segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Espanha combate a corrupção

Ficamos a saber que, ao contrário de Portugal, em Espanha há corrupção!!! Enfim, nem todos são perfeitos. Em Portugal não há memória de um político ter sido detido por «crimes de tráfico de influências, prevaricação, suborno e falsificação documental». Temos a dita de os nossos políticos serem impolutos, impecáveis, a não ser o conhecido caso dos robalos, mas nada que tenha dado origem a detenção.

Mas em Espanha, a notícia «Autarcas espanhóis detidos por suspeita de corrupção» diz que «segundo o Ministério do Interior espanhol, os agentes da Unidade de Delitos Económicos e Fiscais realizaram, no âmbito da "Operação Orquestra", oito operações de busca em autarquias e casas particulares na região da Corunha, das quais resultaram oito detidos, acusados de crimes de tráfico de influências, prevaricação, suborno e falsificação documental.

Entre os detidos encontram-se os presidentes dos municípios de Cee, de Finisterra, e de Mazaricos, aos quais se juntaram dois vereadores de Finisterra e três empresários da região.»

Colocando a ironia de lado, Portugal devia seguir os bons exemplos como este. Já se fala por cá há vários anos das propostas de João Cravinho para combater a «corrupção e o enriquecimento ilícito» mas nada de concreto se viu ainda, e muito menos detenções como estas. E talvez delas resulte condenações como tem acontecido em Países civilizados e desenvolvidos onde a Justiça funciona sem olhar à cor política dos infractores. Mas os próprios juízes se queixam do quadro legislativo que os impede de actuar com perfeição.

Para ler a notícia toda faça clic aqui.

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Para sair da crise - 1

Não podemos resolver problemas usando o mesmo tipo de pensamento que usamos quando os criamos.
Incógnito

Insanidade é fazer a mesma coisa uma e outra vez esperando obter resultados diferentes
Albert Einstein

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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Egipto com o povo a manifestar-se

Centenas de egípcios desafiaram as autoridades e protestaram contra o Governo no Cairo, num “dia de ira”. As críticas ao regime têm vindo sobretudo de activistas on-line, que marcaram a manifestação para um feriado em honra da polícia. As manifestações, num “dia de revolta contra a tortura, a pobreza, a corrupção e o desemprego”, serão o teste para ver se o activismo consegue passar dos chats e blogues para as ruas.

“Cenas extraordinárias no Cairo enquanto milhares e milhares marcham com aparente liberdade depois de anos e anos a verem cada protesto anti-governamental imediatamente reprimido pela polícia”. “A polícia anti-motim segue atrás mas parece não estar certa do que fazer”, comentou: “três manifestações estão a ir agora para partes diferentes da capital, todas romperam cordões policiais, mas parece haver pouca coordenação sobre o que fazer a seguir.” Isto é relatado por Jack Shenker, jornalista do diário britânico "The Guardian".

Significativamente, o influente opositor egípcio Mohamend ElBaradei, ex-director da Agência Internacional de Energia Atómica e Nobel da Paz em 2005, garantiu que vai hoje mesmo juntar-se à vaga de protestos no seu país natal, onde a contestação nas ruas ao Presidente, Hosni Mubarak, entra já no terceiro dia consecutivo.

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EDP paga a Pinho e povo paga mais à EDP

A matemática não é contornável. Quando se tira, o resultado será negativo para a vítima do final da sequência, sempre a parte mais fraca. Vejamos a notícia «Entidade reguladora prevê subida dos preços da electricidade». Este aumento já foi previsto quando os jornais deram notícias acerca de «Pinho vai dar aulas em Nova Iorque. EDP paga», «Três milhões da EDP para Pinho», «EDP paga aulas de Manuel Pinho em Columbia». É bom que as pessoas não esqueçam as notícias como estas e meditem sobre elas e no que representam para cada um de nós.

Estes três milhões têm que sair de algum lado e, como os administradores não querem ver reduzidas as suas mordomias, nem querem diminuir o valor dos dividendos aos donos do dinheiro, vão buscar para isto e outras fantasias o pouco que os consumidores têm, depois de saqueados pela «austeridade» que lhes foi dirigida com boa pontaria, tendo poupado os mais poderosos..

Com este sistema de funcionamento da vida económica portuguesa, não admira que a dívida soberana venha crescendo consecutivamente e que o descontentamento popular aumente de forma alarmante, fazendo prever algo de grave e incontrolável. Os governantes devem colocar os olhos naquilo que tem acontecido na Tunísia, na Albânia, na Bélgica e no Egipto. Governar é prever, é ter os olhos no futuro para reduzir as dificuldades e potenciar as possibilidades.

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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Equipa é espelho do valor do treinador

No dia 23, ao cair da tarde, a TV, ao iniciar as apreciações sobre o acto eleitoral, referiu múltiplos incidentes com o cartão de cidadão em relação ao número de eleitor. Pessoas queixavam-se de ter esperado três a quatro horas para lhes darem o número de eleitor actual e poderem votar. Outras não estiveram para esperar o esvaziamento da fila que estava à sua frente e foram para casa aumentar o número das abstenções.

Parecia evidente que a criação do cartão foi mais uma das muitas decisões governamentais tomadas sem uma cautelosa análise prévia de todos os aspectos em que o documento identificativo iria incidir. Apesar dos inúmeros assessores, escolhidos a dedo por critérios de «amiguismo», apesar dos custosos contratos de consultoria com gabinetes seleccionados por critério semelhante, as soluções continuam deploráveis, aumentando sem resultados positivos os custos que todo o sistema dos serviços de Estado acarreta.

Curiosa porém a notícia Conselho de Ministros rejeita responsabilidades nas dificuldades em votar, embora a Agência para a Modernização Administrativa que pertence à Presidência do Conselho de Ministros – explica que o cartão de cidadão “agrega e substitui os actuais cartões de contribuinte, de utente do serviço nacional de saúde, de beneficiário da segurança social e de eleitor”. O título da notícia é impensável por atribuir ao Governo o ferrete de irresponsabilidade. Isto faz lembrar que, há mais de meio século, ouço que na organização militar, onde predomina o rigor, a dedicação, a honra e a hierarquia disciplinada, «o comandante da unidade é o responsável por tudo o que esta faz ou deixa de fazer». Ora o Governo, apesar de eventualmente poder conter irresponsáveis, deve ser considerado responsável pelo que se passa na máquina estatal. Não fica bem que dê a imagem de uma equipa sem líder responsável.

Mas curiosamente, depois desta informação sobre a globalidade da equipa, aparece a notícia de que o Ministro pede desculpa por incidentes nas votações das presidenciais, o que pode levar a crer que a notícia anterior não era verdadeira, ou o MAI não se sente bem integrado na equipa e é o único a ter consciência do seu dever de governante. Num caso ou no outro, a equipa está mal treinada, nem todos jogam pelo mesmo diapasão, pelo mesmo objectivo, em sincronismo. Fazem falta em muitos sectores do Estado líderes como o Scolari que, além de bem dirigir a equipa, colocou todo o País a usar a bandeira nacional como símbolo de união e convergência para um objectivo de exaltação do orgulho pátrio. Como pode haver confiança em tal equipa governativa? Como pode haver esperança num futuro melhor do que a actual baralhada?

A angústia que foi gerada há alguns anos e tem sido persistentemente alimentada está a tornar-se patológica e dificilmente suportável. É altura de Cavaco Silva ganhar coragem e ultrapassar a sua tímida hesitação e a tendência para tabus. Portugal precisa que tome atitudes patrióticas. Se o PR não conseguir este efeito, resta o incómodo de soluções populares, a explosão social espontânea, como o que tem acontecido pela Tunísia, a Albânia, a Bélgica, o Egipto. Oxalá se consiga uma evolução pacífica, mas eficaz, sem os danos de tais manifestações descoordenadas.

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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Presidenciais. Vencedores e vencidos

Transcrição do artigo de João Freire publicado no blogue A Ideia Livre que constitui um documento do momento actual, útil para futura consulta.

Quem ganhou e quem perdeu

Ganhou o presidente Cavaco Silva (quando apareceu era o “professor Cavaco e Silva”) porque nele votaram: as pessoas de bom senso que acreditam na honestidade do homem e não queriam acrescentar à crise económica mais um rol de embaraços políticos; o “bom povo português” que gosta de ver um dos seus alçado à proeminência de Belém; os facciosos do “cavaquismo” e do “populismo PPD/PSD”. E também porque houve 4,2% de votos brancos e não foram votar 53,4% dos eleitores que não acreditavam nos candidatos nem se revêem nos partidos que os apoiam, porque já detestam “a política” ou porque simplesmente estão hoje sobretudo preocupados com o imediato das suas vidas.

Perdeu Manuel Alegre e “a esquerda”, porque os seus 19,8% de votantes só incluíram os “bloquistas”, muito menos dos eleitores PS das últimas legislativas (então 36,5%), o esquerdismo mítico saudoso do 25 de Abril (ou os restos simbólicos do republicanismo anti-fascista) e aqueles que são sempre “contra as direitas”.

Francisco Lopes e o PCP conseguiram um “empate” porque, mostrando a velha habilidade táctica do estalinismo, deixaram Alegre e a esquerda afundar-se sozinhos e mantiveram aproximadamente o seu bastião de 400 mil votos (7,1% contra 7,8% nas legislativas de 2009).

