domingo, 30 de setembro de 2007

Partidos. Líderes e estratégia de governo

Luís Filipe Menezes está de parabéns, porque atingiu o seu objectivo de ser líder do seu partido. Porém, não há a certeza de que o partido e o país também mereçam ser felicitados.

Tal como no atletismo, os vencedores das corridas devem ser os mais capazes, os mais rápidos a chegar à meta e não aqueles que passam rasteiras aos competidores para estes se atrasarem, também na política devia haver a preocupação desportiva de mostrar aos eleitores a sua capacidade de aplicar estratégias, mais eficientes para desenvolver o País e granjear melhores condições de vida à população, através do ensino, da saúde, da justiça, do apoio a idosos, etc.

Mas a política não tem a lisura do desporto saudável e viril, utilizando, pelo contrário, a rasteira, a cilada, a traição, a calúnia, com uma frequência indesejável. Porém o País não beneficia com golpes baixos que acabam por trocar incompetentes por outros mais ou menos iguais. O País precisa, sim, de inovação, de formulação de novos caminhos para atingir os objectivos atrás referidos. E essas novas directrizes não se estabelecem com os pés assentes na miséria da guerrilha partidária, mas com a cabeça à altura dos valores éticos e sociais equipados com os melhores princípios morais da verdadeira democracia.

Não interessa que, em 2009, o vencedor nos traga mais do mesmo, como tem acontecido nas últimas décadas. É indispensável que a oposição, isto é, a capacidade de alternância democrática, seja inovadora, preparando as medidas necessárias para as circunstâncias previsíveis do futuro, ou mesmo para a preparação de um futuro diferente do presente. Nada adianta, como outros já fizeram, repetir citações de Sá Carneiro, que esteve correcto numa data já distante, muito diferente da hodierna. A actual oposição tem de criar um corpo de doutrina que lhe permita, no futuro, poder governar de forma coerente e eficiente e, antes, como oposição, ter capacidade para controlar o Governo e dialogar com ele no sentido de evitar que este cometa erros prejudiciais ao País e de decidir de forma correcta com vista a um País (população) melhor. Em vez e demolir os governantes com activa guerra psicológica, deve colaborar construtivamente no sentido do máximo benefício para os cidadãos. Estes acabarão por demonstrar a sua gratidão quando forem às urnas. As pessoas não são tão estúpidas e distraídas como os políticos querem fazer crer, nos seus discursos egocêntricos.

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quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Haja respeito !!!

Não costumo referir-me a pessoas, preferindo focar a atenção em conceitos e em factos que confirmem valores ou lhes sejam lesivos. Mas, embora não seja admirador do Dr. Santana Lopes e tenha criticado muitos factos ligados às suas posições quando PM, é com muito gosto que elogio agora a atitude tomada quando, ontem, estando a ser entrevistado na SIC Notícias, a convite da estação, foi interrompido para ser dada em directo a chegada do avião com um ex-treinador de futebol de um clube inglês. Aquilo que tal canal de TV fez é sumamente incorrecto. É uma falta de respeito para o convidado que deixou a sua vida para ali estar e que se viu postergado por um motivo que não se apresenta com uma urgência ou prioridade que justificassem tal desrespeito por um ex-primeiro-ministro do nosso País.

Não comparo os valores das duas pessoas em causa, nem me pronuncio acerca do interesse comercial do canal perante a audiência e o que isto pode representar em lucros da empresa, mas acho que foi uma inaudita falta de respeito e consideração.

Santana Lopes, ao abandonar o estúdio e não querer retomar a entrevista, agiu com muita dignidade, evidenciando uma personalidade que, infelizmente, não tem sido muito frequente em políticos que, ou engolem todos os sapos para não perderem uns minutos de imagem na TV, ou reagem emotivamente saindo diminuídos perante os cidadãos mais sensatos.

Parabéns, Santana Lopes!

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quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Em que País estamos?

Reflorestação da Serra da Estrela num imbróglio

A Sociedade de Águas da Serra da Estrela (SASEL) do grupo Sumol promoveu em 2002 a campanha "Plante uma Árvore", com a finalidade de contribuir para a reflorestação da Serra que fora vítima de intensos incêndios.

Passados cinco anos, era suposto que estivessem arborizados cerca de 300 hectares, com 600.000 árvores, mas, segundo denúncia da Associação de Amigos da Serra da Estrela (ASE), conhecedora da área do Parque Natural, não é visível no terreno a reflorestação. A SASEL declara que tem pago as facturas aos viveiros, mas desconhecia esta situação. Porém, o que se apresenta muito estranho é que o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), parceiro neste programa de reflorestação das serras de Portugal, assume que não tem fiscalizado o projecto e, por isso, não pode afirmar com certeza, se existem e onde estão as árvores cedidas pela SASEL. Mas qual é o papel deste Instituto? Em que País estamos? Qual é o sentido das responsabilidades destes funcionários? Aproveitando esta incompetência e desleixo, há espertos que deram ao dinheiro um uso que lhes deve ser pessoalmente mais vantajoso, com prejuízo para a Natureza e a reflorestação da Serra.

O presidente da ASE, referiu ao JN que "há muito que andávamos desconfiados. O programa teve início em 2002 e cinco anos depois não são visíveis no terreno as plantações, que, pelos números divulgados pela SASEL, rondariam, no mínimo, 300 hectares. Uma dimensão que se faria notar na área total do parque, que ronda os 90 mil hectares e aos quais se têm de excluir 10 mil localizados no cimo da Serra onde não é possível arborizar".

Apesar de o director do Departamento de Gestão de Áreas Classificadas Litoral Centro do ICNB, insistir que "esta é uma campanha importante para nós, que queremos credível e transparente", na prática, ninguém parece saber onde estão grande parte das árvores, pese o facto do ICNB ter a lista das entidades a quem concedeu créditos para poderem ir a viveiros adquirirem as plantas e a quem, mais tarde, a SASEL pagava as facturas, como atrás ficou dito.

Nos últimos anos a campanha passou a desenvolver-se numa base de confiança nas entidades intervenientes, pelo que o ICNB supunha ter havido a plantação de 475 mil árvores na Serra da Estrela, em mais de uma centena de locais. Mas não fiscalizou, não controlou, não sabe dar contas das suas responsabilidades.

O Grupo Sumol, detentor da marca Águas Serra da Estrela, afirma que, desde o início da campanha, foram "angariadas mais de 600 mil novas árvores que foram disponibilizadas para plantação ao Parque Natural da Serra da Estrela, nas edições de 2002 a 2004, e ao ICN, a partir de 2005", por estas serem as "entidades competentes pela identificação dos locais de reflorestação e selecção das espécies de árvores".

Esta situação anedótica, inaceitável num Estado gerido com normal competência, faz lembrar o que se passava com o controlo das actividades económicas antes de as três instituições que se atropelavam e se desculpavam uma com as outras serem extintas e dado lugar à ASEA.

As reformas prometidas pelo Governo têm um grande e difícil caminho a percorrer.

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terça-feira, 25 de setembro de 2007

Kits

Cheguei há pouco do Centro de Saúde. Tempos intermináveis de espera, pois andava tudo muito ocupado em prevenções, planos de troca de seringas, etc. A rotina de um Centro de Saúde com muita "clientela" e poucos funcionários. Logo na entrada, um largo cartaz chamativo, uma pequena mesa com um Kit e vários panfletos.

Farta de esperar por um simples carimbo e uma receita, farta de ouvir protestos de utentes, que ainda por cima tinham que pagar para uma simples coisa de 1 minuto....resolvi começar a perguntar ás enfermeiras e a um médico (venezuelano?) que por ali passava, que projecto de trocas era aquele........
Trocas de seringas, Kits para os presos..........
"Ah, com direito a algodão, seringa, pensos, preservativos, isso tudo?
Sim, concerteza, a prevenção é a nossa aposta! Foi-me esclarecido.
Voltei á carga, com ironia: "Olhe e já agora, também fornecem a droga? É que eu não quero ser conivente com crimes, criminosos e ir contra a lei........"

Pois então, meus caros, expliquem-me: se me falarem na prevenção da SIDA e derem preservativos, tudo muito bem e até concordo plenamente. Agora, Kits para drogados? Mas o consumo e tráfico de droga não é punido por lei? Não é ilegal?
Então, não é suposto estarem presos muitos deles, por isso mesmo?

Onde moro, foi há pouco tempo preso um cidadão por isso (descansem que já não está a expensas nossas, pois com o tal novo código penal, já esta cá fora de novo, a exercer o métier habitual – passador de droga).
È suposto um preso "ir dentro" para ser punido por crimes contra os cidadãos, estado, etc.
Parece que neste país a ordem das coisas está um pouco alterada.....quem e punido, somos nós..........por ajudar a contribuir para o bem estar e a satisfação dos presos.
Quem será que lhes fornece a droga? O estado? MAS NÃO É ILEGAL?

E se não é o Estado, como existe droga lá dentro?
Porque se não a houvesse, não eram precisos KIts.
E a Metadona? Não era mais certo investir nesse projecto, em vez da distribuição absurda de kits e droga? Pois, mas os presos, coitados, iam logo queixar-se que estavam a ser maltratados e prejudicados no direito deles...a sua dose diária e obrigatória de prazer!, pois para isso, ali estão eles!

Expliquem por favor.......eu não entendo mesmo, meus neurónios.........fundiram.
Só que neste momento, estou a sentir-me criminosa.....e conivente com este estado de coisas.

Autora: Aruangua. Extraído do blog Mentira

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segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Os partidos precisam de séria reforma

Manuel Maria Carrilho publica no Diário de Notícias de hoje o artigo A implosão partidária que promete ser o primeiro de uma série em que desenvolve o tema da modernização da democracia partidária, em consequência de uma situação que tem vindo a agravar-se e que apresenta características implosivas.


Refere a indiferença e a ausência de reacção à sua contínua degradação, bem confirmada nas intercalares de Lisboa.

«Da gigantesca abstenção até aos valores obtidos pelos "dissidentes", da desmotivação dos cidadãos até à fragmentação dos eleitos, tudo veio ajudar a empurrar o descrédito partidário para limiares que podem ser verdadeiramente implosivos». Os partidos estão profundamente esclerosados, sem verdadeira coerência ou consistência.

Os partidos «tornaram-se cada vez mais organizações de eleitos sobretudo preocupados com a eleição seguinte». O fenónemo dos chamados "independentes", na verdade apenas dissidentes de ocasião, pode na verdade ter consequências muito negativas para a vitalidade da democracia.

«É, pois, urgente agir para melhorar a nossa democracia, e só há uma via: a de requalificar os próprios partidos, fazendo deles organizações mais pluralistas, mais transparentes e mais informais. Em suma, mais atractivas para quem se queira dedicar (em exclusivo ou em paralelo com as suas carreiras profissionais) à vida pública.»

O que se vê nos Governos dos principais Países europeus «são quadros partidários, com qualidade e experiência, que dão garantia de competência nas (naturalmente sempre controversas) funções que ocupam. E, nestas circunstâncias, a sociedade civil, os independentes e os movimentos de cidadãos somam competitivamente ideias e debates, projectos e desafios aos partidos, sem pretender substituí-los.

A reconquista da credibilidade dos partidos e dos políticos passa hoje por uma porta estreita, que é a da coerência com que praticam aquilo que proclamam, devendo assumir o que receitam. Devem «Reformar-se, combatendo o conformismo e valorizando internamente a criatividade, a competitividade e a audácia, com um objectivo nuclear: o de aumentar tanto o seu enraizamento popular como a sua capacidade de atracção das elites.»

