates discursou
JN.080628.01h55m

Seis tiros foram disparados esta sexta-feira à noite, em Portimão, acertando na cobertura do Pavilhão Arena, de onde saíra meia hora antes o primeiro-ministro José Sócrates, mas só dois projécteis acertaram na cobertura do recinto.

Fonte do gabinete do primeiro-ministro disse que José Sócrates já se encontrava, na altura dos disparos, perto de Albufeira, a cerca de 20 quilómetros do local. Segundo uma testemunha, que estava no exterior do Pavilhão, ouviram-se primeiro três tiros, seguidos de outros três, desconhecendo-se o local de onde foram feitos. A mesma fonte adiantou que não viu qualquer movimentação de veículos na estrada junto ao recinto, admitindo a hipótese que tenham sido efectuados por indivíduos que estivessem escondidos nas imediações ou ainda nas residências a cerca de cem metros.

Na altura, ainda se encontravam no interior e no exterior do Pavilhão, onde decorria um jantar da Federação do PS Algarve, centenas de pessoas que, apesar de tudo, mantiveram a calma.

O presidente da Câmara Municipal de Portimão, Manuel da Luz, desvalorizou o incidente atribuindo os disparos a indivíduos que se entretêm a disparar contra placas de sinalização. "Nos últimos quinze dias, têm aparecido sinais e placas de trânsito furadas por tiros, desconhecendo-se os autores do disparos", acrescentou. Ninguém ficou ferido no incidente.

A polícia viria a encontrar cinco invólucros de uma arma de calibre 7.65 milímetros, calibre normalmente utilizado pelas forças de segurança, num parque de estacionamento a cerca de cem metros do Pavilhão Arena.

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sexta-feira, 27 de junho de 2008

Justiça. Qual a estratégia?

A Justiça sempre foi considerada um factor insubstituível para a segurança das pessoas e o bom relacionamento social. Quando alguém lamenta a demora e outras imperfeições do sistema, aparecem logo críticos a atirar-lhe as maiores culpas do estado em que o Estado se encontra.

O actual Governo, tal como foi feito em vários outros ministérios, em vez de reformar a Justiça com a colaboração dos seus agentes e servidores, começou por considerá-los adversários e rivais, ou em termos tácticos, o inimigo a abater. Acabar com as férias judiciais foi o primeiro golpe mesmo antes de se procurar saber o que isso representa no funcionamento da Justiça, em relação aos cidadãos.

Também com a obsessão das estatísticas, havia que reduzir a quantidade de processos pendentes e a solução «inteligente» foi descriminalizar uma variedade de «pequenos crimes» e alterar o Código do Processo Penal, o que não agradou a quem o conhece e com ele lida e logo viu inconvenientes em muitas alterações.

Mas, como os governantes decidem dentro das paredes douradas dos gabinetes, «apoiados» por assessores pouco eficazes, não faziam ideia das condições de trabalho dos juízes e funcionários judiciais, ao ponto de muitos tribunais, terem infiltrações de águas da chuva, processos amontoados nos corredores sem segurança contra animais predadores, poeiras e até roubos. Muitos julgamentos, por falta de espaço nos tribunais, são realizados em salões de bombeiros e pavilhões multiusos, sem segurança nem dignidade. A falta de segurança dos juízes é tal que têm acontecido agressões em sessões de julgamento. (Ver a notícia «Aprender com o caso do Tribunal de Vila da Feira» e «Juízes sem desculpa para desculpar»)

O jornalista Ferreira Fernandes considera, e bem, que o juiz como um ser todo-poderoso que, no tribunal, manda calar ou levantar - como não faz nem um patrão, nem o Presidente da República, nem polícia armado nenhum -, esse, que pode fazer isso e as pessoas aceitam que faça, tem de ser intocável. Intocável, ponto final. Sem qualquer desculpa de salas pequenas ou impróprias. (Ver «Juízes sem desculpa para desculpar»)

Após as agressões a dois magistrados, os juízes do Tribunal da Feira suspenderam os julgamentos até haver novas condições de trabalho. A associação de juízes admite mesmo que a interrupção pode ser alargada a outros tribunais onde não exista segurança. Com incidentes como este, "estamos a assistir a uma perda de autoridade do Estado", disse António Martins, presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP). Segundo ele, «o Estado não é sensível aos problemas de segurança nem lhes dá a devida atenção".

E os criminosos?

Mas, do lado oposto, os criminosos estão a receber as maiores atenções do ministério. Com o pretexto de melhorar as estatísticas do funcionamento dos tribunais, deixaram de ser considerados crimes situações que beneficiam os criminosos que são uma ameaça à segurança da população, o processo penal veio facilitar a vida aos que infringem a lei, a troca de seringas nas prisões, etc, etc. E agora a notícia «Novas 'prisões-hotéis' com cinema e sala de encontros» diz-nos que das 50 prisões existentes, 28 vão ser encerradas e dez construídas de raiz.
Em 2013, Portugal terá um total de 32 prisões.

As novas prisões, disporão de actividades de lazer, como salas de cinema, bibliotecas recheadas, campos de futebol e haverá mais salas de aula, espaços autónomos para visitas de amigos, família e advogados. E, mais concreto ainda, uma unidade de regime fechado para os casais, recluso e cônjuge, de forma a terem mais privacidade.

Estas "melhores condições para os reclusos" pretendem ter «o objectivo de ressocializar» e facilitar a reinserção social. Porém, resta saber se, para a mentalidade portuguesa, a prisão continuará a ter um efeito dissuasor do crime, ou se, pelo contrário, será um incentivo ao crime para irem passar uns anos num «hotel» que está nos antípodas da sua pobre casa, a qual não dispõe de nada comparável com as comodidades prisionais, quanto a condições de alojamento, de segurança e de tratamento.

Em conclusão: Os juízes são obrigados a trabalhar em condições deploráveis e aos criminosos é dado o privilegio de instalações luxuosas.

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quinta-feira, 26 de junho de 2008

Ensino da ignorância

Transcrevo o conteúdo de um e-mail recebido da amiga Manuela, já conhecida de quem costuma visitar este espaço, em que consta um artigo do Professor catedrático Manuel Gonçalves da Silva, um comentário de Manuela e um seu apontamento sobre o Movimento Nova Era. Penso que ninguém parará a meio da leitura destes três textos, que enriquecem este espaço e pelos quais aqui endosso os meus agradecimentos a esta nossa amiga.

A fascinante tese do ensino da ignorância

Em Dezembro, o estudo da OCDE afirmava: os alunos portugueses de 15 anos estão abaixo da média entre 57 países a Ciências, Matemática e Leitura. Este facto gerou mais um conceito 'eduquês' de um secretário de Estado que disse à TV qualquer coisa do tipo 'Os alunos são ignorantes porque são reprovados' já que os resultados se devem em larga medida às elevadas taxas de retenção. Tão irresponsável doutrina dá crédito a uma curiosa tese da qual se pincelam os traços principais abaixo.

Humanidade supra-numerária

A correspondência entre 'progresso da ignorância' e declínio da inteligência crítica é evidente, como o é a necessidade de competência linguística elementar para o exercício do juízo crítico. Isto assente, porque se aprofunda e tolera a iliteracia que o quotidiano e estudos demonstram?
Michéa atribui-a à implantação da Escola do Poder Transnacional assente em reformas perversamente justificadas pela 'democratização do ensino' e 'adaptação ao mundo moderno'. Ilustra a teoria com reunião de 'quinhentos homens políticos, líderes económicos e científicos de primeiro plano', em S. Francisco, que concluiu que 'no século XXI, dois décimos da população activa serão suficientes para manter a actividade da economia mundial', pondo a questão: como manter a governabilidade dos oitenta por cento da humanidade supra-numerária?

A solução mais razoável lá defendida é do conhecido Z.Brzezinsky: 'criando 'cocktail' de diversão embrutecedora e alimentação suficiente que permita manter o humor dessa população'. Este cínico objectivo implicaria reconfigurar o sistema educativo do modo que se passa a sintetizar e se vem assistindo.

Excelência para poucos

Primeiro, há que manter um selectivo sector de excelência que forme as elites científicas e de gestão, enformado pelo modelo da escola clássica, criador de espírito crítico.

No escalão seguinte, ensinam-se competências técnicas com semi-vida estimada de dez anos e ligadas a tecnologias efémeras. Competências descartáveis quando as tecnologias são superadas e cuja aprendizagem não exige autonomia, nem criatividade e, no limite, pode ser feita em casa, frente ao computador. Ajustada ao ensino multimédia à distância proporciona negócio às grandes firmas e torna dispensáveis milhares de professores, sonho economicista e político dos meios do poder.

Ignorância para muitos

Resta o escalão dos supra-numerários (com emprego precário e flexível) que, 'jamais constituirão um mercado rentável' e a quem 'a transmissão de saberes críticos e mesmo de comportamento cívicos e o encorajamento à rectidão e à honestidade' é indesejável. A esses se destina a escola dos grandes números, a escola que deve ensinar a ignorância coerente com Brzezinsky. É a escola que produz ignorantes diplomados, incapazes de compreender um texto, ou serem proficientes em matemática. O ensino da ignorância é objectivo ao qual os professores tradicionais, apesar de excepções, se ajustam mal o que implica a sua reeducação por neo-especialistas em ciências da educação.