Fernando Nobre sai confortado desta aventura (que uns tantos lhe terão acenado) porque, sendo um homem bom e solidário, não se confundiu com os “políticos”; e sendo um homem livre, disse coisas – contra os interesses e os poderes estabelecidos – que só um homem livre pode dizer, nisso correspondendo ao verdadeiro espírito de cidadania felizmente presente em não pouca gente: os 14,1% que obteve são prova disso, embora sejam um potencial porventura inepto para o exercício do poder, nas actuais condições de funcionamento da vida política.

José Manuel Coelho, sem quaisquer meios, ainda recolheu muitos votos de protesto mas, com Defensor Moura, foi o “folclore local” que, com coragem e presunção, cumpriram desta vez o papel de compère habitualmente desempenhado por Garcia Pereira para dar credibilidade democrática ao processo eleitoral, mostrando que “mesmo os pequenos podem lá chegar”.

Agora, the show is over e é preciso pagar as contas.

JF / 23.Jan.2011

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Nó cego que asfixia Portugal

Transcrição de uma análise sobre o impasse actual suas causas e possível evolução.

Opinião: O nó cego
Público. 24.01.2011 - 12:00 Por António Barreto

O Presidente eleito não vai ter surpresas. Já sabe que país tem e o estado em que se encontra. O Governo e os partidos também não. Sabem o que têm e o que fizeram. E sobretudo o que adiaram. Surpresas, a breve prazo, talvez as tenham os cidadãos.

O nó cego na vida política portuguesa e o impasse na actividade económica e na situação financeira exigem acção. Depois de cinco anos de adiamento e de agravamento, após quase dois anos de suspensão e azedume, já não é mais possível fazer de conta, protestar de modo impotente ou olhar para o lado. O que se segue a esta eleição de calendário não é previsível. Grande remodelação? Coligação tardia? Demissão do Governo? Dissolução do Parlamento? Iniciativa presidencial? Novas eleições? Novos pacotes de austeridade? Chegada do FMI e do Fundo Europeu? Nova intervenção política da Alemanha e da União Europeia? Tudo pode acontecer. Os dirigentes políticos nacionais já quase não são mestres da sua decisão. As grandes instituições nacionais parecem cercadas e incapazes. Tal como estiveram desde as últimas eleições legislativas, há quase ano e meio, à espera de umas presidenciais ineficazes.

Ignorância e covardia

A falta de previsibilidade é má conselheira. Pior: revela a miopia dos responsáveis políticos, reféns de interesses particulares e de instâncias internacionais. Tudo o que podia ter sido feito há anos (coligação de governo, aliança parlamentar, plano nacional, programa de emergência, recurso financeiro internacional, etc.) foi adiado de modo incompreensível, por causa da incompetência, da ignorância, da covardia e da cupidez dos agentes políticos. Tudo terá de ser feito em piores condições e em mais terríveis circunstâncias. Há três ou quatro décadas que a história do nosso país é uma frustre sucessão de adiamentos. O fim da guerra, a democracia, a liquidação das "conquistas" de 1975, a abertura da economia, a revisão da Constituição, a reforma da Administração Pública e da justiça: eis, por defeito, uma breve lista do que fizemos tarde e mal, quando podíamos ter feito cedo e bem.

No rescaldo das eleições presidenciais de 1996, detectavam-se facilmente os problemas políticos mais importantes para os quais uma resolução era necessária e um esforço urgente: a justiça e a corrupção. Nestes cinco anos, essas dificuldades agravaram-se. Justiça deficiente e corrupção alimentam-se reciprocamente e combinam à perfeição com um sistema de partidos e de governo que as tornou indispensáveis à sua manutenção. A Administração Pública submeteu-se ainda mais à voracidade partidária. Alguns interesses económicos, os que mais dependem do Estado e os que menos escrúpulos têm, souberam capturar as instituições públicas e a decisão governamental. Certos interesses profissionais e corporativos conseguiram também, por outras vias, fazer o Estado refém e organizar, a seu proveito, os grandes serviços públicos e sociais. Assim, o Estado perdeu a sua liberdade, a sua isenção e a sua capacidade técnica e científica. É o administrador dos interesses de algumas corporações e de alguns grupos económicos. Por esse serviço, o Estado cobra, para os partidos, uma gabela ou um tributo. A corrupção, em Portugal, não é apenas o pagamento ilegal feito para obter vantagens públicas. É um sistema, frequentemente legal, de cruzamento de interesses e favores, de benefícios e vantagens, ao qual ninguém, nos superiores órgãos de poder político, parece querer realmente colocar um travão. Fora dos órgãos de poder político, só a justiça poderia ser, em teoria, um freio e um antídoto a este sistema. Acontece que a justiça se transformou também em parte integrante deste sistema. A sua ineficácia ainda é o menor dos males. Bem pior, na verdade, são os protagonistas e os principais activistas do sistema judiciário (conselhos superiores e sindicatos) que pretendem agora, explicitamente, uma maior fatia dos proventos económicos e do poder político.

Democracia em perigo

O Governo, refém interna e externamente, administra a democracia como quem preside ao saque do Estado: na economia, satisfaz, para além das exigências do país, os interesses económicos; na sociedade, distribui, mesmo sem os recursos necessários, a protecção social. Enquanto houve crescimento económico, rendimentos e crédito externo, o Governo e os seus partidos alimentaram a democracia com aquela distribuição, compatibilizando assim as mais absurdas, socialistas e sectárias políticas sociais de saúde, educação e segurança social, com as mais predadoras e vorazes iniciativas capitalistas. Este mundo improvável acabou. Os recursos financeiros esgotaram. O crescimento económico estagnou. O crédito evaporou-se. Pela primeira vez, em trinta anos, a democracia portuguesa está em perigo, porque perdeu os seus instrumentos favoritos. A nossa democracia ligou-se perigosamente aos favores concedidos e à demagogia providencial. Sem esquecer o facto de que a confiança nas instituições políticas, públicas e judiciárias, essencial à liberdade, estiola.O clima é mais importante do que o raio de sol ou o aguaceiro de passagem. Criar riqueza e favorecer o investimento é essencial, mas tal não se fará sem um novo enquadramento geral. Decretos e truques de cartola nada resolvem, sem a confiança dos cidadãos e dos agentes económicos. Sem certeza e estabilidade, as intenções e as oportunidades são miragens. Sem lealdade legislativa, ninguém, cidadãos ou empresas, pode planear as suas actividades. Uma boa estatística, que inebria os medíocres, será sempre contrariada pela seguinte, bem mais cruel.

Portugal parece não estar dotado das instituições políticas, dos órgãos de poder, de partidos políticos e de dirigentes à altura de resolver alguns dos problemas essenciais do presente. O processo político português está de tal modo feito que tudo contraria os esforços políticos para reordenar a vida pública e encarar de modo duradouro as necessidades de emergência. As soluções encontram-se na relação entre sociedade e responsáveis políticos, não mais em golpes de sorte partidários, em personalidades impolutas ou em arranjos de gabinete. Com perícia e responsabilidade, as soluções serão graduais e pacíficas, mas rápidas. Sem o que, bruscamente, nada de bom resultará. Impõe-se uma paz partidária, nem que seja apenas entre alguns partidos. E é necessária uma trégua social honesta e equilibrada. Sem abdicar da sua autonomia, patrões e sindicatos precisam de encontrar um ponto de entendimento sem intervenção dos partidos.

Portugal em 2016

As peripécias, os acidentes de percurso, o carácter de algumas individualidades, a futilidade de tantos comportamentos políticos e a inutilidade das declarações públicas continuarão a ilustrar o roteiro da nossa jornada futura. Mas é possível detectar, indelével, sob a espuma do efémero, o percurso principal.

Dentro de cinco ou dez anos, Portugal poderá ser governado de modo diferente. Com mais ou menos democracia. Em completa dependência do estrangeiro ou com uma relativa autonomia. Com graus de corrupção pelo menos controlados ou na submissão a uma partidocracia insaciável. Com novos partidos, novo sistema de governo e um regime diferente. O governo de maioria poderá ser a regra, mas a deriva minoritária poderá prosseguir. O regime parlamentar ou presidencial poderá substituir este arremedo que nos rege, fruto da invenção delirante de juristas medrosos e académicos sem visão da realidade. As eleições poderão ser nominais, mas a ditadura dos partidos poderá também manter-se no alheamento do soberano e dos direitos individuais. Os dilemas são estes. Inelutáveis. Mas as escolhas são nossas. Pelo menos em parte.

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Presidenciais. Análise dos resultados

Transcrição do artigo de Pedro Coimbra publicado no seu blogue Devaneios a Oriente que, pela serenidade e isenção com que está escrito, constitui um documento deste momento, útil para futura consulta.

Sondagens, previsões, e agora os resultados

Os resultados da eleições presidenciais em Portugal apresentam muito poucas surpresas.
Relativamente ao cenário que aqui tinha traçado na passada sexta-feira, os resultados já apurados confirmam, em grande medida, o que então previra.