Desejo e espero que M. M. Carrilho dê ao mundo a obra que há vários anos é esperada e que está fazendo falta. Os políticos precisam de uma «cartilha» que lhes sirva de apoio, que lhes dê uma orientação credível, coerente e bem estruturada, para melhor poderem zelar pela felicidade dos povos. Houve vários teorizadores ao longo da História e precisamos de um actual. Platão criou o conceito de Democracia; Nicolas Maquiavel deixou os seus conselhos ao Príncipe para melhor manter e consolidar o seu poder autoritário nas diversas situações; Cardeal Richelieu ajudou o seu rei a conseguir o poder absoluto; Nas revoluções contemporâneas francesa e americana surgiram impulsos quer académicos quer da experiência, de Alexis de Toqueville, Madison, Thomas Jefferson, etc, tendo Alexander Hamilton celebrizado o conceito «reflexão e escolha»; Posteriormente Frederik Engels e Karl Max lançaram uma teoria que entusiasmou os jovens, mas que foi desvirtuada na sua concretização prática, embora os seus princípios, muito próximos do cristianismo, mantenham alguma validade; Nos tempos mais recentes, surgiu a teoria da terceira via, amplamente explicada por Anthony Giddens, que atraiu vários governantes há poucos anos. Também na América surgiram alguns pensadores, mas que pecaram por se terem limitado em torno de interesses pragmáticos do momento, como Francis Fukuyama, Samuel Huntington, etc.

Os políticos de hoje, com pouca preparação e apetência para o estudo, precisam «mandamentos » sintéticos e facilmente digeríveis. Este texto de Carrilho tem a virtude de estar escrito de forma clara, facilmente interpretado, em condições de ser compreendido pelo pessoal que respira o mesmo ar dos governantes. Por isso, há muito que esperar da sua mente esclarecida para a definição das políticas do futuro. É isso que lhe desejo para coerência e consistência da governação do País.
Seja o líder académico dos nossos políticos!

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Um país mais seguro?

Por Manuel António Pina, jornalista, Jornal de Notícias

Não sejamos hipócritas. Grande parte dos indivíduos que o novo Código de Processo Penal tem posto em liberdade (e os que ainda libertará, pois o Supremo foi, de um dia para o outro, inundado com pedidos de repetição de julgamentos e com "habeas corpus" reclamando novas libertações) só formalmente são "preventivos".

Muitos são criminosos condenados a pesadas penas e alguns considerados extremamente perigosos. Só à custa de recursos atrás de recursos as suas sentenças não tinham ainda transitado.

Agora, com todos esses cidadãos exemplares de novo à solta, o ministro Alberto Costa é o único que acredita que o país está mais seguro e que, no dia do trânsito em julgado das sentenças, todos se apresentarão pontualmente à porta da prisão para cumpriram 15, 20 ou mais anos.

Das duas uma, ou situações como estas foram previstas ou não foram. Em qualquer dos casos, o que fica à vista é a irresponsabilidade da tal comissão que "andou anos a estudar a reforma penal" e dos "yes men" do PS e PSD no Parlamento que a aprovaram de cruz.

Depois, porquê tanta pressa na entrada em vigor do Código?

Haveria algum incêndio (ou algum furacão) por perto? Ao que parece, havia. Resta saber se toda a água garantística que o CPP possa deitar na fervura chegará para o apagar.

NOTA: Embora neste texto o autor tenha deixado pontos de reflexão suficientes para fazermos uma meditação profunda, poderão ser lidos os seguintes artigos publicados no mesmo jornal. Todas as decisões políticas têm repercussões na vida da colectividade, por vezes mal previstas pelos decisores, mas esta poderá ter graves efeitos perversos.

O filho do Pacto!
PCP contra novo Código

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domingo, 23 de setembro de 2007

Erradicar a pobreza. Começar já.

Estamos numa data em que somos convidados a reflectir na pobreza, esta chaga social que deve mexer com a consciência dos mais favorecidos na vida e obriga a pensar aqueles que não têm capacidade para trabalhar ou não querem fazê-lo. É uma convicção adquirida que as causas da pobreza só podem ser removidas se forem modificados os factores económicos, sociais e culturais que a geram e perpetuam.

É ponto assente que cada um tem de procurar produzir riqueza suficiente para poder viver (habitação, vestuário, alimentação e algo mais). Como, no entanto, há deficientes incapazes de produzir aquilo que lhes é necessário, o Estado através dos impostos recebe dos mais ricos o suficiente para o sustento daqueles. Há também os desempregados que, enquanto a procura de trabalho não resulta, precisam de ajuda para superar as dificuldades, que estejam fora da capacidade das suas poupanças. E há outros que não têm o necessário conhecimento para gestão da sua economia, malbaratando o salário logo que o recebem em despesas desnecessárias e que nem lhes trazem um prazer compensador.

Para obstar a estes aspectos negativos, é indispensável ensinar às crianças que é preciso merecer aquilo de que se necessita, o dinheiro é finito e o que se gasta em guloseimas deixa de poder ser utilizado nuns ténis, etc. Nas escolas, esses ensinamentos devem continuar e ser aprofundados no ensino da aritmética e a propósito de qualquer momento que a isso se preste. Mais tarde, é preciso criar apetência pela formação profissional, pelo desejo de aprender a fazer algo de útil, algo que justifique receber um pagamento justo.

A esmola não é solução a não ser em casos pontuais bem definidos, porque ela avilta quem a recebe e, muitas vezes, deforma a mente de quem a dá. Por alguma razão a Bíblia diz que ela deve ser dada com a mão direita sem que a esquerda veja. Há que evitar a arrogância, a ostentação, a vaidade daquele que se diz generoso.

Há pouco tempo, os jornais ocupavam muito espaço com o programa Novas Oportunidades, mas cedo se percebeu que muitos intervenientes limitaram o seu objectivo à obtenção de diplomas de cursos superiores de maneira habilidosa, sem bases sólidas, sem que isso correspondesse a aquisição de conhecimentos, competência e eficiência de desempenho. As boas intenções porventura existentes na génese do programa acabaram por se traduzir num incentivo da caça ao canudo. Na minha santa ingenuidade, pensava que as Novas Oportunidades eram pistas, através de uma rápida formação profissional, com vista a novas actividades produtivas para realização pessoal e benefício da economia nacional. Coisas práticas, como por exemplo, conselhos para a criação de pequenas empresas explorando nichos de mercado, principalmente nos sectores das modernas tecnologias tão do gosto dos jovens.

Tive, há dias, conhecimento de uma jovem que se licenciou há seis anos num ramo de sociologia com poucas ofertas de emprego e ainda não iniciou qualquer trabalho por, segundo ela, não ter encontrado funções compatíveis com o seu diploma, continuando a viver à custa dos pais que trabalham e vivem com dificuldades. Parece que à medida que o tempo passa, a idade avança e os conhecimentos esquecem, perde possibilidade de vir a encontrar o tal «emprego compatível» e candidata-se, quando os pais lhe faltarem, a engrossar a lista dos pobres.

De sentido contrário, conheço de perto um caso curioso passado com um nosso emigrante nos EUA, que mostra a facilidade com que muitas pessoas encaram as novas oportunidades sempre que, por qualquer motivo, interrompem a actividade que vinham exercendo e querem continuar a auferir de rendimentos compatíveis com uma vida desafogada, sem carências. Trata-se de um professor universitário doutorado em Física Nuclear que trabalhava em regime de contrato bianual, já tendo passado por duas ou três universidades. Na última, dado o seu desempenho, prolongaram-lhe, a título excepcional, a prestação de serviço por mais um ano, ao fim do qual teria de concorrer a outra. Entretanto tinha casado com uma médica que o tinha acompanhado nas duas últimas cidades universitárias, mas que agora estava em óptimas condições de trabalho num hospital local, e tinha dois filhos a estudar. Analisando a situação familiar concluíram que dadas as condições vigentes, um dos dois tinha que mudar de profissão e concluíram isso ser mais fácil para ele. De repente, ele disse ao pai: «que pensavas se o teu filho passasse a ter uma padaria e a produzir pão tipo italiano que cá na terra tem muita procura?»

Esta era uma atitude de completa abertura a qualquer solução digna, sem preconceitos. Desde a papelaria, ou o quiosque de jornais, ou uma empresa de prestação de serviços ligeiros, tudo pode se tomado como solução possível, em alternativa à ociosidade e à mendicidade.
Mas, em qualquer estudo de situação seriamente conduzido, a decisão cairá sobre a melhor das hipóteses formuladas, depois de uma comparação cuidadosa das vantagens e inconvenientes de cada uma.

Mas, com as habilitações académicas que tinha, certamente, apareceria melhor solução. E acabou por entrar para uma grande empresa de seguros de saúde, cuja formação profissional incluiu uma licenciatura específica e um acesso rápido através de várias funções que serviram de estágio e preparação para o alto cargo que hoje desempenha.

Na vida nem tudo é rectilíneo, seguindo o caminho mais rápido e directo. Por vezes é mais racional e lógico imitar a água que, da nascente à foz do rio, vai sempre pela linha de maior declive, contornando elevações e outros obstáculos, não gastando energias desnecessariamente. Mas, mesmo a água, não age passivamente, sem esforço, nem com resignação absoluta. Se depara com um obstáculo intransponível, pára, acumula energia, eleva o nível e, quando a força já é suficiente, derruba o obstáculo, se não o consegue ultrapassar por cima ou pelos lados.

O êxito na vida não cai no prato, pronto a consumir. Cabe-nos uma quota parte da preparação do êxito pessoal ou profissional da nossa vida. Salvo um golpe de sorte que soubemos aproveitar ou uma qualquer contingência que não podemos controlar, o futuro trará o fruto da semente que agora semearmos, nas pequenas decisões quotidianas. E estas devem ser coerentes com os nossos objectivos e não movidas por vaidades, ostentações e estímulos passageiros e voláteis que acabam por trazer sabor amargo.

Estas reflexões vêm na sequência dos seguintes posts e artigos:

Celebremos o 1º de Maio,

Novas oportunidades

Quem atrapalha a sua vida?

Ultrapassar as dificuldades e vencer,

Um deficiente vencedor,
O fosso entre ricos e pobres
Pobreza ofende direitos humanos

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sábado, 22 de setembro de 2007

Suu Kyi, exemplo de perseverança, contra a ditadura

Oposicionista birmanesa Suu Kyi saiu hoje de casa

A oposicionista birmanesa Aung San Suu Kyi, sob reclusão domiciliária há mais de quatro anos, saiu hoje da sua casa em Rangum para cumprimentar monges budistas que se manifestavam contra a Junta Militar, indicaram testemunhas.

Geralmente, forças de segurança bloqueiam a avenida onde se situa a residência de Suu Kyi, mas hoje excepcionalmente um milhar de manifestantes pôde passar diante da sua casa.

Aung San Suu Kyi, 62 anos, saiu de dentro da casa com lágrimas nos olhos em companhia de duas outras mulheres e foi cumprimentar os monges, alguns dos quais começaram a chorar, ainda segundo relatos de testemunhas.

Apesar de chover, os monges permaneceram diante da residência da oposicionista durante cerca de quinze minutos, dizendo uma oração:«sejamos totalmente livres de qualquer perigo, de qualquer dor, da pobreza e que a paz esteja nos nossos corações e nos nossos espíritos».

