sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

EVITAR MOTIVOS PARA GREVES


(Public em DIABO nº 2408 de 24-02-2023. pág 16, por António João Soares)

A greve é um direito que não deve deixar de existir. Mas o Governo deve evitar que os trabalhadores tenham tantas necessidades delas para verem os seus interesses laborais respeitados, e terem situação de tratamento social justo em comparação com trabalhadores de outras profissões. E há actividades cuja paragem é de tal maneira lesiva de uma tal quantidade de cidadãos que exigem imenso cuidado no diálogo entre os trabalhadores e o Governo. É o caso da Educação, da Saúde e das Forças de Segurança, etc.

Se é certo que Portugal não pode imitar os vencimentos existentes em Estados com um nível económico mais elevado, também é lógico que não deve exagerar na diferença para não arriscar o aumento da emigração dos nossos técnicos para irem procurar emprego onde sejam mais bem pagos.

Por outro lado, o argumento de que não se dispõe de dinheiro para aumentar os salários não é muito convincente, porque ele tem permitido pagar subvenções vitalícias a boys e girls que, após pouco tempo de serviço público que foi bem remunerado, vão para casa com direito a essas altas remunerações sem qualquer justificação convincente. E, apesar das limitações de informação que têm sido instituídas, as pessoas acabam por ter conhecimento de tal desmando que nada tem de lógico nem de justo. E o povo acaba por não se conformar com tal injustiça. E a decisão das greves é muito influenciada por essas e outras decisões que deixam o Estado com o argumento de não ter disponibilidades para aumentar salários. Há realmente muitos a viverem à sombra de gabinetes de governantes e que não têm competência, preparação e experiência semelhante à de professores que estão em greve, para verem melhorada a sua remuneração.

E após o diálogo funcionar e estar aceite uma solução, devem os professores ser consciencializados para a melhor formação dos estudantes a fim de participarem de forma mais eficaz para a preparação do futuro de Portugal. Hoje os estudantes devem sair das escolas com uma preparação diferente daquela que era ensinada aos seus pais, porque o mundo em que vão viver não é igual ao desse tempo, as tecnologias são muito diferentes e exigem uma preparação mais avançada para as utilizar eficazmente. E as próprias tecnologias não são eternas. Hoje são diferentes do que eram há 20 anos, e daqui a 20, certamente, serão muito diferentes destas. Os actuais estudantes devem ficar preparados para encarar pela positiva as mudanças que lhes surgirão na sua vida prática. 

Esta estratégia do futuro deve ser encarada inteligentemente em todos os sectores e, se aquilo que atrás disse foi mais esboçado no ensino em geral, também se aplica no sector da Saúde e na vida industrial. Nada na vida será igual a ontem e os jovens devem contar com novas condições que devem ser encaradas com prudência e sentido prático, mas tendo sempre presentes os conceitos práticos dos tempos recentes, a moralidade e a ética. A sensatez é aplicável e indispensável, eternamente.

Os representantes do Estado no contacto com trabalhadores devem ser sensatos, com sensibilidade, a fim de serem evitados motivos para greves, isto é, as dificuldades devem ser objecto de diálogo e as sugestões e propostas devem ser bem esclarecidas para não levarem a greves.  A amizade, a compreensão e o bom entendimento são a melhor solução para evitar conflitos.

Embora não tivesse referido outras greves, não devo encerrar este texto sem referir a importância dos transportes rodoviários que também estão em greve e eles são indispensáveis para a vida de muitos cidadãos. A falta de capacidade de diálogo dos órgãos representantes do Estado mostram-se incapazes de dialogar e desrespeitados pelos trabalhadores, o que é muito grave. 

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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

O POVO DEVE PARTICIPAR NA VIDA NACIONAL

 (Public em DIABO nº 2407 de 17-02-2023. pág 16, por António João Soares)

 

No 25 de Abril um dos gritos da maralha era «o povo é quem mais ordena». E, sem exageros, numa democracia de verdade, nada deve ser decidido sem ter em atenção o interesse da população e esta deve poder dar opiniões, sugestões e apresentar propostas. Veio agora a público uma inovação exemplar que se tem desenvolvido como «modelo de saúde no Seixal», onde, com as carências de especialistas no sistema nacional de saúde, havia milhares de utentes sem médico de família, e que, agora, com este novo serviço, estão bem apoiados, sem terem de esperar em longas filas.

 

Agora, com esta inovação, basta pedirem uma consulta no dia anterior, por telefone, e serão atendidos por médicos e enfermeiros especializados, alguns já aposentados, conhecedores dos assuntos e que se ofereceram para dar corpo a esta iniciativa modelar. Será de desejar que este sistema seja imitado por todo o interior do país, principalmente pelas zonas mais povoadas a fim de suprir a carência de pessoal especializado que se evidencia na generalidade do Serviço Nacional de Saúde.

