segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Justiça e poderosos em Estados de Direito

De Países respeitáveis chegam exemplos que não são apreciados em países como o nosso, muito bem descrito por Medina Carreira. Hoje pode ler-se aqui e aqui que «o antigo primeiro-ministro israelita Ehud Olmert foi hoje acusado de fraude, quebra de confiança e rendimentos não declarados. Olmert tinha sido obrigado a demitir-se o ano passado por estar a ser investigado em vários casos de corrupção, mas ainda não tinha sido formalmente acusado. É a primeira vez que um ex-chefe de Governo israelita é acusado de corrupção, escreve a AFP.»

Já em 24 de Maio, no post Sentido da Honra e da Responsabilidade, se referia que na Coreia do Sul, dois ex-Presidentes da República, «em Agosto de 1996, foram severamente condenados em Tribunal. Nessa data, dois antigos Presidentes, apesar de terem sido pilares muito válidos na construção económica do País que tinha sido destruído pela guerra com o vizinho do Norte, ouviram sentenças por terem cedido à tentação da corrupção, tendo o General Park Chung Hee sido condenado à morte e Roh Tae-Wu a 22 anos de prisão.»

Recentemente o antigo Presidente da Coreia do Sul Roh Moo-Hyun suicidou-se, para evitar ser julgado pelo crime de corrupção.

Entre nós, infelizmente, há uma filosofia demasiado lassista em que se considera que os políticos são independentes de qualquer tipo de ética, são imunes e impunes e podem ser colocados a escrutínio dos cidadãos mesmo que sobre eles existam fortes suspeitas ou mesmo a situação de arguidos em processo judicial e até mesmo que tenham julgamento marcado. Há «boa» gente que quer defender que a ética e a política nada têm a ver uma com a outra. Poderão estar certos se apenas se referem a casos concretos de alguns políticos nacionais. Porque a Política, com P Maiúsculo, é a ciência e a arte de governar um País, o que exige ética, dignidade, competência, dedicação e patriotismo.

Lá fora a justiça é igual para todos e, além dela há o sentimento de que à mulher de César não basta ser séria, é necessário que além de o ser o pareça, sem mácula de suspeita.

Ninguém minimamente sensato passará procuração ou delegação de poderes alguém que lhe mereça suspeitas, que não mereça total confiança. E o voto é uma procuração, uma delegação de soberania, de poderes, para gerir a causa pública.

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Medina Carreira aponta pistas

Transcreve-se o artigo do CM em que Medina Carreira faz uma análise independente, realista e fundamentada em números. Merece ser lida atentamente

Portugal 'à deriva'. Quem nos acode?
CM. 30 Agosto 2009. Medina Carreira

Esta democracia não resiste a esta economia. Sem resposta eficaz para o presente afundamento económico, a actual democracia acabará por ser substituída.

Vivemos, em geral, sob a ‘ditadura’ do curto prazo. Também nos domínios económico, financeiro e social, estamos circunscritos ao ‘trimestre’. O método que se usa é fácil e bem acolhido porque consente todas as interpretações e, por isso, a todos serve. Mas tem um grave efeito redutor porque os portugueses ficam sem saber como estão e para onde os levam. Têm hoje uma visão que não passa do dia seguinte.

Os consequentes custos políticos são enormes, porque se cuida sempre e só da conjuntura, omite-se as análises e as indispensáveis soluções estruturais.

Trata-se de uma prática que explica, em grande parte, o afundamento incessante do nosso País. Com ela não ocorrerá qualquer mudança, de fundo e indispensável, porque as verdadeiras soluções são sempre desconhecidas. Temos os factos a demonstrá-lo: entram e saem governos, partidos e políticos, anos sucedem-se a outros anos, mas o agravamento da economia, das finanças e do ‘social’ é uma constante.

Baseados nestas análises, meramente conjunturais e com falta de entendimento das tendências da globalização, há os que pensam num destino português sempre ‘pendurado’ em alguém (África, Índia, Brasil e União Europeia): e assim se escusam de quaisquer preocupações, embora nunca identifiquem quem e por que estará disposto a ‘carregar’ connosco, já em 2015-2020.

"O optimismo é hoje uma pura mistificação" (como bem sublinha Vasco Pulido Valente) mas, mesmo assim, ainda há ‘optimistas’ por aí! Do outro lado estão os chamados ‘pessimistas’: aqueles que tentam ver mais longe e mais fundo, defendem a dignidade do País, exigem responsabilidades e não crêem que tenhamos o direito de transformá-lo no mendigo da Europa.

Os nossos graves e visíveis desequilíbrios financeiros com inevitáveis efeitos sociais só podem ser enfrentados pela drástica redução das despesas e/ou pelo rápido crescimento da economia.
O ataque às despesas públicas é, de há muito, um completo fracasso, tentado por todos os governos. Estes saem e tudo fica pior.

Duas razões o explicam: a primeira é a quase estagnação da nossa economia (0,8% anuais, entre 2000 e 2008); a segunda é a natureza das despesas que mais pesam nas contas públicas e que são as do ‘pessoal’ e as das ‘prestações sociais’. Muito rígidas, correspondiam já a cerca de 78% da despesa primária (total menos juros), em 2008.

Quem é beneficiário destes pagamentos?

São 700 000 funcionários, cerca de 3 400 000 reformados, perto de 350 000 titulares do RSI, uns 300 000 desempregados e outros centos de milhares de subsidiados diversos, num total superior a 6 milhões de indivíduos.

Isto é: temos estes 60 a 70% de eleitores inscritos, que são militantes atentos e empenhados do ‘Partido do Estado’!

Quem vai ‘tocar-lhes’, num prazo que ainda possa ser útil?

É muito pequeno o mercado interno português e, por isso, só através das exportações e da substituição de importações poderemos registar crescimentos significativos da economia e do emprego. Ocorre que o contributo das exportações para a nossa economia tem sido muito pequeno: 32-33% do PIB, em média, desde há muitos anos.

Temos, portanto, uma decisiva prioridade: alargar, suficiente, urgente e competitivamente, o nosso tecido produtivo.

Não exportaremos muito mais desde que não produzamos competitivamente.
Porque só agora se dá, preocupadamente, por isso?
Com o escudo, disfarçámos facilmente esta nossa tradicional debilidade porque, quando se perdia, perigosamente, competitividade, desvalorizava-se a moeda e, em alguns meses, restabelecia-se um certo equilíbrio.
Agora, com o euro, nada disso é possível.

O quadro é este: competimos mal e exportamos pouco; não temos moeda própria e não podemos corrigir facilmente a situação; a economia cresce devagar, o desemprego sobe, os défices externos são dos mais altos do mundo e o endividamento é insustentável.
Numa palavra: estamos ‘encurralados’.

O panorama dos últimos dez anos é muito sombrio e, sobre ele, os partidos não se pronunciam, clara e autonomamente, não analisam com rigor os factos e não alvitram quaisquer soluções à altura das necessidades.
Não se compreende este alheamento, mas é um facto.

E, porque estamos no domínio da política, tem de perguntar-se o que tem o Estado a fazer, sendo certo que há matérias em que só ele pode e deve fazer.
Duas coisas, a meu ver:
primeiro, averiguar com cuidado por que há investidores interessados na Hungria, na Polónia, na República Checa, na Eslovénia ou na Eslováquia, e não querem vir para Portugal, havendo mesmo os que daqui se ‘deslocalizam’;
segundo
, com base nessa análise, apresentar ao País uma proposta das reformas necessárias para criar vantagens comparativas nas opções respeitantes aos investimentos para as exportações/substituição de importações.

É certo haver áreas públicas relevantes e que pesam nas opções dos investidores: leis do trabalho, impostos e taxas, tribunais, especialização da mão-de-obra, burocracia, nível da corrupção, mercado do arrendamento, custos energéticos e das telecomunicações, secretismo dos PIN, benefícios atribuídos casuisticamente e sem controlo, etc.

Hoje, porém, ninguém sabe em que medida, de modo seguro, sistemático e inequívoco, se foge, cada vez mais, de investir em Portugal para se investir no Leste europeu.
Podemos todos ‘achar’ que sabemos – como é usual entre nós! – mas sem as indispensáveis certezas que fundamentem políticas eficazes.

Vale a pena recordar que o melhor período da nossa economia, no século passado, se deveu, em especial, à entrada para a EFTA e ao estatuto privilegiado contido no Anexo G. As vantagens comparativas então conseguidas atraíram para Portugal numerosas e decisivas indústrias, hoje em incontida debandada.

Em função das novas circunstâncias, impõe-se-nos agora criar vantagens comparativas, afeiçoadas às realidades internacionais presentes.
Se o eleitorado aprovasse as propostas apresentadas para o efeito, qualquer Governo teria legitimidade democrática para executá-las.
Se as rejeitasse, assumiria democraticamente a responsabilidade pelas consequências do marasmo económico, isto é, o elevado desemprego, os baixos salários, as prestações sociais exíguas, a pobreza crescente, as desigualdades, o endividamento e o temor do futuro.

Na verdade, é legítimo que um povo opte pela pobreza, desde que compreenda bem o sentido e as consequências do que vota.
Não como nos encontramos hoje: com uma caricatura de democracia, baseada no engano das gentes e na estreiteza das competências, os portugueses arrastam-se ‘às cegas’ para um desastre, que não é desejado, nem pressentido.

É que não basta aos governos realizar algumas coisas positivas, o que com todos sempre acontece: porque, se faltar ‘a’ obra essencial, tudo será em vão.

Há momentos históricos dependentes, decisivamente, de um só ‘pormenor’

O Estado Novo naufragou por falta de solução para as guerras coloniais; sem resposta eficaz para o presente afundamento económico, a actual democracia mergulhará o nosso País numa confusão financeira e social, de efeitos dificilmente previsíveis, e acabará por ser substituída. Provavelmente, entre 2015 e 2020.

