terça-feira, 29 de abril de 2008

Imigração, solidariedade, xenofobia

Há grandes estados que foram criados e desenvolvidos com base a imigração. Mas como as relações internacionais primam pelo interesse, ambição e o egoísmo, esses estados, a partir de certo grau de desenvolvimento, controlam apertadamente as entradas de forma a admitirem apenas os imigrantes que tragam mais valias e não transportem consigo problemas indesejáveis.

Este é um tema que se presta a reflexão e a opiniões divergentes conforme o ponto de vista em que os comentadores se situem.

Transcreve-se a seguir um discurso do PM australiano e uma notícia sobre a posição do MNE italiano acerca de imigrantes indesejados. Se alguns argumentos por eles apresentados podem ser considerados válidos, outros não o são tanto.

Ficam aqui à consideração dos visitantes e dos comentadores, e acrescenta-se uma lista de links de posts já aqui colocados, para leitura dos mais interessados por esta problemática.


Discurso do 1º Ministro Australiano à comunidade Muçulmana
(recebido por e-mail)

Aos Muçulmanos que querem viver de acordo com a lei do Sharia Islâmico foi-lhes dito muito recentemente para deixarem a Austrália, no âmbito das medidas de segurança tomadas para continuar a fazer face aos eventuais ataques terroristas.

Aparentemente, o Primeiro Ministro John Howard chocou alguns muçulmanos australianos declarando que apoiava agências-espias encarregadas de supervisionar as mesquitas da nação. Citação:

OS IMIGRANTES NÃO-AUSTRALIANOS, DEVEM ADAPTAR-SE. É pegar ou largar ! Estou
cansado de saber que esta nação se inquieta ao ofendermos certos indivíduos ou a sua cultura. Desde os ataques terroristas em Bali, assistimos a uma subida de patriotismo na maioria do Australianos.

A nossa cultura está desenvolvida desde há mais de dois séculos de lutas, de habilidade e de vitórias de milhões de homens e mulheres que procuraram a liberdade.

A nossa língua oficial é o Inglês; não é o Espanhol, o Libanês, o Árabe, o Chinês, o Japonês, ou qualquer outra língua. Por conseguinte, se desejam fazer parte da nossa sociedade, aprendam a nossa língua!'

A maior parte do Australianos crê em Deus. Não se trata de uma obrigação cristã, de influência da direita ou pressão política, mas é um facto, porque homens e mulheres fundaram esta nação sobre princípios cristãos, e isso é ensinado oficialmente. É perfeitamente adequado afixá-lo sobre os muros das nossas escolas. Se Deus vos ofende, sugiro-vos então que encarem outra parte do mundo como o vosso país de acolhimento, porque Deus faz parte da nossa cultura.
Nós aceitaremos as vossas crenças sem fazer perguntas. Tudo o que vos pedimos é que aceitem as nossas e vivam em harmonia e em paz connosco.

ESTE É O NOSSO PAÍS, A NOSSA TERRA, E O NOSSO ESTILO DE VIDA'. E oferecemo-vos a oportunidade de aproveitar tudo isto. Mas se vocês têm muitas razões de queixa, se estão fartos da nossa bandeira, do nosso compromisso, das nossas crenças cristãs, ou do nosso estilo de vida, incentivo-os fortemente a tirarem partido de uma outra grande liberdade australiana: O DIREITO de PARTIR. Se não são felizes aqui, então PARTAM.

Não vos forçamos a vir para aqui. Vocês pediram para vir para cá. Então, aceitem o país que vos aceitou.

Frattini propõe expulsão de estrangeiros

O comissário europeu para a Justiça cessante e futuro ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Franco Frattini, propôs ontem expulsar os estrangeiros que não disponham de um rendimento mínimo para viver em Itália.

"É preciso votar uma lei que estabeleça um tecto mínimo abaixo do qual os estrangeiros não podem viver no nosso país mais de 90 dias", afirmou Frattini numa entrevista ao jornal de direita "Il Giornale", propriedade da família Berlusconi.

"Bastaria assumir os critérios" do Instituto de estatísticas italiano sobre a pobreza (Istat), explicou. "Aqueles que ultrapassassem estes parâmetros poderiam ficar, enquanto aqueles que não dispõem do rendimento mínimo deveriam ser enviados para o país de origem", adiantou.

Segundo o Istat, o limite de pobreza em 2006 era de 970,34 euros por mês para uma família de duas pessoas.

Fratini também defendeu que os estrangeiros que cometam um delito em Itália sejam julgados, condenados e depois expulsos do país.

"Eles devem cumprir a pena no país de origem. Não é justo que fiquem nas nossas prisões de cinco estrelas que custam muito dinheiro aos contribuintes", disse.

A direita italiana fez da segurança um cavalo de batalha eleitoral e acusou o Governo cessante de esquerda de Romano Prodi de ter assumido uma política frouxa em relação aos imigrantes que associa à criminalidade.

Lista de links, por ordem cronológica:

- Relações internacionais entre Amor e Medo
- Relações internacionais são interesseiras
- A imigração nem sempre é uma bênção
- Emigração e imigração
- Globalização. Seus inconvenientes sociais
- Ausência de autoridade internacional. ONU ineficaz
- São necessários mais imigrantes em 2008
- Vulnerabilidades da ONU
- Diploma internacional indesejável!!!

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segunda-feira, 28 de abril de 2008

Lutemos pelo Abril ainda por fazer

Abril de sim, Abril de Não
(soneto de Manuel Alegre, que fecha com chave de ouro)

Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.

Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de não
Abril que já não é Abril por vire
como tudo o mais contradição.

Vi o Abril que ganha e Abril que perde
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser.

Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
Abril de Abril despido (Abril que dói)
Abril já feito. E ainda por fazer.

Manuel Alegre

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sábado, 26 de abril de 2008

Cavaco, Jovens e a democracia

Foi agradável ouvir as palavras proferidas pelo Presidente da República na AR, durante a 34ª Sessão Comemorativa do 25 de Abril. Muito aqui tem sido escrito no mesmo tom. Mas este discurso tem para o povo a vantagem de este ver que os mais altos responsáveis conhecem as realidades do País.

Porém, esse conhecimento dá aos senhores do Poder mais responsabilidade pela resolução dos problemas, porque deixam de ter a desculpa de nada saberem! Um dos males de Marcelo Caetano foi, nas primeiras «conversas em família» em finais da década de 1960 ter mostrado que estava ciente das dificuldades dos portugueses e, depois, não os ter resolvido e, passado um ano, voltar a referi-los.

Quem tiver lido com alguma atenção este blog, nos posts e nos comentários, terá encontrado variados pontos de reflexão sobre as causas do desinteresse dos jovens pela política e algumas pistas para inverter essa tendência.

Hoje, que muito se fala em cidadania activa, são colocadas mordaças a todos os que levantem a voz para dizer «o rei vai nu»: Na DREN foi o caso do professor Charrua e recentemente os jornalistas que fizeram eco da notícia do caso do telemóvel na Escola Carolina Michaelis, no Distrito de Viana do Castelo foi a substituição da directora do Centro de Saúde de Ponte de Lima, houve o caso do bloguista António Caldeira, e agora o do Ten Cor Luís Alves de Fraga.