 

Será bom que esta inovação seja imitada por toda a população, sendo conveniente que os portugueses saibam interpretar o conceito de democracia e tenham iniciativa de utilizar todas as suas capacidades para contribuir para um futuro melhor para todos os cidadãos. O poder que a democracia concede a todos não deve ser utilizado apenas para criticar, ofender e dizer mal dos governantes, mas principalmente, para fazer sugestões e propostas no sentido construtivo, para que o nosso país passe a ser melhor governado e com melhores perspectivas futuras e melhor qualidade de vida. A iniciativa da doutora Alexandra Fernandes, que ao longo de 25 anos foi médica de família na unidade de saúde familiar de Fernão Ferro, foi agora a criadora e é a coordenadora da Via Verde Seixal, merece os maiores elogios e deve servir de modelo a muitos dos seus colegas e de outros funcionários do Estado para que seja melhorado o apoio aos cidadãos quer na saúde quer noutros sectores da vida nacional.

 

Todos devemos convencer-nos de que a Pátria é de todos nós e, por isso, devemos usar toda a nossa capacidade para a defendermos e a desenvolvermos o melhor possível.

 

Um ano depois de ter sido criada, a Via Verde Seixal faz 150 consultas diárias, das 8h00 às 20h00, servindo 45 mil utentes sem médico de família atribuído. Ao mesmo tempo, foi também criada a Via Verde Almada, uma "gémea" de menor dimensão que atende 17 mil utentes. Possivelmente, haverá mais oportunidades de criar outras instituições semelhantes embora em zonas menos povoadas mas que podem ter técnicos reformados na sua área que desejem fazer uso da sua capacidade solidária. O exemplo do Seixal merece ser imitado. Portugal precisa das iniciativas positivas dos seus cidadãos.

Para a evolução do nosso país, não bastam palavras bonitas, atitudes vistosas e ser fotografados com jovens que aplaudem, os governantes em evidência, são mais eficientes e úteis atitudes criativas que produzam melhorias eficazes na qualidade de vida dos cidadãos carentes de apoio, como é este caso. É preciso vivermos atentos ao que se passa em nosso redor e contribuirmos, usando o nosso esforço e toda a nossa capacidade para inovarmos soluções válidas, servindo-nos dos exemplos que nos surgem e inovando outros. Comecemos a apreciar os casos positivos que vão aparecendo e partamos para outras inovações favoráveis aos nossos concidadãos. A nossa Pátria espera muito de nós. E a felicidade colectiva não aparece por milagre, mas será fruto do nosso bom comportamento.

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

SEGURANÇA RODOVIÁRIA

(Public em DIABO nº 2406 de 10-02-2023. pág 16, por António João Soares)

A humanidade está ao abandono na grande generalidade dos Estados, e muitas vezes está privada dos direitos que a defendem mesmo em aspectos vulgares, como é o caso da segurança rodoviária que origina notícias frequentes de acidentes devidos ao desrespeito de regras essenciais para a segurança das vidas de inocentes.

Agora, deparei com a notícia de um autocarro que transportava 48 pessoas e que caiu de uma ponte, explodindo após a queda, tendo morrido pelo menos 41 pessoas. Os mortos estão irreconhecíveis. Isto passou-se no Paquistão, país situado no sul da Ásia, com população superior a 200 milhões de habitantes e 76.095 Km quadrados em que o número de mortos nas estradas, segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2018, foi de mais de 27 mil pessoas. As vias rápidas são pobres, com fracas condições de segurança rodoviária e a condução é perigosa.

Mas, mesmo com melhores condições, em Portugal, durante o já longo período da pandemia do Covid-19, tem havido notícias de muitas baixas nas rodovias, por despistes, atropelamentos, colisões, etc. As situações de perigo devem merecer muita atenção das autoridades políticas e dos órgãos de comunicação social, por forma a que as pessoas fiquem bem mentalizadas e prevenidas das medidas preventivas que devem ser rigorosamente cumpridas, em permanência.

Com as chuvas que estão a ocorrer com intensidade, os despistes devem ser evitados e isso exige extremo cuidado, mesmo em boas estradas e viaturas seguras. Uma travagem ou uma curva fechada com mais velocidade, pode provocar um deslise de consequências imprevisíveis.

Mas, com a pandemia, as pessoas esquecem muitas precauções a que estavam habituadas e isso tem sido muito desagradável nos comportamentos humanos, havendo excesso de atitudes que, por vezes, são criminosas, mesmo dentro dos ambientes familiares, nas escolas e em grupos de amigos. Os condicionamentos para as pessoas evitarem o Covid-19 parece que fizeram esquecer o rigor do respeito humano próprio e para com os semelhantes, tornando a sociedade mais insegura e desorganizada. Há notícias de jovens de pouca idade a exercerem violências com uso de armas de pequena dimensão, mas altamente perigosas, contra pessoas indefesas, por vezes de idade, e das próprias famílias.