Cavaco Silva foi reeleito à primeira volta.
Com uma votação, em percentagem, superior à que havia conseguido nas últimas eleições.
E superior também à votação com que Jorge Sampaio fora reeleito.
No entanto, os 52,91% que Cavaco Silva conseguiu, andam longe dos 60% que algumas sondagens lhe davam.
Ainda assim, são mais que suficientes para fazer de Cavaco Silva o grande vencedor da noite.
Não só por ter sido reeleito, não só pela percentagem de votos conseguidos (percentagem, notar bem, que o número de votos, 2 230 000, é o mais baixo de sempre), mas, principalmente, por ter ganho em todos os distritos do país.
Depois desta eleição, e desta votação, Cavaco Silva estará já a pensar que pode cumprir o seu sonho.
Que sempre foi, na realidade, cumprir o sonho de outro - Sá Carneiro.
Uma maioria, um governo, um presidente, será o próximo objectivo a alcançar.
E que, em boa verdade, nunca se apresentou tão verosímil.

Outro dos vencedores da noite foi Fernando Nobre.
Os 14,1%, correspondentes a quase seiscentos mil votos, constituem um resultado excelente para quem se apresentou longe dos aparelhos e das máquinas partidárias.
E dos apoios financeiros que as mesmas proporcionam.
No entanto, e embora reconhecendo o feito, confesso que ainda estava à espera de mais.
Os portugueses estão realmente fartos de politiquice e de politiqueiros.
E têm uma tendência natural para apoiar, por simpatia e empatia, quem se apresenta longe desse universo.
Esse traço de personalidade dos eleitores portugueses, aliado à personalidade afável, educada, altruísta, de Fernando Nobre, fizeram-me vaticinar um resultado ainda superior.
Ainda assim, sem dúvida uma votação expressiva a que conseguida pelo fundador da AMI.
Esperemos que não fique agora na ilusão que os seus seiscentos mil votos representam realmente o seu peso eleitoral.
E que, mais do que isso, representam algo mais que um mero resultado eleitoral de circunstância.

Outro dos grandes vencedores, e a grande surpresa, foi José Manuel Coelho.
O candidato vindo da Madeira, onde conseguiu quase 40% dos votos, e conseguiu fazer sombra a Cavaco, obteve um resultado verdadeiramente surpreendente.
Quase 190 000 votos, que correspondem a 4,5% dos votos expressos, dão a José Manuel Coelho o direito a reclamar vitória.
E a infernizar a vida a Alberto João Jardim, aquele que era o grande objectivo de José Manuel Coelho nestas eleições.
O fenómeno José Manuel Coelho só se explica também por ser uma voz incómoda, revoltada, por exprimir, ainda que de uma forma algo pueril, os sentimentos de muitos portugueses no momento difícil que se atravessa.
O voto em José Manuel Coelho é um voto de protesto contra esse momento difícil.
E a ausência de soluções credíveis.
Ao mesmo tempo que é também um voto divertido.
Salvas as devidas proporções, um fenómeno semelhante ao voto no palhaço Tiririca no Brasil.

No meio, o "empata" destas eleições, foi Francisco Lopes.
Quase 400 000 votos, 7,14%, confirmam as previsões das sondagens, excedem um pouco as minhas.
E, ao contrário do que afirmou Francisco Lopes, não representam "uma afirmação de revolta do nosso povo".
Representam antes a confirmação de um fenómeno que todos conhecemos há mais de trinta anos.
O eleitorado do PCP vota cegamente em quem o partido apresentar como candidato.
Nem que seja a Bota Botilde!!
Este seguidismo dos comunistas portugueses chega a ser confrangedor.
Mas nada surpreendente.

O grande derrotado da noite é, sem qualquer dúvida, Manuel Alegre.
Uma percentagem de votos inferior a 20%, uma votação inferior em quase 200 000 votos ao seu célebre milhão de votos.
Alegre foi, como Soares há cinco anos, vítima da sua ingenuidade e da sua sede de protagonismo.
Fraquezas aproveitadas com mestria maquiavélica por José Sócrtaes.
Embriagado com o milhão de votos conquistado nas últimas eleições presidenciais, então sem o apoio do PS, Manuel Alegre não percebeu que tinha conquistado essa votação precisamente por não ser apoiado pelo PS.
Como se este erro não fosse suficiente, a candidatura de Alegre apresentou um caldo de apoios que teve momentos de puro ridículo.
Ouvir Fernando Rosas dizer que Cavaco era o candidato do sistema, do arco da governação PS/PSD, num dos comícios de campanha de Manuel Alegre, dá cabo das esperanças ao mais carismático dos candidatos.
Juntar PS, Bloco de Esquerda e PCTP/MRPP, foi um erro crasso.
Que o PS de Sócrates soube cavalgar muito bem.
Os apoios do PS a Manuel Alegre foram quase envergonhados.
E assumiram, quase sempre, mais a forma de ataques a Cavaco Silva do que de apoios a Manuel Alegre.
Na estrada, e na hora da derrota, Alegre andou sozinho ou acompanhado pelos pesos-pesados do Bloco de Esquerda.
E por alguns socialistas pouco alinhados com a via socrática do partido.
Manuel Alegre termina aqui a sua carreira política.
Sem brilho, algo abandonado.
Fazendo lembrar os desportistas que arrastam as suas carreiras sem perceberem o momento ideal para as terminar em grande estilo.
No caso de Manuel Alegre, esse momento teria sido há cinco anos.

Outro dos grandes derrotados de ontem foi Defensor Moura.
Resultado de uma campanha deplorável, de ataques que variaram entre o reles e o patético (a evocação constante daquele episódio de um palco em Viana do Castelo é sintomática desse descontrolo), sem uma única ideia válida, Defensor Moura sai destas eleições vergado ao peso de uma derrota pesada (1,5%, correspondentes a 66 000 votos).
E com a imagem de ter sido o peão de brega que Sócrates usou para atacar Cavaco.

Grande destaque também para a brutal taxa de abstenção registada.
53,37%, mais de cinco milhões de eleitores, preferiram não votar.
Foram mais os abstencionistas que os votantes.
Sinal do afastamento dos portugueses em relação à política, de desilusão face às condições de vida que enfrentam, de enorme desinteresse ante as soluções(?) e alternativas(?) que lhes foram apresentadas.
Também de protesto face a uma campanha eleitoral pobre, feia, feita sobretudo de ataques e insultos.
Argumentos que valem igualmente para explicar os votos brancos e nulos que se registaram.

Por fim, o "perdedor mais vencedor" destas eleições - José Sócrates.
José Sócrates, derrotado porque é o secretário-geral do PS, que apoiou o candidato derrotado Manuel Alegre, paradoxalmente, conseguiu tudo o que queria nestas eleições.
"Arrumou" Manuel Alegre na prateleira onde já estavam colocados Mário Soares, Almeida Santos e os outros históricos do PS;
Atacou Cavaco Silva, através de Alegre, e, sobretudo, de Defensor Moura;
Envolveu-se ao mínimo na campanha, evitando assim chamuscar demasiado a sua imagem;
Antes de se juntar a Alegre na derrota, apareceu a falar ao país na sua total disponibilidade para continuar a cooperação estratégica com a presidência da República.
Sintomático.

Resta saber o que é que, verdadeiramente, pretende Cavaco fazer doravante.
À semelhança de Soares e Sampaio, no segundo mandato de ambos, Cavaco vai agora ser muito mais interventivo nos assuntos da governação do país.
Apertem os cintos que se aproxima turbulência!!

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Sócrates é o vencedor das presidenciais!!!

O título parece pouco sério, mas vem confirmar o que ficou escrito em «O amigo António à caça de insólitos». Até parece que Sócrates leu o artigo, meditou e, na sua perspicácia, persistência e espírito de luta, aproveitou a ideia e, no primeiro momento oportuno, expressou a sua posição, como se vê na notícia "Portugueses exprimiram com clareza o que queriam", de que se transcrevem duas frases, muito sintomáticas e com visão de futuro.

«O primeiro-ministro felicitou todos os candidatos às eleições presidenciais e abordou os resultados. "Os portugueses falaram e exprimiram com clareza o que queriam. É legítimo dizer que os portugueses optaram por não mudar. Optaram pela CONTINUIDADE E ESTABILIDADE política. Esta tem sido a regra em presidenciais", referiu.

Sócrates garantiu depois toda a sua disponibilidade e do Governo "para assegurar uma leal cooperação com o Presidente da República agora eleito". "É isso que os portugueses esperam", acrescentou.»


E digam lá se o homem não está com garra de continuar no lugar!!! E os seus adversários como irão reagir??? Estejamos atentos às manobras que os jogadores farão sobre a pobre relva que não pára de ser pisada pelos atletas dos vários clubes.

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domingo, 23 de janeiro de 2011

Democracia ou moneycracia ?


Os números da afluência às urnas até ao meio-dia e as notícias que chegam do estrangeiro conduzem a reflexões sobre Democracia ("demo+kratos") que, segundo a Wikipédia, «é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), directa ou indirectamente, por meio de representantes eleitos». Eis uns tópicos sobre o tema.

Será realmente a democracia o menos mau dos regimes políticos? Não será possível um regime menos mau, atendendo às circunstâncias do mundo actual? Não estará a democracia a ser dominada pelos donos do dinheiro, uma moneycracia ou argentocracia?

Se, teoricamente, a democracia consiste no exercício do Poder pelo povo e para o povo, parece que o seu exercício directo não é praticável, por não haver condições para o cidadão participar com facilidade em cada decisão que afecte a colectividade. Por outro lado, a democracia representativa está a atingir a maturidade com graves vícios e males herdados e progressivamente agravados ao ponto de estarem, em vários aspectos, a ser constatados resultados perversos.