Estes peritos têm por missão impor condições de 'dissolução da lógica' no Ensino, real revolução cultural porque, até recentemente, 'toda a gente pensava com um mínimo de lógica, com a notável excepção dos cretinos e dos militantes'. Os professores tornar-se-ão animadores de actividades transversais e assistentes psicológicos. A escola será um espaço acrítico, um local de animação (Thanksgiving, Halloween…) confiada a associações de pais, aberto a todas as mercadorias tecnológicas ou culturais.

Fascinante e preocupante!

Difícil acreditar que haja esta estratégia capitalista específica, mas as mesmas consequências resultam de políticas incompetentes e do deslumbramento estrangeirado que assolam o país. É imperativo de cidadania reverter decisões e políticas que alicerçam um Ensino da Ignorância que converta 80% dos portugueses em supra numerários embrutecidos de uma UE, ela própria, ameaçada pelo mesmo mal.
____
Manuel Gonçalves da Silva, Professor Catedrático da
Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL In Diário Económico

Comentário meu:

Haverá entre os meus contactos alguém que não concorde? Talvez alguns andem um pouco distraídos, legitimamente preocupados com o seu quotidiano de sobrevivência, mas se quiserem saber mais, pesquisem sobre os nomes que são referidos no artigo (ou sigam os links) e depois decidam o que pensar!

Uns tópicos para começar:

1) Estes "dois décimos da população activa, suficientes para manter a actividade da economia mundial" farão parte do Clube Bildelberg? Eu, simples habitante deste mundinho, não faço certamente. Trabalho e pago para viver!

2) Este 'cocktail' de diversão embrutecedora e alimentação suficiente que permita ‘manter o humor da população', será uma referência aos nossos medias, sobretudo TV?

3) Fazemos parte do "selectivíssimo" sector de excelência formadora de gestores "Nova Era" ou reconhecemo-nos como fazendo parte do tal escalão "semi-vida" efémero, acéfalo e "programado"?

4) Teremos de ser "reeducados por neo-especialistas em ciências da educação"?
(Pela minha parte, acho que sim porque, por teimosia minha, não me adaptei ainda a ensinar ignorância e talvez porque não tenha nascido com competências acríticas.)

Só mais uns textos para poupar trabalhos de pesquisa: (Siga o link)
http://domirante.blogspot.com/2008/04/comisso-trilateral.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Clube_de_Bilderberg

Este ano, 2008, participaram na reunião anual os portugueses António Costa (PS), presidente da Câmara de Lisboa, e Rui Rio (PSD), presidente da Câmara do Porto…
E..só mais este que achei interessante

Movimento Nova Era

As raízes do Movimento Nova Era têm origem na Sociedade Teosófica em 1875, em Nova York. Uma das doutrinas básicas da teosofia ensina que todas as religiões têm "verdades comuns", as quais transcendem todas as diferenças. Os adeptos da Sociedade Teosófica acreditavam na existência de "mestres", os quais seriam seres espirituais ou homens especialmente favorecidos pelo destino e que tinham "evoluído" mais do que os outros, isto é, os que se tinham tornado especialmente "iluminados". (…)

A Revelação ao público, conforme ordens secretas, o movimento deveria permanecer completamente clandestino até 1975. A partir daquele ano, a ordem era de se trazer à luz do público o "Plano" para a "Nova Ordem Mundial" e as suas características. Agora as doutrinas da "Nova Era" deveriam ser divulgadas mundialmente, usando-se todos os meios de comunicação disponíveis. E foi exactamente isto o que aconteceu.

Os programas dos grupos Nova Era, que à primeira vista defendem um estilo de vida saudável, foram aceites na economia e em todas as camadas sociais. Eles contêm, normalmente, os seguintes itens, os quais, no fundo, são diversas formas de técnicas orientais de ocultismo: meditação (ioga e terapias de relaxamento), hipnose, cura psíquica (visualização e "pensamento positivo"). Estas duas últimas partem da hipótese de que o homem converte em vida o que ele pensa, isto é, que o subconsciente transforma em realidade os nossos pensamentos e desejos. Especialmente o "pensamento positivo" é frequentemente praticado e até mesmo baseado em versículos bíblicos e denominado como "fé", apesar de premissa anti-bíblica de que a força básica de qualquer homem seja boa. (…)

A Filosofia da Nova Era

O objectivo da filosofia Nova Era é reconciliar todos os opostos: a ciência e o ocultismo são colocados no mesmo nível, todos os valores éticos desmoronam-se, o bem e o mal já não existem. Tudo é uma coisa só. Deste ponto de vista, entende-se também a tendência à síntese das religiões. (…)

Os objectivos e planos do Movimento Nova Era

O "Plano"consiste no estabelecimento de uma Nova Ordem Mundial, de um Novo Governo Mundial e de uma Nova Religião Mundial. O objectivo político principal do movimento é o domínio do mundo: "A dissolução ou destruição de nações individuais, no interesse da paz e da conservação da humanidade", é propagada abertamente.

No caminho para o domínio do mundo são fixados numerosos objectivos intermediários (políticos, sociais e económicos), como por exemplo:
- um sistema universal de cartões de crédito
- uma central mundial para distribuição de alimentos, a qual controlaria todo o abastecimento à humanidade.
- um sistema de impostos mundialmente unificado.
- Um serviço militar obrigatório em escala mundial (apesar das ideias pacifistas).

Quando em 1975 o movimento se tornou público, destes objectivos desenvolveram-se programas detalhados para os grupos Nova Era, como:
- criação de um sistema económico mundial.
- Entrega das propriedades privadas nos sectores de crédito, transporte e de produção de géneros de primeira necessidade a um directório mundial.
- Reconhecimento da necessidade de submissão a um controle mundial com relação a assuntos biológicos, como densidade populacional e os serviços de saúde.
- Garantia mundial de um mínimo de liberdade e bem-estar.
- Obrigação de se subordinar a vida pessoal aos objectivos de um directório mundial. (…)

Entramos brevemente na Era do Aquário. Aquário é um signo regido pelo planeta Urano, que foi descoberto em 1781, coincidindo com a Revolução Francesa. (…)

Conclusão: ????
Vou dedicar-me à pastorícia! ehhehee
Manela

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Fosso entre ricos e pobres aumenta

Quando se diz que o fosso que separa os cidadãos portugueses mais ricos dos mais pobres está a aumentar em largura e profundidade, saltam logo à liça fanáticos do regime a dizerem com voz que, pelo esganiçamento, procuram tornar mais convincente, que isso não passa de exageros caluniosos de bloguistas e populares mal informados ou de partidos derrotistas.

As atitudes desses defensores caninos não e de estranhar, é natural, pois nunca faltaram apoiantes mercenários a «patriotas» como Idi Amin, Bokassa, Saddan Hussein, Mugabe e… Tudo depende de quanto beneficiam ou pensam vir a beneficiar com essa «fidelidade».

Pior do que a impressão generalizada é, hoje apareceram notícias que nada surpreendem quem se mantém atento à vida nacional. Trazem-nos números, o que significa que para os nossos governantes, tão desejosos de chamar em seu apoio as estatísticas, não podem ser postos sob suspeição. Se os governantes não confiam nestes números, então não podem esperar que sejam levados a sério aqueles que nos atiram à cara, porque esses até já sabemos que são intencionalmente manipulados.

Mas, se os governantes vierem dizer que são números referentes ao passado, temos que com eles concordar, pois todas as estatísticas e relatórios traduzem realidades passadas, mais ou menos recentes. Porém, se fosse possível dispor de números referido a hoje, eles seriam, sem dúvida, mais negros e pessimistas, pois a crise, apesar das palavras enganosas, falsamente optimistas, que temos vido a ouvir desde a elaboração do último orçamento, não tem parado de se agravar. Até já o BdP tem recuado no seu optimismo que queria justificar dom uma taxa de crescimento rigorosa até às milésimas!

Depressa aparecerão comentários a dizer que a crise se deve a factores internacionais e não a inépcia do nosso Governo. Em parte, é verdade, mas o que não deixa de ser grave é que nada foi previsto, nada foi remediado com oportunidade, não foram corrigidos os erros de esbanjamento. Por exemplo, em Espanha, apesar de os combustíveis não terem subido tanto como cá, o Governo está a cortar as despesas públicas e a reduzir o número de funcionários não estritamente indispensáveis. E fica a questão: e os nossos milhares de assessores «de ornamento? De autarquias e de gabinetes da estrutura do Estado, irão continuar intocáveis?

Uma das notícias diz que segundo dados da EU, «Portugueses são os mais preocupados com o futuro», sendo apenas 15% os que acham que a vida vai melhorar nos próximos 12 meses, sendo os piores face aos seus parceiros da UE a 27. Apenas 11% (também o valor mais baixo da União, onde no conjunto há 22% de optimistas), acredita que esta poderá evoluir positivamente. E quando convidados a antever a sua situação económica e de emprego as expectativas também são as mais baixas. As preocupações incidem principalmente no desemprego, subida dos preços e situação económica do país

Outra das notícias diz que «número de ricos em Portugal sobe em plena crise económica», havendo agora mais de 11600 portugueses com mais de um milhão de dólares, tendo passado de 11400 para 11600. Estes dados, ontem, divulgados têm em conta os patrimónios financeiros individuais, excluindo os investimentos imobiliários e as aplicações financeiras em off shores (paraísos fiscais).