Cerca de 20 polícias tinham momentos antes retirado as barreiras que bloqueiam a avenida e não interromperam a procissão religiosa, segundo as mesmas fontes. Mal os monges partiram, as forças de segurança voltaram a encerrar a artéria.

Suu Kyi saíra da sua residência pela última vez em Novembro de 2006, altura em que a Junta Militar a autorizou a encontrar-se durante uma hora com um enviado especial das Nações Unidas, Ibrahim Gambari.

Aung San Suu Kyi, prémio Nobel da paz em 1991, está reclusa em casa há mais de quatro anos e foi privada de liberdade durante a maior parte dos últimos 18 anos.

A Liga Nacional para a Democracia (LND), partido que co-fundou em 1988, venceu por larga maioria nas eleições legislativas de 1990, mas os resultados foram rejeitados pelos generais no poder.

Desde o início da semana, jovens monges budistas aderiram a um movimento de protesto desencadeado em 19 de Agosto contra a Junta após o aumento em 50 por cento dos preços dos combustíveis e dos transportes públicos.

Hoje, cerca de um milhar de monges desfilaram pelas ruas de Mandalay, no centro da Birmânia, enquanto 2.000 outros o fizeram em Rangum, a maior cidade do país.

A marcha em Mandalay, que conta com numerosos locais de culto budistas e centros de educação religiosa, terminou sem incidentes, o mesmo acontecendo com a de Rangum.

Diário Digital / Lusa

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sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Sinais positivos

Embora já aqui tivesse surgido um comentário a insinuar que só se diz mal, a verdade é que não se cultiva a maledicência nem se fazem ataques pessoais. Referem-se casos que não deviam existir, antes deviam ser evitados ou corrigidos. Da existência de tais casos não temos a mínima culpa e, ao referi-los, usa-se um estilo didáctico e, sempre que possível, sugerem-se pistas para melhor actuação.

Uma boa crítica deixa sempre uma seta para a solução que pareça ser a melhor, embora possa haver mil opiniões diferentes sobre o mesmo assunto.

Neste momento, é justo que, das notícias de hoje se retirem dois casos positivos, para os enfatizar, por poderem servir de estimulo a outros agentes económicos.

1. A jovem marca de calçado portuguesa Goldmud, da empresa Whywhe, foi distinguida com o prémio "Revelação", em Milão, onde decorre, desde ontem e até amanhã, a maior feira de calçado do Mundo.

A representação portuguesa nesta feira é formada por 85 empresas e é a segunda maior do certame, que reúne mais de 1600 empresas do sector de calçado de todo o Mundo.

O prémio "Revelação" foi a grande novidade desta edição e visa "destacar o facto de terem sido criadas, desde o início do ano passado, mais de 60 novas marcas de calçado em Portugal".

2. Quanto aos têxteis, as exportações portuguesas confirmaram, em Junho, a tendência de crescimento desde o início deste ano, com o semestre a encerrar com um aumento global de 1,1%. Em comunicado, e tendo por base os últimos dados do INE, a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) refere que as vendas de artigos têxteis e vestuário ao exterior somaram até àquele mês perto de 2 128 milhões de euros.

Porém, estes dados, embora animadores não são para embandeirar em arco, porque ainda não cobrem as importações do sector que registaram uma evolução positiva de 4,2% até Junho, com destaque para o vestuário de malha, com 13,4% e de tecido com 6,8% de aumento. Mas, embora seja um sinal débil, poderá ser o inicio de uma recuperação sustentada.

Oxalá os nossos empresários se entusiasmem na inovação e na revelação e aumentem o seu volume de negócios, do qual obterão mais lucro, haverá mais benefício para trabalhadores e fornecedores, pagarão mais impostos e, em resultado do aumento do poder de compra, irão consumir mais e dinamizar o comércio e outras indústrias. O enriquecimento do País depende dos êxitos de cada um e «todos não seremos demais para tornar maior Portugal».

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quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Líderes solitários

Só em situação patológica se pode imaginar um pastor, um líder, a correr pela picada, muito convicto do seu bom desempenho e, quando pára e olha à volta, não sabe onde está e não vê seguidores. Está só e desorientado.

Embora, pareça uma situação fictícia e virtual, não o é, pois vemos casos destes com frequência, nos gabinetes governamentais, como as notícias nos indicam.

Na Justiça, não houve a preocupação de congregar as vontades dos juízes e funcionários judiciais no sentido de tornar a justiça mais célere e eficiente, à semelhança do que ocorre em países mais evoluídos. Pelo contrário, desencadeou-se um conflito a propósito das férias judiciais, deram-se carros novos e potentes aos quadros superiores para os comprometer com o Governo, e fecharam-se tribunais no interior. A publicação do CPP e a sua rápida entrada em vigor sem ter sido bem compreendido pelos agentes da Justiça levantou nova polémica.

Na Educação, também se considerou que, para marcar posição de domínio, era necessário confrontar os professores, impor a TLEBS, determinar repetições de exames condenadas pelo tribunal, encenar teatrada com falsos estudantes e professor e fazer uma festarola dispersa por todo o País com todos os membros do Governo nas vésperas da abertura das aulas. As promessas de prolongar o ensino obrigatório, nada resolvem na preparação efectiva dos estudantes para a vida prática e dá aso a mais críticas e divergências, apenas com a vantagem de aumentar postos de trabalho para professores. E assim se prejudica o País para beneficiar a classe dos professores. Mais incoerências de governantes. Também o fecho de escolas no interior é contrariado pela intenção de o Governo apoiar o investimento empresarial e o repovoamento daquelas zonas.

Quanto ao estudo da Deco sobre a insalubridade nas escolas, devia ter havido menos arrogância e mais realismo da parte do ministério. Com efeito, nada é perfeito. Encontram-se sempre problemas que devem ser reparados. Isso é inevitável. E neste caso, seria muito mais eficiente e simpático reagir de forma parecida com esta:
Realmente há deficiências que ainda não pudemos reparar, mas estamos a fazer tudo para as eliminar o mais rapidamente possível. Ficamos gratos pelos alertas que recebemos da parte de cidadãos e instituições, a fim de melhorar a forma de servir os estudantes e o povo em geral.
Teria sido muito mais democrático!!!

Na saúde, também se iniciou com a confrontação com médicos e farmácias e, ainda agora, são proferidas frases desagradáveis para a generalidade dos médicos. Se o ministério tem por finalidade o tratamento dos doentes, não se vê como o pode conseguir sem médicos e outros profissionais da saúde, motivados e apoiados com as condições indispensáveis. Não se vê que mistérios de liderança levam ao encerramento de maternidades e de urgências no interior do País, resultando em nascimentos e mortes em ambulâncias em viagem para os locais distantes que lhes são impostos, agravado pela escassez e velhice destes veículos especiais.

É crível que, em todas as profissões, há pessoas menos dedicadas e eficientes, mas a condução de homens, a liderança, obtém-se pela formação, pelo esclarecimento, pela persuasão, mais do que pelo chicote e a hostilização e amaça sistemáticas. Pastorear homens não é bem a mesma coisa que apascentar rebanhos e, mesmo estes, não reagem da melhor forma ao uso exclusivo da violência.

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O (des)prestígio dos políticos

Jorge Sampaio, quando PR, numa visita ao concelho de Sátão, no distrito de Viseu, em discurso oficial, apelou para a necessidade de combater a «campanha anti-política» e para se prestigiarem os políticos. Fê-lo no local errado e perante a audiência menos adequada.

Apraz-me ter escrito esta ideia, na ocasião, numa carta aos jornais, em que sugeria que tal apelo fosse feito perante uma reunião alargada de deputados, governantes e autarcas, pois são eles que, com o desempenho das suas funções, os seus comportamentos, atitudes e acções, se tornam ou não merecedores de prestígio, respeito e consideração. As pessoas do Sátão, como as de qualquer ponto do País, nada podem fazer a favor desse prestígio a não ser continuar de olhos fechados, indiferentes às «palhaçadas» dos políticos.

Um outro facto merece ponderação pela forma como o «prestígio» tem sido encarado. No momento da tomada de posse do Dr. João Bosco Mota Amaral na Presidência da Assembleia da República, o seu antecessor discursou no sentido de se prestigiarem mais os deputados aumentando-lhes o vencimento e as regalias. A seguir, o empossado, mais sensato, defendeu o mesmo objectivo do aumento do prestígio dos parlamentares, mas este devia ser obtido pelo seu desempenho na feitura de leis adequadas às necessidades do País, na defesa dos interesses da população, legal detentora da soberania, e no controlo dos actos do Governo para que tudo funcionasse sem atropelos de valores e princípios democráticos, decorrentes da vontade do povo soberano.

Mas as palavras de Mota Amaral tiveram o mesmo efeito que o «sermão de santo António aos peixes» de Padre António Vieira. Na realidade, todos procuram obter o máximo benefício pessoal, sem cuidarem da defesa de quem neles votou para serem seus representantes. Aliás, o sistema vigente, sem eleições directas não cria laços entre eleitores e eleitos, desresponsabiliza os eleitos que arrogantemente se julgam no direito de decidirem o que lhes vem à cabeça.

Estas reflexões foram sugeridas pela notícia de que ontem a comissão parlamentar de Finanças foi anulada por falta de quorum. Apesar das badaladas novas regras que pressupunham os deputados mais responsabilizados e o Governo mais fiscalizado, não deixou de haver esta palhaçada, que já teve um antecedente espectacular na quarta-feira santa de poucos anos atrás, em que o plenário se viu impossibilitado de votar os diplomas agendados, por falta de quorum.

Bem dizia Jorge Sampaio, embora em local errado e para ouvintes inocentes destas balbúrdias, que é preciso prestigiar os políticos. Bem precisam, para «Bem da Nação»!!! Mas não vejo que consigam adquiri-lo! Não é com arrogância nem com vaidosas preocupações de retoques da imagem que atingem esse desiderato. Para melhorar, isto precisa mais do que cosmética.

E qualquer dia, com as centenas de novos assistentes pessoais dos «senhores» deputados, pagos pelos contribuintes, os deputados passarão a fazer-se representar nas bancadas do hemiciclo e nas comissões. Pelo andar da carruagem, não admira que tal venha a acontecer! Com tais famosos antecedentes, tudo é possível. Oxalá me engane.

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quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Escolas insalubres

Um estudo da associação portuguesa para a defesa dos consumidores, Deco, revela que
muitos alunos passam frio e são sujeitos a uma má qualidade de ar dentro das salas de aula e concretiza que quatro em cada cinco escolas têm temperaturas baixas e excesso de humidade no ar.

São estas as principais conclusões de dois estudos realizados com base em 40 salas de 20 escolas de todo o país, realizados em Fevereiro, e agora publicados nas revistas “Pro Teste” e “Teste Saúde”. Há deficiências de renovação do ar e humidade elevada, em muitos casos devido a deficiência construção, e criando condições propícias ao desenvolvimento de bactérias e fungos. A Deco recomenda que estas deficiências "exigem atenção urgente do Governo".

Em reacção, o Ministério da Educação acusa a Deco de estar a recorrer às escolas públicas "para efeitos de autopromoção mediática baseada em relatórios tecnicamente errados". Segundo a tutela, a Deco divulga "resultados de pretensos estudos sobre escolas que dão uma imagem negativa do sistema e ensino públicos". "As insuficiências, deficiências e falta de rigor desta instituição na produção destes pretensos estudos levam o ME a não lhe reconhecer qualquer capacidade técnica para o efeito", lê-se numa nota de imprensa.