As eleições que estão à vista serão decisivas, neste contexto de acelerada decadência: o ataque frontal às fragilidades da economia é hoje ‘o’ verdadeiro problema de Portugal, o que importa relevar vivamente.
Porque, se não houver uma proposta política que o contemple, nem a identificação prévia da gente, competente e séria, que irá concretizá-la, não teremos cura que chegue para a questão económica.

Mostram-se o PS e o PSD à altura destas necessidades prementes do País?

Se forem o mesmo PS, que leva agora onze em catorze anos de Governo, e o mesmo PSD, que soma três, as minhas preocupações atingirão o grau do ‘pavor’.

Pede-se-lhes, por isso, três coisas apenas:
primeira, um pequeno programa, claro e curto, e não, como usualmente, uma ‘apólice’ de seguro para enganar os eleitores, que contemple só as medidas indispensáveis para atingir os objectivos económicos enunciados;
segundo, a indicação dos nomes previstos para as Finanças, a Economia, a Justiça, a Educação e a Segurança Social, garantes da sua execução, já que os ‘partidos’, em si mesmos, não gozam da confiança da maioria dos portugueses; e,
terceiro
, que restaurem a ética na política.

Só assim me parece que haverá condições para iniciar um processo de reconstrução, porque legitimado pelo voto esclarecido e responsável de uma maioria.
Qualquer maioria?
Absoluta de um partido, não: os estragos irreparáveis já produzidos em Portugal, nestes quatro anos, dos quais Sócrates nem sequer tem consciência, constituem uma duríssima e inesquecível lição.
Maioria relativa, sim, se apoiada no tal programa, em tais personalidades e em nome de valores éticos.

O que verdadeiramente espero?

Que o PS e o PSD se compenetrem de que vivemos num tempo histórico, muito arriscado, incerto e ameaçador: se falharem, mais uma vez em quase duas décadas, acabará por ser varrida a partidocracia que ergueram e comandam em Portugal.

Medina Carreira, Ex-ministro das Finanças

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domingo, 30 de agosto de 2009

Sorte a mais dá azar!

Depois dos desabafos do velho António já aqui reproduzidos em A boa estrela e a tempestade e Como lhe nasceu o gosto pela leitura começa a ser um prazer sentar-me a seu lado e ouvi-lo falar dos seus tempos de menino com dificuldades que lhe exigiam um bom planeamento do tempo e sentido das responsabilidades sem nunca esquecer a amizade aos colegas.

Conta que tinha um gosto muito especial pela matemática e, como lhe faltava o tempo para estudar, tinha que sair das aulas com a matéria bem sabida, para o que tinha de estar com a máxima atenção e perceber o esquema de raciocínio para a demonstração dos teoremas e outros problemas.

Nas vésperas dos pontos de matemática o Madeira, hoje já falecido, mostrava-lhe sebentas cheias de problemas resolvidos e alguns em que não tinha conseguido encontrar a solução. Comprava uns livros de exercícios com os quais se treinava e o António, ao ver tanto trabalho, ficava com um problema de consciência, um sentimento de culpa, por não ter feito tanto esforço para se preparar para o ponto. Mas mesmo assim, ajudava o amigo a resolver os problemas que não descodificara e obtinha das melhores classificações quando não tinha a melhor.

Ao falar nisto, recordou-se de um facto curioso pelo resultado final de uma partida de estudantes. Passou-se no 3º período do 2º ano em 1947, ainda no Liceu Alves Martins, numa rua íngreme que ia do adro da Sé para a rua Serpa Pinto, antes da mudança para o Liceu Nacional de Viseu (por trás do Quartel de Infantaria 14). Como as salas de aula tinham carteiras duplas, os pontos ou exercícios para classificação eram feitos na grande sala 28, com carteiras individuais, o que tornava difícil copiar uns pelos outros. Iam ali realizar o exercício de matemática decisivo do último período. O seu colega João Assis, também já falecido, tinha tido a matemática, nos dois primeiros períodos (que terminaram no Natal e na Páscoa) notas muito baixas e, como para passar para o terceiro ano, a soma das classificações dos três períodos tinha que no mínimo ser igual a 29, ele precisava de uma nota muito alta e não sabia para isso. Pediu ao António para ficar perto do fundo da sala, e ele ficaria na carteira logo atrás; o António, enquanto fazia as contas encostava a folha com o problema anterior à direita para ele copiar. Tudo correu bem sem que a manobra fosse notada.

Mas daí a poucos dias o professor, Armindo Brito, entregou-lhes o ponto já classificado e houve uma surpresa. O melhor ponto, inteiramente certo foi o do Assis, o único que acertou tudo, a seguir foi o António, com um problema errado e depois os outros.

Era costume, na correcção do ponto, ir um aluno ao quadro fazer a resolução dos problemas e, dessa vez, o escolhido pelo professor foi o João Assis. Talvez tivesse ficado espantado com o fenómeno de tal classificação. Todos os colegas da turma, incluído o António, estavam admirados com o mistério que não conseguiam perceber. Mas o mistério adensou-se: ele, apesar de ter tudo correcto, ao ir ao quadro não soube equacionar nenhum dos problemas. Para cada um, ele depois de falhar, ficava ao lado e via um colega que era chamado para resolver.

Souberam, por mero acaso, que o problema que o António errou não foi copiado pelo Assis que o copiou do colega que ficara atrás e estava certo. Depois, como havia muita solidariedade entre todos os alunos, decidiram ir a casa do professor pedir para dar ao Assis a nota de que precisava para passar o ano. Foi combinado que nem o António nem o que estava atrás fossem para que o professor, ao olhar para a cara deles não se lembrasse da proximidade entre eles, na sala, e a ajuda que foi dada ao Assis. O António nunca chegou a saber se o professor soube o que se passara e explicasse o enigma. Depois de sair do Liceu, o António nunca mais viu o Assis e soube há relativamente poucos anos que já faleceu.

Podem tirar-se muitas conclusões conforma a intenção dos pensadores, mas quando a sorte é em demasia transforma-se em azar. O facto de ter o único ponto completamente certo, resultou para o Assis numa situação difícil e traumatizante durante uma aula inteira.

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O interior precisa de atenção

Não abona a favor dos políticos que nos têm governado o facto de o Pais com um território da forma de um estreito rectângulo ter tão gritantes diferenças entre uma delgada tira litoral e o interior do País a que ironicamente de chama o Portugal profundo. Onde estava a inteligência e a dedicação aos portugueses dos governantes que decidiram sistematicamente acumular na estreita tira litoral todos os factores de desenvolvimento em detrimento do Interior?

Por vezes, em desgarrados actos inaugurais de pequenos empreendimentos no inetrior surgem palavras bonitas que logo são esquecidas, em vez de darem lugar a estudos cuidadosos de todos os factores conducentes à redução da brecha entre o interior e o litoral. Mas nada surge nesse sentido.

E parece que o estudo não deve ser difícil de esquematizar. As empresas precisam de boas estradas para receberem as matérias-primas e os equipamentos, e para escoarem os produtos acabados, e nesse aspecto não há muitas carências. Precisam também de mão-de-obra e, para isso, é preciso criar condições de vida: escolas, centros de saúde, segurança, justiça, finanças, e outros serviços públicos que não obriguem a percorrer grandes distâncias para resolver os pequenos problemas que sucedem frequentemente.

O factor mais importante será certamente o da fixação da população que arrasta a ocupação dos elementos da família, portanto uma economia que deve desenvolver-se para absorver os recursos humanos existentes. E havendo o mínimo e continuando o desenvolvimento este torna-se imparável.

Parece haver falta de vontade ou incompetência e ausência de capacidade para avançar com consistência e coerência na boa senda previamente definida com clareza.

Estas reflexões foram estimuladas pelo artigo Jovens declinam possibilidade de viver no Interior. Mas já por várias vezes este assunto foi abordado neste espaço, como se pode ver dos links seguintes:

- O interior português está ostracizado
- O Interior abandonado pelo Governo
- Governo sem bússola nem leme?
- Desertificação do interior - 1
- Desertificação do interior - 2
- Desertificação do interior - 3
- Lição da China contra a desertificação

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ONU muito eficaz e rápida!!!

Tendo sido criada há quase 64 anos, em 24 de Outubro de 1945, a ONU reparou agora que na Austrália não se respeitam devidamente os aborígenes e fez o 'adequado' pedido!

Cartoon Bandeira, do Diário de Notícias de 090830
Para ver melhor faça clique na imagem

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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Ambição sem ética

É preocupante a quantidade e diversidade de notícias que nos chegam a denunciar a força da atracção do dinheiro e da ânsia do enriquecimento rápido, por qualquer meio, com total desprezo pela ética.

Em 3 de Julho de 2008, o Instituto de Aperfeiçoamento Técnico Acelerado (IATA) de Lisboa, Porto e Funchal. Fechou as portas que nunca mais abriram, deixando para cima de 300 alunos sem concluir a sua formação profissional, ficando sem qualquer certificado dos módulos concluídos, nem reembolso das mensalidades já pagas. Desde então, não há qualquer tipo de informação fornecida pelo IATA ou pelos seus responsáveis. Segundo consta, na origem do encerramento estariam problemas financeiros e de gestão danosa.

Há declarações sigilosas de alunos de que lhes teriam sido passados certificados falsos antes do término do curso. "Há alunos com certificados de curso, assinados pelo assistente da direcção pedagógica, quando eu não dei notas a ninguém", relevou, ao JN, Maximiano Miguel, formador do IATA. "Percebi, então, a razão por que os alunos deixaram de frequentar as aulas: compravam os certificados".

Uma aluna que preferiu não ser identificada confirmou: "Recebi um e-mail que o assistente do director pedagógico me enviou, em que se disponibilizou a entregar-me um certificado mesmo sem ter notas válidas".

Parece uma história feita à imagem da Universidade Independente! Quantos mais casos haverá de diplomas sem equivalência a saber neste pequeno rectângulo?