A terceira notícia evidencia que ao contrário dos milionários que aumentam, as populações mais carecidas de fortuna enfrentam mais dificuldades para satisfazer as suas necessidades básicas, com o título «dívidas no crédito ao consumo sobem 27%». Segundo o Banco de Portugal está a aumentar o crédito malparado, seja no consumo, na habitação ou em geral, o peso da cobrança duvidosa, tendo crescido, no total, 16%. A procura de empréstimos não abranda, e o endividamento dos portugueses voltou a subir em Abril. Em relação a igual período do ano passado, nos primeiros quatro meses de 2008, os montantes totais em incumprimento subiram, em valores absolutos, 16,4%, com especial agravamento nos empréstimos ao consumo. Face ao total concedido, o rácio de malparado subiu para 1,9%, mais 5,5% que nos primeiros quatro meses de 2007. O rácio de incumprimento passou para 3,8% do total atribuído, uma subida de 26,6% face a igual mês do ano passado. Nestas estatísticas não se encontram dados sobre aqueles que nem sequer conseguem créditos e vivem abaixo do limiar de pobreza, completamente ignorados dos poderes públicos.

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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Sinais da área militar - 5

Transcreve-se texto, recebido por e-mail, focando o descontentamento de um sector nacional que, pela sensibilidade de que se reveste, merece mais atenção da parte dos responsáveis políticos.

Exército mercenário de Portugal na Miséria

Não se defende mais a Pátria, defendemos quem nos derrotou.

Militares desfilam quarta-feira, em Lisboa, em protesto contra a indefinição de carreiras, protecção social e assistência na saúde, noticia a agência Lusa.

O protesto, que se inicia às 18:30 com uma concentração no Largo de Camões e prossegue uma hora depois com um desfile até à Assembleia da República, é organizado pela Comissão de Militares, Associação Nacional de Sargentos e Associação de Praças da Armada.

Justificando a iniciativa, o presidente da Associação Nacional de Sargentos, Lima Coelho, sustentou à Agência Lusa que «há problemas que continuam a afectar a família militar, e até se agravaram», e para os quais o Governo não mostrou o «mínimo interesse» em «discutir soluções».

Atrasos nas comparticipações médicas para tratamentos crónicos e «indefinição» quanto à renegociação de protocolos com unidades de cuidados de saúde, dos «mecanismos de protecção social» e da revisão de carreiras são alguns dos «problemas» apontados.

Lima Coelho lembrou que continua por elaborar o anteprojecto de revisão de carreiras, suplementos e remunerações, não obstante um despacho de Março ter nomeado uma equipa e dado um prazo de dois meses, que terminou em Maio, para que o documento fosse feito.

«Há sargentos que estão no mesmo posto há 16 anos sem perspectivas de carreira», alegou o mesmo dirigente, indicando casos de outros militares que, pelas mesmas razões, se arriscam à «reserva compulsiva».

O presidente da Associação Nacional de Sargentos recordou ainda a «dívida do Estado à família militar», que ronda mais de mil milhões de euros do Fundo de Pensões e do Complemento de Reforma, e para a qual os sargentos das Forças Armadas sugeriram recentemente que o Governo pagasse em títulos.

SR Presidente da República
Sr Primeiro Ministro (Para conhecimento)

É com muita mágoa que me dirijo a VExas.

Sou militar na situação de REFORMA, com 75 anos, e NUNCA pensei que os militares viessem a sofrer como Vexa poderá ler no anexo, extraído de um jornal online e que me deixa triste ao pensar que os militares servirão apenas as vontades politicas. Assim foi no tempo em que Vexa fora alferes miliciano no tempo de Salazar e Caetano e assim é no tempo em que Vexa foi Primeiro Ministro e agora Presidente da República, mas agora já com outra responsabilidade, sendo Comandante Chefe das Forças Armadas portuguesas...

Sr Presidente da República, já foi dito por várias vezes que os militares são como os cães de caça na época do defeso, mas hoje li que no fim de contas são como a pastilha elástica que se mastiga e depois ...deita-se fora...

Reveja, Sr Presidente, a situação dos militares por que até neste momento existem militares no estrangeiro...em missão de paz.

Mas é vergonhoso para os militares, e para a Nação, o que se está a fazer com eles...
Chego mesmo a perguntar a VExa por que não acabar então com as Forças Armadas??? Se não há dinheiro... acabem mesmo com elas...

Para umas coisas não há dinheiro, mas existe dinheiro para aquisição de viatura pessoal ( ? ) do Ministro da Defesa Nacional, de viaturas de LUXO para a administração da CP, já para não falar no caso da SIRESP...

O sistema de saúde-hoje ADM/IASFA (leia-se Serviços Sociais das Forças Armadas, foi feito por nós e mudaram-lhe o nome sem a nossa audição, hoje a vertente social está desvirtuada do que foi destinada.

Sr Presidente da República portuguesa

Como militar reformado, não sou ouvido por ninguém. Fizeram dos meus anos de serviço como uma "passagem ", mas não pode ser assim Sr
Presidente...

Ainda temos dignidade suficiente para não voltar a ler seja o que for contra os militares e acabar mesmo com a arrogância com que se vê o MDN e o PM...

Julgo que vai sendo tempo de DECIDIR: MORRER DE PÉ!!!

Com os melhores cumprimentos
João Ernesto Fonseca dos Santos

Em tempo: Não me preocupo, jamais, com qualquer processo disciplinar

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terça-feira, 24 de junho de 2008

Portugueses do Bilderberg

Transcrição de post do blog Ramiro Lopes Andrade

Todos os portugueses de Bilderberg
Semanário, 2006-01-02 16:26

O SEMANÁRIO publica, em exclusivo, a lista de todos os portugueses que já estiveram em reuniões de Bilderberg, um clube que é considerado uma espécie de governo-sombra a nível mundial. Uma das principais tarefas dos jornalistas que investigam o clube é não só saber quem participa nas reuniões mas, sobretudo, acompanhar o seu percurso nos tempos seguintes. Quase todos, ascendem a altos postos. Na reunião que teve lugar de 3 a 6 de Junho, em Stresa, em Milão, Santana Lopes e José Sócrates estiveram presentes, juntamente com Pinto Balsemão. Curiosamente, Santana seria primeiro-ministro dois meses depois e nem passaria um ano para José Sócrates chefiar o Governo. Outros três intervenientes na crise política de 2004, o Presidente da República, Jorge Sampaio, Durão Barroso, então primeiro-ministro, e Ferro Rodrigues, então líder do PS, também estiveram em reuniões de Bilderberg. Sampaio esteve presente em 1999, na reunião de Sintra. Durão é um velho conhecido de Bilderberg, tendo estado presente em 1994, 2003 e já este ano, na Alemanha, na qualidade de presidente da Comissão Europeia. Já Ferro esteve presente na reunião de 2003.

Francisco Pinto Balsemão - É um membro permanente do Clube de Bilderberg desde 1988, tendo participado em quase todas as reuniões anuais desde essa data. Pertence mesmo ao comité restrito, denominado "Steering". É ele quem tem convidado muitas personalidades portuguesas a estarem presentes no clube. Em 1988, Pinto Balsemão tinha abandonado o cargo de primeiro-ministro há 5 anos e estava dedicado aos seus negócios, mantendo também o "Expresso". Anos depois abriria a SIC, aproveitando a liberalização da televisão feita pelo governo de Cavaco Silva. O processo conturbado, com divisões no próprio Conselho de Ministros, tendo o grupo televisivo de Proença de Carvalho sentindo-se desfavorecido. Pinto Balsemão é hoje presidente da Impresa. Falado como potencial candidato presidencial, nunca se concretizou esta hipótese.

Mira Amaral - Ministro da Indústria de Cavaco Silva. Participou na reunião de Bilderberg em 1995, no final do governo de Cavaco Silva, numa altura em que o professor rumava à corrida a Belém e Fernando Nogueira e Durão Barroso disputavam a liderança do PSD. O facto de ter estado presente pode significar que o seu nome esteve fadado para mais altos voos, que depois não se concretizaram. É especialista em energia e tem-se dedicado à sua actividade de administrador de empresas. Foi administrador da Caixa Geral de Depósitos, tendo saído do banco num processo político conturbado. Só participou em Bilbderberg na reunião de 1995.

Joaquim Ferreira do Amaral - Ministro das Obras Públicas de Cavaco Silva, uma das cartas mais importantes do governo, artífice das auto-estradas portuguesas. Tem mostrado disponibilidade para combates difíceis, tendo perdido Lisboa para João Soares. Participou na reunião de Bilderberg que ocorreu em Sintra, em 1999, uma das que teve mais participantes portugueses. A sua presença é significativa, tanto que dois anos depois seria candidato à Presidência da República, defrontando Jorge Sampaio. Só esteve presente em 99.

António Barreto - Este investigador esteve presente na reunião de 1992, em pleno cavaquismo, um ano depois de Cavaco obter a sua segunda maioria absoluta. António Barreto foi ministro da Agricultura nos primeiros governos PS, tendo deixado o seu nome associado à Lei Barreto, massacrada pelos comunistas por traduzir o primeiro desmantelamento da reforma agrária. Teve um papel essencial na candidatura presidencial de Soares em 1986, sendo o seu porta-voz. Foi ele quem apelou ao "povo de esquerda" para a segunda volta de Soares contra Freitas do Amaral. Nos últimos anos tem-se dedicado à investigação e a comentários e análises nos jornais. É uma mente brilhante, o género de pessoa que os bilderbergs políticos gostam de ver no seu seio. Só participou na reunião de 92.