Face a esta posição do Governo, a Deco reagiu de forma lógica: "Uma vez que o Ministério da Educação contesta o nosso estudo apelamos a que tornem público os estudos efectuados sobre o bom conforto térmico e a qualidade do ar das escolas portuguesas", disse hoje à Lusa Rita Rodrigues, da Deco. Esta lançou ainda uma pergunta ao ministério: "Se em 20 escolas detectámos tantos problemas, como estarão as restantes?". Segundo ela, as amostras dos estudos realizados ao longo dos anos têm demonstrado que ilustram a realidade nacional. "Acreditamos que neste caso também não estamos longe da realidade", acrescentou.

No debate ocorrido na SIC-Notícias, esta tarde, o representante do ministério repetiu os argumentos da nota enviada à imprensa, sem esclarecer as condições em que se encontram as escolas e a única nota positiva é que, à medida que são feitas intervenções nas instalações, são retiradas as placas de amianto, o que nos leva a concluir que passarão muitas décadas até que a última placa desapareça nas escolas portuguesas. Os pais das crianças que frequentam as escolas espalhadas pelo País esperam que o ministério mande observar, de forma isenta e realista, as condições de todas as escolas, torne público o relatório resultante e, de seguida, proceda às reparações necessárias. Se assim fizer mostra interesse pelo assunto e aproveita esta achega da Deco, o que é mais racional do que ficar abespinhado como o representante na SIC-Notícias.

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Incapacidade de estudar a fundo uma questão

Portugal no seu pior

Editorial de José Leite Pereira, Director do Jornal de Notícias, 19 Set

Ouve-se e não se acredita a Judiciária não conhece o novo Código de Processo Penal; não recebeu nenhuma formação para lidar com as novas situações; não tem texto a que se agarrar, pois não há nenhum livro com o novo articulado, restando-lhe o recurso à Internet.

Os funcionários judiciais enfrentam o mesmo tipo de problema. Magistrados, juízes e juristas em geral saltaram para a Comunicação Social (porquê só agora?) com dúvidas e protestos. As portas das cadeias têm-se aberto para gente que lá dentro tinha ainda penas graves para cumprir e que sai quase sempre por excesso de prisão preventiva, dando a ideia de que ninguém testou nada e que a surpresa de quem detém a chave da cadeia é tão grande e sincera como a nossa. A cereja em cima do bolo põe-na o procurador-geral da República, dizendo que a maioria que aprovou o Código só não o altera se não quiser.

Aí temos o pior de Portugal incompetente, incapaz de estudar a fundo uma questão, reformando pela rama e sem fundamento sério, vogando ao sabor de alguém que conseguiu impor a sua vontade perante uns quantos que não foram capazes de apontar-lhe as falhas. E bem à portuguesa também, ouvem-se críticas das corporações, que poderiam ter falado antes - e iam a tempo - e agora ajudam à desgraça. Bem à portuguesa, a situação há-de remediar-se. Bem à portuguesa, o ministro António Costa vem pôr água na fervura, porque bem à portuguesa ele entende que não há nada pior do que reconhecer um erro; é por isso que quando ouve o procurador alertar para a escassez dos prazos na investigação, Costa responde com "boutades " como estas: os prazos são sempre curtos quando as investigações se revelem complexas; ou o exercício da acção penal também se quer rápido. Enfim, os governos são feitos de gente e há ministros mais competentes do que outros. Mas que diabo, logo na Justiça, que é uma área vital, haveria de calhar tão grande fragilidade!

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terça-feira, 18 de setembro de 2007

Somos gente ingovernável

Não é possível encontrar governantes com capacidade milagrosa para governar este rectângulo povoado com gente como nós. E eles saem do âmago desta população, sofrendo dos mesmos defeitos atávicos.

Nos dias de hoje, com tanta preocupação com o ambiente, pelo menos em palavras teóricas, é convicção geral de que a energia do futuro assentará nas fontes renováveis, como a eólica a solar e a hídrica, que não poluem a atmosfera. Com base neste conceito, há planos para o aproveitamento da barragem do baixo Sabor e, também, para as de Fridão, Foz Tua e Vidago, estando a execução destas prevista até 2020, representando os três projectos juntos 487 megawatts, quase 10 % da actual potência hídrica instalada.

Já tínhamos assistido a pressões de «intelectuais» dos sectores da ecologia e da arqueologia que travaram por dezenas de anos a barragem do Alqueva, impossibilitaram a de Foz Côa e têm atrasado a do Sabor. Agora, ao ser conhecida a intenção da construção da barragem de Fridão, no Frio Tâmega, a 12 quilómetros de Amarante, a autarquia aprovou, ontem, por unanimidade, uma moção contra a sua construção, alegando questões "ambientais, de segurança e patrimoniais". E não se trata de questão de tricas partidárias, pois o presidente do executivo municipal, o socialista Armindo Abreu, contou com o apoio dos vereadores do PSD e do Movimento Amar Amarante.

O argumento usado para a oposição ao empreendimento assenta em questões de segurança, ambientais e patrimoniais. O presidente considera um «perigo» a cidade ficar com um "enorme depósito de água" a escassos quilómetros da cidade. "Não queremos um lago de águas pestilentas na cidade", argumentou o autarca que também referiu a "degradação da água, por ficar estagnada».

Ora é sabido que a produção de electricidade não se consegue com água estagnada, mas sim com água corrente. É considerada uma riqueza uma cidade ter um rio ao lado, como espelho de água, onde se podem praticar vários desportos náuticos. Conclui-se que se trata de uma visão egoísta, sem sentido de Estado e com o desejo de adquirir visibilidade por dificultar o Governo na prossecução do desenvolvimento nacional e preservação da qualidade do ar, evitando o CO2 produzido pelas centrais a combustíveis fósseis.

«Povo que não se governa nem se deixa governar».

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segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Teimoso, casmurro ou perseverante?

O primeiro-ministro José Sócrates pronunciou a seguinte frase "Bem sei que dizem que sou teimoso. Mas se não fosse teimoso, não haveria reformas, nem mudanças, nem progresso."

Preferia que o primeiro-ministro do meu País fosse considerado perseverante e não teimoso ou casmurro. Embora os significados possam ser muito semelhantes, teimoso costuma ser considerado um defeito asnático, enquanto perseverante é mais usado como uma virtude ligada á pertinácia, à insistência.

Mas a virtude da perseverança ou da pertinácia é função da bondade do objectivo a atingir e, portanto, da sua definição judiciosa, segundo as boas regras do planeamento. Ora, temos constatado que os nossos governos não têm seguido normas razoáveis, muito menos boas, para preparar as suas decisões. Quase sempre, parecem utilizar um cata-vento em vez de uma boa bússola para se orientar nas escolhas dos rumos a seguir. Em consequência, saem as hesitações, as contradições, as incoerências, como aqui tem sido referido em vários posts, não por prazer de fazer crítica, mas à laia de alerta com intenção de ver corrigido aquilo que parece ter saído mal.

Decisões que não são bem preparadas com razoável conhecimento das alternativas possíveis e com previsões realistas dos efeitos posteriores, além de desperdício de recursos, em que o tempo não é o mais desprezível, acarretam desprestígio, e obrigam a recuos como tem acontecido na Saúde e na Educação e nas Obras Públicas (Ota).

Em termos resumidos, as normas e planeamento, ou de preparação da decisão passam por
1) definir com clareza e de forma que ninguém tenha dúvidas, o resultado pretendido.
2) Em seguida, por um conhecimento perfeito do ponto de partida, isto é, da situação vigente, com análise de todos os factores com influência no problema que se pretende resolver.
3) Depois, esboçar todas as possíveis formas de resolver o problema para atingir o resultado, a finalidade, o objectivo ou alvo; nestas modalidades não deve se preterida nenhuma, por menos adequada que pareça.
4) A seguir, pega-se nas modalidades, uma por uma e fazem-se reagir com os factores referidos em 2) e verificam-se as vantagens e inconvenientes; é um trabalho de previsão de como as coisas iriam passar-se se essa fosse a modalidade escolhida.
5) Depois desta análise das modalidades, uma por uma, faz-se a comparação entre elas com vista a tornar possível a escolha.
6) O responsável pela equipa, o chefe do serviço, da instituição, o ministro, o primeiro-ministro, conforme o nível em que tudo isto se passa, toma a sua decisão, isto é, escolhe a modalidade a pôr em execução.

Depois de tomada a decisão, tem lugar a perseverança, sem nunca esquecer a finalidade a atingir, referida em 1). Mas a perseverança não é teimosia, porque no curso da realização da modalidade escolhida tem de haver ajustamentos, face a reacções imprevistas de alguns dos factores, por forma a atingir a finalidade, o porto de destino. São as correcções de rota que qualquer condutor de meio de transporte, em terra, no mar ou no ar, tem de fazer quase em permanência. Um piloto que decida casmurramente ser teimoso ao ponto de não tocar no leme durante todo o percurso arrisca-se a ir parar a muitas milhas de distância do destino desejado.

Com este entendimento não posso elogiar o primeiro-ministro por se considerar teimoso, prefiro que escolha o adjectivo perseverante, pertinaz, mas em relação à finalidade e não ao percurso. Este tem que ser coerente, convergente, mas flexível sempre à busca do itinerário mais adequado, como faz qualquer condutor em todo o terreno.

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Ambulâncias em risco de ruptura

As ambulâncias, além de muitas estarem exageradamente velhas, já tendo ultrapassado há muito o tempo normal de vida, têm sido submetidas a um acréscimo de deslocações e do tempo médio dos serviços de emergência, decorrente de encerramentos de maternidades e serviços de urgência por determinação ministerial.

A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) faz um diagnóstico parcelar, com base nas respostas já recebidas ao inquérito enviado às associações, de que uma centena e meia de ambulâncias estão "em risco de ruptura". Trata-se de assunto que merece ser meditado por todos os portugueses, já que os governantes o têm ignorado.

1. Quanto à idade das viaturas, seria do maior interesse que o Governo (talvez o MAI que tem a tutela dos Bombeiro e da Protecção Civil), tendo bem presente a noção correcta dos interesses nacionais em que se inclui a melhoria das condições de vida da população, informasse o Pais sobre a idade média das ambulâncias existentes, incluindo as o INEM, dos Bombeiros e de empresas privadas. E que comparasse o número assim obtido com o correspondente à idade média os veículos ligeiros de passageiros usados por membros do Governo, seus gabinetes, deputados, directores de serviços, administradores de Instituições públicas ou com dinheiro publico.

Perante estes números, cuja discrepância é facilmente previsível, deveria ser feita uma sondagem com vista a saber se a opinião pública concorda que isso está correcto ou se a diferença devia ser de sentido inverso ao existente. Se concorda que, como está, corresponde aos objectivos de dar à população o melhor apoio em cuidados de saúde. O que será melhor para o povo português, como está ou ao contrário?