Na prática, a representatividade resume-se a eleições periódicas em que os candidatos (pessoas no caso do PR, ou listas partidárias nos outros casos) são mal conhecidos ou inteiramente desconhecidos de muitos eleitores. Chega a haver elementos de listas que, só por si, levariam a que a lista fosse rejeitada pelos eleitores mais dedicados ao seu País. Há também eventuais referendos, com perguntas pouco claras para a maior parte dos eleitores, que depois ficam espantados com a interpretação inesperada dada ao resultado escrutinado. E foram precedidos de campanhas em que os partidos tentaram por todos os meios condicionar o direito e a liberdade do eleitor.

Com tais factores, muitos eleitores optam pela abstenção, mas nalguns países isso não é possível, por a votação ser obrigatória. Votar em candidatos desconhecidos também não é racional e consciente, mesmo que se queira dar crédito a propagandas por vezes pouco sérias e com promessas escassamente credíveis, pelo que surgem os votos nulos e em branco.

De tais momentos decisivos, a votação democrática, as pessoas raramente saem felizes, a não ser uma minoria que vê o seu candidato predilecto ou o seu partido eleito e dele espera benefícios ou favores, directos ou indirectos. Os tempos vão passando e verifica-se que as promessas foram esquecidas, postergadas, em vez do poder depender do povo depende dos donos do dinheiro e o descontentamento popular desenvolve-se chegando a atingir um grau insustentável: Nas Filipinas em 2001 o Presidente Joseph Strada foi destituído na sequência de manifestações populares convocadas por telemóvel e mensagens SMS. Na Tunísia, o Presidente Zine El Abidine Ben Ali caiu também em consequência de manifestações populares de jovens, sem organização especial, unidos apenas pelo descontentamento em relação ao Poder. Na Albânia milhares de populares na capital protestaram contra o Governo do primeiro-ministro Sali Berisha.

Perante tal atitude da população, o Poder usa a força policial e militar que provoca mortos (mais de uma centena na Tunísia e três na Albânia) mais uma quantidade de feridos (na Albânia no início dos confrontos resultaram 55 feridos, 25 polícias e 30 civis). O resultado destas baixas é logicamente o acirramento dos manifestantes, mesmo que tenham de adiar a vingança para os dias seguintes. Cada morto é um mártir usado como bandeira congregadora das vontades dos cidadãos , que sentirão nele motivo suficiente para aderir à «explosão social».

A melhor forma de lidar com estas situações é usar de medidas preventivas que as evitem. Depois de eclodirem, pouco há a fazer a não ser a demissão como o Joseph Strada ou esta seguida de fuga como Bem Ali. Portanto os políticos devem meditar nestes problemas porque o povo começa a acordar da sua longa letargia e prepara-se para reagir logo que surja oportunidade com motivo bastante. Convém tentar evitar o «perigo de “explosão” social espontânea» a que se referem os sociólogos Boaventura Sousa Santos e António Barreto, usando métodos como os referidos em «Evitar a «explosão» social ???». A justiça social desaconselha que os que fazem a crise continuem a aumentar as riquezas e que os que dela foram vítimas voltem a ser vítimas para a sua solução.

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sábado, 22 de janeiro de 2011

Melhorar qualidade da água do Tejo

Nem tudo é mau no nosso rectângulo à beira-mar plantado e é nosso dever apreciar o que temos de positivo para não destruir a auto-estima. A notícia que se transcreve mostra uma boa medida para despoluir a água do Tejo.

Esgotos de 120 mil casas de Lisboa deixaram de ser lançados ao Tejo
Público. 19.01.2011. Por Carlos Filipe

Os esgotos domésticos da zona central de Lisboa deixaram de ser despejados directamente, sem tratamento, nas águas do Tejo, como acontecia desde sempre.

Foi há dias, mesmo no início do mês, e sem aviso prévio, que o sistema de saneamento do Tejo e do Trancão, a cargo da empresa Simtejo, passou a canalizar os efluentes domésticos de cerca de 120 mil residências da capital para processamento na Estação de Tratamento de Águas Residuais de Alcântara.

Em Setembro de 2009, o presidente da câmara, António Costa, qualificou as descargas que até aqui iam parar directamente ao Tejo como "um dos maiores escândalos nacionais", e que era preciso, com urgência, fazer algo pelo ambiente. Não foi fácil, nem barato: foram quatro anos de obras e 100 milhões de euros empregues para que se comece a fazer justiça ao ambiente de Lisboa e às comunidades aquáticas do Tejo, o maior estuário da Europa ocidental, zona de nidificação e crescimento de inúmeras espécies piscícolas e aves marinhas. O rio fica agora limpo? Não, mas, como diz uma bióloga contactada pelo PÚBLICO, o impacto desta alteração será importante, mesmo que ainda demore algum tempo a fazer-se sentir (ver caixa).

O anúncio desta novidade surgiu, em primeiro lugar, sob a forma de panfleto deixado nas caixas de correio dos lisboetas. Um papel com assinatura institucional da Câmara de Lisboa e da Simtejo, da qual a autarquia é a segunda maior accionista, no qual se dizia: "Ano novo, Tejo limpo! O fado do Tejo mudou!" Ao que o PÚBLICO apurou, o acto oficial de inauguração ocorrerá no próximo sábado.

Marcelo: sonho demorado

Foi há 21 anos que Marcelo Rebelo de Sousa, então candidato à presidência da Câmara de Lisboa, se atirou às águas do Tejo. Com aquela acção, muito mediática, pretendia chamar a atenção para a poluição daquelas águas. Passados 21 anos, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou ontem a sua satisfação pelo fim daquele flagelo. "Quando me atirei à água, apanhei com uma descarga em Belém. Recordo-me, foi junto ao Padrão dos Descobrimentos. É esta, agora, uma boa notícia, mas um sonho que levou muitos anos a concretizar", disse ao PÚBLICO.

As descargas de efluentes não tratados ocorriam em Santa Apolónia, também ao lado do Cais das Colunas, e em Belém. Só em 2009, por altura de outros trabalhos no Terreiro do Paço, foram interceptados os colectores oriundos das ruas do Ouro, Augusta e da Prata e de Santa Apolónia.

Numa segunda fase foram construídas estações elevatórias e um emissário submarino, ao mesmo tempo que também se canalizaram os efluentes que eram despejados em Belém para a conduta que segue para Alcântara. E em Dezembro houve outra intervenção sob o novo piso do Terreiro do Paço, para colocar um sistema de válvulas que impede a entrada de água do Tejo no interceptor. Numa terceira fase, outras obras dos sistemas da Simarsul (Margem Sul) e Sanest (Costa do Estoril) irão contribuir para melhorar todo o estuário.

Benefícios para o estuário do Tejo

Para Maria José Costa, bióloga no Centro de Oceanografia e professora catedrática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a situação do Tejo na zona de Lisboa é considerada "grave", embora admita que "podia estar pior".

"Acontece que o estuário, por ser dos maiores da Europa, tem um grande hidrodinamismo, que o favorece, e com a ausência de descargas directas deverá favorecer a sua biodiversidade. Julgo que no prazo de um ano vamos ter um equilíbrio, uma resposta rápida dos ecossistemas", disse a investigadora, doutorada em Ecologia Animal.

Mas se o estuário poderá dar essa boa resposta, ainda que o fenómeno tenda a ser localizado e não generalizado - diz a bióloga que assim acontece na zona do Parque das Nações, intervencionada para a realização da Expo "98 -, o mesmo não significa que deixe de estar poluído. "É preciso realizar estudos experimentais sobre o que vai acontecer. É preciso ter cuidado com as lamas, que não devem ser mexidas, pois podem ter metais pesados", alerta, admitindo que aqueles poluentes podem ter corrido pelos esgotos. "Tudo depende do que as pessoas atiram fora pelos seus vazadouros domésticos", especificou Maria José Costa. Muito sensíveis aos poluentes são as comunidades bentónicas (organismos associados aos sedimentos, caso de muitas espécies de bivalves). "Só podem melhorar, mesmo que haja espécies muito resistentes", esclarece, afirmando ainda que a comunidade piscícola tem encontrado mais problemas com as barragens do que com os focos de poluição: "Os sáveis, ou as lampreias, querem regressar aos locais onde nasceram e não conseguem."

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Cientistas portugueses em destaque

Do pântano putrefacto em que o País tem sido lançado, cada vez com aspectos mais negativos da parte de quem devia servir de exemplo e incentivo, surgem exemplos de jovens, que acabam por ser os nenúfares que sobressaem do lamaçal.

A notícia «Cientistas portuguesas recebem incentivo» mostra o caso de três jovens já doutoradas no campo das ciências da saúde, que receberam, na Academia de Ciências de Lisboa, as Medalhas de Honra L"Óréal Portugal para as Mulheres na Ciência 2010, acompanhadas de um prémio pecuniário de 20 mil euros. Foram seleccionadas por um júri de um conjunto de 70.

Vale a pena ler todo o texto da notícia, para se ter uma ideia da investigação a que as premiadas se dedicam. A elas desejamos os maiores êxitos para seu prazer e benefício e tamám para a melhor saúde do ser humano.