Durão Barroso - Participou na reunião de Bilderberg de 1994, quando era ministro dos Negócios Estrangeiros de Cavaco Silva. Não por acaso, um ano depois estava a candidatar-se à liderança do partido. Perdeu para Fernando Nogueira, mas a sorte acabou por o bafejar, porque Nogueira foi derrotado por Guterres (num ciclo político muito desfavorável ao PSD). Durão ficou como reserva e tornou-se líder social-democrata em 1999, quando Marcelo Rebelo de Sousa saiu. Apesar de ter perdido as legislativas de 99 para Guterres não se deu por vencido, ficando célebre a sua frase "tenho a certeza que serei primeiro-ministro, só não sei é quando." O seu vaticínio acabou por confirmar-se, tornando-se primeiro-ministro em 2002. Em 2003, voltou a estar presente no clube de Bilderberg, na qualidade de primeiro-ministro. Em meados de 2004 era designado presidente da Comissão Europeia. Voltou a participar na reunião deste ano de 2005 de Bilderberg, que teve lugar na Alemanha, na qualidade de presidente da Comissão.

António Borges - É o homem português da Goldmam Sachs, curiosamente uma empresa com ligações a Bilderberg. Esteve presente na reunião do clube em 1997, o que mostra que o seu nome é badalado para altos voos há muito tempo. Se estava na calha para a liderança laranja, acabou por ser Durão a tomar o lugar de Marcelo. Em 1998, escapou, miraculosamente, ao acidente fatal da TWA, que não deixou sobreviventes. Chegou a ter bilhete mas não embarcou. Na reunião de 2003 do clube voltou a estar presente. Em 2004, foi um dos principais critícos da solução Santana Lopes para suceder a Durão Barroso. Actualmente, está posicionado para suceder a Marques Mendes. É um homem muito próximo de Cavaco Silva, ainda que o professor não favoreça as amizades e às vezes até as discrimine.

Maria Carrilho - Investigadora, sempre esteve ligada ao PS, tendo sido deputada à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu. Hoje é vice-presidente da Assembleia da República. É especialista em assuntos de defesa, uma área prioritária nas discussões de Bilderberg. Esteve presente na reunião do clube em 1995, o ano da chegada ao poder de António Guterres.

António Guterres - Esteve presente na reunião deste ano na Alemanha, já na qualidade de Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. O seu nome continua a ser uma hipótese para outros voos, designadamente o Palácio de Belém, em 2011 ou 2016.

Roberto Carneiro - Ministro da Educação de Cavaco Silva. Esteve presente na reunião de 1992, no auge do cavaquismo. Chegou a ser-lhe vaticinada uma importante carreira política mas, depois da queda de Cavaco, os seus interesses viraram--se para outras áreas. Envolveu-se no projecto inicial da TVI, como profundo católico que é, e tem-se dedicado à investigação universitária e a algumas iniciativas empresariais.

Vitor Constâncio - Esteve presente em Bilderberg em 1988, quando era secretário-geral do PS. Nunca mais participou em nenhuma reunião depois desta data. Afastou-se das lides mais activas do PS e dedicou-se ao que sabe fazer muito bem: os assuntos económicos. O Partido premiou-o com o Banco de Portugal.

Vasco Pereira Coutinho - Um dos maiores empresários portugueses, tendo enriquecido com o negócio da AutoEuropa. Esteve presente na reunião de 1998, numa altura em que Marcelo Rebelo de Sousa liderava o PSD. Durão Barroso fez uma viagem de férias ao Brasil, no avião dele e na sua casa, quando era primeiro-ministro, provocando grande polémica. É apoiante de Cavaco Silva.

João Cravinho - Esteve presente na reunião de 1999, no auge do guterrismo, sendo ministro do Planeamento e da Administração do Território. Alia um pensamento interessante a uma excelente preparação técniva, devendo ter participado no clube como um dos "cérebros" que os políticos gostam de ouvir. Atacou bastante Guterres no fina dos seus dias, sendo um homem próximo de Jorge Sampaio (mas muito senhor do seu nariz).

José Cutileiro - O embaixador português esteve presente na reunião de Bilderberg em 1994, tornando-se presidente da estrutura de defesa da União Europeia, a UEO, logo nesse ano. É um homem culto, brilhante, com opiniões geoestratégicas muito auscultadas por qualquer governante.

José Manuel Galvão Teles - Advogado, homem muito próximo de Mário Soares, de quem é amigo e vizinho. Esteve presente na reunião de Bilderberg de 1997, no auge do guterrismo. É conselheiro de Estado.

Teresa Patrício Gouveia - Fez parte do governo de Cavaco, como secretária de Estado da Cultura e como ministra do Ambiente. Esteve presente na reunião de Bilderberg em 2000.Foi ministra dos Negócios Estrangeiros de Durão Barroso.

Marçal Grilo - Ministro da Educação de António Guterres, de quem era amigo. Esteve presente na reunião de Bilderberg de 1999, em Sintra. Há quem diga que é uma mente brilhante.

Miguel Horta e Costa - Esteve presente na reunião do clube em 1998, no tempo da liderança laranja de Marcelo, sendo vice-presidente da Portugal Telecom. Já no tempo de Durão Barroso ascendeu à presidência da empresa, mantendo-se com Santana Lopes e José Sócrates, todos bilderbergs. Deverá sair da PT já em Janeiro.

Margarida Marante - É um dos dois jornalistas que marcaram presença em Bilderberg, tendo estado presente em 1996, no auge da sua carreira na SIC, onde conheceu Emídio Rangel e contraiu matrimónio. É próxima da área do PSD.

Vasco de Mello - Um dos grandes empresários portugueses. Esteve presente na reunião de Sintra, em 1999. Tem tido um percurso discreto, mantendo pontes com o poder político mas não dando azo a conversas.

Carlos Monjardino - Homem da área do PS, que participou no governo de Macau. Grande empresário, com ligações fortes ao Oriente, sobretudo a Stanley Ho. Presidente da Fundação Oriente. Há muito que é falado para candidato presidencial mas nunca conseguiu concretizar essa aspiração. Esteve presente na reunião de Bilderberg de 1991, no auge do cavaquismo e da reeleição de Mário Soares, de quem é muito próximo.

Murteira Nabo - Ministro fugaz de António Guterres, tendo de se demitir por causa de um caso de sisa. Esteve presente na reunião do clube em 1999, já era presidente da PT há três anos.

Faria de Oliveira - Ministro do Turismo de Cavaco Silva, esteve presente na reunião de Bilderberg em 1993, sendo uma peça essencial na ligação entre o então primeiro-ministro e o mundo dos negócios, quer público, quer privado.

Carlos Pimenta - Ministro do Ambiente de Cavaco, um dos mais activos de sempre. Chegou a ser-lhe vaticinando um futuro político risonho. Esteve na reunião de Bilderberg de 1991. Nos últimos anos, afastou-se da política.

Francisco Lucas Pires - O malogrado líder do CDS, que depois se aproximou do PS, era uma mente brilhante, a quem pareciam reservados altos voos. No entanto, só esteve presente na reunião do clube de 1988.

Ricardo Salgado - Um dos grandes banqueiros portugueses. Esteve na reunião de 1997, quando Marcelo era líder do PSD e voltou a estar na reunião de 1999, em Sintra. É um homem com relações privilegiadas com o poder político à direita. Santana Lopes chegou a chamá-lo para uma reunião privada. Viu o seu banco, o BES, ser alvo de buscas judiciais este ano.

Jorge Sampaio - Presidente da República. Participou na reunião de Bilderberg, em Sintra, na qualidade de primeiro magistrado da Nação portuguesa, uma presença, sem dúvida, polémica.

Nicolau Santos - O outro jornalista que participou em Bilderberg, tendo estado em Sintra em 1999. É especialista em assuntos económicos. Curiosamente, os jornalistas que estiveram no clube eram ambos profissionais no grupo de Balsemão, Nicolau Santos no "Expresso" e Margarida Marante na SIC.

Artur Santos Silva - Um dos grandes banqueiros portugueses, com o seu BPI. Tem relações privilegiadas à esquerda e é um homem culto, de uma família espiritual. Esteve presente na reunião de 1999. Curiosamente, nesta reunião só acabou por faltar um banqueiro do BCP, um banco com outra estratégia, mais europeia.

Marcelo Rebelo de Sousa - Esteve presente na reunião de 1998, quando era líder do PSD e ainda julgava que era possível fazer renascer a AD com Paulo Portas e ganhar as eleições legislativas de 1999 a António Guterres. As coisas correram-lhe mal, metendo o caso da Universidade Moderna pelo meio (afectando Portas). Regressou ao comentário político. A entrada na corrida de Belém também falhou, porque tudo correu bem a Cavaco.

Miguel Veiga - Advogado nortenho, um histórico do PSD, com relações fortes com a ala soarista do PS. Esteve em Bilderberg em 1994, no fim do cavaquismo. Tornou-se um dos piores inimigos de Santana Lopes, sendo a voz mais forte contra a sua indigitação para primeiro-ministro, sucedendo a Durão Barroso.

António Vitorino - Era a eminência-parda do guterrismo, tendo estado na reunião de Bilderberg de 1996, quando era vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa. Por causa de um caso de sisa, acabou por se demitir. Foi comissário europeu e o seu nome chegou a estar na calha para presidir à Comissão. Rejeitou ser candidato à Presidência da República.