2. Quanto ao uso intensivo a que as decisões do ministro da Saúde as obrigam, seria bom saber se esses efeitos foram previstos pelo ministro nos estudos preparatórios dessas decisões de reduzir os apoios de saúde descentralizados. As decisões exigem previsão dos seus efeitos e comparação das diversas modalidades de acção para escolher a melhor. Neste aspecto, a resposta também é previsível. O sistema político vigente não tem sido consentâneo com a desejável nomeação de assessores por concurso público, de forma a seleccionar os mais capazes e competentes, pois, pelo contrário, assenta no «critério» de confiança política. Indivíduos pouco dotados, com ambições políticas (muitas vezes as únicas ao seu alcance) procuram «não fazer ondas» e evitam levantar objecções. Perfeitos «yesmen» que pretendem estar sempre «bem vistos» para subirem na carreira política. Daí resulta que o esboço inicial de uma decisão não recebe críticas, nem achegas ou sugestões para evitar erros e receber melhoramentos, e acaba por sair com deficiências graves, como as que já, por várias vezes, levaram o ministro a ter de «recuar».

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Ausência de autoridade internacional. ONU ineficaz

Ontem, «Dia Mundial por Darfur», cerca de 100 pessoas participaram, numa concentração no Largo de Camões, em Lisboa, para alertar a comunidade internacional para a crise que a região do oeste do Sudão enfrenta.

Manifestações semelhantes realizaram-se em mais de 30 países, para exigir uma acção urgente que ponha fim à violência em Darfur, onde quatro anos de guerra civil provocaram mais de 200 mil mortos e 2,4 milhões de deslocados e refugiados. A concentração em Lisboa foi organizada pela Plataforma "Campanha por Darfur", que congrega sete organizações não-governamentais (ONG), e que está a promover igualmente uma petição para ser entregue à presidência portuguesa da União Europeia (UE).

Nos dias actuais, quando nos debruçamos sobre situação que se vive em vários pontos do globo como no Líbano, no Iraque, no Irão, na Coreia do Norte, na Somália, no Darfur e nos casos por resolver, há muitas décadas, da Caxemira e do Sahara Ocidental, fala-se da impotência da ONU e da ausência de autoridade internacional formal, porque, segundo muitos, a autoridade informal reside no Clube Bilderberg e nas grandes organizações económicas supranacionais. Achei que poderão ter algum interesse umas reflexões que alinhei tempo a propósito da situação no Sudão.

Sudão e ausência de autoridade internacional

O Sudão é o país africano de maior extensão, com uma composição populacional extremamente complexa – 252 grupos étnicos – e várias religiões em que predominam os muçulmanos sunitas, a Norte, seguidos dos discípulos de crenças tradicionais africanas e dos cristãos, a Sul. Estas características humanas, a sua posição geoestratégica e a exploração de petróleo, recentemente iniciada, têm sido factores de uma história acentuadamente conflituosa. Ocupado por egípcios, turcos e britânicos e desejado pelos franceses, acabou por ver proclamada a independência em 1955.

Desde os primeiros dias de Estado independente, ainda não houve uma paz verdadeira devido à luta pelo poder, entre várias facções islâmicas e ao desejo de estas oprimirem os povos do Sul. Desde 1983, está em curso uma rebelião dos povos do Sul, de maioria cristã, contra o regime muçulmano de Cartum. É a guerrilha mais antiga de África que tem continuado, apesar de muitas tentativas de apaziguamento, aconselhadas e mediadas por países ocidentais e africanos. Os combates já fizeram mais de um milhão de mortos.

Após o golpe militar apoiado pela Frente Islâmica Internacional, em 1989, a insegurança passou a ser permanente, com um medo doentio em cada coração. Por pressão daquela Frente Islâmica, foi dado asilo em mansões luxuosas, nos arredores da Capital, a proscritos como Osama bin Laden e a Carlos o Chacal. O poder foi partilhado, de forma informal, pelo Presidente general Omar al-Bashir e por Hassan Turabi, o pai intelectual do movimento islamista do Sudão, antes de este ser colocado em prisão domiciliária.

Em 2002, os rebeldes do SPLA (Exército de Libertação do Povo do Sudão) - que lutavam há 20 anos contra a opressão do Governo no Sul do país - pressionados pelo Ocidente a terminar com a guerra civil, assinaram um frágil cessar-fogo, de curto efeito. Apoiando várias iniciativas para o apaziguamento do Sudão, o Secretário de Estado norte-americano Colin Powell deslocou-se, em Outubro de 2003, ao Quénia para reabilitar as relações com Cartum e dar um impulso às negociações de paz que ali decorriam entre o Governo e os rebeldes do Sul chefiadas pelo Coronel John Garang. C Powell manifestou esperança de a assinatura de um tratado de paz se efectuar em Dezembro seguinte, mas a esperança foi gorada. Outras tentativas posteriores tiveram resultado semelhante. Quando foram assinados acordos, pouco demorou até serem desrespeitados.

Entretanto, agravou-se a situação na província de Darfur, antigo sultanato cuja independência foi esmagada, em 1916, por uma expedição britânica, na zona ocidental, vizinha do Chade. A população, que pretende a autonomia, tem sido muito mal tratada e bombardeada pelos aviões governamentais que, em quatro anos de guerra civil, provocaram mais de 200 mil mortos e 2,4 milhões de deslocados e refugiados lem fuga para lugares onde a falta de água e de outras condições de vida tornam difícil a sobrevivência, sendo mesmo difícil a chegada de socorros de organismos internacionais. As forças islâmicas governamentais apoiam milícias árabes que praticam as piores violências sobre o povo, embora o governo de Osmar al-Bashir desminta. Em Agosto de 2004, foi assinado entre o Governo sudanês e as Nações Unidas, para o Darfur, um acordo contendo sete pontos, mas que ficou letra morta.

Tanto a ONU, como a União Africana, como a UE (União Europeia), como as grandes potências, têm mostrado vontade de ver restabelecida a paz neste grande país, mas a sua boa vontade não tem conhecido êxito e as pessoas continuam a sofrer privações inclusive da própria vida. Interrogamo-nos até quando o mundo, os poderes internacionais se manterão impotentes para pôr termo ao genocídio levado a cabo pelo poder islâmico do Sudão nas partes Sul e Oeste, onde vivem populações que não são muçulmanas. Os títulos da imprensa, embora pouco frequentes, são bem elucidativos do pouco interesse que o mundo tem pelo continente africano e das táctica dilatórias do Governo de Cartum, com desprezo de tudo e de todos. Os próprios funcionários da ONU têm sido obrigados a cessar as suas funções por falta de segurança e por estarem a correr riscos desproporcionadamente elevados.

O conceito geral em que podemos inscrever este e muitos outros casos evidenciam claramente que a humanidade está afastar-se dos bons valores morais e éticos que deviam reger as relações entre as pessoas. Infelizmente, apesar de haver muitas entidades de boa vontade que aconselham o civismo e a solidariedade, como foi o caso de Madre Teresa de Calcutá e é o de Nelson Mandela e do Dalai Lama, o mundo continua em guerra, movido por ambição de poder de riqueza pessoal, de vaidade e de ostentação, sendo difícil que as mais santas palavras entrem nos corações dos poderosos. A grande praga da humanidade nos tempos modernos é o endeusamento dos interesses pessoais traduzidos em bens materiais em vez da prioridade ao pensamento, aos sentimentos e às emoções naturais que as tradições mais salutares colocavam em primeiro plano. Os valores morais e éticos fazem falta aos governantes de todo o Mundo.

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domingo, 16 de setembro de 2007

Lição vinda de Timor

A formação do actual Governo ocorreu de forma pouco ortodoxa, levantando dúvidas quanto à sua capacidade de sobrevivência. Trata-se de um país independente que não deve ser observado com ares de paternalismo que faça recordar os tempos do colonialismo. Mas a sua juventude. a inexperiência dos seus políticos, as tradições da população e os traumas da história recente fazem que estejamos atentos ao que se passa.

Por outro lado, um País recém criado como Estado independente, pode criar as suas estruturas de forma pura e inovadora respeitando a sério os princípios da democracia. Daqui podem vir casos a lamentar ou, o que será muito positivo, boas lições ensinando como se pratica a Democracia. Poderemos vir a aprender muito com Timor-Leste

Os governantes não precisam ser homens excepcionais, sumidades de inteligência muito acima do normal ou cientistas com vasto currículo. Têm que ser pessoas normalmente honestas, com vontade de fazer crescer o seu país, de melhorar as condições de vida do seu povo, sempre com verdadeiro sentido de servir o Estado. Não podem esquecer que a base da democracia assenta numa estrutura imprescindível e que deve ser eficiente de controlo apertado e eficaz dos órgãos do poder e de quem os desempenha. É essa função de controlo que define a democracia e não o direito ao voto, pois votar também acontece em Cuba, na Venezuela, no Zimbabwé e acontecia no Iraque de Saddan.

O Parlamento de Timor-Leste aprovou ontem um voto de confiança ao Governo e chumbou uma moção de rejeição apresentada pela Fretilin e apoiada pela coligação KOTA-PPT, o que levou Mari Alkatiri a afirmar que "o Governo não tem legitimidade", e que "o primeiro-ministro de facto só tem 24% dos votos".

A isto o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, respondeu que a partir de 2008 "será um Orçamento no qual serão introduzidas as coisas que a Oposição disse que faltavam neste e sobre as quais tem razão". E declarou mais: "estamos a andar no bom caminho, no sentido de aceitarmos que a democracia é assim e que as boas propostas são aceites, partam de quem partirem", dizendo-se "satisfeito porque Timor tem uma Oposição forte que vai fiscalizar bem o Governo".

Estas palavras acerca da essência da Democracia e do papel da oposição e da aceitação pelo governo das propostas que receba, poderão constituir uma boa lição para o Mundo Democrático, na linha já aqui exposta.

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sábado, 15 de setembro de 2007

Ministro da saúde agraciado pela sua eficiência!!!

Em 2006, Luís Gomes (PSD), presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António celebrou um acordo de geminação com os responsáveis municipais de Playa - cidade-satélite de Havana, República de Cuba, que tornou Vila Real de Santo António e Playa povoações "irmãs", e ao abrigo do qual o município algarvio transfere todos os anos, até 2009, uma verba de 50 mil euros destinada à recuperação de equipamentos sociais nas áreas da saúde, educação, cultura e desporto. Em contrapartida, as autoridades sanitárias cubanas prestam assistência aos habitantes de Vila Real de Santo António.

Ontem regressaram de Havana os primeiros dez residentes no concelho de Vila Real de Santo António que receberam tratamento médico oftalmológico nos termos do acordo estabelecido.

Segundo Luís Gomes, que acompanhou este primeiro grupo, foi feita uma triagem no concelho e detectadas sobretudo carências no campo oftalmológico, com pelo menos 150 pessoas em lista de espera para intervenções cirúrgicas. Algumas dessas pessoas aguardavam operação há seis ou sete anos, sem que o Serviço Nacional de Saúde lhes desse resposta e sem terem meios para se tratarem em clínicas privadas,

O presidente da autarquia, do PSD, diz que não confunde a solidariedade internacional com questões ideológicas, e desdobra-se em elogios ao panorama hospitalar na ilha comunista. Diz que os doentes estiveram num hotel transformado em hospital, com todas as condições. «Tomaram os nossos hospitais terem esta qualidade», sublinhou Luís Gomes, enaltecendo os "grandes especialistas" da medicina cubana. Nove dos dez algarvios estão em recuperação, apenas num caso a perda de visão era irreversível.