Quanto à desordem que assolou, esta semana no Bairro da Quinta da Princesa, no Seixal, a PSP já identificou os líderes do motim. São quatro indivíduos que estarão relacionados com o tráfico de armas e associados a roubos à mão armada.

Recorde-se que a polícia foi recebida a tiro e com cocktails molotov, numa cenário a fazer lembrar os recentes confrontos no Bairro da Bela Vista, em Setúbal. No entanto, o bairro parecia ontem ter regressado à normalidade, após duas madrugadas de confrontos com a PSP. Tudo começou na noite de domingo 23, quando a PSP foi recebida com violência, na sequência de um furto de uma moto.

Os primeiros sinais de violência já se fizeram sentir há cerca de 20 dias, quando elementos da PSP do Seixal apreenderam, na imediações da Quinta da Princesa, uma carrinha que continha no seu interior cerca de 20 cocktail molotov, duas espingardas caçadeiras e um revólver.

Por trás de grandes convulsões há sempre indivíduos metidos em grandes negócios ilegais que dão muito dinheiro. Aqui a actividade mais saliente era o tráfico de armas.

Outra notícia refere-se ao advogado Ricardo Cunha que exerceu funções de administrador e de chefe de gabinete no STJ e que foi acusado de peculato e falsificação de documento por presumível apropriação de 344 299 euros, através da aquisição de quadros de pintores consagrados que acabaram nas mãos de um administrador e chefe de gabinete de dois presidentes do mais alto tribunal. O pagamento de tais objectos era feito pelo Supremo Tribunal de Justiça e também pelo Gabinete do Ministro da República, o conselheiro José Mesquita.

Em Braga, de 2002 a 2005, sete indivíduos (agora constituídos arguidos, após conclusão de inquérito desenvolvido pelo Departamento de Investigação Criminal de Braga, da Polícia Judiciária) conseguiram avultado enriquecimento ilegítimo, lesando o Estado num valor superior a cinco milhões de euros.

A ilegalidade passava por movimentos fictícios que visavam obter o reembolso do IVA, por actividades de empresas que nem existiam. As autoridades entendem que este tipo de crimes sempre existiu, só que a máquina fiscal está mais eficaz e, ao nível das Finanças, são detectáveis.

Há mais casos chocantes a alto nível, com raízes na política, o que vêm mostrar a realidade actual que, à imagem do que afirmou Paulo Rangel acerca de Maquiavel (que fazia a comparação entre o que devia ser a política e a bagunça como ela é na realidade), e que mostram que Portugal não está a trilhar um bom caminho, em que os exemplos de cima não são para seguir.

O móbil mais forte da sociedade, incluindo a Quinta da Princesa ou a Quinta da Bela Vista e indo até às mais altas esferas, é o dinheiro, o enriquecimento ilícito, a ostentação despudorada e os sinais exteriores de uma riqueza que não conseguem explicar, tujdo isto à margem da ética. Para fazer face a esta situação nada lisonjeira, como a restauração do civismo e da ética é demorada haverá que tornar a Justiça mais rápida e rigorosa, aliviando a burocracia que a emperra a favor dos criminosos.

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terça-feira, 25 de agosto de 2009

O Ensino segundo os números maravilhosos

Transcreve-se o artigo de Paulo Ferreira, sublinhando a frase final. Nada é dito sobre se os fantásticos resultados são devidos à suspensão da célebre TLEBS ou à guerra com os professores, que chegou algumas vezes ao patamar do «insulto» ou se foram alcançados apesar disso. No fim indicam-se alguns títulos sobre o mesmo tema.

Os caminhos da Educação
JN. 090825. 00h30m. Por Paulo Ferreira

O retrato ontem apresentado pelo Governo sobre os chumbos (taxas de retenção, como agora se diz) verificados no Ensino Básico e Secundário no último ano lectivo é uma maravilha. Como são também uma maravilha os dados relativos às matrículas no nono ano de escolaridade e o número de alunos que concluíram com proveito este grau. Peço desculpa pelo que se segue, mas não há outra forma de ilustrar o sucesso sem recorrer aos números. Aí vão eles.

Taxa de chumbos no Secundário no último ano lectivo: 18%, menos 4% do que em 2007/2008 (em 2000/2001, a taxa de retenção era de 40,2%).

Taxa de chumbos no Básico: 7,7% por cento, menos 0,6% do que no ano lectivo anterior. A taxa de chumbos no Ensino Básico situava-se em 14% no ano lectivo de 2001/2002 (baixou para metade, portanto).

Número de alunos que concluíram o nono ano de escolaridade, no ensino público e privado, evoluiu 50%, entre 2005 e 2009 (de 81 743 para 121 222).

Número de alunos matriculados no nono ano no ensino público e privado cresceu 36%, entre 2005 e 2009.

Número de alunos matriculados no 10.º ano de escolaridade no ensino público e privado aumentou de 114 895 no último ano lectivo, face aos 113 031 de 2007/2008.

Quem esconder uma pontinha de orgulho depois de ler isto não é, verdadeiramente, um patriota. Portugal progride a olhos vistos, pelo menos no fundamental e decisivo capítulo da Educação. As confederações de pais e professores vêem com bons olhos esta realidade. Uns acham que é mérito do esforço acrescido dos alunos, outros julgam que os docentes são a chave deste sucesso. A Oposição, maldosa como sempre, não acredita: trata-se de pura manipulação estatística, diz. A ministra e o primeiro-ministro rejeitam as acusações de facilitismo.

E nós, que devemos nós pensar? Eu, francamente, fico contente com a evolução da coisa. Sim, aceito que os números possam ter sido um bocadinho retocados; aceito que os professores reclamem para si a vitória; e até acredito que os nossos alunos (tantas vezes apelidados de calaceiros) se tenham esforçado um bocadinho mais nos últimos anos.

Aceitando tudo isso de espírito aberto, sobra apenas uma pequena questão. Por que carga de água se alcançaram só agora números tão entusiasmantes nestes níveis de ensino? Todos os anteriores ministros - e são já bastantes... - foram inábeis, incompetentes e incapazes de perceber qual o caminho a seguir para reduzir os chumbos e estancar a hemorragia do abandono escolar? Juro que as perguntas só têm um mísera dose de ironia. Porque, de facto, a coisa é intrigante.

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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Palavras de políticos

Em resultado de mais de sete décadas de formação cívica, escolar e profissional, de pensamento sobre o que me é dado conhecer ou deduzir, tudo amalgamado na experiência da vida, procuro ter o máximo respeito pelas instituições e pelos seus representantes. Por isso, não me passaram despercebidas as palavras lidas hoje nos jornais..

Sócrates, como líder partidário, disse «insulto degrada democracia e é arma dos fracos». Disse entre outras coisas que «os que insultam, insultam-se a si próprios», "sempre desconfiei dos fariseus", "seriedade é apresentar o programa político e as propostas e não os candidatos".
Por outro lado João Jardim que, pelas razões atrás expostas, também me deve merecer respeito disse, conforma a notícia «Jardim reduz programado PS aos casamentos homossexuais», «eu pergunto aos portugueses se estão dispostos a votar num homem que não tem ideologia e cujo único princípio é o poder custe o que custar", «o actual primeiro-ministro deixou o país num "estado que não existe desde 1974". Acusou Sócrates de ter destruído as pequenas e médias empresas, "tendo dado cabo de tudo" e de agora só ter a seu lado "o grande capital". "Como pode falar-se em reformas se a única coisa que fez foi faltar ao respeito dos portugueses?". Por isso perguntou aos magistrados, funcionários públicos, aos professores, agentes das forças de segurança e militares das forças armadas, se no dia do voto vão aceitar "um indivíduo que durante quatro anos e meio outra coisa não fez senão ofendê-los e achincalhá-los".

Sem dúvida, duas posições antagónicas, de pessoas que desempenham cargos respeitáveis, que bem merecem ser defendidas perante os portugueses num frente-a-frente televisivo, que devia ser anunciado com realce a fim de os portugueses poderem assistir e tirar as suas conclusões.

A propósito de insultos que se voltam contra os seus autores, não podem ser ignoradas as palavras que o PM na AR (órgão de soberania com competência para apreciar os actos do Governo) dirigiu a deputados e aos partidos da oposição, desde chamar-lhes mentirosos, sem currículo e aquelas dirigidas a uma deputada «o seu partido não passa de um embuste», tratando-se de um partido que obedece à Constituição e ao regulamento da AR.

Não deixa de ser interessante uma análise das notícias «Portas abre hostilidades pós-férias», acerca de um deputado e líder de um partido parlamentar e «Santos Silva responde à "rentrée" de Portas» acerca das palavras de um ministro. A uma análise serena da situação com propostas construtivas para a recuperação de Portugal, opõe-se o «insulto» irado de alguém que se preza de saber «malhar neles».

Seria bom que os detentores de poder levassem muito a sério as palavras de Sócrates e pensassem antes de falarem e de agirem porque, como bem diz Sócrates o «insulto degrada a democracia e é arma dos fracos». Perceberão esta lição do PM? Ele perceberá?

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Mais cientistas em destaque

Somos um povo amargurado, minado por um pessimismo mórbido que dificilmente olha para o que há de mais positivo e gerador potencial de esperança em melhor futuro. Hoje surge a notícia «Portugueses produzem sensor inovador de ADN» que tenho o prazer de aqui juntar às anteriormente publicadas «Cientista português honra o País» e «Cientistas portugueses em destaque» e a outras mais antigas.

Segundo revelou ontem Elvira Fortunato, professora, investigadora, conhecida especialista em micro-electrónica, do Departamento de Ciência dos Materiais e directora do Centro de Investigação de Materiais da Universidade Nova de Lisboa, Investigadores portugueses produziram pela primeira vez um método de detecção de ADN usando uma vulgar impressora de jacto de tinta, com recurso a materiais e tecnologia de baixo custo e amigos do ambiente.
Este novo sensor sensor, desenvolvido por uma equipa conjunta dos departamentos de Ciência dos Materiais e Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, foi aceite para publicação próxima pela revista "Biosensors and Bioelectronics", o que deve constituir motivo de orgulhos para os portugueses.