Oliveira Martins - Participou na reunião de 2001, quando era ministro da Presidência do governo Guterres, já no ocaso do guterrismo, depois da queda da ponte de Castelo de Paiva. Se não fosse independente, tinha sido um nome possível para a corrida à liderança do PS. Tornou-se presidente do Tribunal de Contas este ano, numa nomeação polémica, face à natureza das funções do órgão, que requerem independência e imparcialidade.

Vasco Graça Moura - Deputado ao Parlamento Europeu pelo PSD, poeta e erudito. Esteve presente na reunião de 2001 de Bilderberg. É um intelectual brilhante, que os políticos gostam de ouvir.

Ferro Rodrigues - Esteve presente na reunião de 2003, quando era líder do PS, pouco depois de ter deflagrado o caso Casa Pia no partido. Depois de Jorge Sampaio ter dado posse a Santana Lopes, demitiu-se, tomando a decisão presidencial como uma derrota pessoal. É hoje embaixador português da OCDE em Paris.

Santana Lopes - Esteve presente na reunião de 2004, que ocorreu de 3 a 6 de Junho em Stresa, Milão. Curiosamente, pouco mais de um mês depois era primeiro-ministro de Portugal. A vida, contudo, não lhe correu bem. Ao ponto de Jorge Sampaio ter dissolvido o Parlamento e convocado eleições legislativas.

José Sócrates - Tal como Santana Lopes, esteve presente na reunião de Stresa de 2004. Curiosamente, menos de um ano depois seria primeiro-ministro de Portugal, parecendo estar no cargo de pedra e cal. Malgré Cavaco Silva.

Nuno Morais Sarmento - Esteve presente na reunião de Bilderberg deste ano, tendo sido convidado por Pinto Balsemão, um facto que pode ter significado nos próximos tempos.

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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Zimbabwe, caso sintomático

Da antiga Rodésia do Sul chega-nos um exemplo de dignidade, de sentido de Estado, de dedicação à população do País, sentimentos que se sobrepõem à ambição do poder que é natural e compreensível num político.

O líder do Movimento para a Mudança Democrática, oposição no Zimbabwe, Morgan Tsvangirai, que na primeira volta das eleições presidenciais tinha obtido a maioria dos votos mas não maioria absoluta, pelo que teve de haver segunda volta, anunciou ontem em Harare que desiste de disputar com Robert Mugabe a segunda volta das presidenciais, depois de os partidários da Zanu-PF (no poder) terem, durante meses, intimidado e agredido apoiantes da oposição. Tomou tal decisão para poupar a vida dos seus apoiantes, "tendo em conta a inaceitável campanha sistemática de violência, de obstrução e de intimidação das autoridades zimbabwianas desde há algumas semanas."

"O povo quer um novo Zimbabwe. Mas não podemos pedir aos eleitores que arrisquem a sua vida para ir votar no dia 27 de Junho." "Não participaremos mais nesta farsa de processo eleitoral, marcado pela violência e ilegítimo". "Ele [Robert Mugabe] declarou a guerra ao afirmar que as balas prevaleceriam sobre os boletins de voto". E depois de dar a sua justificação de grande dignidade, apelou à ONU e às organizações pan-africanas para que intervenham a fim de evitar um "genocídio".

Na realidade, a violência no Zimbabwe não dura há apenas algumas semanas. Já faz tempo, e muito! Que o digam os que perderam familiares, mortos às mãos dos esbirros de Robert Mugabe, ou os que foram por eles espancados, seviciados, etc., etc. Que o digam os que perderam as casas, terras, ajuda alimentar porque não votaram no partido do Presidente.

E que fez o Ocidente? Que fez a UE? Que fizeram os Estados Unidos? Que fez a ONU? Muito pouco ou nada. Apenas ligeiras declarações de repúdio, de condenação e umas sanções que ninguém cumpre.

Isto faz meditar sobre as palavras de Mário Soares que na qualidade de presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, alertou que pode ocorrer uma guerra de civilizações se as religiões não forem um factor de paz. Segundo ele, «as religiões devem discutir umas com as outras. Todas têm a verdade revelada e quem tem a verdade revelada pensa que tem o exclusivo e por isso é difícil conjugar, mas tenho verificado em encontros ecuménicos que é possível encontrar pontos comuns e é isso que é preciso desenvolver». «O mundo está muito complicado. Se as religiões não forem um factor de paz, pode acontecer que se entre numa guerra de civilizações e isso seria o pior de tudo que pode acontecer».

Mas, parece que essa «guerra de civilizações» já ocorreu e a civilização ocidental ficou derrotada tal é a passividade com que tem assistido às atrocidades do ditador Robert Mugabe e outros que pululam pelo mundo. Quanto a Mugabe já há justificação suficiente para evitar um mal maior e mais vítimas, retirando-o para o exílio longe da sua terra e julgá-lo num tribunal internacional como foi feito a políticos e militares da ex-Jugoslávia, sem tantas culpas. Teria sido uma boa acção para o mundo por parte da ONU. Mas o que é a ONU? Para que serve?

Em vez de uma acção decisiva contra este ditador, a UE, apesar da sua apregoada moralidade democrática, tem continuado a abrir-lhe as suas portas e estender-lhe o tapete encarnado a ele e à sua estirpe - como aconteceu recentemente na cimeira da FAO em Roma. Mas, escandalosamente, o povo do Zimbabwe, porque tem a pouca sorte de habitar um país onde não existe petróleo e que, por isso, pouco conta para a Velha Europa e para o mundo, ainda não viu a Comunidade Internacional levantar um dedo, de forma eficaz, em defesa da sua sobrevivência, em paz, liberdade e com comida.

Só depois desta atitude de Tsanvigirai é que os Estados Unidos decidiram levar perante o Conselho de Segurança da ONU a situação política no Zimbabué, reconhecendo que "o regime de Mugabe reforça a cada dia a sua ilegitimidade. Os actos absurdos de violência contra a oposição e os observadores das eleições têm que terminar". "Os Estados Unidos preparam-se para ir no início da semana ao Conselho de Segurança para examinar as medidas suplementares que devem ser tomadas. Mugabe não pode ser infinitamente autorizado a reprimir o povo zimbabueano", adiantou a porta-voz da Casa Branca.

Entretanto, o presidente do Zimbawe já traçou os resultados da segunda volta das eleições presidenciais do próximo dia 27. "Só deixarei o poder quando tiver a certeza de que a terra fica na mão da maioria negra", diz Robert Mugabe. Garante aos seus apoiantes que "a terra roubada por colonizadores britânicos tem de ser devolvida aos seus proprietários, o povo negro", "enquanto isso não acontecer, terá de continuar a ser o presidente". Ou seja, "vou ganhar para evitar que os ingleses tomem conta do país". "Quando tiver a certeza de que a devolução da terra aos negros está verdadeiramente cumprida, então poderei dizer: o meu trabalho está terminado", afirma Mugabe, acrescentando que esse desiderato "nunca será possível com o país entregue ao MDC e a Morgan Tsvangirai".

Alguns títulos da imprensa de hoje sobre o tema:

Oposição zimbabwiana desiste das eleições
Zimbabué: EUA levam questão ao Conselho de Segurança ONU
Robert Mugabe ataca tudo e todos
Mário Soares alerta para risco de guerra de civilizações

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Situação actual do País. Uma visão preocupada

Transcrevo um «retrato», talvez muito realista com cores muito cruas, da actual situação do País, hoje recebido por e-mail, esperando que desperte meditação e comentários que ajudem a melhor compreender este tema.

Um País a cair de podre

A classe política, no seu vaivém diário entre a Assembleia da República, território de muitas 'estórias, gargalhadas-passatempos, gabinetes, inaugurações e algumas confrontações no terreno, não faz (ou não quer fazer) a mínima ideia do que está a acontecer no 'Portugal real'. Não é só o drama da habitação e do desemprego; dos aumentos constantes que afectam a qualidade-de-vida das pessoas; é sobretudo, a necessidade de pagar as contas mínimas de uma sobrevivência cada vez menos digna.

Metidos nos aviões, nos restaurantes de luxo, nos encontros com os seus parceiros europeus, cujas facturas estão pagas à partida, deitam-se e acordam com a sensação de uma vida atribulada. Mas é uma maratona que vale a pena correr, porque, agora ao serviço de uma empresa pública, amanhã como administrador de uma empresa privada, o lucro está garantido e as 'indemnizações maia reformas', em certos casos, como se pode ir observando, são escandalosamente douradas.

A Democracia trouxe a liberdade e o Pais desenvolveu-se, sobretudo, na área das Obras Públicas (porque será?). Na educação, na cultura, na saúde e no trabalho (empregabilidade) há uma minoria tão activa como existia no tempo do Estado Novo. Convém compreender o que pensam do 'regime democrático português' aqueles que nasceram depois de 1974. Identificam-se com o sistema partidário? Acham que os políticos fazem política honesta? Cumprem a sua função de reduzir, de facto, as assimetrias qualitativas? Até que ponto não estaremos todos a consagrar o 'regime do umbiguismo'?

Em Portugal, perdeu-se a vergonha. A impunidade está instalada, os lóbis cavalgam a onda da letargia popular e as 'estórias' que se contaram em redor da licenciatura do primeiro-ministro, as indecentes factualidades vivenciadas no eixo do sistema financeiro protagonizado pela CGD e BCP, com o governador do Banco de Portugal a gaguejar perante a inconformidade do ónus da culpa, ajudam a perceber como este Pais se arrasta na maior das indigências morais.