Cientistas portuguesas recebem incentivo
 Jornal de Notícias. 18-01-2011. Por Eduarda Ferreira

Pesquisas cujos resultados podem vir a ter aplicações na área da saúde constituem o foco do trabalho das três jovens que recebem as Medalhas de Honra L"Óréal Portugal para as Mulheres na Ciência 2010, acompanhadas de um prémio pecuniário de 20 mil euros.

As suas candidaturas saíram de um conjunto de 70, analisadas por um júri a que presidiu Alexandre Quintanilha. Hoje, terça-feira, Joana Marques, Liliana Bernardino e Sílvia Barbeiro recebem a distinção, criada no âmbito internacional há mais de uma dezena de anos pela empresa de cosmética e a que se associam, em Portugal, a Fundação para a Ciência e Tecnologia e a Comissão Nacional da UNESCO.

O intuito do prémio é o de incentivar, também através de uma dotação de 20 mil euros cada, o trabalho de mulheres com menos de 35 anos e já doutoradas no campo das ciências da saúde. A cerimónia de entrega decorre, ao fim da tarde, na Academia de Ciências de Lisboa.

O foco do trabalho de Joana Marques, desenvolvido no Serviço de Genética da Faculdade de Medicina do Porto, consiste em estudar quais os genes capazes de transformar células comuns em células pluripotentes (estas podem entrar na formação de qualquer órgão e esse poder reside naturalmente apenas nas células estaminais embrionárias.)

Uma simples célula da pele poderia, assim, facilitar utilizações terapêuticas, substituindo as embrionárias, cuja manipulação continua a levantar objecções religiosas, éticas e dificuldades técnicas. Joana Marques centra a sua pesquisa no mecanismo pelo qual alguns genes ligam e desligam a capacidade de pluripotência de algumas células.


É da matemática que parte e é a questões da área da saúde que Sílvia Barbeiro quer chegar. Esta investigadora estuda o comportamento do osso, a sua adaptação a estímulos externos e a forma como ele se regenera ou não perante condições distintas do crescimento celular .

A osteoporose e a forma como esta se instala e pode ou não ser contrariada é um dos aspectos da investigação. Mas esta estende-se também à compreensão da melhor forma de substituir articulações, fazer implantes ortopédicos ou reabilitar doentes cuja estrutura da zona facial ou do crânio tenha sido alvo de destruição. No seu estudo, Sílvia Barbeiro não cria apenas modelos que incorporem cálculos sobre materiais, mas também factores como a dinâmica a que eles são sujeitos na sua estrutura.


 Os neurónios são a "matéria prima" da pesquisa de Liliana Bernardino, inserida num laboratório em que é estudado o papel de alguns fármacos na formação de neurónios.

Esta jovem investigadora dedica-se mais à função da molécula histamina. Ela está implicada na diferenciação de células estaminais em neurónios, mas também está associada ao desencadear de processos inflamatórios. Liliana Bernardino procura entender estes mecanismos, mas o seu alvo específico é tentar descobrir se e como se pode levar a histamina também a reparar ou substituir neurónios lesados, o que seria um passo para a compreensão de doenças neurodegenerativas, por exemplo do envelhecimento.

Imagens DR, do JN

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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Compreender os USA



Sugere-se a leitura do livro «Sister Revolutions, French Lightning, American Light», de Susan Dunn, sobre a Revolução Francesa e a que criou os USA, onde se mostra os dois acontecimentos ocorridos na mesma época com contactos muito apertados entre os actores de um e outro país.

Só que os franceses erraram no lema, pois não é prático conciliar a IGUALDADE com a LIBERDADE. Igualdade é sempre traduzida em uniforme, disciplina militar, ausência de iniciativa individual, liberdade cerceada, condicionada.

Os americanos, pelo contrário, realçaram a liberdade responsável, favorecendo a iniciativa individual, a criatividade, apenas limitada pelo respeito a igual direito do outro. Criaram riqueza seguindo as regras de que Linkoln fala no álbum representado acima.

A igualdade só deve ser de oportunidades, de cada um procurar a sua felicidade, isto é, a igualdade de todos perante a lei. Depois uns conseguirão melhores resultados do que outros, como aliás acontece em qualquer campeonato desportivo.

A liberdade impõe o respeito pelos direitos dos outros, pelas liberdades dos outros sejam pobres ou ricos, brancos ou de cor, nascidos aqui ou no estrangeiro, podendo seguir a profissão para que sentirem mais aptidão, escolhendo com quem casar, onde morar, o tipo de carro ou de bicicleta, ou sapatos, etc, etc. Se assim não for pode ser libertinagem ou outra qualquer coisa menos séria.

Mas vamos ao ódio contra os americanos. Durante a II Guerra Mundial, os americanos fizeram um esforço de guerra em que concentraram todos os esforços e foi criado um complexo industrial militar poderoso englobando iniciativas de muitos empresários.

Já perto da sua vida activa, o Presidente Eisenhower alertou para o perigo futuro vindo desse complexo industrial militar que não iria sujeitar-se a ser eliminado e não iria deixar de procurar negócio e lucros. Para isso, iria pressionar os políticos para resolverem os mínimos problemas à custa de guerras com materiais cada vez mais modernos e sofisticados. Essa previsão tem-se mostrado correcta. A investigação para novos armamentos não parou, antes pelo contrário, e, depois de criados, havia que os experimentar e vendê-los a outros países.

Portanto, o mal actual deve-se ao facto de tal complexo industrial militar não ter sido desmontado, com os agradecimentos do trabalho realizado durante a guerra.

Com base no espírito desta súmula, procure-se analisar tudo o que se passa no mundo e ficar-se-á a compreender melhor a situação actual. Até porque os países mais ricos não querem ficar atrás em poder militar, mesmo que para isso tenha de haver muita gente com fome, e o mundo, se os valores e princípios não forem reafinados, corre para o holocausto planetário. Já não se trata apenas da impreparação dos governantes, mas da sua exploração pelos grandes poderes económicos que os pressionam em benefício dos seus negócios.

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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Alegre, há oito anos

Transcrição de carta ao director publicada no PÚBLICO em 11-01-2003

Autocrítica de um cidadão-poeta. 030111

Fiquei muito sensibilizado quando vi e ouvi na televisão o cidadão Manuel Alegre a lamentar os estragos que teve na sua linda casa nas margens do rio Águeda, devido às cheias. Embora, como alguns jornalistas da televisão diziam, as pessoas já estejam habituadas a sofrer, de vez em quando, os efeitos das chuvas mais intensas e persistentes, é compreensível que muita gente se queixe de mais um azar lhes bater à porta. Por isso, ao contrário de palavras que tenho ouvido, concordo que o cidadão Manuel Alegre, tal como os outros, evidenciasse o seu desconforto perante os prejuízos sofridos. É que num Estado de Direito e democrático, os cidadãos são todos iguais perante a lei, perante o poder soberano, todos podendo lamuriar-se.

Porém, não me pareceu correcto que o mesmo cidadão se insurgisse contra o Estado. É que, neste caso, ele deve ter-se esquecido que ele próprio, como deputado, é Estado. Ele, com os seus pares, no Parlamento, segundo órgão de soberania, são responsáveis por legislar e controlar os actos governativos por forma a garantir segurança aos cidadãos, por forma a reduzir os riscos de estes sofrerem graves prejuízos com as cheias. Portanto, o cidadão Manuel Alegre, acusou publicamente o deputado Manuel Alegre de não ter tomado medidas para que aquilo não lhe tivesse acontecido com tanta gravidade. É o inconveniente das pessoas usarem dois chapéus!

Mas esse inconveniente não era de esperar do ilustre poeta Manuel Alegre, pensador, homem que sabe trabalhar dextramente com as ideias e transformá-las em palavras escritas que são o deleite de muitos portugueses. Se não me choquei em ver e ouvir o cidadão Manuel Alegre lamentar os estragos sofridos, fiquei, pelo contrário, muito espantado ao ver o pensador e literato esquecer-se que é uma figura do Estado, do Parlamento, e fazer uma auto-crítica pública tão assanhada. E isto, para não dizer que houve muito boa gente, mais prejudicada em percentagem da totalidade do seu património, e portanto, com mais razões para criticar os seus representantes nos órgãos de soberania e que, no entanto, se mostrou mais conformada com a sua falta de sorte.

Enfim, mais uma vez, se tornou evidente que a literatura é ficção. E que o mundo não progride pela mão de poetas que vivem num mundo virtual. Na China actual, o poder está nas mãos de engenheiros e não na de pessoas que jogam com as palavras mais ou menos floreadas. Por isso, tem tido, na última década, uma invejável taxa de crescimento sustentado.

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Voto útil ou voto inútil ???

Neste ponto da campanha para as presidenciais, com as eleições à porta, depois do percurso de reflexões isentas que têm sido aqui suscitadas, com uma óptica caracterizada por idealismo, utopia, e desejo da máxima perfeição do candidato a escolher, há que cair na realidade e concluir que a vida é gerida com o possível, escolhendo o menos mau, sem grave dissonância com a nossa consciência idealista.

Da abstenção deliberada, ou do voto inútil, seja nulo ou em branco, nada resulta de positivo, pelo menos de imediato, para Portugal. E várias pessoas receiam que o voto em branco possa ser utilizado por alguém sem escrúpulos da mesa, quando a urna é aberta. Tal desonestidade com aproveitamento no acto da contagem (inserção abusiva de cruz) pode ser possível, mas não podemos crer que seja generalizada e o seu efeito não será grande.