Foi um trabalho feito por cientistas portugueses e em Portugal, ou "made in e made by" como gosta de dizer a investigadora, que dirige a equipa, tendo esta já em 2006 criado um sensor para detectar ADN, mas que era baseado em silício, o semi-condutor convencional usado em electrónica. Agora foi dado um grande passo em frente.

Em conclusão, há em Portugal cérebros privilegiados, que honram a memória dos heróis doe descobrimentos e que, se bem apoiados, podem alcandorar o nosso País ao nível dos mais desenvolvidos. Mas é pena que os políticos que temos aturado careçam de inteligência, capacidade, sentido da responsabilidade, dedicação aos mais altos valores éticos e tenham arrastado a imagem da Política para a lama, a ponto de cultivar a mediocridade e não ter criatividade suficiente para renovar as equipas com o que houver de melhor na camada mais jovem, na senda da excelência. Valerá a pena analisar as listas para as próximas eleições, procurar detectar os novos nomes e indagar quais as suas «qualidades» que lhes deram jus à inclusão nas listas. Isso dará ideia do que os actuais políticos pretendem do futuro de Portugal.

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domingo, 23 de agosto de 2009

A marcha mundial: uma proposta humanista

A Marcha Mundial pela Paz e pela Não-Violência terá início em Portugal a 1 de Novembro em Valença e a 10 de Novembro em Évora, para chegarem a Lisboa a 12 de Novembro.
Gostaria de um mundo com paz e sem violência? então diga-o, junte-se a esta marcha.


A Marcha Mundial pela Paz e pela Não-violência foi lançada durante o Simpósio do Centro Mundial de Estudos Humanistas no Parque de Estudo e Reflexão Punta de Vacas (Argentina), em 15 de Novembro de 2008.

Esta Marcha pretende criar consciência frente à perigosa situação mundial que atravessamos, marcada pela grande probabilidade de conflito nuclear, pelo armamentismo e pela violenta ocupação militar de territórios.


Esta é uma proposta de mobilização social sem precedentes, impulsionada pelo Movimento Humanista através de um de seus organismos, o Mundo sem Guerras.

A proposta inicial se desenvolveu muito rapidamente. Em poucos meses, a Marcha Mundial já suscitou a adesão de milhares de pessoas, agrupações pacifistas e não-violentas, diversas instituições, personalidades do mundo da ciência, da cultura e da política, sensíveis à urgência do momento. Também inspirou uma grande diversidade de iniciativas em mais de 100 países, configurando um fenômeno humano em veloz crescimento (www.theworldmarch.org).

Leia mais, informe-se aqui, increva-se _aqui

Nota: Gostaria de agradecer à amiga Manuela Araújo do Blogue Sustentabilidade não é Palavra é Acção pelo envio de toda a informação.
Fernanda Ferreira

NOTA: Este post é baseado numa transcrição do publicado em Sempre Jovens, com o consentimento da sua autora.

Uma iniciativa deste género deve ser apoiada, independentemente de quem a tenha originado. O mundo tem se tornado demasiado violento e não devemos poupar esforços para apoiar as soluções pacíficas dos desentendimentos entre pessoas e Estados, através do diálogo, de conversações e de soluções negociadas.

Desta forma poupam-se vidas humanas, património histórico, cultural, económico e financeiro e evitam-se ódios e rancores, construindo em seu lugar a confiança e a cooperação para um mundo mais feliz. O Do Miradouro apresenta muitos artigos em que este desiderato, esta esperança, estão bem expressos.

Quando a arma nuclear estava na posse de duas grandes potências e outras menos activas, chegaram a um acordo tácito de que o seu uso seria evitado, porque tinham consciência da grande gravidade da sua utilização. Mas hoje ela está ao alcance de grupos menos conscientes e responsáveis, o que representa uma grave ameaça para a sobrevivência das espécies à superfície da Terra.

Há, por isso, que lutar de todas as formas contra a indústria militar e contra as guerras que nada trazem de positivo a não ser para os industriais de tais armamentos e equipamentos de morte.

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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Acidente dramático por negligência

Acerca da derrocada da falésia na praia Maria Luísa em Albufeira, uma visitante do blogue do Miradouro deixou o seguinte comentário no post «segurança dos cidadãos inexistente!!!» Um título de post que vem mesmo a propósito! Estou revoltadíssima, amigo João Soares. Arrepio-me só de falar dum tema tão a propósito hoje. Como pode este governo que nem chega ao valor de "pataca e meia", dar a cara ao País quando negligenciou coisas que eu, simples cidadã Portuguesa, venho vendo há tantos anos?

Desde sempre me preocupava não colocar a minha família sob a ameaça de queda de falésias no Algarve, quando íamos para as praias lindíssimas daquele recanto do nosso País. Desde sempre pensava porque seria que proibiam os peões de pisar as bermas no topo das mesmas e não vedavam a passagem das pessoas cá em baixo, na praia, mesmo por debaixo desses blocos de terreno? Não compreendo, amigo João Soares, não compreendo. Sinto-me de luto pela notícia que hoje ouvi e que nos envergonha. Se eu, como simples cidadã, repito, via estas coisas, porque é que o Governo não viu que isto podia acontecer e não alertou o presidente da câmara de Albufeira?

É motivo para eu perguntar, gritar bem alto: WHY??????? As minhas lágrimas caem pelo sofrimento das vítimas (não sei quantas e se houve mais do que uma) e das suas famílias. Pobre País, o nosso. Faltava só mais esta!

Maria Letra

Respondi da seguinte maneira:

Minha querida Amiga,

Foi por este seu comentário recebido por e-mail que tive conhecimento da derrocada da falésia. Pelos vistos, o perigo era iminente há muito tempo, o que leva a interrogar as autoridades:
- da protecção civil desde o governo até ao serviço municipal;
- da Câmara Municipal;
- da Autoridade Marítima.
Que medidas deviam ter sido tomadas e não foram para evitar o acidente ou, se ele ocorresse, para reduzir os seus efeitos nefastos.
Porque não foi feito um gradeamento por forma a evitar a passagem e a paragem de pessoas na área de perigo?

Falta de responsabilidade generalizada. As pessoas candidatam-se aos cargos a pensar nos seus interesses pessoais e cientes de que gozam de imunidade e de impunidade.

É de lamentar. E será bom que os eleitores não se esqueçam disto no momento de votarem.

Sobre este acidente, além de outras notícias podem ser lidos os artigos:
- Duas pessoas soterradas na derrocada de falésia em praia de Albufeira
- "Viu-se uma nuvem de poeira e as pessoas começaram a gritar"

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Medo versus confiança

É comum ouvir-se que os comportamentos das pessoas e dos Estados são condicionados por duas baias o amor ou confiança por um lado e o medo pelo outro. Se nos deixamos influenciar pela confiança, o relacionamento com os outros é harmonioso e dialogante, se nos deixamos dominar pelo medo o instinto de defesa conduz a desconfiança, agressividade, e reacções menos amistosas.

Na vida internacional, já nenhum estado suporta um vizinho com intenções neo-colonialistas ou imperialistas de domínio e asfixia.

Na América Latina, a Venezuela do Hugo Chávez está a afastar-se da confiança e a aproximar-se do medo que certamente sente e do que faz sentir aos vizinhos. A forma como expressa a sua aversão aos EUA e aos vizinhos mais próximos, começando pela Colômbia, estão cada vez mais visíveis.

E como com vinagre não se apanham moscas, o Brasil mostra estar farto daquele país mais pequeno que está a abusar de ter petróleo. Enquanto internamente «agressões a jornalistas aumenta tensão entre governo de Chávez e imprensa», da parte do Brasil vêm as notícias «Lula da Silva reclama junto de Hugo Chávez o pagamento de exportações brasileiras» e «Senado condena «escalada de autoritarismo» e «perseguição à imprensa livre» na Venezuela» que evidenciam um clima hostil entre os dois Estados e de perigo de conflito entre eles em que a Venezuela poderá sair muito lesada devido às grandes fragilidades apresentadas pelo seu potencial económico demasiado concentrado no petróleo.

Oxalá o computador «Magalhães» vá levar capacidade de raciocínio sensato aos apoiantes de Hugo Chávez, porque se é certo que conseguiu legislação para ser reeleito até à morte, esta pode surgir sem esperar legislação especial. A oposição interna parece ser explosiva e piorará com as repressões à comunicação e à liberdade de expressão. Hoje os povos estão de olhos mais atentos e perspicazes e não toleram tais exemplos de autoritarismo e arrogância. É preciso recordar que mesmo em fins do século XVIII, quando a informação era mais restrita, foi feita Revolução Francesa.

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Cientista português honra o País

Há três dias publiquei aqui uma referência a um cientista do sector da das ciências biomédicas com o que me senti muito feliz. Hoje volto com outro nome, também no mesmo ramo do saber.
O Dr. José Silva, biólogo português, de 35 anos, do Centro para a Investigação de Células Estaminais da Universidade de Cambridge, em Inglaterra, publicou na edição online da revista norte-americana “Cell” a descoberta a que se refere o artigo «Português descobre gene crucial para transformar células adultas em estaminais embrionárias», fruto de 5 anos de estudos intensos feitos com muito interesse e dedicação. Quanto aos pormenores científicos, sugiro os interessados a lerem o artigo, para o que basta fazer clique no título aqui deixado.

Estes dois casos como outros aqui referidos, são excepção à regra geral definida por José Gil quando afirma que os portugueses têm tendência para a inserção sem grande apetência para a criatividade e a inovação. Realmente, vivemos muito presos ao passado com orgulho nos descobrimentos (como se nos últimos cinco séculos nada tenha havido de bom) e, apesar de ultimamente terem sido publicados muitos livros, nada
surge de inovador, voltado para o futuro. Na sua maioria, são livros de recordações e memórias, por vezes vistas por uma óptica distorcida e muito parcial, expressando ódios e rancores com tricas e coscuvilhices em demasia. Mas nada de soluções para o futuro de aproveitamento das poucas potencialidades económicas a anímicas que possamos ter, nada de projectos de modernização bem ajustados às realidades nacionais para serem viáveis e eficientes.