Mas, felizmente, apesar da má qualidade do ensino, de que tanto se fala, há vários jovens, nas Escolas Secundárias e Universidades que deixam muito bem colocado o nome de Portugal no estrangeiro, com prémios recebidos pelo seu saber, por artigos científicos publicados em revistas muito conceituadas, por descobertas científicas e competições de competência. Há também exemplos de inovações nas tecnologias de base científica e em indústrias de ponta que muito honram o País.

Mas, sintomaticamente, não consta que qualquer desses jovens que se distinguem pela sua inteligência, capacidade de estudo e competência pertença a políticos ou seja militante de qualquer partido. No outro extremo, verifica-se que entre os assessores, deputados, governantes e autarcas, aparecem apenas, salvo eventuais raras excepções, parentes e amigos de políticos influentes, nomeados por «critérios de confiança política» e não por concurso público que privilegie a inteligência, a competência a capacidade de estudo honesto e isento.

Este estado de coisas leva o jovem que não tem «padrinhos» nas cadeiras do poder a não ter qualquer interesse na política e a desprezar os companheiros de escola que sendo protegidos dos clãs de S. Bento, não precisam de se dedicar aos estudos, porque têm pela frente, garantido, um futuro opulento, sem trabalho e sem necessidade de competência. A maioria dos jovens que não têm tal garantia precisam de se dedicar responsavelmente ao estudo e é de entre eles que saem os premiados internacionalmente, os cientistas que dão lá fora boa imagem ao País.

Infelizmente, a maior parte desses jovens geniais acabam por trabalhar toda a vida, ou grande parte dela, no estrangeiro onde encontram melhores condições para desenvolver as suas investigações. Se se mantivessem cá, seriam objecto de invejas e perseguições e limitações de vária ordem, segundo o arreigado princípio de nivelar por baixo, da mediocridade, dificultando a vida aos que sobressaem pelo seu valor.

Das conversas informais nos locais onde a pessoas param, compreende-se que jovens e adultos pouco se interessem pelas tricas políticas, pois ouve-se com frequência que «eles são todos iguais, e votar é escolher do mesmo». Aparece quem se incline para a abstenção e quem, com presunção de mais esclarecido, diga que todos devem ir às urnas para que os políticos não digam que o povo está indiferente à política, mas devem entregar o boletim em branco, porque sendo branco é válido e faz com que o vencedor, receba uma pequena percentagem dos votos válidos e não tenha base para a arrogância de dizer que foi escolhido pela maioria do povo, pois apenas recebeu o voto expresso de uma ninharia de compadres do seu clã.

Concluindo, o Professor Cavaco Silva tem razão para estar preocupado, mas o primeiro passo para atalhar a tal epidemia será passar já a proceder à nomeação por concurso público honesto e acabar com as nomeações políticas por critérios subjectivos e inconfessáveis. Se, depois, um assessor admitido por concurso, for desleal sobrepondo à racionalidade e independência, as suas tendências partidárias e deixar de cumprir com rigor as suas tarefas, será demitido, nos termos do contrato de admissão.

Então, ficando os «tachos» da política abertos a todos os jovens, aumentará o apetite destes pelos altos cargos da Função Pública e da Governação, passando estes a ser colocados como hipóteses de futuro para os jovens portugueses mais válidos. E convém não esquecer que o combate à corrupção é indispensável para que se não ouça «ninguém honesto quer ir para a política para não ver o seu nome misturado com o de muitos que por lá vegetam». Talvez sejam exageros, mas valerá a pena meditar no problema e nos factores que o enformam.

Notícias acerca do discurso:
- Discurso do PR no 34.º Aniv do 25 de Abril
- Clique aqui para ouvir
- estudo sobre as atitudes e comportamentos políticos dos jovens em Portugal
- Cavaco impressionado com ignorância política dos jovens
- Cavaco e os jovens
- Jovens preocupam presidente
- A revolta silenciosa dos jovens cidadãos

Posts relacionados com o tema:

- Duas etapas sensíveis na vida
- Investigador português recebe prémio no Canadá

- Francisco Veloso recebe prémio internacional
- Filipe Valeriano, Português que sobressai
- Cientistas portugueses em destaque internacional
- Jovens cientistas portugueses
- Jovens com prémios científicos internacionais
- Portugal vai ressurgir!!!
- Mensagem de Ano Novo do PR
- Excesso de assessores e má gestão não resultam bem
- Políticos não dão lições de liberdade
- Três estudantes portugueses premiados nos USA
- Tenhamos esperança nas novas gerações
- Jovens hoje, Líderes amanhã

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sexta-feira, 25 de abril de 2008

Discurso do PR no 34.º Aniv do 25 de Abril

Discurso do Presidente da República na 34ª Sessão Comemorativa do 25 de Abril
Assembleia da República, 25 de Abril de 2008
Clique aqui para ouvir

Senhor Presidente da Assembleia da República,
Senhor Primeiro-Ministro,
Senhoras e Senhores Deputados,
Minhas Senhoras e meus Senhores,

Celebramos hoje, uma vez mais, o aniversário da revolução de 25 de Abril de 1974.

Não vou repetir o que aqui afirmei o ano passado. Apenas direi que me impressiona que muitos jovens não saibam sequer o que foi o 25 de Abril, nem o que significou para Portugal. Os mais novos, sobretudo, quando interrogados sobre o que sucedeu em 25 de Abril de 1974 produzem afirmações que surpreendem pela ignorância de quem foram os principais protagonistas, pelo total alheamento relativamente ao que era viver num regime autoritário.

Não posso deixar de recordar, Senhores Deputados, que, quando o 25 de Abril ocorreu, uma parcela substancial da nossa população nem sequer era nascida. Quem viveu a revolução, tem a tendência para não se lembrar disso, julgando que essa data, fixada no tempo, possui uma perenidade eterna.

Não é justo para aqueles que se bateram pela liberdade, tantas vezes arriscando a própria vida, que a geração responsável por manter viva a memória de Abril persista em esquecer que a revolução foi um projecto de futuro e que, por ter sido um projecto de futuro, deve continuar a ser um sonho inspirador e um ideal para as gerações vindouras.

Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,

Um regime político não pode esquecer as suas origens. Não é saudável que a nossa democracia despreze o seu código genético e as promessas que nele estiveram inscritas. Num certo sentido, o 25 de Abril continua por realizar. Naquilo que continha em termos de ambição de uma sociedade mais justa, naquilo que exigia de um maior empenhamento cívico dos cidadãos, naquilo que implicava de uma nova atitude da classe política, há ainda um longo caminho a percorrer.

Foi justamente a pensar na importância do 25 de Abril para a juventude dos nossos dias que, no ano passado, procurei suscitar a reflexão dos Senhores Deputados sobre o sentido a dar a esta efeméride.

Eu próprio reflecti sobre que sentido faz hoje evocar o 25 de Abril. E, como sempre defendi que os agentes políticos devem prestar contas do que fazem, aqui me encontro para dizer aos Portugueses que continuo convencido que a juventude é o horizonte de qualquer comemoração do 25 de Abril verdadeiramente digna desse nome.

O 25 de Abril, disse-o há um ano e digo-o de novo, não é monopólio de uma geração nem de uma força política. O pluralismo que inaugurou leva a comemorá-lo pensando na salutar diversidade de opiniões, no confronto de tendências e de visões do mundo, na livre expressão das ideias, no legítimo exercício do direito de criticar e discordar. Acima de tudo, leva a comemorá-lo pensando que o 25 de Abril é cada vez mais daqueles que nem sequer o viveram.