O município continuará a enviar doentes a Cuba. No próximo dia 22 partem mais 14 pessoas também para tratamento oftalmológico. E, num futuro próximo, esta cooperação poderá estender-se às áreas da recuperação neurofisiológica e dermatologia.

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Erros de políticos ficam caros aos contribuintes

A má gestão dos assuntos nacionais por incompetência, desleixo, incúria, descoordenação ou possivelmente também por corrupção, da parte de governantes, autarcas e outras autoridades, pode causar erros de que resultam graves prejuízos para os dinheiros públicos, além das más consequências para o desenvolvimento e as condições de vida dos cidadãos.

Hoje num jornal diário vêm duas notícias que ilustram bem este fenómeno. Os projectos para o Aquaparque e para a Aldeia do Meco

1. A empresa titular do direito de superfície dos oito hectares de terreno onde está instalado o Aquaparque, no Restelo, moveu um processo judicial à Câmara de Lisboa, reclamando uma indemnização de 40 milhões de euros, pois, passados dez anos, não conseguiu, por impedimentos burocráticos, edificar ali o recinto de diversões autorizado pela autarquia,.

Alexandre Oliveira, da Aventura em Lisboa, empresa do Grupo Dislapark, também proprietário da Bracalândia (que em breve se transferirá para Penafiel) confirmou ao DN que a acção judicial, por danos emergentes e lucros cessantes, entrou ontem em tribunal e pretende pôr um ponto final num caso que atravessou várias administrações autárquicas.

A ideia de construir um parque de diversões temático nos terrenos do Aquaparque surgiu em 1997, quando o então presidente da câmara João Soares autorizou o projecto, que mereceu também aval positivo do Instituto do Turismo de Portugal. Anunciado com pompa e circunstância, o projecto visava a construção de um recinto de diversões semelhante aos que existem em Sevilha ou Paris. Mas as dificuldades que posteriormente foram levantadas não permitiram a sua concretização.

2. Noutra área geográfica não muito distante, na mata de Sezimbra, há um projecto para construir na zona do Meco um empreendimento turístico, mas essa intenção foi inviabilizada após muitos anos de avanços e retrocessos judiciais. De forma a compensar esses direitos de construção, e depois do assunto ter passado por um tribunal arbitral, foi estabelecido o acordo que transferiu esses direitos de construção do Meco para a Mata de Sesimbra, permitindo ao promotor construir num local diferente.

Já há vários anos, o promotor pedia ao ministério do Ambiente, era ministro Isaltino Morais, uma indemnização de aproximadamente 60 milhões de euros. Mas actual ministro Nunes Correia deliberou considerar "nulo" o acordo estabelecido há quatro anos entre o Estado, a autarquia de Sesimbra, a sociedade imobiliária Pelicano SA e a sociedade Aldeia do Meco.

Além destes dois casos hoje noticiados, tem havido outras indemnizações e já se fala em outras provenientes de prejuízos causados por processos judiciais de que não resultou condenação, como no da Casa Pia, do Apito Dourado, etc.

Em consequência destes desperdícios devidos a erros de políticos, surgem défices orçamentais, aumentos de impostos, e carências em sectores que deviam ser prioritários, como o caso hoje noticiado de uma criança com deficiência grave ser obrigada a ir para uma escola normal por, segundo a DREN, o Estado não dispor de dinheiro para lhe proporcionar a frequência de ensino especial adequado ao seu caso.

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sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Fome na Europa aproxima-se

A políticas agrícolas na Europa têm sido desastrosas. Já não se produz trigo em quantidade suficiente, sendo necessário importar grandes quantidades. Isso sujeita o velho Continente à vontade do fornecedor quem, sob chantagem, pode fazer todas as exigência que desejar em qualquer outro sector.

Notícias de hoje dizem que «de acordo com as associações de consumidores italianas, o preço das massas, produto muito apreciado, aumentou cerca de 750 por cento nos últimos 20 anos.» Para reclamar por esta situação aquelas associações decretarem que ontem seria o Dia Sem Massa, apesar de se tratar de um prato indispensável para os italianos.

Sem autonomia alimentar, a Europa deixa de ser uma União viável, independente. Está nas mãos do seu fornecedor, para todos os efeitos que ele desejar. Não é previsível saber quais as consequências num futuro a médio e longo prazo. E as perspectivas agravam-se com o facto de algumas forças abusarem do preconceito contra a generalidade dos produtos alimentares transgénicos, os quais, com a sua resistência a aos ataques parasitas, garantiriam a quantidade de alimento conveniente. Mas o receio de que todos eles possam ter implicações na saúde humana irá contribuir para que morramos saudáveis, mas ainda jovens e mirrados pela de fome.

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quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Ninguém está acima da lei

A afirmação deste título é normal em todo o país democrático, moderno, de Direito, mesmo que situado nos antípodas. Mas não podemos concluir que isso aconteça entre nós, como foi referido nos posts Lei aplicada com filtros e Corrupção em vários níveis.

Nas Filipinas, o ex-presidente Joseph Estrada, de 70 anos, acusado de corrupção, foi ontem condenado a prisão perpétua por um tribunal de Manila, seis anos após ter sido afastado do poder por uma revolta apoiada pelo exército e pela Igreja Católica. Isto vem ao invés de estados de menor consciência cívica em que os «crimes de colarinho branco» ficam frequentemente impunes.

Também na Coreia do Sul, em Agosto de 1996, os ex-presidentes Park Chung Hee e Roh Tae-Woo ouviram, respectivamente, a sentença de condenação à morte e a de 22 anos de prisão devido a crimes de corrupção no exercício das funções desempenhadas como Presidentes. Vale a pena referir que Park Chung Hee foi o homem forte do país no período de 1962 a 1979, dirigindo a política económica por forma a levar a Coreia a dar um grande salto em frente para recuperar da destruição sofrida durante a guerra. As orientações económicas foram engenhosamente adaptadas conforme as fases de desenvolvimento até transformar o país numa potência de exportação de indústria de ponta. Passou de um fase de controlo centralizado para uma liberalização progressiva. Mas, apesar de tal direcção positiva, não foi perdoado ao presidente alguma atenção recebida de empresário beneficiado.

Quanto a Roh Tae-Woo, foi presidente desde 1987 a 1993, tendo desencadeado um activo combate à corrupção que estava a criar algumas dificuldades à competitividade entre as diversas empresas. Porém, não resistiu a receber atenções de empresários e o tribunal agiu com a isenção de uma Justiça séria.

São três casos vindos dos lados do Pacífico, de países com os quais temos muito a aprender. Por vezes, países que menosprezamos como sendo do terceiro mundo, mostram-nos estarem uns degraus à frente e acima de nós, europeus, ocidentais e convencidos de sermos os melhores em tudo.

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quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Tibete anexado pela China em 1950

Há mais de meio século, o Tibete foi anexado pela China, num atentado à sua autodeterminação denunciado internacionalmente, e o seu povo experimenta, desde então, o mais negro e triste período de toda a sua história.

Em 1950, o regime comunista da China ordenou a invasão da região, que foi anexada como província. A oposição tibetana foi derrotada numa revolta armada, em 1959. Em consequência, o 14° Dalai Lama Tenzin Gyatso, líder espiritual e político tibetano, retirou-se para o norte da Índia, onde instalou um governo no exílio.

O país tornou-se região autónoma da China em Setembro de 1965 contra a vontade popular. Entre 1987 e 1989, tropas comunistas reprimiram, com violência, qualquer manifestação contrária à sua presença. Há denúncias de violação dos direitos humanos pelos chineses, resultantes de uma política de genocídio cultural. Em agosto de 1993, iniciaram-se conversações entre representantes do Dalai Lama, prêmio Nobel da Paz em 1989, e os chineses, mas mostraram-se infrutíferas.

Embora este atentado contra um povo tenha sido denunciado internacionalmente, os Estados, que era suposto serem «pessoas» de bem, depressa esqueceram o sacrifício dos tibetanos, como esquecem os atropelos aos direitos humanos de um grande estado, em tamanho geográfico e demográfico. O Poder do mundo reside na força das economias, mas não tenhamos ilusões, é mutável e os grandes de ontem já não são os grandes de hoje. Os que denunciaram o atentado à autodeterminação do Tibete já não são poderosos e sentem conveniência em se bajularam aos invasores desse acto, na época, condenável.

Os poderosos do mundo substituíram na ONU Taiwan pela China, agora não concedem ao Dalai Lama o lugar que corresponde ao seu Prémio Nobel da Paz e à sua capacidade de pensador em defesa da Paz mundial. A Europa, agora presidida por Portugal, não hesita em o colocar muitos degraus abaixo do execrável Roberto Mugabe do Zimbabwe.

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terça-feira, 11 de setembro de 2007

Notícias da economia pouco animadoras

O défice da balança comercial portuguesa baixou 7,5% no primeiro semestre do ano, para os 8,753 mil milhões de euros, devido ao aumento de 9,2% das exportações, que contrastou com um crescimento de 3,3% das importações, divulgou o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Entre Janeiro e Junho, Portugal exportou 18,68 mil milhões de euros e importou 27,433 mil milhões. Apesar deste desequilíbrio, o INE diz que a taxa de cobertura das importações pelas exportações melhorou de 64,4% na primeira metade de 2006 para 68,1% no primeiro semestre de 2007.

Nos crescimentos das exportações destaca-se o de 20,3% das exportações de máquinas e outros bens de capital, de 12,2% na categoria de outros fornecimentos industriais, de 11,3% no material de transporte e acessórios e de 10,5% nos bens de alimentação e bebidas. Mas houve uma descida de 27% nas exportações de combustíveis e lubrificantes.

Do lado das importações salienta-se a subida de 13,3% nos produtos alimentares e bebidas. No comércio com a União Europeia, as exportações cresceram 7,4% e as importações 3,5%, permitindo uma redução de 4,4% no défice comercial com a UE.

No entanto, perante a evolução da economia no terceiro trimestre, o governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, na entrevista conjunta que deu a dois jornais de economia tinha uma má notícia para o primeiro-ministro, isto é, para dez milhões de portugueses. Os dois anos passados a fazer sacrifícios para pôr o país na ordem podem, afinal, não significar que o mandato do primeiro-ministro vai acabar bem.

Portugal tem de crescer rapidamente para voltar a criar empregos, mas isso parece só ser possível por milagre. Constâncio diz que os riscos para Portugal se agravaram "imenso". Se as coisas correrem mal na economia, então vão mesmo correr muito mal no plano social. Não temos estrutura para viver tanto tempo numa crise. A crise internacional está imprevisível.

Para melhor conhecimento do assunto convém ler os seguintes textos:

Défice caiu 7,5% entre Janeiro e Junho
Exportações portuguesas estão em desaceleração
Más notícias para Sócrates

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O novo ano escolar começa

O novo ano escolar arranca oficialmente amanhã. Com o seu habitual optimismo exagerado, José Sócrates afirma que nos últimos dois anos, o Governo procedeu a uma verdadeira revolução na estrutura da educação. Pelo menos em quantidade de euros, ele diz que há dez anos gastava-se o dobro do dinheiro com muito mais professores para muito menos alunos. Este jeito para os números é um aberração de muitos ministérios que descuram a avaliação do seu desempenho para benefício dos portugueses, para se centrarem no dinheiro poupado.