O exemplo destes cientistas e de jovens estudantes que têm evidenciado valor a nível internacional, devia ser seguido por políticos e pensadores que se preocupam com a vida das gerações mais novas, os cidadãos de amanhã. Para sair da actual pasmaceira política do «cada vez mais na mesma», sem cérebros válidos a pensarem no futuro do regime, apenas ouvi há dias o Dr. Medina Carreira a sugerir um tipo de programa de governo e de equipa governamental muito em sintonia com o esboçado no post «código de bem governar».

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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Ditaduras «sob o manto diáfano» da Democracia

No íntimo de cada político (salvo eventuais excepções!) germina um embrião de ditador. Não lhe falta ambição, arrogância, egoísmo, excesso de auto-estima e vontade de impor os seus interesses.

É certo esforçar-se por se mimetizar com os princípios da Democracia, o que é visível nos seus discursos, mas não tem força anímica, nem formação, nem convicção que lhe permitam obter êxito na representação desse papel. Mas nem isso lhe interessa na verdade. E, como resultado da sua índole e da embriagues do poder, ei-lo a correr a passos largos e decididos para a ditadura, embora procure esconder-se o mais possível para segurar a capa de democrata.

Roberto Mugabe, no Zimbabué, está sendo um exemplo vivo, para desgosto e desgraça do seu povo. Hugo Chávez, na Venezuela, está na mesma rota, não perdendo a mínima oportunidade para avançar em direcção ao objectivo.

Agora, Karzai, no Afeganistão, retira a máscara e para «ganhar» a ida às urnas «pacificamente» «ameaça expulsar jornalistas que noticiem violência durante as eleições», esquecendo que “a credibilidade das eleições está ligada a uma cobertura mediática livre”.

Outros casos parecidos, com cerceamento da liberdade de imprensa, existem pelo terceiro mundo, como é o caso de Myanmar, onde o vencedor das eleições de Maio de 1990 não teve ainda «liberdade» de assumir funções e, até hoje, a Junta Militar ainda não cedeu o lugar, tendo a líder do partido vencedor passado todo este tempo, com pequenos intervalos, em prisão domiciliária, nem sequer Aung San Suu Kyi teve possibilidade de sair do País para receber o prémio Nobel da Paz. Ela foi recentemente julgada e condenada a mais 18 meses de prisão domiciliária num processo de duvidosa isenção.

Enfim, todos apontam a Democracia como o melhor regime político mas todos procuram agir segundo as características e os princípios da ditadura totalitária, seja na aristocracia ou na partidocracia ou na plutocracia.

No caso Afegão, o que pensa o líder da liberdade de informar??? Não deve ter sido para o cerceamento de tal liberdade que foi desencadeada a guerra contra os talibãs? E para que servem as guerras? Para quê mandarem soldados ocidentais morrer em tais áreas? Quem beneficiou com esses sacrifícios de vidas e de recursos? Quais os objectivos que se pretendia atingir? Teriam sido legítimos, para benefício de população e da humanidade?
No Iraque, onde a guerra produziu tanta destruição de vidas, de património histórico, cultural e económico, as reflexões não são mais animadoras. Porque se fazem guerras? Quem as decide, com que interesse?

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Segurança dos cidadãos inexistente

Embora não sendo novidade, convém não deixar no esquecimento a notícia de hoje tornando público que «Quatro carros da GNR abalroados por fugitivos». Fica o link para quem estiver interessado nos pormenores.

Recentemente tinha aparecido outra dizendo que «O agente está sempre entre a espada e a parede», o que está relacionado com a que nos diz que «Polícias agredidos obrigados a pagar custas» do tribunal em que os agressores não pagaram por não terem disponibilidade financeira! E esta outra mostra que o bom senso, dentro da desorganização vigente no País, avisa que «Pedir indemnização não é aconselhável».

Isto são apenas notícias que qualquer pode ler nos jornais, mas que merecem reflexão e, desta surgem dúvidas perturbadoras como: Portugal estará a «evoluir» para a solução prevista por muitos portugueses: Começam por agredir as forças de segurança e em breve os alvos serão os governantes, os juízes, os ex-governantes que enriqueceram velozmente? Efectivamente, deixou de haver segurança pública, deixou de haver respeito pela liberdade de cada um , e chegou ao ponto de não se respeitar a própria autoridade. Esta já está no rol das vítimas mas o Governo continua a proteger os criminosos e a esquecer as vítimas… até que passe a fazer parte do largo rol destas.

«Que dizem o PM, o MAI e o MJ?»

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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

PS não é virtual é real

Temos vivido momentos em que se coloca a dúvida se os políticos são seres humanos sensíveis ao que se passa na realidade nacional, com os cinco sentidos em bom estado de funcionamento. Mas agora chega a noticia «PS apoia ofensa de candidato a deputado» que nos mostra que o PS tem os pés bem assentes no chão e conhece o que são os políticos portugueses.

O deputado, além de apoiado, poderá vir a ser elogiado por ter dito uma expressão ("filho da p...") definidora a esse adversário como representante de todos os outros candidatos. Será? Aliás, mesmo dentro da AR têm sido ouvidas acusações menos elogiosas do que aquela. É a realidade partidária a que o PS (tal como os outros partidos) não escapa. Existe, é real!

Eles conhecem-se muito bem e sabem o que dizem quando chamam nomes feios uns aos outros. Porém, não sabem o que é respeito nem mesmo aquele que é estritamente protocolar e institucional. Insultam órgãos que devem ser respeitados por todos os portugueses, como a Presidência da República, a própria AR, o Tribunal de Contas, o Tribunal Constitucional, o Procurador Geral da República, etc, etc.

Perante isso, alguém tem autoridade moral para exigir respeito dos portugueses seja ao que for?

E como estamos em vésperas de eleições, alguém pode conscientemente exercer o direito de soberania votando naquele candidato a quem o deputado João Galamba: chamou "filho da p..."? Ou no João Galamba? Ou em qualquer dos outros candidatos que uma vez ou outra mereceu tal epíteto ou outro mais pessoalmente ofensivo? Ou numa lista que tem no seu seio arguidos, suspeitos ou «filhos da p…»?

E perante estas provas de falta de civismo, de credibilidade e de merecimento do nosso respeito e da nossa confiança, perante as próximas eleições, ficamos como o tolo no meio da ponte sem saber para que lado avançar, que escolha fazer, quem eleger e resta a atracção lógica, racional e com muita ética (palavra que alguns líderes utilizam sem lhe saber o sentido pois as decisões que tomam assim o demonstram) reduzir a opção do voto ou pata o branco ou para o nulo.

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Leis a mais e ordem a menos

Muitos comentadores referem haver leis iníquas e inúteis, leis que não foram regulamentadas, leis que são letra morta e são substituídas frequentemente sem eficácia. Por cima desse cenário nada pode funcionar bem, nem as polícias nem a Justiça.

Hoje o DN traz a notícia «Polícias agredidos obrigados a pagar custas» no tribunal onde apresentaram queixa contra os agressores. Relacionado com este caso, o mesmo jornal indica os seguinte títulos «Pedir indemnização não é aconselhável» e «O agente está sempre entre a espada e a parede».

Há que pensar no significado desta situação, proveniente da acção governamental dos últimos tempos. Os governantes de qualquer partido têm mostrado muita semelhança entre si, pelo que as próximas eleições deixam ao eleitor um dilema, ou polilema sobre a direcção do voto, havendo muitos que sugerem o voto em branco ou o nulo. Todos os candidatos (salvo eventuais excepções) são esféricos, sem ponta por onde se pegue. Esperar milagres pode ser uma atitude como a de jogar no euromilhões ou na lotaria.

Quanto ao último parágrafo, já aqui foi dito algo que estimula a reflexão. Citam-se os posts mais recentes:

- Eleições negócio de clãs
- Limpar Portugal – Um alerta urgente
- Ideologias estão em que gaveta???
- A «ética» dos políticos
- Abusos na administração do dinheiro público
- Que dizem a isto o PM. o MAI e o MJ???

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terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cientistas portugueses em destaque

Mais um caso positivo que deve aumentar a auto-estima dos portugueses. Jovens cientistas destacam-se na protecção contra a malária. Transcreve-se integralmente o artigo do Público, pelo interesse que tem. Parabéns aos jovens cientistas que defendem o nome de Portugal da forma mais elogiável.

Cientistas portugueses descobrem mecanismo de protecção natural contra formas graves da malária
Público.17.08.2009 - 20h01 Teresa Firmino

Trabalho abre portas a uma nova estratégia de combate à doença.
Os cientistas do Instituto Gulbenkian de Ciência publicaram hoje artigo em revista norte-americana.

Todos os anos, o parasita da malária infecta 200 a 500 milhões de pessoas no mundo e mata um a dois milhões. Então, o que é que protege naturalmente da morte a esmagadora maioria dos infectados? A equipa de Miguel Soares, do Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras, acaba precisamente de descobrir um mecanismo de protecção natural contra as formas graves da malária e hoje publicou os resultados na revista norte-americana “Proceedings of the National Academy of Sciences”.

Esta protecção natural acabada de identificar não tem a ver com a capacidade de o próprio sistema imunitário eliminar o parasita da malária, o “Plasmodium”. Nem tem a ver com a eliminação do parasita com medicamentos antimaláricos, pois mesmo entre quem os recebe há mortes — sem que se soubesse explicar, até agora, por que tal acontecia. A resposta da equipa de Miguel Soares é que essa protecção natural tem a ver com a capacidade de os próprios tecidos do organismo se protegerem contra a resposta em curso do sistema imunitário contra o agente patogénico.