Ora, aquilo que encontrei ao longo deste ano faz-me ter esperança na juventude, mas também alguma preocupação quanto aos seus destinos. Ao percorrer o País, nomeadamente nos «Roteiros» que tenho lançado, deparei de Norte a Sul com jovens empreendedores e dinâmicos que ousam projectos de risco, conheci o trabalho de investigadores de excelência à altura dos melhores do mundo, contactei uma nova geração que se dedica a acções de voluntariado e que demonstra um comovente espírito de entrega ao serviço dos outros.

Mas, à semelhança do que aqui disse o ano passado, se por toda a parte encontrei sinais promissores, também sinto que não temos conseguido mobilizar os jovens para um envolvimento mais activo e participante na vida política. Como esta é uma questão que considero demasiado séria, entendi que não poderia limitar-me a falar com base em meras suposições. E, como considero que devo prestar contas do que fiz, gostaria de partilhar com os presentes nesta sala e com todos os Portugueses os resultados de um estudo sobre as atitudes e comportamentos políticos dos jovens em Portugal que, por minha iniciativa, a Universidade Católica realizou e que irei em breve facultar aos grupos parlamentares. Verifica-se que os jovens se distinguem dos outros grupos etários em relação a alguns tipos de comportamento, mas não em relação a todos eles.

Nesse estudo, que me foi apresentado em Janeiro deste ano, concluiu-se, e passo a enunciar:

- em primeiro lugar, que é notória a insatisfação dos Portugueses com o funcionamento da democracia, assim como a existência de atitudes favoráveis a reformas profundas na sociedade portuguesa;

- os mais jovens, entre os 15 e os 17 anos, e os jovens adultos, entre os 18 e os 29 anos – ou seja, os que nasceram após o 25 de Abril – são a camada etária que se mostra mais favorável à introdução de reformas incrementais e limitadas no sistema. De realçar, contudo, que os jovens revelam menor pessimismo quanto ao futuro do que os outros grupos etários;

- os jovens estão menos expostos à informação política pelos meios convencionais de comunicação do que os restantes segmentos da população e mostram também mais baixos níveis de conhecimentos políticos;

- exceptuando o exercício do direito de voto, a população portuguesa tende a ser céptica em relação à eficácia da participação política tradicional, isto é, aquela que é feita através dos partidos;

- no que respeita a um conjunto genérico de medidas destinadas a melhorar a qualidade do sistema democrático, os portugueses são particularmente favoráveis à presença das mulheres na vida política, à criação de novos mecanismos de participação e à maior personalização do sistema eleitoral.

Trata-se de um estudo efectuado de acordo com os métodos mais adequados e fiáveis de recolha de informação, podendo considerar-se que os elementos que contém são fidedignos e correspondem à realidade. Foi esta realidade que o Presidente da República quis conhecer. E é esta realidade que aqui trago ao conhecimento dos Senhores Deputados, na convicção de que os agentes políticos não podem alhear-se do pulsar da sociedade e daquilo que os cidadãos pensam daqueles que os governam.

O estudo mostra ainda outros dados que merecem uma análise séria e uma ponderação profunda:

- já em 2004, os Portugueses contavam-se entre os europeus e os cidadãos de países desenvolvidos com uma pior avaliação do funcionamento da democracia; de 2004 para cá, a insatisfação e o pessimismo cresceram de forma sensível;

- do ponto de vista do chamado «interesse pela política», os resultados demonstram, e cito textualmente o estudo, um «baixíssimo interesse dos inquiridos entre os 15 e os 17 anos»;

- em termos comparativos, além da Hungria e da Eslováquia, Portugal é o país europeu em que os cidadãos dão menos importância à política nas suas vidas;

- os cidadãos em geral mostram maiores níveis de interesse pela política a nível local do que a nível nacional e internacional.

O estudo colocou aos inquiridos três perguntas muito simples: qual o número de Estados da União Europeia, quem foi o primeiro Presidente eleito após o 25 de Abril e se o Partido Socialista dispunha ou não de uma maioria absoluta no Parlamento. Pois, Senhores Deputados, metade dos jovens entre os 15 e os 19 anos e um terço dos jovens entre os 18 e os 29 anos não foi sequer capaz de responder correctamente a uma única das três perguntas colocadas. Repito: metade dos jovens entre os 15 e os 19 anos não foi capaz de responder a uma única de três perguntas simples que lhes foram colocadas. No dia em que comemoramos solenemente o 34º aniversário do 25 de Abril, numa cerimónia todos os anos repetida, somos obrigados a pensar se foi este o futuro que sonhámos.

Justamente por isso, é meu propósito promover em breve um encontro com representantes de organizações de juventude, tendo por objectivo colher a sua opinião sobre o distanciamento dos jovens em relação à política e sobre as medidas que possam contribuir para minorar ou inverter esta situação.

Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,

Se estes são os resultados, será mais difícil diagnosticar as causas. Sei que a actividade política, sobretudo nas democracias consolidadas e nas sociedades desenvolvidas, não ocupa um lugar cimeiro nas preocupações quotidianas dos cidadãos. Simplesmente, mesmo em comparação com os demais países da Europa, os resultados obtidos em Portugal não são animadores.

É natural, é saudável até que os cidadãos em geral e os jovens em particular tenham centros de interesse para além da vida política. Tal significa que têm a democracia como um dado adquirido, que interiorizaram o facto de viverem num regime democrático e agora dedicam a sua atenção a outras realidades.

Em todo o caso, o nível de informação dos jovens relativamente à política é de tal forma baixo que ultrapassa os limites daquilo que é natural e salutar numa democracia amadurecida.

O alheamento da juventude não pode deixar de nos preocupar a todos, a começar pelos agentes políticos. A começar por vós, Senhores Deputados. Se os jovens não se interessam pela política é porque a política não é capaz de motivar o interesse dos jovens. Interrogo-me que efeitos daqui resultarão para o governo de Portugal num futuro não muito distante.

Impõe-se, por isso, que diminua aquilo a que os especialistas chamam a «distância ao poder». Não por acaso, a política local, segundo os elementos daquele estudo, é aquela que mais motiva os cidadãos. Quanto mais próximos estiverem os cidadãos dos centros de decisão, maior será o seu interesse em participar e intervir. Daí que os centros de decisão tenham de procurar uma «política de proximidade» relativamente aos Portugueses.

É isso que tenho feito através dos «Roteiros» e de outras iniciativas, que me levaram a contactar directamente as populações, conhecendo de perto os seus anseios, os seus problemas, a sua insatisfação, mas também as suas esperanças, a sua crença num País melhor, os inúmeros exemplos de sucesso e de boas práticas que encontrei na vida empresarial ou académica, ou nos domínios da cultura, da inclusão social, do ambiente e da investigação científica.

Os partidos políticos possuem responsabilidades muito claras no combate ao alheamento dos jovens pela vida pública. No fundo, no combate à indiferença que muitos jovens têm pelo futuro do seu País. Tal deve-se, em boa medida, ao facto de não ter havido o necessário esforço para a credibilização da vida política. Esse esforço não dispensa algo de muito simples: ouvir o povo e falar-lhe com verdade. Vender ilusões não é, seguramente, a melhor forma de fortalecer o imprescindível clima de confiança que deve existir entre os cidadãos e a classe política.

Do mesmo modo que seria bom acabar com um certo autismo de alguma classe política, levando-a a conhecer melhor a realidade do País, deveríamos pôr cobro ao pessimismo que muitos dizem ser uma característica singular do povo português, desde tempos imemoriais.