Neste momento, descendo do Olimpo das utopias e dos idealismos teóricos, cabe a cada um de nós pensar naquilo que, de acordo com o actual regime, poderá ser menos lesivo para os interesses de PORTUGAL e usar o voto útil. Deve votar-se conforme a própria consciência mas sem prejudicar o País. O interesse de PORTUGAL deve ser colocado acima de qualquer interesse particular.
E não esqueçamos que uma segunda volta tem elevados custos para os portugueses, pelo que cada eleitor deve, de acordo com a sua consciência, votar no candidato menos mau, usar o VOTO ÚTIL pensando em PORTUGAL.

Há quem esteja atento e consciente do esforço que está a ser feito para o candidato melhor colocado nas sondagens obter menos de 50% dos votos válidos, a fim de haver uma segunda volta onde ele perderá porque o seu rival (seja qual for), provavelmente, aglutinará todos os votos da esquerda. Não é por acaso que todos os candidatos conjugaram os ataques a esse seu rival em coisas que, por vezes, nada têm a ver com as funções de PR. A politiquice está a arrastar-se pela lama, esquecendo os interesses de PORTUGAL.

Para votar em consciência, interessa conhecer todas as facetas da personalidade dos candidatos para aquilatar a sua capacidade para exercer o cargo, isto é, para lidar com as situações reais que se lhe depararem, da melhor forma para bem de PORTUGAL, cujo futuro está em jogo. Por isso, os candidatos não devem mostrar-se ofendidos por serem difundidos aspectos menos conhecidos da sua personalidade mas que possam levar a prever os seus comportamentos futuros, porque o futuro de PORTUGAL deve ser acautelado o mais possível.

Cabe a cada um de nós pensar naquilo que poderá ser menos lesivo dos interesses de PORTUGAL e usar o voto útil. Devemos votar conforme a própria consciência mas sem prejudicar o País.

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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Voto inútil

Transcrição de artigo seguira de NOTA:

Apologia do voto inútil
Público 2011.01.17 Gonçalo Portocarrero de Almada

O voto numa candidatura sem possibilidades reais de vitória ou a abstenção afiguram-se ser as opções mais coerentes

Em tempos de eleições presidenciais, legislativas ou autárquicas, é recorrente o recurso ao argumento do voto útil. Na gíria política, entende-se por voto útil a escolha do candidato ou do partido que, mesmo não reunindo as condições que o eleitor desejaria sufragar, é, no entanto, o menos mau dos candidatos com hipóteses de ganhar. Na perspectiva eleitoral, o voto num partido ou candidato que nunca poderá vencer é sempre um voto perdido ou, pior ainda, um voto nas candidaturas que ficariam beneficiadas com a inutilidade prática desse voto idealista.

À medida que se aproxima um acto eleitoral, esfumam-se os axiomas éticos e os princípios, que cedem o seu lugar à pressão das sondagens e das conveniências do momento, quase sempre apresentadas como inadiáveis exigências de salvação nacional. À conta desses pretensos imperativos de ordem pública, engolem-se não poucos sapos e conspícuos cavalheiros travestem-se ideologicamente, em malabarismos de rara acrobacia e discutível moralidade. E quem não se disponibilizar para uma tal cambalhota eleitoral e decidir não vender, nem hipotecar, o seu voto, é certo e sabido que pagará cara a factura da sua verticalidade: à partida é, pelo menos, um utópico e, à chegada do desastrado resultado eleitoral que a sua atitude propiciou, é um cúmplice do inimigo, um traidor.

É sabido que a história do voto útil tem barbas. Nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, o voto útil funcionou a favor de duas grandes forças extremistas. Quando a Alemanha se encontrava numa muito delicada situação interna e externa, os nazis apareceram como a força mais eficaz para deter o triunfante bolchevismo, que ameaçava a liberdade alemã e europeia. É certo, em termos históricos, que muitos dos apoiantes de Hitler o fizeram à conta do voto útil: mesmo não concordando com as teses nazis, entenderam que essa era a única força política capaz de deter o comunismo internacional e, por isso, deram-lhe o seu voto. Em sentido contrário, o voto útil também funcionou a favor do bolchevismo que, para muitos antinazis, parecia ser o mal menor ou, pelo menos, a única estrutura partidária com força suficiente para se opor, com eficácia, ao nacional-socialismo. Mas é óbvio que tanto uns como os outros, quer votando de olhos fechados em Hitler, quer dando o seu contrariado voto aos seguidores de Estaline, favoreceram as respectivas tiranias e votaram contra a liberdade, a democracia e o bem comum. Os seus votos foram úteis, sem nenhuma dúvida, mas para o mal.

Não é só na vida privada que o crime não compensa, porque também na vida política essas leviandades pagam-se caras, como sabem os que sofreram a ditadura nazi na Alemanha, ou os que padeceram os horrores do comunismo na Rússia e nos outros países que também viveram, ou ainda vivem, sob a ditadura do proletariado. Na realidade, tanto os que sufragaram Hitler como os que apoiaram Estaline perderam, porque a vitória moral e política foi daqueles "inúteis" que souberam privilegiar uma atitude de coerência ética, sem se deixarem intimidar pelos falsos argumentos de uma suposta utilidade nacional ou internacional.

Se, por absurda hipótese, houvesse que escolher entre Estaline e Hitler, seria caso para dizer que venha o diabo e que escolha porque, por mais útil que fosse votar em Hitler, para que Estaline não pudesse ganhar, ou votar em Estaline, para que Hitler não saísse vencedor, seria sempre uma escolha dos diabos. E a quem o não seja, só lhe resta uma hipótese digna: não votar em nenhum dos dois, por mais inútil que uma tal atitude pudesse parecer.

Em Portugal, Hitler e Estaline não vão a votos, felizmente, e portanto é moralmente lícita a votação num candidato que, mesmo sendo defectível, é o menos mau dos possíveis ganhadores. Mas o voto numa candidatura sem possibilidades reais de vitória ou a abstenção, quando são escassas as garantias de idoneidade moral dos prováveis eleitos, afiguram-se ser as opções mais coerentes para quem, na sua vida pessoal e na sua actuação pública, não se pauta por conveniências contingentes, mas por princípios e valores permanentes.



Licenciado em Direito e doutorado em Filosofia. Vice-presidente da Confederação Nacional das Associações de Família (CNAF)


NOTA: Permita-me o douto autor acrescentar uma faceta do voto inútil que me parece mais significativa do que a abstenção. Enquanto esta dá uma má imagem do conjunto dos inscritos nos cadernos eleitorais, englobados como, comodistas, preguiçosos, indiferentes, apáticos, sem sentido de cidadania, omissos, etc. o VOTO EM BRANCO significa que o eleitor tem espírito de cidadão, patriota, vai às urnas deixar a mensagem : nenhum dos candidatos corresponde ao seu ideal de valores éticos, cívicos, patrióticos, com amor aos portugueses mais carentes. Não quer votar no menos mau. Só votará no bom, no perfeito, segundo a sua óptica.

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Crise suas causas e lições

Já é redundante falar da crise. Mas, por outro lado, há muito espaço vazio de ideias acerca das suas causas reais e de esboços de lições dela retiradas que poderão ser úteis para preparar um futuro mais seguro e mais feliz para os nossos descendentes.

Há dias, foi aqui publicada uma lista de instituições e fundações sem valor essencial para o País e que ficam caras ao Estado. Tem-se insistido no tema e, como «água mole em pedra dura tanto bate até que fura», vão surgindo passos positivos, embora pouco exemplares porque o quadro legislativo, sendo demasia do pormenorizado e não referindo especificamente que a lei também se aplica aos «boys», estes vão navegando sem sustos.

É positiva a notícia de que a Câmara Municipal de Lisboa extingue a Agência para a Promoção da Baixa Chiado que custou 2,5 milhões. Gastou tal importância durante os nove anos de existência, findos os quais acabou por ser extinta por se ter reconhecido que o seu modelo de funcionamento era "pouco operacional", apesar de a meio da sua existência ter havido uma tentativa para lhe imprimir maior dinamismo.

Dos poucos feitos visíveis citam-se os concursos de montras de Natal, a tenda gigante instalada na Praça da Figueira e as projecções animadas na fachada do Teatro D. Maria II.

Dos cerca de 2,5 milhões gastos pela autarquia para garantir o funcionamento daquela estrutura, quase metade foram absorvidos pelas obras no edifício municipal na Rua dos Douradores onde ela própria funcionou. Os «boys» e as «girls» do regime dificilmente conseguem olhar para além do nariz e começaram por modernizar as suas instalações, sem terem ido mais além.

A criação desta instituição foi uma das muitas loucuras que levaram a esta crise. A sua extinção é um caso meritório que se impunha, mas mais será se forem exigidas responsabilidades aos implicados nestes gastos e que evidenciaram tanta incapacidade para o cargo que aceitaram.
Além deste tipo de instituições que pouco mais fizeram do que albergar cúmplices incompetentes, há a legislação prolixa, pouco clara, orientada para a repressão e o cerceamento das actividades privadas, desprezando o lema da maior liberdade e da máxima responsabilidade, que produz casos como o da fábrica de leite que parou durante ano e meio devido à burocracia. Mas, agora, por fim, está em funcionamento (sabe-se lá se a troco de alguns «robalos»!). Uma fábrica parada, com o investimento bloqueado e os postos de trabalho por ocupar constitui um mau sintoma das condições em que temos vivido e faz compreender a crise devida a um Estado que cerceia a iniciativa individual, sufocando-a com repressão, legislação e regulamentação excessiva. Seria muito mais profícuo que um «simplex» eficaz e real permitisse o desabrochar de valores e iniciativas sob um espírito de responsabilidade em que os valores éticos do respeito pelos direitos dos outros e do Estado fossem os inspectores mais operantes, sempre com um sistema de Justiça eficiente pronto a penalizar com rapidez os desmandos graves.