Vamos por partes. Ao sermos picados por mosquitos anófeles, que se alimentam de sangue humano, o parasita da malária pode ser transmitido: entra na corrente sanguínea e dirige-se para o fígado, infectando as suas células e multiplicando-se aí. Em seguida, estas células rebentam e libertam o parasita de novo na corrente sanguínea, que vai infectar os glóbulos vermelhos. Poucas células do fígado são destruídas nesta fase, explica Miguel Soares, de 41 anos.

É quando os glóbulos vermelhos se rompem, depois de o parasita se ter multiplicado ali, que surgem os sintomas da doença, como ataques de febre, suores, arrepios e até a morte.

Num trabalho anterior, a equipa de Miguel Soares já tinha demonstrado que o que estava na origem desses sintomas. Quando o parasita leva à ruptura dos glóbulos vermelhos — que transportam o oxigénio dos pulmões para os tecidos do corpo através da hemoglobina —, esta proteína é lançada para a corrente sanguínea. Uma vez aí, a hemoglobina liberta os seus quatro grupos de ferro (através dos quais o oxigénio se liga a esta proteína) e são eles que causam os sintomas graves da malária.

Normalmente, estes grupos de ferros são inofensivos. Mas com a infecção do parasita da malária em curso, o caso pode mudar de figura. E são as células do fígado que vão ser atingidas por aqueles grupos de ferro. Ou nos casos mais graves de malária, as células do cérebro, como também já havia mostrado esta equipa.

“No contexto da resposta que está a acontecer — há células do sistema imunitário a fazer tudo para matar o Plasmodium —, se as células do fígado recebem um grupo de ferro ao mesmo tempo, o resultado é que morrem”, explica Miguel Soares. “Há uma hepatite. O fígado pára de trabalhar.”

Mas isto é algo que acontece raramente. É aqui que entra em cena uma enzima. Chama-se heme-oxigenase-1, é produzida nos tecidos do organismo quando são expostos a um “stress” oxidativo e tem a capacidade de degradar precisamente os grupos de ferro. Ou seja, tem um efeito protector das formas mais severas da malária, que afecta sobretudo crianças (onde se inclui a malária cerebral).

Nova estratégia de luta

Servindo-se de uma metáfora, Miguel Soares diz que o sistema imunitário está a dar marteladas no parasita, mas pelo caminho nós próprios também levamos marteladas e podemos morrer. Esta enzima protege-nos, amortecendo essas marteladas.

“Normalmente, a maioria das pessoas com malária não morre, porque há este mecanismo de protecção natural. Os tecidos estão protegidos e os indivíduos podem usar a sua resposta imunitária natural para matar o parasita sem comprometer o fígado, os rins, os pulmões...”

Como é que os cientistas chegaram a esta descoberta? Estudando ratinhos — por exemplo, modificaram geneticamente alguns animais para que a enzima protectora não fosse produzida e, dessa forma, puderam ver os efeitos devastadores no fígado.

Portanto, a equipa de Miguel Soares revelou um mecanismo de protecção, até agora desconhecido, durante a luta do organismo contra o parasita da malária, que pode abrir a porta a uma estratégia de combate à doença completamente diferente da utilizada até ao momento. Além de continuar a matar-se o parasita com antimaláricos, poderá então provocar-se o aumento da protecção do organismo através de medicamentos que copiem o efeito da enzima. Em ratinhos, pelo menos, o fármaco que a equipa testou, um anti-oxidante banal, teve um “resultado dramático”.

A prova dos nove

Para tirar as teimas de que há um mecanismo natural de defesa dos tecidos do organismo durante a luta contra o parasita da malária, a equipa de Miguel Soares testou um fármaco banal, em ratinhos. Se nessa guerra entre parasita e hospedeiro, os tecidos se protegem com a produção de uma enzima, talvez um fármaco que imite o efeito dessa enzima também proteja os animais das formas graves da doença. Testaram o anti-oxidante N-acetilcisteína, usado em bronquites, pneumonias ou tuberculose. “Se isto for tudo verdade, este fármaco devia funcionar. E funcionou, em ratinhos”, diz Miguel Soares.

T.F.

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Eleições negócio de clãs

Seria desejável que os políticos pensassem nos interesses do País e na forma de o desenvolver para aumentar as condições de vida, o bem-estar e as comodidades dos cidadãos e que, depois de serem escolhidos pelos votos, colocassem em acção todas as suas capacidades para a obtenção desse fim superior.

Mas, infelizmente para todos os portugueses, a realidade mostra que os políticos pautam as suas decisões pelos seus próprios interesses e os do seu partido. Em concordância com estas ideias surge hoje a notícia «Familiares ‘enchem’ listas do PSD» em que se referem casos concretos do negócio de clã em que a política está transformada.

Mas isto não se passa apenas no partido referido na notícia acima citada. Também hoje se lê a notícia «Parque Escolar: Estado pagou a arquitectos mais de 20 milhões de euros sem concurso». Não é o primeiro caso noticiado deste facilitismo usado na manipulação do dinheiro público. E ficam por esclarecer dúvidas como as seguintes: Qual será o elo de ligação, familiar, de amizade, de partido ou outros que unem esses arquitectos aos governantes. O Ministério da Educação já fez uma negociata que deu que falar com o Dr. João Pedroso, irmão do deputado PS Paulo Pedroso, agora candidato à Câmara de Almada, e também com o Magalhães, com a TLEBS…

Também hoje, no artigo «A Taxa de Roubo», são referidas várias irregularidades referentes a várias situações como, por exemplo, nos mega-projectos que, antes de começar já assinalam derrapagens indiciadoras de que a componente PPF (Pagamentos a Partidos e Figurões) que por vezes acabam por atingir valores que ultrapassam a percentagem, para passarem a ser múltiplos do valor orçamentado. E como nem tudo é transparente e visível, há o factor NSP (Nível de Sonegação Pura), que inclui tudo o que seja trocas em dinheiro vivo em malas, e o GDC (Grau de Desfalque Contabilizável), e financiamentos através dos off-shores.

Será oportuno ler também os artigos «Um governo prometedor» e «Comigo na lista, não mudo»

Enfim notícias alarmantes que fazem pensar seriamente no estado em que o País se encontra e que, por atingirem vários sectores do leque político, não surpreende que venham a ser qualificadas como sendo elementos de campanhas negras, uma contra cada partido!!! E viva o circo.

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Irão – Uma história longa de final incerto

Bruno Cardoso Reis. IEEI (Transcrito da publicação online do Instituto de Estudos Estratégicos Internacionais)

Perceber o Irão actual, implica perceber que este é o nome oficial da velha Pérsia – uma civilização milenar, com uma história imperial repleta, de que os iranianos muito se orgulham. Nessa história, no entanto, o século XIX e XX são marcados pela mancha da decadência e da dominação por potências externas, como a Grã-Bretanha e os EUA.

O actual regime iraniano – a República Islâmica – foi fundada há precisamente trinta anos atrás, em 1979, tendo como um dos principais pontos da sua agenda vingar e inverter essa humilhação. Do PREC no Irão saíram vitoriosos os radicais, os inimigos jurados dos EUA. As palavras de ordem preferidas dos milhões cujas manifestações cada vez maiores, apesar da repressão, acabaram por derrubar o xá Pahlavi, eram precisamente: «Mag-Bar Shah! Mag-Bar Amerika!» – ou seja – «Abaixo o xá! Abaixo a América!».

Mas estas não foram as primeiras manifestações da história do Irão. Em 1953, na crise que acabou com o derrube de Mossadegh, o primeiro-ministro nacionalista e populista que nacionalizou o petróleo iraniano, foi uma acção concertada da CIA e dos serviços secretos britânicos que levou ao desencadear de manifestações e de um golpe militar que acabou com a queda de Mossadegh. Esse facto continua a ser um marco fundamental da história do Irão. Mais, nos anos iniciais do regime islâmico, liderado por Khomeini, as relações com os EUA foram ainda azedadas, por culpa de excessos revolucionários iranianos, como a tomada como reféns de todo o pessoal da embaixada norte-americana em Teerão em 1979 – que acabou por contribuir para a derrota de Carter face a Reagan – ou o apoio a grupos terroristas hostis aos Ocidente. Mas também os EUA tiveram um papel nisso, ao apoiarem não só o Iraque de Saddam Hussein contra o Irão, na guerra iniciada pelo primeiro; mas também aparentemente apoiando grupos terroristas iranianos, como os Mujaheddin do Povo, que desencadearam uma campanha brutal no interior do Irão ou abatendo acidentalmente um avião de passageiros iraniano sobre o Golfo Pérsico. Que importância tem isso hoje? Muita. O Presidente Ahmadinejad fez parte da associação de estudantes que organizou a ocupação da Embaixada dos EUA. O Guia Supremo Ali Khamenei sobreviveu por pouco a um desses atentados terroristas nos anos 80.

Não é por acaso que a Grã-Bretanha é acusada de planear as actuais manifestações. É claro o desejo de evocar memórias de 1953. Mas talvez essa escolha de inimigos também traduza uma mudança. Há uma nova geração de iranianos a entrar na política e a eleição de Barack Obama parece ter tornado mais difícil vender no Irão a imagem dos EUA como o Grande Satã contra o qual o regime islâmico precisa estar em eterna vigilância.

Tal como na crise de 1953 e na de 1979, o que torna os acontecimentos actuais no Irão tão importantes é o facto de eles traduzirem não apenas uma batalha pelo controlo “da rua” em manifestações populares. Esta é também uma crise que atinge e divide as elites do regime. O Guia Supremo Khamenei parece alinhar com o Presidente Ahmadinejad, mas, aparentemente, o segundo homem mais poderoso do Irão, Hashemi Rafsanjani, que lidera o Conselho de Discernimento e o Conselho de Guardiões tende a alinhar com o candidato Mir Mousavi.

Claro que os dois grupos não têm o mesmo peso. Khamenei tem claramente mais trunfos na manga, em particular o controlo último das forças armadas e das forças de segurança. Mas uma ruptura total com a ala reformista do regime poderá ser complicada, quer em termos institucionais, pois há elementos reformistas em posições importantes, quer também pelo impacto negativo, tanto interna como externamente.