Os interesses dirimidos entre as 'capelinhas' do Bloco Central (PS+PSD) atiraram Portugal para a lama. A credibilidade dos Partidos extinguiu-se. As Forças Armadas estão paralisadas. A Igreja perdeu a força. Assaltados pela lógica furtiva do assalto, vivemos em ruptura social e os partidos continuam a fazer de conta.

Muito por força das 'lógicas umbiguistas* do Bloco Central, só a classe política não observa as rupturas sociais, em hora de assalto(s).

Por Rui Santos, jornalista, Semiópticas, opinião, pág. 82

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Polícia Marítima insuficiente

Segundo notícia do DN de hoje, «Polícia Marítima tem 430 agentes para toda a costa», as cenas de violência ocorridas na praia de Santo Amaro de Oeiras, no sábado, deram aso a que a Associação Sócio-Profissional da Polícia Marítima sublinhasse que existem apenas 430 agentes para 1860 quilómetros de costa, incluindo Açores e Madeira, podendo esta carência de meios pôr em causa a segurança nas praias durante o Verão.

Certamente, para este efectivo, haverá um apoio administrativo que, nos diversos escalões, absorverá algumas dezenas de pessoas, o que resulta em pouca rentabilidade dos custos do serviço. Num País com esta dimensão deveria ser racionalizada a estrutura de forças de segurança, integrando as diversas especialidades por forma a obter a melhor coordenação, reforço mútuo e rentabilidade de recursos. Já foi efectuada a integração entre a Guarda Fiscal e a GNR e não se vê grande dificuldade em integrar agora na GNR a Polícia Marítima, constituindo uma unidade com as suas especificidades técnicas, mas beneficiando de apoio rápido e eficiente das forças de intervenção da área.

Para isso, teria de mudar de tutela, pois a Polícia Marítima depende hoje do Ministério da Defesa e teria de passar para o MAI, tal como aconteceu com a GF que antes pertencia ao Ministério das Finanças, o que não constituiu obstáculo inultrapassável.

Tal integração tornaria mais eficaz a vigilância, a prevenção, a dissuasão de actividades indesejáveis e a resposta rápida e eficaz a qualquer desordem. O conhecimento especial que a Polícia Marítima tem para actuar neste domínio, será mais eficaz e poderá ser difundido pelos outros efectivos a fim de tornar a acção conjunta mais eficiente, permitindo que muitas situações fiquem sanadas logo à partida.

Deve ser salientado que esta força de segurança tem como missões principais vigiar e fiscalizar navios e embarcações nacionais e estrangeiras, prevenir e combater o tráfico de droga, criminalidade e terrorismo e proceder à detenção de cidadãos não-nacionais que entrem ou permaneçam ilegalmente em território nacional, além de fazer cumprir as normas respeitantes aos banhistas, missões que são também da brigada fiscal da GNR, para o que já dispõe de meios marítimos de grande capacidade de intervenção.

Pergunta-se de que esperam os responsáveis para tomar uma decisão consentânea com os interesses e as possibilidades do País? Quem está interessado em que tudo se mantenha como antigamente? Quando se fala no choque tecnológico e na modernização, não se compreende o adiamento de ajustamentos como este.

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Modernizar. Como? Para quê?

Depois de ter colocado um comentário no post «Estar-se-á realmente a criar riqueza?», achei que teria aqui colocar as linhas de raciocínio que segui e recordar um post já antigo aqui colocado sobre a «Utilidade das rotundas».

A vida não pára, as circunstâncias alteram-se e é preciso modernizar, acompanhar o progresso, não para tornar diferente, mas para tornar melhor, utilizando os desenvolvimentos tecnológicos em benefício da população.

Para modernizar sensatamente, é preciso começar por identificar com rigor e isenção a situação actual, o ponto de partida, passando pelas actividades da região (urbanas e rurais), a população (quantidade, grau de escolaridade, aptidões profissionais prevalecentes, gostos culturais, etc.), valor dos rendimentos, etc. E, depois, com um adequado grau de ambição realista e viável, estabelecer objectivos dentro de uma previsão de evolução bem planeada, seguido de decisão, e acção (coordenada e controlada), não perdendo de vista a finalidade, o objectivo pretendido.

É preciso exercer um esforço permanente para fugir à ostentação (não produtiva de bem-estar social), à imitação dos outros e à má competição pela vã visibilidade. Não se deve perder a noção das realidades vigentes e há que procurar, a cada momento, rentabilizá-las em benefício da população. Esta deve estar sempre presente no espírito de um líder político, por ser o alvo e a razão de ser de toda a acção política e por constituir o principal recurso, o capital mais precioso, a empregar nestas tarefas de modernização.

Isto são ideias que saltam ao correr da pena a estas horas matutinas. Mas que julgo merecerem ponderação.

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domingo, 22 de junho de 2008

A Justiça preocupa

Recebi este texto por e-mail do autor, José Morais da Silva, uma pessoa muito atenta à evolução da vida nacional e naturalmente preocupado com as incoerências que vai notando nos diversos sectores. E como a Justiça constitui um pilar importante para a sensação de segurança e civismo da sociedade, em que muita gente está a perder a confiança, como se ouve nos transportes públicos e na rua, decidi, pedir autorização para aqui o publicar.

Continua o regabofe na Justiça.

O Ministro afirma, com toda a prosápia própria de um pavão, que, quanto à hipótese de alterar o novo “Código Penal”, só para o ano!
E os casos trágico-cómicos continuam.
Eis alguns deles, tornados públicos pela Imprensa:

- Uma brasileira, matou o filho, de seis meses.
É presa e é presente a tribunal que lhe decreta prisão preventiva.
Mais tarde, o mesmo tribunal altera a medida de prisão, passando-a para termo de identidade e residência com a concordância do Ministério Público.
Ao mesmo tempo, adia a leitura da sentença.
Os advogados de defesa informam o tribunal que a ré, comprou passagem para o Brasil.
Se o tribunal alterar a situação da arguida, a defesa mete recurso, e ela foge sem a sentença.
Já não voltará a Portugal para ser punida, a não ser que o faça voluntáriamente!!!

- Um grupo de quatro jovens energúmenos, mata um jovem para lhe roubarem o casaco.
Um deles, assassina-o à facada.
Os outros amarram-no para ficar indefeso.
Apenas o que deu a facada está preso. Os outros estão em liberdade.
E, agora vem o melhor:
O Ministério Público propõe que os que estão em liberdade, apenas recebam uma pena suspensa.
O advogado de defesa, com toda a lata, propõe que o preso seja libertado e que a pena, se a houver, seja pena suspensa, pois o réu estava sob o efeito do álcool e até colaborou com a justiça!!

- Um jovem de 23 anos, testemunha de um processo, é alvo de uma tentativa de rapto executado por um dos réus com o auxílio de outro capanga.
Presente a tribunal, o arguido , apesar do seu cadastro, por outros crimes, é posto em liberdade com termo de identidade e residência!

- Foram dadas todas as facilidades a Valle e Azevedo para poder fugir para o estrangeiro.
E agora?
Claro que lhe irão continuar a a dar todas as facilidades para conseguir evitar a prisão, pois a lei vai ser usada até à exaustão para que a ordem de detenção e o pedido de extradição não sejam exequíveis.

A corda continua a ser esticada mas ela não chegará ao ponto de rebentar, porque este Povo está adormecido.
Não vê ou não quer ver que estão a ser gozados por grupos de políticos que utilizam as benesses que lhes foram dadas sem olhar a meios, as diferenças cada vez são maiores, idolatram um classe de inúteis ditos “Figuras Públicas”, vêm a ostentação ofensiva dos jogadores de futebol e continuam a alimentá-los enchendo os estádios e pagando o que não podem, aguentam os abusos da Galp e não a boicotam, aguentam a ERSE, as mordomias dos administradores das empresas públicas, as mordomias dos Ministros e deputados, etc., etc..

Uma tristeza sem fim.

Um abraço do

Morais da Silva

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sábado, 21 de junho de 2008

Preocupados com as notícias do mundo

Recebi um e-mail de um amigo «virtual» que achou que podia desabafar comigo as suas preocupações e angústias acerca do mundo que «caminha para o caos total». A sua sensibilidade coloca-o em grande «depressão» ao prever «grandes convulsões e sofrimentos sociais e humanos», sem ver capacidade nos poderes instalados para resolver os «grandes problemas nacionais e globais». Para ele, o desrespeito pelo voto Irlandês equivale ao fim do efeito da liberdade de expressão, e à perda de protagonismo dos povos. Também teme que o aumento da tensão com o Irão possa desaguar em outro conflito como os que já existem na zona. Como ele, poderá haver mais pessoas a deixarem-se dominar por um pessimismo que pode ser prejudicial à saúde, e assim permite que refira aqui estes tópicos e a resposta que lhe dei por, na sua opinião, poder ter efeito positivo em pessoas em igual situação depressiva.

A minha resposta:

Agradeço a sua confiança em mim e o desabafo que me entrega e, mesmo não sendo psicólogo nem sociólogo, vou dizer-lhe algumas ideias sobre os pontos que refere. Compreendo a sua situação e espero que a sua «depressão» não seja uma coisa grave que esteja a colocar em dificuldade o seu equilíbrio mental. Pense em si, porque, para si, nada há mais importante do que a sua pessoa. Quando dizemos que devemos gostar dos outros como de nós próprios, parte-se logo do princípio de que devemos começar por gostar de nós próprios, como ponto de referência.