Na sua vida de todos os dias, os Portugueses interrogam-se sobre o que lhes reservará o futuro. Existirão sinais para sermos optimistas? Ou, pelo contrário, os indícios apontam para um futuro sombrio? Esta é a atitude típica daqueles que preferem aguardar pelo futuro ou que persistem em tentar adivinhar como será o futuro, em vez de pensar o que devem fazer no presente.

Em vez de nos interrogarmos tanto sobre o que o futuro nos trará, seria melhor que nos concentrássemos sobre o que poderemos trazer ao presente. O futuro começa agora. O futuro será o que dele fizermos hoje, nas nossas vidas profissionais e pessoais, nos nossos comportamentos cívicos, nas nossas atitudes perante os outros. Ao invés de imaginar o dia de amanhã, em lugar de procurarmos sinais nas estrelas de um futuro incerto, construamos hoje mesmo o que queremos para um Portugal melhor. É esse o espírito com que exerço as funções em que fui investido, precisamente neste hemiciclo, onde jurei cumprir e fazer cumprir a Constituição Portuguesa.

Sou Presidente da República porque não me resignei. Porque quis dar o meu contributo presente para o futuro das gerações que nos seguem. Não me resigno, acima de tudo, porque acredito no meu País e nos seus cidadãos. E, por isso, renovo o apelo de há um ano, dirigido a todos os Portugueses, sobretudo aos mais jovens: não se resignem! Só assim sereis dignos da memória do 25 de Abril.

Muito obrigado.
Faça aqui do download do estudo "Os Jovens e a Política" (PDF com 252KB)

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quinta-feira, 24 de abril de 2008

Pirataria no Corno de África e inacção da ONU

O atuneiro espanhol "Playa de Bakio", com 26 tripulantes a bordo, foi tomado de assalto no domingo, 20 de Abril, por um grupo de piratas ao largo da costa da Somália. O Governo espanhol explica que um dispositivo anti-pirataria marítima, no quadro das Nações Unidas, à semelhança de um velho projecto franco-americano, disporia de "uma missão de vigilância e de controlo das zonas marítimas onde ocorressem actos de pirataria". O Governo de Rodríguez Zapatero defende "um sistema colectivo de segurança, potente e eficaz, através de um mecanismo de dissuasão e de luta contra a pirataria no Oceano Índico". Para esse efeito, a Espanha, através dos canais diplomáticas, discute com a França e os Estados Unidos da América a "adopção de uma resolução" pelo Conselho de Segurança que beneficie a luta anti-pirataria.

A região do Corno de África, sobretudo a partir da Somália, um país desgovernado onde vale a lei do mais forte, continua a ser o local preferido para os piratas. Além do atuneiro espanhol "Playa de Bakio", os piratas tentaram, recentemente, tomar dois petroleiros, um junto ao Iémen e outro na costa somali. Um dos petroleiros foi atacado ao largo da Somália, no golfo de Aden, sem causar feridos, mas provocando importantes danos materiais, segundo informação divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês. Os piratas, eram transportados em cinco lanchas rápidas, estavam fortemente armados tendo utilizado armas automáticas, granadas e até um míssil. No entanto, a enorme envergadura do petroleiro e o facto de não ter parado evitou que o assalto se consumasse.

Um outro petroleiro da companhia japonesa Nippon Yusen Kaisha foi atacado, em 21 de Abril, quando descarregava petróleo no porto de Yanbu, na Arábia Saudita. A empresa operadora do navio, a MTT, informou o Governo nipónico que "piratas a bordo de um pequeno barco" não identificado atacaram o petroleiro japonês. Segundo a agência japonesa Kyodo, o navio japonês sofreu o impacto do que, aparentemente, seria uma bomba. O ataque dos piratas, que após a acção fugiram, causou "alguns danos materiais, mas nenhum ferido" entre os 23 tripulantes do navio, confirmaram fontes do Ministério dos Negócios Estrangeiros. O Governo japonês está a preparar medidas para evitar que se repitam incidentes como este, prometendo usar todos os meios para garantir a segurança e a integridade dos navios e das tripulações.

Junto à Somália encontra-se uma fragata espanhola, estando a OTAN a acompanhar o evoluir da situação, admitindo-se que embarcações francesas possam também dirigir-se ao local para onde o pesqueiro foi levado, ou seja a localidade de Gaan, a cerca de 50 quilómetros ao sul de Obbia, e à qual não é possível chegar por terra. No caso do pesqueiro espanhol "Playa de Bakio", o Governo de Madrid enviou a Mogadíscio, capital da Somália, o embaixador no Quénia, para tentar a libertação da embarcação. A decisão de enviar o embaixador no Quénia foi tomada pela célula especial de acompanhamento da situação, coordenada pelo Estado-Maior da Defesa criada para o efeito e que é liderada pela vice-presidente do Governo, María Teresa Fernández de la Vega. Embora tenha na região onde está fundeado o pesqueiro "Playa de Bakio", junto à costa da Somália, uma fragata, a Espanha garantiu aos piratas que actuará com prudência e pela via negocial, razão pela qual enviou um representante a Mogadíscio.

Uma semana antes tinha havido o sequestro de um iate de luxo com 30 tripulantes, dos quais 22 eram franceses. Segundo o que os sequestradores disseram ao comandante do navio francês, a única razão que os move é de ordem financeira pelo que, afirmam que, "se for pago o resgate a situação de sequestro termina imediatamente". A actividade dos piratas nesta área está em franca ascensão, admitindo-se que o Governo, ou os governos (porque o país vive em anarquia total e sob o comando de vários "senhores da guerra" que dominam várias zonas), da Somália dão cobertura a estas actividades como mais uma fonte de receita.

A pirataria numa costa sem qualquer controlo é uma das actividades mais comuns na Somália, sabendo-se que o ano passado foram atacados 263 navios, mais 24 do que no ano anterior.

Madrid não parece disposta a pagar qualquer resgate, admitindo-se que seja levada a cabo a todo o momento uma acção militar para libertar os reféns. No recente caso do veleiro francês "Ponant", a par do pagamento do resgate foi desenvolvida uma acção militar que levou à captura dos piratas.

Os piratas continuam a atacar todo o género de embarcações e mantêm sequestrado o pesqueiro espanhol. Forças de segurança da região semiautónoma de Puntland, na Somália, libertaram os reféns do navio de carga al-Khaleej (que tinha bandeira do Dubai) e que fora sequestrado por um grupo de piratas. Sete foram presos e três ficaram feridos. O assalto àquela embarcação que vinha dos Emirados Árabes Unidos é a quinta tentativa de sequestro numa semana, duas das quais foram conseguidas,

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, manifestou preocupação pelo recrudescimento dos combates entre rebeldes islâmicos e forças conjuntas da Somália e da Etiópia e que já fizeram centenas de mortos, sobretudo civis. Mogadíscio continua a ser uma cidade onde se morre em todas as esquinas. As tropas etíopes, aliadas aos soldados somalis, têm bombardeado áreas densamente povoadas da capital onde suspeitam que estão escondidos os rebeldes islâmicos.

Desde Janeiro do ano passado, morreram cerca de sete mil pessoas, tanto civis como militares. A Somália não conta com um autêntico Governo central desde a queda do ditador Mohammed Siad Barre, em 1991 (há 17 anos). Em resposta, a Etiópia lançou uma ofensiva para repor a ordem em Mogadíscio, onde tem milhares de soldados, tendo os rebeldes islâmicos respondido com enorme violência e com a ajuda da Eritreia, tradicional inimiga da Etiópia.