Papel decisivo no desenrolar da crise terá, evidentemente, a força armada, mas também o Conselho de Guardiões, que tem um papel fundamental em questões de legitimação política. É possível que Khamenei use a crise para eliminar complemente qualquer veleidade de independência face a si no interior do regime, afastando ou humilhando Rafsanjani – que foi violentamente atacado por Ahmadinejad – até como forma de preparar o terreno para que os conservadores controlem plenamente a sua sucessão. Mas pode também acontecer que um compromisso de algum tipo seja considerado necessário.

É importante, porém, sem ignorar a força do reformismo de Mousavi, por exemplo entre a juventude educada urbana, não esquecer que Ahmadinejad também tem importantes apoios populares. Há indícios de fraude – uma contagem invulgarmente rápida, e sobretudo resultados uniformes em todas as partes do país, uma uniformidade inédita não apenas no Irão, mas em qualquer parte do mundo. Mais, tal desmentiria a ideia de todos os analistas de uma profunda divisão entre voto urbano, mais reformista, e voto rural, mais conservador, bem como de importantes divisões regionais e até étnicas e religiosas no Irão – com árabes e sunitas no sul, por exemplo, e azeris no norte. Apesar disto, seria errado pensar que Ahmadinejad não tem apoio. Goste-se ou não do seu populismo nacionalista, ele tem muito poder de atracção num país com a história do Irão.


O Ocidente e a Crise

O Ocidente – e em particular os Estados Unidos – têm nesta crise um papel muito delicado, que exige escolhas difíceis. Mas se há algo claro nesta crise, é que ela será, no seu essencial, resolvida internamente.

Ficar relativamente à margem parece ser a opção de Obama. Tal poderá ser o mais sensato tendo em conta o que se passou em 1953 e 1979, e a marca negativa que esses acontecimentos deixaram no Irão. Apoios demasiado abertos do Ocidente à oposição reformista podem ser ter efeitos contraproducentes, tornando mais fácil reprimi-la como uma ameaça externa ao regime. Por outro lado, o Ocidente dificilmente poderá deixar cair correntes políticas com alguma simpatia pelo Ocidente, apostadas em reforçar a componente democrática no Irão, e publicamente comprometidas em melhorar as relações do país com o exterior.

O impacto da crise na questão nuclear é o ponto mais importante para os Estados Unidos, mas é também o mais difícil. Aqui, importa recordar que o Irão é um país orgulhoso, com uma história milenar que sente que o lugar que lhe é devido entre as grandes potências lhe tem sido negado. Ahmadinejad, num dos debates eleitorais, acusou Mir Mousavi de querer repetir a política pró-Ocidental do seu antecessor, o presidente Khatami, que estendeu a mão ao Ocidente, ajudou os EUA no Afeganistão e no Iraque, mas a resposta a esses gestos de reconciliação foi novamente a humilhação do Irão, com George W. Bush a incluí-lo na lista de Estados párias do chamado “Eixo do Mal”. Ahmadinejad apresenta-se como um nacionalista iraniano que não se deixa amedrontar pelos EUA ou por Israel. Por tudo isto, Mousavi, mesmo que alcançasse a presidência ou algum tipo de acordo, até por causa do Guia Supremo, dificilmente poderia defender uma política totalmente oposta à actual na questão nuclear, como aliás ficou claro na cautela das suas afirmações eleitorais.

A política cautelosa de Obama face ao Irão parece, portanto, ao contrário do que alguns críticos têm afirmado, especialmente apropriada para este momento difícil. É essencial, pública e privadamente, que Washington garanta à liderança iraniana que, ao contrário de 1953, os EUA não estão apostados numa mudança de regime. Mas ao mesmo tempo deverão insistir publicamente e nos bastidores que é essencial algum tipo de acordo entre os dois grupos que se digladiam no Irão. Dividir para reinar não seria talvez mal pensado do ponto de vista dos interesses dos EUA, mas nem por isso será fácil de obter.

Sobretudo, seria importante para Washington tentar aproveitar este momento de maior fragilidade na legitimação do regime islâmico para oferecer ao Guia Supremo Khamenei a possibilidade de pleno reconhecimento internacional, o termo completo das sanções, e investimento ocidental em troca de garantias quanto a um acordo com os reformadores, mas também de que o programa nuclear seria plenamente revelado e inspeccionado internacionalmente, e sobretudo de que acabaria o programa de enriquecimento de urânio.

Seria também importante Washington coordenar políticas com a UE, e, se possível, a China e a Rússia, assim como com outras potências regionais, para evitar suspeitas de que os reformistas são um cavalo de Tróia de norte-americano. O grande problema colocado pelo programa nuclear iraniano a todas as potências nucleares e aos Estados vizinhos é a possibilidade de uma corrida ao nuclear numa região como o Médio Oriente. Se este esforço de coordenação diplomática for feito pelos EUA, mesmo que venha a acontecer um trágico esmagamento dos reformadores nos Irão, Obama mais facilmente poderá obter apoio para sanções e outras medidas muito duras para impedir um Irão nuclear. Um regime iraniano radicalizado será mais fácil de isolar internacionalmente.


Para saber mais...

BBC – Iran Crisis

GR Afkhami, The Life and Times of the Shah (California UP, 2008)

Baqer Moin, Khomeini: The Life of the Ayatollah (IB Taurus, 1999)

Ray Takeyh, Hidden Iran: Paradox and Power in the Islamic Republic (Holt, 2007)

Stephen Kinzer, Os Homens do Xá: O Golpe no Irão e as Origens do Terrorismo no Médio Oriente (Tinta da China, 2007)

Ray Takeyh, Guardians of the Revolution: Iran and the World in the Age of the Ayatollahs (Oxford UP, 2009)

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domingo, 16 de agosto de 2009

As mortes na estrada continuam sem travões

Hoje segundo notícia do DN, «55 mortos na estrada desde o início do mês». Uma outra notícia do JN diz que «Governo quer menos mortes nas estradas». Estas palavras do Governo mostram o costume. Só palavras. Mas a contenção deste trágico fluxo de perdas de vidas não se resolve com palavras, mas com medidas eficazes já muitas vezes referidas neste blogue.

Mas as realidades são opostas às promessas do Governo. Vejamos a falta de cuidado com os sinais de trânsito, de que estas três fotos de um, de entre muitos, mostram que, além da irracionalidade da utilização de muitos sinais, há a invisibilidade aqui bem documentada.



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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Limpar Portugal – Um alerta urgente

Num momento em que muitos portugueses se mostram interessados em limpar Portugal dos lixos abandonados em locais impróprios e sem segurança para as pessoas e para o ambiente, deparei com esta notícia que não precisa de comentários. Aqui a deixo como um ALERTA URGENTE para os (ir)responsáveis pelo nosso País. Foram eleitos para zelarem pela segurança, comodidade e bem-estar da população. O leitor tire daqui as conclusões que julgar mais convenientes.

Toneladas de material perigoso a céu aberto e sem protecção
DN. 090814. por Amadeu Araújo

Diluentes, tintas, solventes e vernizes estão abandonados na Zona Industrial de Oliveirinha, no concelho de Carregal do Sal. Ambientalistas e bombeiros alertam para perigos para a saúde pública e para degradação do solo.

São toneladas de resíduos perigosos, inflamáveis e corrosivos, acumulados nas traseiras de uma fábrica e que estão ao abandono em Carregal do Sal desde Setembro de 2008.

Numa área inferior a um hectare juntam-se matérias perigosas, rotuladas como tal, e ao alcance de quem passa nas imediações. Muitos dos materiais, que estão classificados como matérias perigosas pelos bombeiros e que deviam obedecer a condições específicas de armazenamento, estão a escorrer para cursos de água, campos agrícolas e vinhas. Diluentes, tintas, solventes e vernizes estão abandonados na Zona Industrial de Oliveirinha, no concelho de Carregal do Sal. Muitos destes materiais têm sido alvo da curiosidade das crianças, que ali brincam, outros vão sendo roubados. Os ambientalistas alertam para a degradação dos solos que podem mesmo "ficar inutilizados".

As traseiras da fábrica BASMOLD, que entretanto abriu falência e está sob administração judicial, estão ocupadas por várias toneladas de resíduos perigosos. Diluentes, tintas, solventes industriais, vernizes e outros produtos, artigos que os bombeiros classificam como matérias perigosas e que ostentam nos rótulos essa perigosidade , estão desde Fevereiro ao abandono. São várias paletes cheias com estes produtos. Há ainda resíduos de laboração e desperdícios em embalagens entretanto utilizadas e que ali foram guardadas.

"Desde que a fábrica fechou que ninguém quer saber daquilo", conta Maria Luísa que vive nas imediações. A moradora adianta que "as crianças vão para lá brincar e o meu neto já chegou a casa com os pés todos sujos. Só ao fim de alguns dias e de muito esfregar se libertou daquela tinta". Outro problema é os ladrões que "deitam mão ao que podem levar. Vêm aí algumas pessoas levar o que podem porque a lixeira não está vedada".

As embalagens estão encavalitadas em paletes ou abandonadas no meio do campo. Sem condições de armazenamento e expostas às elevadas temperaturas muitos dos tambores rebentaram e escorrem pelos campos em direcção a um pequeno regato.

Para além do parque industrial, onde está situada a lixeira, a zona é utilizada pelos moradores como campo de cultivo. Vinha, milho e outras culturas têm agora o solo contaminado pelas escorrências destes resíduos. Os materiais estão abandonados nas traseiras da fábrica, sem protecção e mal acondicionados e "o seu derrame para um curso de água e para os terrenos agrícolas pode tornar a contaminação dos campos irreversível", lembra Hélder Spínola, da Quercus. O especialista alerta que "depois da contaminação dos campos e lençóis freáticos são causados danos impossíveis de resolver". A juntar a estes problemas, aponta a "volatização dos produtos, provocada pelas elevadas temperaturas e que pode causar um problema de saúde pública se estes gases forem inalados por quem vive próximo". Como a fábrica está em intervenção judicial o dirigente reconhece que se trata de "uma circunstância que pode dificultar a intervenção para solucionar o problema que, quanto mais se arrastar no tempo, mais danos provoca".