O que vou dizer-lhe é a minha posição pessoal perante a vida, uma filosofia que tenho desenvolvido durante os tempos e com a qual me tenho dado bem, não a obter riqueza material, mas em manter uma paz interior que me agrada. Não levo a vida tão a sério que me tire o sono. E quando isso me acontece, procuro depressa regressar ao ponto de equilíbrio. Nada merece a nossa instabilidade psíquica.

O mundo está mal, sem dúvida, e não paro de o dizer, mas reconheço que não sou eu que, contra a vontade de todos, o vou mudar. No entanto, não desisto de fazer tudo o que posso para que os outros seres humanos pensem no problema e façam o que estiver ao alcance de cada qual para tornarmos melhor o ambiente, físico, ecológico, social, emocional.

As guerras são um dos muitos aspectos da loucura humana, já o tenho afirmado em muitos posts dos meus blogs (que julgo valer a pena ler), sugerindo que as conversações e negociações resolveriam os problemas de forma mais barata em recursos e vidas humanas e evitariam os ódios e desejos de vinganças que, após a guerra, continuam a azedar as relações entre as partes que se digladiaram.

Mas, na realidade, a história é feita de guerras. No meu tempo da instrução primária, o que se estudava da História eram principalmente as datas das batalhas. Mas o mundo tem-se tornado menos guerreiro, pois no século passado houve apenas duas guerras, a I e a II Guerras Mundiais, e depois da última, quase vivemos em paz, embora não deixassem de aparecer pequenos conflitos aqui e acolá, todos localizados. Portanto, o mundo tem melhorado, os filósofos da paz têm sido ouvidos. Não se esqueça que na Europa, nos séculos passados, houve guerras quase em permanência sendo conhecidas a guerra dos cem anos e a guerra dos trinta anos.

Quanto a liberdades das pessoas, apesar de tudo e das muitas queixas, hoje somos muito mais livres de fazer a vida que queremos e dizer o que pensamos do que nos tempos dos nossos avós e bisavós e por aí atrás. Agora temos a democracia, embora ela não seja o que idealizamos, e está na mão do povo usar as liberdades que tem, para pressionar os governantes no sentido de melhorar o sistema político, ao ponto de haver mais justiça social e menos desigualdades na distribuição dos recursos. Em séculos passados, na Europa, havia os nobres, os comerciantes e os servos da gleba que não eram muito diferentes de escravos e que representavam a maior percentagem da população. Eram grandes e muito discriminatórias as diferenças.

Hoje, temos muito poder, como tem visto naquilo que as manifestações conseguem, obrigando o Estado a recuar nas suas decisões menos correctas. Conclui-se que seria bom que o povo reagisse mais, fosse menos apático, e utilizasse o poder que a Constituição lhe concede. O maior mal da nossa sociedade actual é o desinteresse das pessoas, a sua indiferença, a acomodação e a aceitação dos abusos do poder. E é preciso ter sempre presente que a liberdade, quando não é usada, deixa de ter sentido, deixa de ter significado, deixa de existir. Faz lembrar o caso da águia que tendo vivido muito tempo em cativeiro, quando lhe é aberta a porta da gaiola, fica por ali perto, não voa para longe, não sabe aproveitar a liberdade, acabando por não ser realmente livre.

Quanto ao perigo de guerra no Irão, não estou tão receoso como o amigo. Ninguém ataca um país que disponha da arma nuclear, como se viu na tensão de há poucos anos com a Coreia do Norte. No caso desta, as negociações foram esvaziando, lentamente, a pressão e evitou-se a guerra. Agora espero que aconteça o mesmo. O Irão tem tradições de bom senso desde os tempos dos Imperadores Ciro e Dário, sabendo conseguir a convivência entre povos de várias proveniências que ali se encontraram. No momento oportuno saberão dialogar construtivamente, assim tenham da outra parte aceitação do diálogo. Nos tempos actuais, preocupam-me mais as basófias provocadoras do Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que quer deixar de vender petróleo a quem não lhe fizer as vontades! E o petróleo, como estamos a ver nesta crise, é uma arma poderosa que pode desestabilizar dramaticamente todo o mundo, sendo os mais prejudicados os povos que já têm enormes dificuldades para sobreviverem.

A guerra do Iraque aconteceu por um erro de avaliação, ou uma acumulação de falhas e acasos. Poderemos falar nisso noutra altura. Mesmo assim, é apenas uma guerra localizada, embora terrível para as populações e o património material e histórico da região que foi o berço da História, a Mesopotâmia.

Para terminar, permito-me dar-lhe o conselho de não viver demasiado preocupado com os problemas cuja solução não depende totalmente de si. Use a táctica dos médicos que, embora devam tratar da melhor forma os doentes, não os consideram seus familiares ao ponto de se sentarem emotivamente a seu lado e chorarem, em vez de os medicarem racionalmente com esperança de os curarem mas sem sentirem grande desgosto quando morrem.

Os seres humanos têm muitos defeitos de fabrico, o que conduz a situações desagradáveis que nos podem colocar os nervos em franja, mas é nesta sociedade doente que temos que viver, e precisamos da serenidade adequada para analisarmos os factos com calma, estabelecermos prioridades e não desperdiçarmos esforços inutilmente, evitando emotividades que só prejudiquem o nosso psíquico.

Espero tê-lo ajudado a acalmar o seu espírito preocupado, e a evitar tornar-se muito infeliz com a porcaria deste mundo!

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Sócrates e o oráculo da energia do futuro

Transcrição do artigo do DN que desvenda uma face da propaganda enganosa. Não se pode levar a sério tudo o que se ouve.

O carro eléctrico
João Miranda, investigador em biotecnologia

José Sócrates encontrou a solução política para a crise petrolífera. Promete-nos o carro eléctrico. Sócrates já nos tinha dado a energia eólica (subsidiada), a energia solar (subsidiada), a energia das ondas (subsidiada) e os biocombustíveis (subsidiados). Como é evidente, o carro eléctrico de Sócrates será subsidiado. Os portugueses vão pagar a crise petrolífera através de petróleo mais caro e impostos mais elevados. Sócrates sonha com o carro eléctrico, como sonhou com as eólicas. O sonho será pago pelo contribuinte.

O carro eléctrico utilitário é, por enquanto, uma utopia. Não é um problema político. É essencialmente um problema técnico e económico. Os carros a bateria e as células combustíveis são tecnologias experimentais reservadas a modelos de luxo. Têm custos de desenvolvimento e de produção elevados. Mais importante, o carro eléctrico não acaba com a dependência dos combustíveis fósseis. A energia acumulada em baterias tem de ser obtida através dos processos tradicionais de produção de electricidade, como as centrais de ciclo combinado. O hidrogénio usado nas células combustíveis é produzido a partir de gás natural. Em última análise, os carros eléctricos requerem maior produção de energia a partir de fontes primárias e, actualmente, os combustíveis fósseis encontram-se entre as fontes primárias de energia mais competitivas.

O episódio do carro eléctrico ilustra bem a forma como os políticos vêem a economia e a inovação. José Sócrates não sabe, ninguém sabe, qual é a tecnologia mais adequada para substituir o petróleo. Pode ser o carro eléctrico, o etanol celulósico ou o biopetróleo. Este é um problema típico de empreendedorismo. Mas Sócrates apresenta-se como oráculo do futuro. Pretende substituir-se aos empreendedores ditando à partida qual será o resultado da competição entre tecnologias. José Sócrates já decidiu. É o carro eléctrico. Os empreendedores não percam tempo a experimentar. Sócrates acredita que a sua visão pode substituir o mercado e os empreendedores na descoberta de inovações. Não pode.

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sexta-feira, 20 de junho de 2008

Futuro esquecido

Por merecer mais visibilidade do que um comentário trago para aqui o ponto de vista que Manuela deixou acerca do post Sobredotados sem compreensão e apoio do Governo, que junto uma nota que corresponde à resposta que no mesmo local lhe dei. O título que dou ao actual post parece errado porque esquecido só o passado! Mas, com ele, quero exprimir que os responsáveis por prever e planear o futuro estão esquecidos de que é essa a principal tarefa a que as suas funções os obrigam, aquelas funções que juraram desempenhar com lealdade a quem os elegeu.

As contradições dos nossos governantes percebem-se em atitudes que não são medidas e pensadas em termos futuros, a não ser o destino que antevêem para o seu próprio ego. (...) o local de debate prós e contras, o centro das decisões mais importantes do país, não passa de um metafórico pombal de interesses individuais, económicos e partidários, povoado de pombos-correio disfarçados, em campanhas coloridas, de defensores daquelas mesmas conveniências para um povo, iludido, que juraram defender.

Neste caso concreto, não interessam “centros de desenvolvimento” de cérebros ou de competências que, à partida, se poderiam distanciar de decisões “poucochinhas”, porque não é aí que importa apostar. Os “craques” devem ser rápidos, perceptíveis e proporcionar um lucro instantâneo para, eternamente, ficarem nas memórias dos cultores de um zapping social efémero. Tal como as escolas formadoras a longo prazo estão fora de moda,(embora camufladas por uma capa de igualdade e de oportunidades democráticas), porque delas não se retira esse proveito efémero ultra moderno, também as potencialidades humanas ficarão irremediavelmente comprometidas porque não se compadecem com a celeridade do tempo actual, do hoje que já é amanhã e, em simultâneo, “é” ontem.