É de lamentar que a ONU não tenha capacidade para evitar ou punir casos deste género. A sua função de manter e restabelecer a paz é meramente virtual. Sobre este tema já aqui foram publicados vários textos de que se referem:

- Crises em África
- Vulnerabilidades da ONU
- ONU desrespeitada
- Ausência de autoridade internacional. ONU ineficaz

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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Os efeitos benéficos de partilhar

Transcreve-se o seguinte artigo de opinião do Jornal de Notícias, pel lição cívica que encerra:
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Luís Portela, Médico e administrador de empresas

Numa estadia de três semanas na Polinésia Francesa, há alguns anos, percebi o baixo sentido de posse da população local. Durante séculos os polinésios terão desenvolvido um conceito de partilha das coisas, sem sentirem necessidade de possuírem as suas propriedades, as suas árvores de fruto, os seus barcos. Aparentemente tudo era de todos.

Claro que com a colonização francesa esta cultura se foi alterando. Mas, mesmo assim, fez-me reflectir um pouco sobre os conceitos de partilha e de felicidade. Muitos pensadores orientais e também alguns ocidentais têm chamado a nossa atenção para o facto de o ter ou o parecer não serem propriamente fonte de felicidade. Esta terá mais a ver com o ser, ser autêntico, ser útil a si próprio e, sobretudo, aos outros.

As crianças, por exemplo, gostam de partilhar as suas brincadeiras, o seu espaço, as suas coisas e, por vezes, até a sua merenda. Claro que também assumem posições egoístas, mas isso parece não as fazer sentir bem. Sentem-se felizes quando partilham.

Igualmente os jovens gostam de partilhar os seus períodos de estudo, os seus tempos de lazer, as suas ideias e os seus problemas. E, quando se dedicam a actividades de apoio social, fazem-no com grande espírito de dádiva e com muito prazer interior.

A generalidade dos adultos guardam memória de bonitos momentos de partilha da sua infância e da sua adolescência. Depois, talvez o revolutear dos acontecimentos à sua volta e os conceitos materialistas reinantes os afastem mais ou menos de uma postura de partilha.

Mas, quando conseguem conquistar outras pessoas a partilharem de forma enriquecedora ideias, conhecimentos, experiências, participando activamente na construção de projectos ambiciosos e partilhando, depois, o caminho na concretização de realizações bonitas, sentem-se muito bem. E essa forma envolvente, em aberto espírito de partilha, parece a mais apropriada à concretização de grandes objectivos.

Se isso dá prazer interior, também o partilhar directamente com o outro, nomeadamente com quem necessita de apoio, faz a pessoa sentir-se bem. E Portugal tem nas Misericórdias, uma longa tradição de mecenato social, alargada a muitas instituições de apoio nas mais diversas áreas.

Mesmo o mecenato cultural e científico, que até meados do século passado parecia não ter grande expressão, tem vindo nas últimas décadas a ganhar relevância. A Fundação Gulbenkian, a Fundação Serralves, a Fundação Casa da Música e a Fundação Champalimaud são expoentes desse apoio mecenático, que se faz sentir em muitas outras instituições e organizações.

E o enorme número de aderentes ao voluntariado social que se tem desenvolvido nas últimas décadas, evidencia-nos a tendência de partilhar. Se repararmos em alguns desses milhares de homens e mulheres que reservam algum do seu tempo, alguma da sua energia, alguns dos seus recursos para - de forma quase sempre discreta ou até anónima - beneficiarem o seu semelhante, percebemos a necessidade que sentem em partilhar e o prazer interior com que o fazem.

NOTA: Aproveito esta oportunidade para agradecer publicamente ao amigo virtual Leão o muito que me tem ajudado a compreender o funcionamento de muitos aspectos da informática e a praticar actividades que antes me pareciam muito difíceis ou mesmo impossíveis, fora do meu alcance. Algo disso tem sido por mim transmitido a outros que ainda o não compreendiam.
O conhecimento acumulado e não partilhado torna-se árido, improdutivo e acaba por ir connosco para a cova.. Partilhar o que sabemos, os afectos, as experiências, as ferramentas constitui um enriquecimento nosso e da sociedade.

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terça-feira, 22 de abril de 2008

Polícias sem os direitos dos funcionários públicos

O actual governo, quando iniciou as funções, cheio de «fúria» matinal, atacou em todas as direcções, contra juízes, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, professores, militares, polícias, etc e insistiu na igualdade de direitos de todos os servidores do Estado, excepto os políticos, chamando-os funcionários públicos. Na sua pressa, não reparou que nem todos os servidores do Estado são iguais em deveres e nos direitos correspondentes.

Agora, quando se completam 19 anos sobre a carga dos secos contra os molhados no Terreiro do Paço, é levantada novamente a revindicação do direito à greve, por parte dos polícias. E, logicamente, para haver coerência nas posições governamentais, não há razão para ainda não terem esse direito, à semelhança dos outros funcionários públicos como juízes, médicos, professores, etc.

Se os governantes lhes retiraram, com muito regozijo sádico, todos os direitos que os distinguiam dos vulgares funcionários públicos, e se estes têm direito a sindicato e a greve, como acontece também com os meritíssimos juízes, que até se consideram órgão de soberania, porque não os polícias poderem usufruir desse direito? Qual a razão de os polícias estarem privados dessa forma democrática de luta permitida aos outros funcionários públicos? Algo está errado nesta falta de lógica, nesta incoerência e contradição que actua como um pau de dois bicos.

Pessoalmente, não quero imaginar o que serão as grandes cidades num dia de greve da PSP. Nesse dia os prevaricadores agem impunemente, a qualquer hora, em qualquer local, sem qualquer receio. Realmente, não posso aceitar que a PSP faça greve, mas o Governo tem o dever de compensar os agentes dos sacrifícios que lhes exige, com risco e disponibilidade diferente de qualquer funcionário. Não é fácil imaginar o sofrimento de agentes que se vêm igualados aos «mangas de alpaca», mas a quem em dado momento tudo é exigido. A sua prontidão permite, em caso grave, contar com a sua presença a qualquer hora, em qualquer dia, enfrentando riscos que por vezes vão até à perda da vida, o que não acontece a um vulgar funcionário público. Se o Governo não os prestigiar, se os tribunais não derem seguimento ao seu trabalho de fiscalização e repressão da criminalidade, a segurança dos cidadãos é gravemente lesada.

Agora, esquecendo as anteriores posições do Governo, os dois principais partidos políticos «afirmam-se contra direito à greve dos polícias». Estranho!!! Então eles são ou não são funcionário públicos semelhantes aos funcionários das Finanças e outros? Se lhes são feitas exigências especiais, quais as compensações inerentes?

Parece que os responsáveis estão neste caso a usar a mesma lógica do Estado Novo, esquecendo que têm sido tomadas medidas diferentes e que nada têm a ver com os raciocínios e as prioridades dessa época. Há um conjunto de factores interligados que devem se apreciados em conjunto, para que exista coerência dentro de uma estratégia adequada.