O Poder político, a todos os níveis, as forças de Segurança, as escolas e cada grupo social devem contribuir o máximo que puderem para melhorar os comportamentos das pessoas, a fim de a Nação passar a ter uma qualidade de vida mais positiva e construtiva de um futuro mais ético e mais saudável. As tendências para modernizar a sociedade não devem tornar os jovens menos seguidores de bons comportamentos. A sociedade que todos desejamos não deve ser a cópia obsessiva do passado, mas também não deve rejeitar aquilo que os nossos antecessores tinham de mais valioso. E o respeito pelos direitos humanos, e pela amizade mútua generalizada entre todos os seres vivos constitui um factor que deve ser considerado com o máximo valor para um futuro risonho.

E o respeito pelos direitos dos outros é gerador de harmonia social que contribui para a segurança rodoviária e para qualquer actividade que seja exercida em espaço público. E permitam-me que refira o papel da religião, constante do escrito recente com o título «A função da religião na harmonia social». Toda a actividade social, desde que exercida com ética e sensatez, tem uma subida importância na melhoria dos comportamentos e da qualidade de vida


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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

FALTA DE ESTRATÉGIA CAUSA DESAGREGAÇÃO

«Public em DIABO nº 2405 de 03-02-2023. pág 16, por António João Soares)

A ausência de uma estratégia bem elaborada e traduzida por uma estrutura bem preparada e executada com sentido de responsabilidade dos elementos dirigentes, sem leviandades e com rigor nos casos importantes para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, pode conduzir a um estado de desagregação que não seja conveniente para a qualidade da vida da população nem para o desenvolvimento da economia nacional. É indispensável um apurado sentido de Estado e constante atenção ao interesse nacional definido no plano estratégico e a preocupação de não haver desvios das regras democráticas.

Cada dirigente deve acompanhar o comportamento dos seus dependentes e colaboradores por forma não ignorar o que se passa e poder corrigir qualquer pequena falha antes que ela tenha efeitos difíceis de reparar sem entrar num estado crítico. O respeito pela legalidade deve ser uma preocupação constante, em todos os aspectos e a todos os níveis.

Em vez de separatismos e indiferença pelo que vai sucedendo, deve ser indispensável a cooperação e a colaboração com vista ao melhor resultado obtido na consecução dos objectivos previstos nos planos elaborados e que devem ter sido preparados com o máximo cuidado. As grandes decisões devem ser preparadas conscientemente com conhecimento de todas as partes que irão colaborar na sua concretização, sem leviandade nem precipitação e, depois, ser tudo controlado com espírito de colaboração, para se evitarem gastos inconvenientes. O patriotismo é um dever de todos e a colaboração de cada um é um factor de grande importância em cada momento, sempre que necessária.

Um bom político, em funções de chefia, nunca deve afirmar nada saber de um caso importante que esteja a causar preocupação pública. Deve estar sempre a par de todas as ocorrências na sua área, não podendo dar a ideia de estar sempre distraído mostrando indiferença de «o que acontecer depois se verá». E sacudir a água do capote não deve tornar-se uma atitude habitual e, tanto quanto possível, nunca deve ser usada como resposta a uma pergunta que pretende ser esclarecedora. Devem poder ter sempre uma posição clara nas matérias dos casos em que entram no conhecimento da opinião pública. O crescimento económico convém ser esclarecido pelos responsáveis de cada sector. O apoio à saúde constitui um direito individual a que o Estado não pode colocar restrições. As liberdades fundamentais educação, saúde e justiça não devem ser limitadas e exigem o máximo de eficiência para garantir a melhor qualidade de vida na sociedade. E as melhores condições do seu funcionamento aconselham a que sejam ouvidos os diversos sectores da vida social, a fim de serem evitadas reclamações públicas por parte de sindicatos e sejam estimuladas críticas de outros partidos para prejudicar a imagem dos governantes.

Quando se procura a alteração do sistema de avaliação existente é conveniente respeitar as especificidades das especialidades, encarando soluções para os diversos problemas, sem gerar insatisfação e revolta. As situações desagradáveis para as partes, como injustiças, desigualdades e discriminações, há necessidade de bom entendimento a fim de não ser criadas situações não sociais. Uma boa solução evita conflitos, mas não pode ser aceite, totalmente por qualquer das partes, sendo necessário haver cedências compatíveis com os interesses em jogo.

A propósito da colaboração convergente, li há pouco uma referência à demora da solução a dar ao novo aeroporto de Lisboa. O autor defende que uma decisão de tal valor deve ser preparada por técnicos especializados e não por políticos para não demorar mais dos 5 anos já esmagados por dúvidas, indecisões e anulação de projecto publicado.

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