É certo que não pode ser ignorado que o governo tem procurado reformar o funcionamento do ensino como o de muitos outros sectores, sendo de esperar que obtenha o maior êxito. Neste momento, um dos objectivos é contrariar o abandono e o insucesso escolar, que deixam o País a milhas dos indicadores da União Europeia. Oxalá que isso não se traduza no inconveniente facilitismo que prejudique a real preparação dos estudantes para a vida prática e para a investigação e inovação. Portugal precisa de bons técnicos, o que se consegue com a criação de hábitos de estudo, com sentido de responsabilidade e de culto da excelência.

Algumas medidas anunciadas merecem ter êxito como o alargamento da oferta de bolsas de mérito; o reforço da Acção Social Escolar para os mais carenciados, nomeadamente ao nível das comparticipações dos manuais; e os transportes daqueles a quem foram fechadas as escolas próximas da sua residência.

A competitividade e a produtividade das empresas, de que resulta benefício para o País, exige que a educação seja considerada um investimento essencial, para o País e para as famílias. Vale a pena afirmá-lo, repeti-lo e demonstrá-lo. Quando assim é, o espavento feito pelos meios de comunicação social sobre os custos da educação é não só despropositado como, muitas vezes, profundamente demagógico e errado. Seria bom olhar atentamente para o exemplo dado pelos países em que as famílias se empenham e endividam para garantir uma educação de qualidade aos filhos, mesmo com o sacrifício do carro, dos electrodomésticos e da casa. E ver em que ponto se encontram esses países nos rankings de competitividade! Se Portugal quer crescer para se aproximar da média europeia e deixar de ser a ovelha ranhosa, tem de olhar positivamente para o esforço a fazer na educação, por todos os cidadãos e pela administração pública.

O sucesso na investigação e na inovação é um fruto da reforma do ensino, mas não imediato. É preciso perseverança, persistência e objectivos bem definidos. Por outro lado, o insucesso escolar no país deve-se também a questões sociais e culturais, nomeadamente "à falta de uma cultura de apoio à escola e de gosto pelo saber". Mas, para avançar, temos que puxar a solução por vários lados e estabelecer prioridades e sequências do esforço para este ser útil e profícuo. A boa preparação escolar é fundamental para a evolução.

Texto recomendados sobre este tema:

O ano escolar arranca amanhã
Combate ao abandono é prioridade no novo ano lectivo
Educação a todo o custo
Sócrates elogia primeiros resultados

Exames fazem falta para responsabilizar

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segunda-feira, 10 de setembro de 2007

"Vou reabilitar o trabalho", Sarkozy

"Vou reabilitar o trabalho"
Discurso de posse de Nicolas Sarkozy, como Presidente da França

Derrotamos a frivolidade e a hipocrisia dos intelectuais progressistas. O pensamento único é daquele que sabe tudo e que condena a política enquanto a mesma é praticada. Não vamos permitir a mercantilização de um mundo onde não há lugar para a cultura: desde 1968 não se podia falar da moral. Haviam-nos imposto o relativismo. A ideia de que tudo é igual, o verdadeiro e o falso, o belo e o feio, que o aluno vale tanto como o mestre, que não se podia dar notas para não traumatizar o mau estudante.

Fizeram-nos crer que a vítima conta menos que o delinquente. Que a autoridade estava morta, que as boas maneiras haviam terminado. Que não havia nada sagrado, nada admirável. Era o slogan de maio de 68 nas paredes de Sorbone: 'Viver sem obrigações e gozar sem trabalhar'.
Quiseram terminar com a escola de excelência e do civismo. Assassinaram os escrúpulos e a ética. Uma esquerda hipócrita que permitia indemnizações milionárias aos grandes executivos e o triunfo do predador sobre o empreendedor.

Esta esquerda está na política, nos meios de comunicação, na economia. Ela tomou o gosto do poder. A crise da cultura do trabalho é uma crise moral. Vou reabilitar o trabalho.

Deixaram sem poder as forças da ordem e criaram uma frase: 'abriu-se uma fossa entre a polícia e a juventude'. Os vândalos são bons e a polícia é má. Como se a sociedade fosse sempre culpada e o delinquente, inocente. Defendem os serviços públicos, mas jamais usam o transporte colectivo. Amam tanto a escola pública, mas seus filhos estudam em colégios privados. Dizem adorar a periferia e jamais vivem nela.

Assinam petições quando se expulsa um invasor de moradia, mas não aceitam que o mesmo se instale em sua casa. Essa esquerda que desde maio de 1968 renunciou o mérito e o esforço, que atiça o ódio contra a família, contra a sociedade e contra a República.
Isto não pode ser perpetuado num país como a França e por isso estou aqui. Não podemos inventar impostos para estimular aquele que cobra do Estado sem trabalhar.
Quero criar uma cidadania de deveres. Primeiro os deveres, logo após os direitos."

NOTA:
O texto acima é do discurso de posse do presidente francês Nicolas Sarkozy, dando um recado aos que se acostumaram a viver como proxenetas de um discurso esquerdista e que sempre alimentou aqueles que não sabem pensar por conta própria.
Até parece que Sarkozy falou para os nossos intelectuais e para a esquerda tupiniquim. O intelectual brasileiro esquerdista ama Cuba e fala da maravilha da ilha de Dr. Castro, mas o apartamento para férias está em Paris. Cuba só em audiovisual.
Discurso que não precisa de rótulo de direita ou outra coisa: É um discurso sensato, coerente, realista, ousado e patriótico, olhando para um melhor futuro dos seus concidadãos.

Recebido por e-mail oriundo do Brasil
ALERTA: O texto do discurso constante deste post contém inexactidões que foram apontadas por comentadores. Utilizando um link para o site da embaixada francesa no Brasil, foi obtida a versão que merece confiança. Para não tirar sentido aos comentários recebidos, deixou-se ficar a primeira versão, e a correcta foi colocada no espaço de comentário.

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Seria preferível a bússola ao catavento

O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou ontem, na Guarda, o aumento de benefícios fiscais para as empresas já instaladas ou a criar no interior do País.

O primeiro-ministro lembrou que "neste momento os benefícios fiscais para as actividades económicas no interior do País são de cinco por cento para as empresas que já existem. Vamos aumentá-las para o dobro e serão, neste Orçamento de Estado (OE), de dez por cento. Os benefícios fiscais para as novas empresas, que neste momento são de dez por cento, vamos aumentá-las para quinze por cento".

José Sócrates justificou esta medida, a integrar no próximo OE, com a necessidade de uma "discriminação positiva a favor do interior do País, para que aqui se localizem actividades económicas, para que atraia emprego industrial e para que o interior do País possa oferecer aos seus cidadãos as mesmas condições de oportunidade que oferece todo o País". Sócrates disse mesmo que "um Estado justo pode e deve fazer mais" pelo interior. E acrescentou «se há alguma coisa que é possível e desejável fazer em Portugal é contribuir para a valorização do espírito empreendedor. É o que estamos a fazer".

A Guarda foi bem escolhida para o anúncio desta medida porque se trata de um município que vive em suspenso devido ao anunciado despedimento de cerca de 700 trabalhadores da Delphi e às poucas alternativas de emprego.

Estas palavras são muito agradáveis de ouvir e a intenção que encerram é muito louvável, mas isto faz lembrar um cata-vento com a seta a mudar de rumo a cada momento, e seria mais desejável, mais tranquilizante e inspirador da necessária confiança, que fôssemos guiados por uma bússola cuja agulha nos indica sempre o Norte, com coerência e lógica. Com efeito, pergunta-se como actuar «para que o interior do País possa oferecer aos seus cidadãos as mesmas condições de oportunidade que oferece todo o País», se tem sido feito tudo para dificultar a vida aos cidadãos ali residentes fechando maternidades, centros de saúde, urgências, escolas, tribunais, conservadoras notariais, prediais, etc.? Quantos bebés têm nascido em ambulâncias a caminho de maternidades distantes por ter sido encerrada a que estava mais próxima?

É mais uma contradição deste Governo do género das muitas aqui referidas noutros posts em que se tornam evidentes os avanços em zigue-zague, com avanços e recuos, sem rumo definido, sem bússola, em que as palavras de hoje não condizem com as decisões já tomadas e, provavelmente, não serão concordantes com medidas concretas que continuarão a surgir dos vários ministérios.

Artigos hoje publicados sobre este assunto:
Benefícios fiscais sobem para empresas do interior
José Sócrates promete mais apoios às empresas do Interior

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Por uma boa causa!!!

Transcreve-se o seguinte artigo de Manuel António Pina, do Jornal de Noticias de hoje que foca um tema já aqui abordado.

Uma boa causa

Por outras palavras, Manuel António Pina

As férias impediram-me de louvar aqui o novo "Estatuto do Deputado" publicado em Julho no DR que prevê que cada deputado passe a ter um assessor "pessoal", além dos que já têm os grupos parlamentares.

A medida contribuirá decerto decisivamente para os 150 000 novos postos de trabalho prometidos no programa do Governo, mesmo custando (adivinhem a quem) entre 4,6 e 7 milhões de euros por ano. Para já serão só mais 230 empregos, mas outros hão-de vir. Iremos, pois, eleger 230 deputados e estes elegerão depois, entre cônjuges, familiares e amigos seus e do Partido, mais 230 para trabalharem (ou, se for o caso, dormirem na bancada) por eles.

Nesta altura, o PS tem já 76 assessores a quem a AR paga 2,2 milhões de euros por ano; o PSD 53 (1,7 milhões); o PCP 24 (660 mil), o CDS 22 (660 mil), o BE 26 (524 mil), o que dá um total de 201 assessores e uma média de 0,87 assessores por deputado (quem não está com meias medidas é o BE 3,25 assessores por deputado).

Feitas as contas, cada assessor ganha, em média, 2000 euros por mês, o que, nos tempos que correm, não lhes deve dar motivo de queixa. Vai ser preciso, claro, fechar mais urgências, maternidades, hospitais e escolas e despedir mais professores e funcionários públicos. Mas é por uma boa causa.

NOTA: Merece muita ponderação por parte dos contribuintes a preocupação do Governo de «reduzir a despesa pública» a fim de regularizar a crise financeira devida ao défice orçamental. Mas, como o clã oligárquico não está disposto acomodar-se a sacrifícios (isto é, não aumento dos benefícios), quem acaba por pagar é o mexilhão da anedota, isto é, o POVO pagante, o contribuinte que não tem condições de fuga ao fisco. E é tudo por uma boa causa... segundo o ponto de vista dos oligarcas e companhia!!!

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domingo, 9 de setembro de 2007

Grão a grão...

Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.

Por: Madre Teresa de Calcultá

Extraído do Blog Fragmentos culturais http://fragmentosculturais.blogspot.com/

NOTA: Tenho aqui defendido este conceito, por outras palavras. Gostava de receber muitos COMENTÁRIOS sobre esta ideia e a sua aplicação, na vida prática

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Dobrar a cerviz perante a China

Portugal vai ter o privilégio da segunda visita do Dalai Lama entre 13 e 16 do corrente. De seu nome civil Tenzin Gyatso, monge e doutor em filosofia budista, Prémio Nobel da Paz, agraciado com mais de 100 títulos honoris causa, líder e mentor do povo tibetano, o 14º Dalai Lama, é uma das vozes mais lúcidas e comprometidas com a paz, o diálogo e a compaixão no cenário mundial contemporâneo.