Este tema, de forma mais ou menos directa já aqui foi referido nos seguintes textos:

- Polícias diferentes de simples funcionários públicos
- Forças de Segurança e seus sindicalistas
- Polícias querem direito à greve

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segunda-feira, 21 de abril de 2008

A Comissão Trilateral

Por estar próxima a reunião anual do Clube Bilderberg, é oportuno publicar este texto que recebi por e-mail, publicado em MídiaSemMáscara.org

por Carlos I.S. Azambuja em 30 de Agosto de 2006


Resumo: Enquanto se fortalece o inimigo, assusta-se a população dizendo-lhe que a cooperação é necessária porque sem acordos bilaterais "o inimigo" atacará.

O Clube Bilderberg e o CFR (Conselho de Relações Internacionais) são, sem dúvida, as instituições na sombra do Poder mais importantes que existem, mas também a Comissão Trilateral, uma entidade pouco conhecida, desempenha um papel fundamental no esquema de implantação da Nova Ordem Mundial e em sua vontade de conquista global.

A Comissão Trilateral foi criada em 1973 e seu fundador e principal incentivador foi David Rockefeller, por muito tempo presidente do Chase Manhattan Bank, instituição controlada pela família Rockefeller. O primeiro encontro da Comissão Trilateral ocorreu em Tóquio nos dias 21 a 23 de outubro de 1973. Sessenta e cinco pessoas pertenciam ao grupo Americano, das quais 35 tinham relações estreitas com o CFR.

Durante o primeiro ano e meio de existência, a Comissão produziu seis relatórios, denominados "Informativos do Triângulo". Esses relatórios converteram-se no selo característico da Comissão e têm servido como diretrizes do desenvolvimento de seus planos e como antena para avaliar a opinião do público: dois deles no Encontro de Tóquio de outubro de 1973, três no Encontro de Bruxelas em junho de 1974 e um no Encontro de Washington de dezembro de 1974.

Gary Allen, no The Rockefeller File, publicado em 1975, escreveu o seguinte: "Se os documentos do Triângulo são indicativos de algo, podemos dizer que existem quatro eixos principais no controle da economia mundial: o primeiro na direção de criar um sistema monetário mundial renovado", algo já realizado; "o segundo, na direção da pilhagem dos nossos recursos para uma ulterior radicalização das nações espoliadas", também já conseguido, considerando que Rockefeller e companhia enviaram bilhões de dólares em tecnologia americana à URSS e à China como requisito do futuro Governo Mundial Único e seu monopólio; "o terceiro, na direção de explorar a crise energética para exercer um maior controle internacional", também já conseguido, com o temor de escassez energética, os movimentos de defesa do meio ambiente e a guerra do Iraque. O congressista Larry McDonald, em seu prólogo ao livro de Gary Allen escreveu: "Esta é uma exposição concisa, e que provoca calafrios, do que certamente foi a história mais importante do nosso tempo: a idéia dos Rockefeller e seus aliados de criar um Governo Mundial Único que combine o supercapitalismo e o comunismo sob um mesmo teto, tudo sob o controle deles (...) os Rockefeller e seus aliados passaram pelo menos 50 anos seguindo um cuidadoso plano para controlar os EUA e o resto do mundo aumentando o seu poder político através do seu poder econômico".

A Comissão Trilateral - exclusivamente dedicada a tornar realidade a visão de ordem mundial de David Rockefeller, de conseguir a uniformidade ideológica do mundo - está composta pelas três regiões-chave em nível comercial e estratégico do planeta: América do Norte, Japão e Europa Ocidental. Holly Sklar afirma em The Trilateral Commission e Elite Planning for World Management, 1980, que "seu propósito é dirigir a interdependência global entre essas três grandes regiões, de maneira a que os ricos defendam os interesses do capitalismo ocidental num mundo explosivo, provavelmente desanimando o protecionismo, o nacionalismo e qualquer outra resposta que possa colocar a elite contra a elite". Por sua vez, Paul Volker, membro da Trilateral e ex-presidente do Federal Reserve, declarou-o mais claramente: "O nível de vida do americano médio deve diminuir".

Rockefeller introduziu pela primeira vez a idéia da Comissão Trilateral num Encontro do Clube Bilderberg em Knokke, Bélgica, na primavera de 1972, depois de haver lido o livro Between Two Ages, escrito pelo professor Zbigniew Brzezinski, da Universidade Columbia. O livro coincidia com a visão de Rockefeller de que "as pessoas, os governos e as economias de todas as nações devem servir às necessidades dos bancos e das empresas multinacionais".

Dois meses mais tarde, em julho de 1972, David Rockefeller, membro do Clube Bilderberg e presidente do CFR, cedeu sua residência de Pocantico Hills, nos arredores de Nova York, para servir como quartel-general dos primeiros encontros organizativos da Comissão Trilateral. Propósito aparente da Trilateral foi "criar e manter a associação entre as classes dirigentes da América do Norte, da Europa Ocidental e do Japão" porque, segundo os dirigentes da Trilateral, "o público e os líderes da maior parte dos países continuam vivendo num universo mental que já não existe, um mundo de nações separadas, e tem (...) dificuldades para pensar em (...) perspectivas globais".

A Comissão Trilateral é composta por presidentes, embaixadores, secretários de Estado, investidores de Wall Street, banqueiros internacionais, executivos de fundações, advogados de lobbies, líderes militares da OTAN e do Pentágono, ricos industriais, dirigentes de sindicatos, magnatas dos meios de comunicação, reitores e importantes professores de universidades, senadores e congressistas, assim como empreendedores endinheirados, alguns em atividades, outros aposentados. Holly Sklar acrescenta que "a participação de representantes de trabalhadores ajuda a controlar o isolamento popular e a reduzir a distância que separa os membros da Trilateral das massas de gente comum".

A diferença entre o Clube Bilderberg e a Comissão Trilateral é que o Clube, muito mais antigo, limita-se aos membros da OTAN, ou seja, EUA, Europa Ocidental e Canadá. Atualmente, com a ampliação da União Européia e da OTAN, os ex-presidentes dos países do Pacto de Varsóvia estão sendo admitidos no Clube.

O senador Barry Goldwater em seu livro With no Apologies, qualificou a Comissão Trilateral de "a última conspiração internacional de David Rockefeller", e acrescentou: "Seu objetivo é consolidar, na esfera multinacional, os interesses comerciais e financeiros das grandes empresas através do controle da política do governo dos EUA (...) David Rockefeller e Zibigniew Brzezinski encontraram em Jimmy Carter seu candidato ideal. Eles o apoiaram em sua designação e em sua presidência". Efetivamente, a candidatura Carter tinha só 4% de apoio do Partido Democrata e, da noite para o dia, ele, o homem da Geórgia, converteu-se no candidato à presidência. "Para conseguir isso, mobilizaram o dinheiro necessário batendo à porta dos banqueiros de Wall Street, obtiveram a influência intelectual da comunidade acadêmica - sempre dependente do dinheiro das grandes fundações isentas de impostos - e deram ordens aos meios de comunicação membros do CFR e da Trilateral". Deve ser assinalado que Jimmy Carter havia sido um dos fundadores da Comissão Trilateral.

A figura de Jimmy Carter foi construída da mesma forma que fizeram com Ford, Mitterrand, Felipe Gonzalez, Clinton, Karzai, etc. Tanto John Kerry como George W. Bush pertencem à mesma combinação de associações: o CFR e o Clube Bilderberg e, portanto, não importa quem ganhe, pois o verdadeiro poder continua sempre nas mãos dos adeptos da globalização, que são guiados por uma única missão chamada Governo Mundial Único.