Mas o povo, que tem estado adormecido e esperando demasiado de governantes que tudo querem controlar e que não conseguem encontrar soluções, começa a despertar e a procurar agir com dinamismo na gestão do seu futuro e, por esse caminho, desempregados criaram mais de 7500 empresas nos últimos três anos, buscando as soluções para a sua sobrevivência e dos familiares e criando postos de trabalho para os jovens que já estão conscientes de que, no mundo actual, só produzindo se consegue sobreviver. «O valor de um país mede-se pelo que produz e não pelo que consome». Estes cerca de 7500 empresários comprovam o velho aforismo «A necessidade aguça o engenho». Realmente, as crises, os obstáculos, os acidentes, as catástrofes, se bem encaradas, podem ser lições para um futuro melhor.

Também outra notícia mostra que a vitalidade é maior fora dos grandes centros urbanos. A Agência para a Vida Local valonguense ganhou o prémio que distingue as "Melhores Práticas Autárquicas em Integração de Imigrantes 2010». A gora Valongo possui um leve troféu em metal dourado ao qual concorreram também as Câmaras de Lisboa e Sintra.

A referência a estes casos mostra que os governos precisam de competência e capacidade para «pensar antes de decidir», para elaborar boas decisões antecedidas de uma análise correcta de todos os factores intervenientes. A fim de elas serem práticas, obedecidas, sem precisarem de emendas sucessivas nem de excepções que hoje são demasiado frequentes.

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domingo, 16 de janeiro de 2011

O amigo António à caça de insólitos

O Amigo António continua a deleitar-me com a sua forma de olhar para as coisas complicadas como se estivesse a ver tudo claro transparente, mas não deixa de ficar intrigado com as manobras da baixa política. Desta vez, saiu-se com a descoberta do insólito apoio do PSD a Cavaco Silva.

Custou-me a concluir que tinha ouvido bem, pois ambas as entidades são fruto da mesma árvore e companheiros do mesmo grupo ou tendência. Mas ele, com o seu raciocínio muito simples e adequado a explicar o menos visível aos mais ignorantes, esclareceu a sua «anedota» que parece não o ser.

Os dados dele são os seguintes: Cavaco é de todos os candidatos o único que, pelo seu passado e a sua forma de estar na política, garante a continuidade, na crise com que conviveu sem evidenciar o mínimo sintoma de alergia e sem fazer algo de positivo para a evitar ou debelar, mesmo que fosse apenas por palavras bem audíveis e insuspeitas.

Pelo contrário, o PSD tem mostrado interesse em mudanças na governação, por forma a melhorar todas as deficiências de organização da máquina pública, passando pela Educação, pela Saúde, pela Justiça, etc..e, para isso, mostra-se interessado em eleições legislativas antecipadas. Ora, depois de o povo, como dizem, ir eleger Cavaco Silva, portanto profundamente mentalizado para evitar a mudança e quaisquer aventuras, será difícil fazer uma lavagem ao cérebro colectiva e eficaz que contrarie o tratamento hormonal que agora lhe está a ser injectado com efeito positivo (na hipótese de o candidato ganhar).

Por outro lado o PS, depois das eleições, se tiverem o referido desfecho, vai agarrar-se ao slogan da continuidade e da estabilidade de que o povo mostrou gostar ao eleger Cavaco.

Achei piada a este raciocínio do Amigo António e não deixei de o trazer aqui para que cada um se ria ou medite, sobre o quanto há de insólito nas tácticas políticas.

Não tive coragem de perguntar qual o candidato que, segundo ele, o PSD deveria apoiar mas, como é muito cauteloso, talvez armasse em pitonisa e dissesse uma frase esfíngica como «qualquer um excepto Cavaco, Alegre e Defensor», porque todos os outros estão mais preparados para mudanças.

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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A China em vez do FMI para combater a dívida???

A notícia «O preço que a China impôs a Portugal» veio ao encontro daquilo que tem sido expresso em resposta a comentários diversos. Por isso não surpreendem as frases

«um preço que irá muito além dos juros cobrados pelo dinheiro que já prestou»

«A China quer entrar ou ser parceira privilegiada em bancos e empresas estratégicas portuguesas que lhe permitam reduzir as barreiras às suas próprias exportações, inundar a Europa de produtos, beneficiar de apoios fiscais, aduaneiros e de fundos comunitários para a inovação e energias renováveis, e usar Portugal e as suas empresas como 'trampolim' para reforçar posições em África, designadamente na construção de grandes infra-estruturas e construção civil em Angola e Moçambique»


«pretende "identificar possibilidades de cooperação em áreas como a logística portuária, serviços financeiros, novas e altas tecnologias, protecção do meio ambiente, energias renováveis, turismo, entre outras"».

Há um forte receio da concorrência dos produtos chineses, perante uma indústria nacional, pouco dinâmica, sem criatividade, e com factores de produção antiquados e de elevado custo, além de os empresários não estarem dispostos a contentarem-se com lucros menores.

Mas, nos tempos actuais, não se podem fechar fronteiras contra a entrada de produtos estrangeiros. E se elas fossem fechadas isso iria contra os interesses dos que têm menor poder de compra e iria beneficiar os industriais locais que vendem mais caro do que a concorrência estrangeira. Isso causaria descontentamentos que potenciariam reacções de graves consequências.


O que resta fazer, perante essa concorrência desigual? À primeira vista, os industriais ocidentais terão de rever a sua organização empresarial, métodos de fabrico, margem de lucro, etc. Mas talvez por esse caminho não se encontre solução eficaz.

Resta que entre em acção a tradicional sabedoria chinesa, tão antiga como o Império do Meio. Eles verão que se o ocidente ficar pobre, sem poder de compra, não terão mercado para os seus produtos e, para evitar isso, terão de procurar um ponto de equilíbrio, em que são sábios. Mesmo assim, isso não dispensa a nossa economia de ser submetida a uma cura de reorganização para ser mais barata e eficaz. As gerações mais jovens terão de aprender a lidar com este problema que agora consideramos grave mas que terá de ser considerado normal no quotidiano de amanhã. Aliás, os próximos tempos não se compadecerão com imobilismos e soluções «para sempre», mas exigem um permanente ajustamento de rota, como acontece com a condução do automóvel em que o volante está permanentemente a sofrer pequenos desvios.

Quanto à competição entre os produtos ocidentais e os chineses, devemos ter consciência de que estamos num momento da história da humanidade em que se defende o comércio livre, a economia de mercado. A China dispõe de trunfos que a civilização ocidental não quer, não está disposta a utilizar, como seja a mão de obra barata.

Mas ninguém no Ocidente tem poder para levar os trabalhadores chineses a exigir salários muito mais altos do que os actuais e abdicar das suas características tradicionais. Também não é fácil reduzir os salários no Ocidente, ao ponto de ficarem ao nível dos chineses.

Mas é possível moralizar muitos empresários que se gabam de altos lucros, altos dividendos e uma vida faustosa à custa dos trabalhadores e dos clientes. Se tais empresários não se limitarem nos seus lucros e nas suas mordomias, acabarão por ter de fechar as suas empresas, e com isso os que mais sofrerão serão os desempregados.

Impõe-se que se antecipe uma estratégia para sobreviver. Os Chineses não são parvos e sabem que, se o mundo perder poder de compra, devido ao desemprego, deixarão de ter clientes para os seus produtos. Por isso, à falta de inteligência dos ocidentais, serão os chineses a moderarem a sua evolução económica para não acabarem por ficar com as mercadorias em armazém.

O mundo sempre passou por altos e baixos e sempre se chegou a pontos de equilíbrio, temporários.
Acho que cada pessoa, cada família ao comprar o que deseja, deve escolher em função do preço e da qualidade do produto sem olhar à origem. A maior parte dos industriais portugueses não merecem o sacrifício de lhes pagar mais caro. Não se pode esquecer  que a actual crise se deve a eles e à pressão que têm feito sobre o Governo, como consta no post «Justiça Social ???»

Mas o título deste texto conduz a imaginar que o FMI não incomodará os portugueses (ele viria incomodar os políticos que vivem e enriquecem à custa de habilidades que lesam as finanças do Estado) porque o seu papel será melhor desempenhado pela China. Enquanto os técnicos do FMI iriam usar teorias lidas em bons manuais universitários, mas desajustadas das realidades que eles não conseguem compreender, a China, pelo contrário pretende salvaguardar o dinheiro investido nos títulos da dívida portuguesa e retirar benefícios de Portugal como entreposto para o seu comércio com a Europa e, para isso, usa a tradição de sensatez, realismo e pragmatismo, de que tem dado evidentes provas.

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Educar para produzir ou para o ócio?