Ninguém de cultura média desconhece muitos dos pensamentos deste monge ecuménico defensor do diálogo entre todos, qualquer que seja a sua religião. Mas nas suas peregrinações religiosas pelo mundo, o Dalai Lama fica sempre à margem das recepções oficiais, porque nas relações internacionais, os Estados, mais do que pelos seus interesses históricos e civilizacionais, vergam-se aos interesses de momento, bajulando-se aos impérios que são ou podem vir a ser brevemente grandes potências mundiais. O que é considerado importante é evitar qualquer conflito diplomático com a China que é a maior potência emergente, política e economicamente e que considera rebeldes os tibetanos de cuja causa o Dalai Lama é mentor espiritual e, por isso, considerado um dos maiores inimigos daquela potência.

E, estando o mundo dominado por factores materialistas e oportunistas, estes retiram qualquer valor aos princípios éticos e morais, e passam o respeito pelos direitos humanos e a justiça social para trás da cortina. O tempo é de real politik.

Entre nós, o Governo português e o Presidente da República não recebem oficialmente o Dalai Lama, segundo o MNE, por razões «óbvias», provavelmente políticas e económicas. Mas está previsto o encontro com o Presidente da Assembleia da República que não obedece a essa indisponibilidade.

É uma realidade a continuidade e a tradição da directriz estratégica que orienta as relações internacionais dos países mais responsáveis e prestigiados. Talvez neste dobrar da cerviz ao Império do Meio, se encontre uma constância da política externa portuguesa – o «respeitinho» pelos Estados mais poderosos, tendo em tempos sido bom aliado da Grã-Bretanha, tendo recentemente apoiado os EUA nas Lages na decisão de atacar o Iraque e agora, que a China aparece como candidata a maior potência económica mundial, é considerado oportuno fazer o «update» das prioridades, na escolha do rumo privilegiado.

Já não é novidade, pois nas últimas décadas em Portugal há mais lojas chinesas espalhadas por lugares nobres das cidades do que em qualquer outro país. Isto podia ser sinal de cosmopolitismo. Mas não é. É espelho da pobreza e enfraquecimento das cidades. Estas estão a degradar a sua imagem com a abertura de "lojas dos 300" e "dos chineses", em locais onde devia haver lojas de qualidade, especializadas e bonitas, que dão prazer de ver tanto a quem compra como a quem passa por elas - turistas incluídos. Algo merece ser repensado serena e racionalmente.

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sábado, 8 de setembro de 2007

Matizes da Segurança

Depois dos últimos posts relacionados com a Segurança Interna, não podia deixar de reparar que o artigo «perigoso costume» do JN de 8Set termina com a afirmação «um país mais justo é um país mais seguro. O que é preciso é garantir que todos tenham oportunidade de viver uma vida normal.» Isto parece incontestável.

Porém, nos dias que vão passando, os factores causais da insegurança podem vir de longe, no aspecto geográfico, devido à TV e outros meios de comunicação. As entidades responsáveis são, por isso, obrigadas a estar atentas a tudo o que se passa em «áreas de interesse» cada vez mais alargadas. É frequente surgirem autores de crimes que pessoalmente nada têm a ver directamente com a situação do País, mas procuram suprir as carências que sentem nas suas terras.

Por outro lado, é preocupante a forma demagógica e pouco responsável com que alguns políticos se referem aos acontecimentos reais, esquecendo ou querendo fazer-nos esquecer que «contra factos não há argumentos». Perante os fracassos dos agentes policiais em evitar assaltos a gasolineiras, bancos, seguradoras, caixas de multibanco, culturas agrícolas e o atear de fogos florestais em plena noite, um ministro apontou a eficiência das forças policiais ao deter dois dos assaltantes a ourivesarias em Viana do Castelo. Como as inverdades dos governantes já não espantam ninguém, não houve admiração quando veio a público que nenhum assaltante fora detido.

Mas o caso de Viana do Castelo merece mais preocupação do que o roubo do ouro. É que o assalto às ourivesarias ocorreu numa data e que a cidade estava vigiada por várias centenas de agentes policiais com vista a garantir a segurança dos ministros dos estrangeiros da EU que ali se iam reunir em cimeira. Ora, se com tanta polícia as ourivesaria foram assaltadas por pessoas que se deslocaram à vontade na cidade, ficam sérias dúvidas se aqueles governantes estrangeiros estarão eficazmente seguros.

Faz lembrar os polícias que zelando pela ordem nos jogos de futebol não tiram os olhos da bola em vez de vigiarem o comportamento dos assistentes. Certamente, também em Viana não tiram os olhos de cima dos diplomatas, para verem quando e como caem se forem atingidos por balas de terroristas de uma janela de qualquer prédio próximo.

Com tanto sintoma negativo, não é fácil viver confiante e despreocupado.

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sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Veto da Lei Orgânica da GNR

Na sequência do post PR veta orgânica da GNR, chegou por e-mail enviado pelo amigo CMPCosta, esta opinião de autor desconhecido que é mais uma acha para o tema.

Oi Caro Amigo

Este veto estava na calha, de há muito, sendo previsível, por vários motivos, todos eles relacionados com a pressão que a instituição militar tem vindo a desenvolver junto do PR - nomeadamente através do actual CEMGFA e do seu actual Chefe da Casa Militar.
Não foram vistos com "bons olhos":

1 - A fórmula algo enviesada da atribuição da 4ª estrela ao CG GNR - e que fora remendada como último recurso às reservas que as Chefias Militares colocaram ao projecto inicial desta Lei Orgânica - mediante uma graduação "grotesca" e terceiro-mundista (e aqui está em causa, pessoalmente, o actual CG). O atabalhoamento e a pressa em aprovar a Lei na última sessão legislativa da AN (19JUL) estão patentes até na metodologia da graduação: - o PR graduaria o CG, tout court, sob proposta do Governo. Recordemos que os actuais Generais das FA são promovidos pelo PR, sob proposta da Chefia, ouvido o Conselho Superior da Defesa Nacional. Aqui, nem isso se verificava, o que constituiria, também uma grave lacuna no acesso ao mais alto posto da hierarquia das FA.

2 - O acesso ao posto de general pelos impropriamente apelidados de milicianos. O generalato sempre constituiu o último e inexpugnável bastião da tropa. O acesso a tal patamar, por parte de um qualquer mortal consubstanciaria um imperdoável crime de lesa-Pátria. NUNCA será aceite pela instituição castrense. Além do mais, os futuros oficiais jamais perdoariam tal concessão por parte das actuais chefias militares. A tropa continua a reger-se por um corporativismo medieval imune a quaisquer modificações. Como diria um boçal ministro muito em voga: " milicianos generais? JAMÉ!!!"
Convém relembrar que o PR é o Supremo etc. e foi o pára-raios que absorveu todos os impactes das chefias militares. Quem acaba por ficar num posição muito desconfortável é o actual Ministro da Defesa: por um lado integrou o grupo de estudiosos que pariu este aborto de Lei; por outro fez orelhas moucas às manifestações de descontentamento das Chefias e agora está entalado entre a espada e a parede na reapreciação da Lei, que se segue ao veto presidencial.

3 - A Marinha (ciosa dos pergaminhos que sempre lhe foram reconhecidos e lhe são legalmente atribuídos na fiscalização da faixa marítima de respeito) acabava - com a criação desse nado-morto apelidado de Unidade de Fiscalização Costeira - por se ver desrespeitada e ultrapassada até, nas competências que lhe estão consignadas. De referir que este Ramo, com a promulgação da LO/GNR, não via aumentar o número dos seus Oficiais Generais, o que não sucederia com o Exercito.
"MODALIDADES DE ACÇÃO (tão ao gosto da militança...)

- Face aos motivos políticos que o PR invoca, objectivamente, para a não promulgação da Lei, nada ficará como dantes, sendo mais que previsível, a curto prazo

- Uma birra do CG, ameaçando, (se mais não houvera....) que, para tranquilizar as hostes, é melhor encarar a sua saída, se o 1º ministro não vir inconveniente. Não o estou a ver "bater com a porta" e pedir a demissão. Não tem estaleca para isso. Falta-lhe coluna vertebral suficientemente erecta. A sua ambição é proporcional à invertebrabilidade. É natural que chame os acólitos (generais da tropa na GNR), como manobra de diversão, para inglês (MAI/MD) ver. Se chegar a manifestar essa ideia (com a qual não estará de acordo...) não me admira que o nosso primeiro ou até o MAI o considere indispensável... Por outras palavras, por sua parte, tudo ficara na mesma, com o homem atento e expectante. Claro que, para mim, foi o pior comandante que passou pela Guarda - rebaixou-se aos políticos a ponto de ter deixado adulterar a Guarda, que hoje é tudo - bombeira, apaga-fogos, guarda vegetal, guarda ambiental e....imagine-se MILITAR!!! É polivalente... Deixou resvalar a Guarda para níveis inimagináveis, encontrando apenas paralelo nas republicas centro africanas e, talvez, num ou outro país centro-americano.

- Os tais milicianos, continuarão, atentos, veneradores e obrigados à nomenklatura. Afinal, por ela, eles até atingiam o generalato....Pura ilusão - esse galardão continua e continuará reservado para os puros-sangue, os tais que, como diz o PR, têm uma licenciatura em ciências militares - falta apenas perceber (e nisso a nota presidencial é omissa) até que ponto tal licenciatura é condição sine qua non para o exercício de cargos em funções de SEGURANÇA. Pessoalmente, rebolo-me de gozo ao imaginar os sabujos a quem, definitivamente, tiraram as esperanças estrelares.... Conhecemo-los todos, são o gado invertebrado que, enxameiam os corredores onde fazem carreira, nunca soube o que era trabalho ou responsabilidades.

- O actual MD, aparentemente desautorizado e cada vez com menor margem de manobra (chamemos-lhe credibilidade) junto das Chefias, deficitário, também das virtudes que não são reconhecidas ao CG, caia na máscara e não levanta a cabeça até que a tormenta passe...

- A LO será reapreciada na Assembleia. Como convém, vão ser revistos e modificados os pontos mais controversos. Previsivelmente, tudo baixará um escalão, voltando à estaca 0. A Guarda não será sequer ouvida. O cordão umbilical GNR/Tropa, que o anterior MAI dizia em entrevista ao expresso iria desaparecer, voltará, como agira se verifica, a ser fortalecido, esperando-se que os GTI atinjam a maioridade vg generalato.

- Sem pestanejar, o PR, satisfeitos os requisitos corporativistas da tropa, mandará a LO para publicação.

A paz (podre) voltará a reinar sobre os invertebrados, a segurança do zé pagode estará garantida. Teremos de novo e como sempre, os generais de bota cardada (mas devidamente habilitados com o curso de ciências militares) na Guarda. Aí o PR já não se vai abespinhar nem dizer que este é o único País da Europa com Generais da academia a comandar milicianos. A voz de " aos seus lugares" far-se-á de novo ouvir neste belo País que tresanda a merda.
- Sabes qual é o efectivo da vizinha e congénere Guardia Civil? Cerca de 80 000 almas.
- Sabes quem a comanda? Um civil (nem ao menos miliciano é), licenciado em direito (nem ao menos possui o bacharelato em ciências militares) Sabes qual é o mais elevado posto do militar (oriundo da GC, não de infantaria ou de artilharia)? Major-General.
- Sabes qual é o posto dos comandantes de tércio (todos eles com uma área superior ao deste jardim? Brigadeiro-General (1 estrela)
- Sabes que mais? Estou e sinto-me muitíssimo bem em Arcos Lorosae.

Abaixo a mediocridade!

"Aquele" abraço

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