Desde a sua fundação, essa tríade globalizadora chamada Comissão Trilateral trabalha para ver o fim da soberania dos EUA. Vejamos algumas citações extraídas do livro Between Two Ages, de Brzezinski: na página 72, ele escreveu que "O marxismo é simultaneamente uma vitória do homem ativo sobre o homem passivo, da razão sobre a crença". Na página 83 afirma: "O marxismo, disseminado popularmente em forma de comunismo, representa o maior avanço na habilidade do homem para conceituar sua relação com o mundo". E na página 123 encontramos: "O marxismo proporciona a melhor compreensão da realidade contemporânea".

Na primeira parte de seu livro The Insiders: 1979 -The Carter's Years, John McManus, da The John Birch Society (uma organização dedicada a restaurar e preservar a liberdade que defende a Constituição dos EUA) escreve: "Em nenhum lugar diz o senhor Brzezinski a seus leitores que o marxismo 'na forma de comunismo', que ele elogia, foi responsável pelo assassinato de aproximadamente 100 milhões de seres humanos durante o Século XX, pela escravidão de outro bilhão e pela necessidade, privação e desespero de todos os seus cidadãos, à exceção de uns poucos criminosos que dirigiram as nações comunistas".

Finalmente, Brzezinski, na antepenúltima página de seu livro, nos conta o significado de tudo isso. O objetivo da Comissão Trilateral é "conseguir o Governo Mundial".

Enquanto muitos biógrafos, através de meias verdades e mentiras completas, têm falado da fabulosa riqueza da família Rockefeller e de seu praticamente ilimitado poder econômico e político que, segundo a propaganda oficial, se ocupa em alimentar os famintos dos países do Terceiro Mundo, em educar os pobres através de uma miríade de benevolentes fundações e sociedades, e na construção da infra-estrutura das nações subdesenvolvidas e devastadas pelas guerras, muito poucos autores apresentaram um aspecto importante da família Rockefeller: o fomento do monopólio, com o estabelecimento de fundações para ganhar poder sobre os cidadãos americanos e, finalmente, subjugar a todos pelo poder da ditadura mundial, unindo o mundo sob o estandarte de um Governo Mundial.

Também há muito os paralelismos entre os Rockefeller e os russos tenham sido suprimidos, o maior segredo de todos, o de que o financiamento da revolução bolchevique foi proporcionado pelos supercapitalistas americanos, continua enterrado porque a família Rockefeller, através de suas organizações - o CFR, o Clube Bilderberg e a Comissão Trilateral, etc. - possui os principais meios de comunicação e as empresas editoriais dos EUA. Anthony Sutton, em Wall Street and the Bolchevik Revolution (Arlington House, 1974), explica: "Nada praticamente foi escrito sobre a estreita relação que tiveram, no passado, os Rockefller com seus supostos arqui-inimigos, os comunistas. Existiu uma aliança contínua, embora escondida, entre os capitalistas e os revolucionários socialistas em benefício mútuo". Sutton documentou a insidiosa traição da elite americana dos arqui-milionários, entre os quais encontravam-se John D. Rockefeller e os banqueiros de Wall Street, ao financiar a revolução e o governo mais brutal de todos os tempos. Gary Allen, no Rockefeller File, 1976, faz eco às descobertas de Sutton, quando afirma: "E o mais surpreendente é a quantidade de provas públicas que existem a respeito".

Gary Allen, no citado livro, pergunta: por que multimilionários como os Rockefeller financiam e colaboram com alguns comunistas e marxistas que juraram publicamente acabar com eles? As vantagens dos comunistas são óbvias, porém quais benefícios obteria o Ocidente com tudo isso? A palavra mágica é "monopólio", "um monopólio que abarca tudo, não apenas o controle do governo, o sistema monetário e todas as propriedades, mas também o monopólio que, com as empresas com que emula, se autoperpetua e é eterno".

E prossegue Gary Allen: "Enquanto o objetivo de J. P, Morgan era o monopólio e o controle da indústria, no final do Século XIX, J. D. Rockefeller, a alma mater de Wall Street, entendeu que a melhor maneira de conseguir um monopólio não removível era por via geopolítica, fazendo com que a sociedade trabalhasse em favor dos monopolistas com a desculpa do interesse público".

Frederick C. Howe explica em Confessions of a Monopolist (1906) como funciona a estratégia na prática: "Estas são as regras dos grandes negócios: consiga um monopólio e faça com que a sociedade trabalhe para você. Enquanto acreditamos que os revolucionários e os capitalistas internacionais estão às turras, deixamos de ver um ponto crucial (...) a associação entre o capitalismo monopolista internacional e o socialismo revolucionário para um benefício mútuo".

Um diabólico plano dos banqueiros para controlar pelos bastidores o socialismo internacional, desenvolvido no início do Século XX, foi financiado por Andrew Carnegie, da Fundação Carnegie, hoje sob o controle do Clube Bilderberg. Esses financistas internacionais, apolíticos e amorais, conforme explica Anthony Sutton em Wall Street and the Bolshevik Revolution, capítulo XI, "buscavam mercados que pudessem explorar monopolisticamente sem medo de competição". Sutton não deixa pedra sobre pedra quando afirma que em 1917 os banqueiros colocaram seu olhar sobre a Rússia, seu "escolhido mercado cativo".

O objetivo do plano, escreve Jennings C. Wise em Woodrow Wilson: Disciple of Revolution, Nova York, Paisley Press, 1938, página 45, era unificar os "financistas e os socialistas internacionais num movimento que desse lugar à formação de uma liga (a Liga das Nações, precursora da ONU) para reforçar a paz (...) e controlar as organizações governamentais e assim encontrar um remédio para todas as enfermidades políticas da humanidade". Quantos milhões morreram nesse processo? A palavra-chave é: monopólio. Pensem simplesmente na antiga União Soviética, onde o Estado controlava e supervisionava tudo.

Não faz falta dizer que para "garantir a paz" é necessário o pré-requisito da guerra, o que tornava necessária a Revolução Bolchevique. O gigantesco mercado russo deveria converter-se em um mercado cativo e numa colônia a ser explorada por alguns poucos financistas americanos e suas empresas. O que não podiam conseguir a Comissão Interestadual de Comércio e a Comissão Federal de Comércio nos EUA, podia ser obtido por um governo socialista no estrangeiro, com o apoio e os incentivos de Wall Street e Washington D. C.

Segundo uma testemunha do Congresso dos EUA (U.S. Senate, Congressional Record, outubro de 1919) o apoio financeiro de John D. Rockefeller a Lênin e Trotski provocou a fracassada Revolução Comunista de 1905. Essa afirmação foi feita em público pelo banqueiro investidor da família Rockefeller e presidente da empresa de investimentos de Nova York, Kuhn, Loeb & CO., o jesuíta Jacob Schiff, também fundador do Federal Reserve, sem cuja influência a Revolução Bolchevique nunca teria tido êxito. Na primavera de 1917, Jacob Schiff começou a financiar Trotski com o propósito de que a Revolução Socialista na Rússia prosperasse. O surpreendente é que esses documentos foram encontrados em mais de um expediente do Departamento de Estado dos EUA (861.00/5339). O documento mais importante data de 13 de novembro de 1918. Um outro documento demonstra que esse mesmo Jacob Schiff, da Kuhn, Loeb & CO. também havia financiado secretamente os japoneses em sua guerra contra a Rússia.