Depois de ver as imagens do «Encerramento da Expo de Shanghai», em que fica bem patente a perfeição do espectáculo, fruto de preparação meticulosa, surge o texto que transcrevo que, embora polémico, por contrariar o «dolce far niente» de que nós ocidentais gostamos, leva a compreender o que está na base do desenvolvimento da China com um crescimento económico de cerca de 10 por cento ao ano, e do desenvolvimento na ciência, nas artes, na indústria e nas novas tecnologias, muito notável em todos os aspectos. Enquanto nós estamos a estender a mão à caridade e a pagar juros altíssimos pelos empréstimos, eles, depois de recuperarem do domínio mongol, da guerra do ópio, da invasão nipónica, da aventura de Mao e de evitarem o contágio da implosão soviética, estão à beira de serem a principal potência mundial e emprestam a nós e à Grécia aquilo que está fora das possibilidades da Europa.

A mentalidade de trabalho e de produção começa desde criança. Há dias ouvi num programa de José Hermano Saraiva que o valor de um País depende daquilo que produz e não daquilo que consome.

As mães chinesas educam melhor?
 ISABEL STILWELL | EDITORIAL@DESTAK.PT 13- 01-2011

O livro de Amy Chua, sobre como é que as mães chinesas conseguem fazer dos seus filhos prodígios em tudo, da música à matemática, saiu há dias, mas já criou uma polémica acesa entre os pais norte-americanos.

Battle Hymm of the Tiger Mother (Hino de Batalha da Mãe Tigre) diz coisas que chocam os ouvidos ocidentais, e a autora, professora de Direito na Universidade de Yale e casada com um americano, tem absoluta consciência de que ia deixar claras as diferenças entre duas formas distintas de exercer a função parental.

Escreve Amy Chua que os pais chineses não aceitam que os filhos tenham menos do que a nota máxima, e a tudo, que escolham as actividades extracurriculares, vejam televisão, tenham um namorado na escola, ou que não sejam os melhores em tudo.

«Se uma criança chegar a casa com um 4, coisa que não acontece!, os pais não se vão queixar à professora. Gritam-lhe e dizem-lhe: «Isto começa por ti, esforça-te mais.» E isto porque acreditam que os filhos são capazes do melhor, e acham que, como pais, têm todo o direito de exigir excelência aos filhos, que lhes devem tudo.

Não é uma questão de mais ou de menos amor, insiste. Para ela «a grande diferença é que os ocidentais estão mais preocupados com a psique e a auto-estima dos seus filhos, enquanto os chineses colocam o enfoque na força, em lugar de nas fragilidades».

Aos pais chineses, afirma, pouco importa que um filho diga que os odeia, porque sabem que quando triunfar lhes vai agradecer a forma como se empenharam na sua educação, a que dedicam dez vezes mais tempo do que os ocidentais.

E os pais vão orgulhar-se, e dar-lhes nota do seu orgulho, em vez de fazerem como os ocidentais que se autoconvencem de que não estão desiludidos pelos seus filhos não serem os melhores, desistindo deles com o argumento de que são diferentes ou especiais. Não há como a polémica para nos fazer pensar...


Imagem da Net

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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O amigo António e as eleições

Hoje não fico pelas conclusões da conversa com o Amigo António e desço ao diálogo, tanto quanto a minha memória permite, porque não fiz qualquer gravação.

_ António, depois de conversar com várias pessoas, ainda não estou decidido em quem irei votar. Concordo contigo quando dizes que a decisão é nossa e a opinião dos outros não deve ser vinculativa, mas peço-te que me digas como orientar o raciocínio para me decidir.

_ Sabes que movimento o meu raciocínio no âmbito de valores e conceitos, sem me deter nos pormenores que só servem para embotar a nossa visão e desviar a atenção do fundamental. Em democracia, o voto é um direito e um dever que consubstancia o slogan «a soberania reside na população». Mas cuidado, porque a democracia representativa que hoje é tida como o regime menos mau, pouco tem a ver com a democracia directa, dos velhos tempos da Grécia antiga, em que o povo se reunia na praça central, a Ágora, onde eram tomadas as decisões mais importantes da cidade, por voto livre de todos os presentes. Agora, em democracia representativa, não é praticável cada cidadão se pronunciar nas decisões a tomar, e o povo limita-se a eleger os seus representantes, delegados, para gerirem os problemas colectivos.

_ Nesse caso, para escolher aquele em quem vou delegar todos os meus poderes de cidadania, preciso de o conhecer muito bem e de ter a certeza de que ele merece toda a minha confiança e vai resolver os assuntos do meu interesse como se fosse eu.

_ É isso mesmo, e até deve saber resolver os problemas melhor do que tu, porque deve ser um dos elementos mais válidos do País e procurará as soluções que melhor contribuam para os interesses nacionais, que favoreçam os cidadãos em geral, desenvolvendo uma sã justiça social. Mas, infelizmente, a tua escolha é limitada a meia dúzia de indivíduos ou de listas de voluntários que são colocadas à tua frente para escolheres uma. E se para Presidente da República, o problema não é fácil, para as legislativas, então, trata-se de uma tarefa desumana. Em boa verdade, não deves votar numa lista em que haja um indivíduo que não conheças bem e em quem não deposites total confiança. Mas, na realidade, aparecem listas de dezenas de elementos e apenas conheces, e mal, o líder. Desta forma falar de democracia e dizer que o povo é que escolhe, é uma falácia, é vitupério.

_ Mas o que pode fazer um simples cidadão como eu, perante tal cenário?

_ Não pode fazer muito. Uma grande maioria, por medo de represálias (há países onde é obrigatório ir votar), ou por dever de gratidão a um cacique, ou esperança de ser beneficiado por um seu favor, vão votar num partido porque já o fazem desde as primeiras eleições em que participaram ou porque simpatizam com um cabecilha local. Outros que pensam um pouco, e vêm que uns e outros não fizeram muito pelos cidadãos mas sim pelo próprio enriquecimento e dos seus familiares e amigos, recusam ser cúmplices daquilo que se atrevem a denominar de palhaçada, e surge o número assustador da percentagem de abstenções. Os analistas chamam aos abstencionistas cobardes, indiferentes, apáticos, sem sentido de cidadania. Um segundo tipo é o dos que não querem deixar de comparecer, pelos motivos atrás referidos, inutilizam o boletim de voto com um risco em diagonal ou frases insultuosas. Em geral estes votos inúteis, inválidos, são interpretados como de gente ignorante que não soube fazer a cruz dentro do quadrado, e o boletim deixou de ter significado. Um terceiro tipo de votantes tem vindo a aumentar que é o dos votos em branco que são interpretados como um sentimento de falta de confiança em cada um dos candidatos. O votante em branco pretende dizer: não sou preguiçoso nem indiferente e estou aqui para vos dizer que nenhum de vós merece a minha escolha.

_ Mas um boletim em branco pode ser aproveitado por um dos elementos da mesa para fazer uma cruz no seu candidato preferido. Não achas que há esse perigo?

_ Claro que acho isso possível. Nestas lutas pelo poleiro podem ocorrer lutas homicidas do género da que em Nova Iorque entre dois homossexuais terminou com a morte de um. Mas para o votante em branco isso não tem grande inconveniente porque ele sabe que um candidato acaba por vencer, mas como nenhum lhe merece confiança, a perda é menor. Por outro lado, por pior que sejam os elementos da «classe» política, não parece fácil tal conivência, e também porque não aceitariam a divisão dos boletins em branco por igual e não chegariam a acordo noutro critério, acabando por o desentendimento ser conhecido publicamente e gerado escândalo.

_ Falaste na necessidade de conhecer bem cada candidato ou lista para nisso assentar a decisão do voto. Mas, nas próximas eleições, para PR, não há muitos dados a apreciar por quem não tenha seguido durante anos as vidas de cada um, porque as pelavras deles não são confiáveis.

_ Pois é, meu caro, ninguém é bom advogado em causa própria. Repara no que eles dizem de si próprios «está disponível para «falar forte e grosso aos mercados financeiros, especuladores e aos senhores que mandam na Europa». Irá ser o «provedor do povo». Só ele mesmo poderá vencer o favorito na segunda volta. Etc. A par do auto-elogio, a maior parte dos discursos são vergonhosamente demolidores da imagem do rival que as sondagens colocam em melhor posição. Por outro lado, ao mesmo tempo que a generalidade das pessoas diz que é preciso haver grandes mudanças, vê-se uma convicção e de certo modo adesão à continuidade das pessoas e, portanto das ideias e das decisões o que retira a mínima esperança de soluções eficazes para a crise que estamos a viver, porque só por milagre quem esteve nas causas do problema pode travestir-se ao ponto de ser agente da solução. Creio que já te dei tópicos suficientes para puxares pelo bestunto e tomares a decisão que mais estiver de acordo com o teu pensamento.

_ Caro António, esta conversa foi muito proveitosa e vou ver se a reproduzo no meu blog para meditação dos leitores. Dentro em breve irei pedir a tua reflexão sobre esta frase que ouvi há pouco: «A humanidade está tão enlouquecida, desprezando valores e princípios, que já precisa de seguir os exemplos de animais ditos selvagens e irracionais, mas que se mostram mais sociáveis e regrados do que os humanos. Deus deve estar arrependido de ter construído um mundo assim e deve estar a pensar em se demitir!».

_ Não me metas nessas divagações. Isso seria areia demais para a minha camioneta.

Imagem do Google

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