Apregoa-se a colheita célere a partir de uma raiz podre que, naturalmente, só poderá dar origem a frutos inócuos e insípidos mas com aparente essência. Mesmo sem perceber muito de agricultura, sei que o solo onde se planta tem de ser adequado às diferentes espécies, regado, adubado e lavrado. Não admira, pois, que outros a quem foi dada a conhecer, por experiência, a importância do aproveitamento de recursos “naturais”, deles se aproveitem e deles venham a usufruir de forma calculada, porque pensada. (...)


NOTA: Sempre atenta e muito perpspicaz nas suas opiniões. Realmente o futuro está em perigo e Portugal, as suas gentes, continuam a navegar junto da costa à vista das escarpas, sem uma rota bem estabelecida que conduza a um porto previamente escolhido. Somos viajantes que saimos de casa sem rumo, nem destino, nem bússola, nem GPS, com hesitações em cada cruzamento e que ora vamos para Norte ora para Sul e acabamos perdidos a perguntar o caminho para lado nenhum. Temos de passa a andar todos «chipados» para que alguém que nos encontre saiba que somos portugueses e continuamos perdidos sem nos preocuparmos com o «para onde».

Cara Amiga, desta forma, o que serão amanhã os nossos netos? A única saída é emigrarem cedo, obterem lá fora conhecimentos para a vida e por lá ficarem o resto da vida.

Eu bem gostava de ter razões para ser optimista, esforço-mo por isso, mas em vão. Os sinais positivos esvaem-se com a mais leve brisa.

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quinta-feira, 19 de junho de 2008

Crise não significa Apocalipse

As pessoas andam descoroçoadas com os efeitos da actual crise do petróleo, mas a melhor cura para o desânimo está em cada um, principalmente, nos líderes políticos e empresariais. Uma crise, geralmente, representa o início de uma nova era de desenvolvimento em muitos aspectos. Não esqueçamos que a II Guerra Mundial, estimulou o aparecimento dos computadores, de novas formas de comunicação, de tratamento da informação e de gestão, permitindo um grande salto em frente no desenvolvimento da humanidade. E se, por outro lado, aumentou as diferenças entre os mais e os menos desenvolvidos, foi porque estes, por falta de preparação prévia, não puderam ter a iniciativa de acelerar o passo. Isto que sirva de exemplo para que cada País e cada pessoa procure entrar já na carruagem da frente.

Tenho em Do Miradouro e em Do Mirante
chamado a atenção para a necessidade de se estimularem os jovens a prepararem-se para a inovação, apoiando qualquer iniciativa positiva que deles saia. Não tem sido o caminho seguido e viu-se nas condecorações do 10 de Junho que os critérios estiveram distantes de preocupações de futuro.

Porém, as pessoas mais válidas não adormecem à sombra de vãs propagandas anestesiantes e vêm claramente que o patriotismo não se resume ao apoio á selecção de futebol, antes e muito acima disso, se preocupa com os grandes problemas actuais.

Hoje, o DN traz notícias que merecem muita meditação, ou pelo menos uma leitura lenta e ponderada. No editorial refere três exemplos de inovação dados pela Carmin, pela Renova e pela SIBS:

1) No Alentejo, a Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz (Carmin) a fim de se colocar mais próxima do consumidor final, com benefício dos preços a pagar por este, decidiu adquirir uma empresa distribuidora. Já aqui tínhamos sugerido solução semelhante aos pescadores para aumento dos seus ganhos e venda mais barata aos consumidores.

2) Em Torres Novas, a Renova conseguiu reduzir o preço dos transportes, aumentando em duas toneladas (de 5,3 para 7,3) a capacidade de cada camião, com a simples solução de retirar o ar das embalagens, tornando-as menos volumosas.

3) A SIBS foi considerada pela Associação de Pagamentos do Reino Unido o melhor multibanco da Europa, conclusão tirada depois de um estudo comparativo.

Outra notícia vem de Viseu, onde o presidente da Junta de S. Salvador, Álvaro Pereira, mostrou ser pessoa consciente da importância da conservação do ambiente, pelo que pediu ao delegado de saúde que procedesse à análise das águas e lençóis freáticos existentes na zona onde tinham sido despejados resíduos electrónicos que causaram alguns danos ambientais. Na sequência da sua iniciativa, equipas da Câmara Municipal de Viseu procederam, ontem, à recolha de mais de 300 quilos de resíduos electrónicos despejados, junto a uma urbanização. O autarca teme que os solos «tenham ficado contaminados com estes resíduos que incluem cádmio, chumbo e outros poluentes. Se houver infiltração, as águas poderão ter ficado contaminadas e solicitámos análises para que se possa despistar essa eventualidade». Até lá, a junta aconselha os moradores do local, «e que disponham de captação de água própria, a não consumir a água».

Também é positivo o facto de ser tornado público que as autarquias têm sido geridas sem seriedade responsável, sem competência ao ponto de, como é referido em dois artigos que há Municípios sem dinheiro para pagar as dívidas e que o 'monstro' do défice e da corrupção mudou-se para as autarquias. Tais notícias poderão ser o início da moralização dos gestores de dinheiros públicos em respeito pelos direitos dos contribuintes seus eleitores.

De salientar também a notícia de que o fisco não anda apenas a perseguir os pequenos infractores de uns pares de euros, mas está principalmente no encalço dos potenciais lesivos de milhões. Segundo ela, equipas mistas do Ministério Público e da Administração Fiscal procederam ontem a buscas a empresas lideradas por Américo Amorim, no âmbito da 'Operação Furacão' e diz que esta operação é um processo que já contabiliza mais de 250 arguidos e que a equipa liderada pelo procurador Rosário Teixeira já efectuou buscas, nos Açores, à Fábrica de Tabacos Estrela, controlada pela Madeirense de Tabacos dos empresários Joe Berardo e Horácio Roque. Oxalá não acabe tudo por ficar arquivado, como aconteceu em «operações» anteriores muito mediatizadas mas de resultados desconhecidos.

Entretanto, surgem iniciativas para ensinar as pessoas a gerir as próprias capacidades e a rentabilizar os recursos humanos que dormem no subconsciente de cada um de nós. É preciso saber o que se quer, o que se pode fazer e querer de verdade, com persistência, atingir objectivos previamente estabelecidos.

Enfim, há motivos para não nos deixarmos sucumbir à crise. E deixo umas dicas atrevidas: Porque não lutarmos contra a monodependência do petróleo? Porque não preparar a energia de cada prédio, através da decomposição da água por forma a utilizar o hidrogénio para produzir a energia necessária ao prédio? Ou a eólica ou a solar? Porque não modernizar as comunicações ao ponto de tornar desnecessários os cabos que ligam o prédio às centrais eléctricas, de telefones de TV por cabo, etc? Porque não utilizar a Internet para trabalhar a partir de casa aliviando os transportes e a poluição?

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quarta-feira, 18 de junho de 2008

Sobredotados sem compreensão e apoio do Governo

Estima-se que sejam aproximadamente 50 mil as crianças e jovens sobredotados em Portugal, mas, nem todos estão identificados e muito menos acompanhados no processo educativo, correndo sério risco de entrarem na lista do insucesso escolar.

Segundo o Instituto da Inteligência, as crianças sobredotadas, com um cociente de inteligência (QI) superior a 130, representam 3% da população menor de 18 anos, sendo deste grupo que sai a maioria dos génios da ciência, da arte e do desporto de todo o Mundo.

Sem os apoios adequados este aspecto positivo das crianças acaba por, em vez de uma vantagem, ser um ónus por elas acabarem por se sentirem rejeitadas pelas outras e se desmotivarem pelo estudo e muitas vezes, até, de viver». Por isso, é que se tornou urgente a criação de escolas para pequenos talentos, como defende o Instituto da Inteligência.

A inexistência de estabelecimentos de ensino específicos para sobredotados em Portugal fez com que a Universidade da Criança, localizada no Algarve, avançasse, conjuntamente com o Instituto da Inteligência, para o projecto de criação de uma escola-piloto do 1º ciclo, a iniciar no próximo ano lectivo de 2008/09, em Portimão.

No entanto, segundo o Instituto, «o projecto está em risco de ser suspenso visto que as dificuldades burocráticas e a incompreensão do Ministério da Educação estão a atrasar o processo de legalização». O ministério de Maria de Lurdes Rodrigues contactado pelo jornal gratuito Destak, não forneceu uma explicação para os atrasos burocráticos até à hora de fecho da edição de 18 do corrente.

A escola, de características inovadoras e pioneiras na Península Ibérica e até na Europa (em alguns aspectos), já suscitou o interesse de algumas entidades espanholas que, segundo o Instituto da Inteligência, podem vir a importá-lo. Esta situação «não deixaria de ser bizarra, embora não fosse invulgar em Portugal», acrescentou fonte do Instituto. Se esta hipótese se confirmar, os sobredotados portugueses poderão ter de recorrer ao país vizinho para ir à escola. E, provavelmente, acabarão por ali vir a exercer as suas futuras actividades científicas, artísticas ou outras.

Se não for encontrada a melhor solução para o País fica, mais uma vez, demonstrada a nossa teimosa vocação para a mediocridade, com rejeição daquilo que de mais válido existe dentro das fronteiras. Tem sido em vão que neste espaço se tenha chamado a atenção para a importância dos jovens excepcionais que prometem elevar o valor de Portugal. É imperioso que se valorize o capital humano em que tem de assentar a reconstrução de Portugal, como repetidamente aqui e aqui tem sido expresso.

- Mais um caso de jovens válidos

- Jovens excepcionais

- Jovens válidos são esperança para o País

- Jovens em voluntariado louvável


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