O DN tentou, sem sucesso, ouvir o Serviço de Protecção da Natureza e o Ministério do Ambiente, que detêm a fiscalização nesta área.

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Ideologias estão em que gaveta???

Transcreve-se este pequeno texto do Diário de Notícias, juntando uma nota final.

Fim da crise? Ça dépend!
DN. 090814. Por Ferreira Fernandes

O crescimento foi de 0,3%. Fui ouvir o Governo. Este garantiu que, depois de um ano de recessão, o país "saiu, enfim, da crise." Suspirei de alívio mas, prudente, fui ouvir a Oposição. Esta desmentiu a euforia: "Os 0,3% de crescimento não devem iludir-nos, a crise continua profunda e durável." Sempre pessimistas, estes socialistas... Aqui, soprou-me um leitor: "Desculpe, não quer dizer socialistas, pois não? Os socialistas estão no Governo, não na Oposição." Oh, peço desculpa pela confusão: eu não falava de Portugal!

Os 0,3% a que me referia eram os números de França. Quem anunciou, ontem, o fim da crise foi a ministra da Economia Christine Lagarde (do UMP, partido que corresponde ao nosso PSD); e quem foi pessimista foi Michel Sapin, do PS francês, na Oposição.

Em Portugal, com os mesmos 0,3% de crescimento, as opiniões foram as mesmas, invertendo o que há para inverter. Moral da história: um socialista francês é um PSD português, quando ambos na Oposição; e, quando no Governo, um socialista português é um PSD francês. Então, saímos ou não da crise? Depende. Ou ça dépend.

NOTA: Esta confusão enfatiza muitas dúvidas latentes e sem resposta. Onde estão as ideologias? Onde está a verdade? E o sentido de Estado? E os interesses nacionais? E as medidas que a população espera e merece?

Quando se trata de grandes interesses nacionais, os partidos esmeram-se a mostrar a diferença ‘fictícia’ e ‘forjada’ para iludir o povo mas, ao aprovar a lei do financiamento dos partidos estiveram todos unidos, tal como nas candidaturas de indivíduos sob suspeita e arguidos. Não podemos ter confiança em nenhum deles. Não merecem o nosso voto. Apoiado Rui Zinc pelo movimento que está a impulsionar.

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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Maus exemplos de democracia

Ou o mundo corre para um suicídio colectivo, ou a democracia está agonizante. Os políticos orientam as suas atitudes mais pelos interesses pessoais e dos seus partidos do que pelos superiores interesses nacionais e da própria humanidade. A notícia vinda da Austrália «Senado impede lei do Governo que visava reduzir efeito de estufa» é chocante, mas esta impressão é agravada quando se lê o fundamento de tal decisão.

Com efeito, o Governo propôs legislação visando diminuir a emissão de gases com efeito de estufa no país. O seu plano visava a aplicação de uma taxa em 2011 sobre as indústrias com emissão de carbono e também a limitação geral da poluição.

Como se expunha no post Globalização e Ecologia, não seria de esperar que a proposta do Governo fosse rejeitada. Mas o Senado é controlado pela oposição e, acima dos interesses da humanidade, é colocada a sua intenção de dificultar a vida ao Governo, com todos os custos que daí possam advir para o mundo! As propostas foram rejeitadas por 42 votos contra 32.

É com intenção de haver mais apartidarismo nestas questões de grande interesse para o País e para a humanidade que aqui foi sugerido um Código de bem governar que incite à união nas decisões de supremo interesse para a Nação e para o Mundo.

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A «ética» dos políticos

Ao escolher este título generalizador, não quero deixar de fazer uma ressalva para os eventuais políticos que sejam excepção à interpretação dada por esta líder partidária ao «ponto de vista ético». Refiro-me ao artigo que transcrevo de Manuel António Pina.

Não me custa aceitar que haja eventuais excepções, mas à cautela continuo na minha de que ninguém provou merecer o meu voto, e agora muito menos. Se a minha preferência era para o voto branco, agora perante a organização de apoio ao voto nulo já existente, acho que a união faz a força e, por outro lado, dou razão à amiga Isabel que me alertava de que, com a falta de ética oficialmente comprovada, um boletim em branco é facilmente transformado por um dedicado militante no escrutínio em voto pelo seu partido. Para estas coisas, os políticos não são arrogantes e jogam com a sua «ética» da forma que mais beneficiar os seus «boys».

Um governo prometedor
JN. 090813 Por Manuel António Pina

Um putativo governo da dra. Ferreira Leite promete:

- nas Finanças, a gerir os impostos, António Preto, pronunciado por crimes de fraude fiscal e falsificação, delfim da líder e imposto por ela como deputado;

- na Habitação e Obras Públicas, Helena Lopes da Costa, arguida por crimes relacionados com a atribuição irregular de casas enquanto vereadora, igualmente imposta pela líder;

- na Saúde, o cunhado cirurgião vascular do dito António Preto, que lhe engessou o braço no dia em que ele devia sujeitar-se a uma perícia na PJ para apurar se falsificara ou não documentos;

e na Justiça, a própria Ferreira Leite que, após ter assegurado aos pacóvios eleitores que a acusação contra Preto "não tem pés nem cabeça", justifica agora o facto de o meter na AR por não querer "antecipar-se à justiça".

Entretanto, aproveitou a deixa para ir condenando antecipadamente Lopes da Mota, até ver não acusado criminalmente de coisa nenhuma.

Diz a dra. Ferreira Leite: "Eu não tomo atitudes que considero incorrectas do ponto de vista ético". O problema é justamente o do que ela considera correcto do ponto de vista ético.

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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Globalização e Ecologia

Quando se refere a globalização é usual situar a sua origem nos descobrimentos portugueses que estabeleceram contactos entre culturas, sociedades, economias diferentes, distantes, nas diversas partes do mundo. Essa globalização rapidamente alastrou os seus efeitos humanamente negativos, com o colonialismo, a exploração económica que definiu as áreas geradoras de riquezas materiais a ser exploradas pelas grandes empresas industriais multinacionais que, na sequência, desenvolveram o marketing criador do grande vício do consumismo e da ostentação.

E assim entrámos na era actual em que o ciclo de qualquer produto origina sucessivos desgastes na Natureza, que tornam a terra, o mar e o ar cada vez menos próprios à vida saudável dos seres que aí habitam.

O excesso de lixos provenientes da indústria, da embalagem da comercialização, dos desperdícios e dos «monos» finais, muitas vezes abandonados nas margens das estradas e de caminhos de floresta, estão agora a suscitar uma campanha de voluntários para «Limpar Portugal» procurando sensibilizar as pessoas e as autoridades que se mostram incompetentes e incapazes de evitar as vergonhosas lixeiras ilegais que impunemente infestam as paisagens.

Mas também no mar já existem grandes extensões de lixeiras flutuantes onde a vida marítima é impossível e os poucos peixes que restam nas imediações acabam por contribuir para produtos alimentares altamente tóxicos.

Por outro lado, o sismo de 7,6 graus na escala de Richter, com epicentro ao largo das ilhas Andaman, no oceano Índico ocorrido na madrugada de 10 de Agosto, mais ou menos à mesma hora, de um outro abalo, também de forte magnitude (6,6) no Japão, tendo ambos ocasionado a emissão de alertas de tsunami, faz recordar que a Terra é muito sensível aos erros humanos.

Se a Natureza tem tido capacidade para recuperar de pequenas agressões, há pouco tempo tem vindo a mostrar que as grandes agressões são irreparáveis. Grande agressão, para este efeito, são as pequenas agressões continuadas, desgastantes e cuja acumulação de consequências assume alta gravidade, e é irreparável

É que o Planeta não é inerte. É uma grande massa em fusão, densa, a altas temperaturas, sempre em ebulição revestida por uma ténue, pouco espessa (proporcionalmente) nata sólida, superficial, que pode movimentar-se e sofrer roturas. O excesso de pressão numa área por efeito de urbanização pesada ou grandes albufeiras artificiais vai afectar o equilíbrio de forças internas que poderão criar problemas quer na proximidade quer à distância. Daí a ocorrência de sismos, vulcões, movimento dos continentes, etc.

A actividade da zona sensível do «anel de fogo» em que se concentra a maior parte dos fenómenos tectónicos, sísmicos e vulcânicos, é muito influenciada pela variação das forças superficiais exercidas pela actividade humana. Este «anel de fogo» passa pelo Mediterrâneo (rotura tectónica entre a Europa e a África), Mar Vermelho, Ásia do Sul (vários sismos recentes de grande intensidade), Extremo Oriente, Pacífico, Califórnia, Golfo do México, Açores e Gibraltar.

Hoje está a desenhar-se uma nova ameaça à estabilidade do núcleo em fusão do Globo, por alteração do peso sobre a crusta terrestre devido ao degelo dois pólos e das neves perpétuas das altas montanhas por força do aquecimento global decorrente das alterações climáticas.

Do conjunto das alterações tectónicas e de pressões sobre a superfície do Planeta resulta forçosamente a alteração climática (embora estas tenham outras causa muito profundas). Estas também são globais e a acção local deve ser sempre considerada com toda a precaução, tendo em conta as interacções com o Planeta.

Globalização é, assim, um fenómeno muito complexo com que temos que aprender a conviver, da forma mais pacífica possível e sem demissões ou abdicações cívicas.

Mesmo quando se planeia a prevenção e o combate aos incêndios florestais é preciso contar com as piores circunstâncias potenciais, para depois, perante o número de hectares ardidos, não se argumentar infantilmente que a culpa foi do clima (verão mais quente e seco do que o esperado).

Planear é prever. Gerir ou governar é precaver-se contra as piores hipóteses.

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