Um outro fato inusitado é que o emissário pessoal de John D. Rockefeller, George Kennan, evidentemente financiado por ele, passou vinte anos promovendo a atividade revolucionária contra o Czar da Rússia, de acordo com o livro Rape of the Constituition: Death of Freedom, de Gyeorgos C. Hatonn.Tehachapi, Califórnia, América West Publishers, 1990.

Quando a revolução de 1905 fracassou, os banqueiros reagiram. No livro acima citado, Gyeorgios C. Hatonn explica como Lênin "foi mantido" na Suíça até 1907, fora de perigo, e Trotski "foi levado para os EUA, onde viveu, sem pagar aluguel, em uma propriedade da Standard Oil, em Bayonne, Nova Jersey". "Em 1917, ao ser expulso da Espanha, novamente Trotski e toda a sua família cruzaram o Atlântico e desembarcaram em Nova York em 13 de janeiro de 1917".

Em 1916, quando o Czar abdicou, Trotski, com 10 mil dólares recebidos de Rockefeller, deixou Nova York em 16 de março de 1917 junto com 300 revolucionários comunistas de Nova York, viajou para a Rússia. Rockefeller teve o cuidado de mandar um comunista norte-americano - Lincoln Steffens - junto com Trotski, para assegurar-se de que voltaria são e salvo à Rússia.

Por que o implacável John D. Rockefeller apoiou Trotski? Porque Trotski, o revolucionário bolchevista, advogava "a revolução e a ditadura mundial, sua uniformidade ideológica e seu compromisso com o internacionalismo liberal. Os bolchevistas e os banqueiros tinham, então, algo em comum: o internacionalismo", uma vez que as finanças internacionais têm, também, os mesmos objetivos comuns: a erradicação dos poderes descentralizados, muito mais difíceis de controlar e o estabelecimento de um Governo Mundial, um monopólio de Poder que se perpetue no tempo

Graças a outras obras impressionantes de Anthony Sutton, as provas da implicação dos Rockefeller na "organização, patrocínio e apoio à Revolução Bolchevique são tão numerosas e avassaladoras que simplesmente não admitem discussão" (Gary Allen, The Rockefeller File, capítulo 9: Building the Big Red Machine). "Para os Rockefeller, o socialismo não é um sistema para redistribuir a riqueza (e muito menos para redistribuir sua própria riqueza), mas sim um sistema para controlar as pessoas e a competição. O socialismo coloca todo o Poder nas mãos do governo. Como os Rockefeller controlam os governos, isso significa que eles têm o controle. O fato de você não saber não significa que eles não saibam!" (Idem).

Como curiosidade: Trotski se casaria depois com a filha de um dos banqueiros mais ricos, Jivotovski, que também respaldou a Revolução Bolchevique.

Em 1926, após os bolcheviques terem tomado o Poder na Rússia, a Standard Oil de Nova York, de Rockefeller, e sua subsidiária, a Vacuum Oil Company, através do Chase National Bank (esse banco, de Rockefeller, desempenhou um papel fundamental na fundação da Câmara de Comércio Russo-Americana em 1922, sob a direção de Reeve Schley, vice-presidente do Chase National Bank) fechou um acordo para vender petróleo soviético nos países europeus. Como parte do preço do acordo, John D. Rockefeller havia feito um empréstimo de 75 milhões de dólares aos bolcheviques. Como resultado desse pacto, "em 1927, o sócio secreto da União Soviética, a Standard Oil de Nova York, construiu uma refinaria de petróleo na União soviética”. “Portanto, John D. Rockefeller", conclui Gary Allen em seu livro acima mencionado, "o caudilho do capitalismo, ajudou na recuperação da economia bolchevique", embora o governo dos EUA só tenha reconhecido oficialmente o Estado soviético em 1933. Ou seja, os Rockefeller, ricos e influentes, colaboraram com o regime soviético assassino explicitamente contra a Lei de seu país.

Finalmente, 200 membros da Comissão Trilateral estiveram reunidos durante vários dias no final de março de 1993 em Washington. Nesse Encontro discutiram e concordaram com a criação de um Novo Exército Mundial e com a soberania das Nações Unidas nas decisões políticas de imigração dos Estados individuais. Durante a noite de 28 de março, seus representantes jantaram com funcionários-chave do governo americano e apresentaram suas "recomendações". No dia seguinte, fizeram o mesmo durante o café da manhã com Bill Clinton, segundo uma informação publicada, em junho de 1993, pelo site do New World Order Intelligence Update, de Toronto. Esse encontro-chave aplainou o caminho para a Conferência do Milênio das Nações Unidas, que ocorreu em setembro de 2000 e, surpreendentemente, recebeu pouca atenção dos meios de comunicação.

Uma das propostas mais sinistras, que nunca havia sido feita, foi a de estabelecer um exército permanente da ONU, instalações para suas tropas e a criação de uma unidade de Inteligência operacional. Apesar dos meios de comunicação de massa não terem dado importância a isso, segundo o artigo "Who Really Runs the World", de Richard Greaves, a proposta era de uma capacidade militar suficiente "para derrubar qualquer governo nacional que não tratasse seu povo em conformidade com os critérios da ONU sobre Direitos Humanos e Justiça Social", palavras-chave que os adeptos da globalização usam para referir-se à diminuição de liberdades individuais e ao maior controle que deveriam exercer as Nações Unidas. Nenhuma Nação será capaz de trabalhar por conta própria nem ser independente, porque a independência será vendida às massas como a incapacidade de um governo para tratar seu povo de acordo com os critérios da ONU.

Os membros do Clube Bilderberg, por sua vez, planejam usar como passo intermediário a ONU, como Polícia Global com o propósito de corroer ainda mais a independência e a soberania nacionais na Europa. No site da Internet, as linhas gerais do projeto são explicadas. Essa propaganda promocional diz que é de fundamental importância para os que querem a globalização que a Áustria, Suíça, Finlândia e Irlanda concordem em participar da força da União Européia, pois isso lhes permitiria adquirir uma condição melhor que a de observadores da UE ou membros da Sociedade para a Paz da OTAN, sem comprometer-se completamente com a defesa coletiva e pôr em perigo o seu status de neutralidade.

Trata-se, uma vez mais de outro passo em direção ao Governo Mundial Único. A Áustria destinou cerca de 2 mil soldados para "Missões de Paz" da ONU; a Finlândia, 2 mil; a Suécia 1500; e a Irlanda, mil.

Concluindo, uma citação do clérigo do Século XIX, Edwin H. Chapin: "Aqui e ali, no transcurso do tempo, sempre existiu um indivíduo que se levanta e projeta sua sombra sobre o mundo".

Finalmente, como vocês, cidadãos comuns não-comunistas, banqueiros, executivos e industriais se sentem ao saber que os EUA financiaram e ajudaram a construir o imponente Poder dos soviéticos, o Estado comunista que assassinou cerca de 100 milhões de seus cidadãos? E que o poder oculto responsável por isso era a família número um de banqueiros dos EUA que representa os ideais da sociedade capitalista? Que os EUA transferiram para a União Soviética, secretamente, a tecnologia mais sofisticada e cara do momento para com isso criar um inimigo visível que justificasse os novos métodos de coerção e terror e agora fazem o mesmo com a China, às expensas de seus próprios compatriotas? E enquanto se fortalece o inimigo, assusta-se a população dizendo-lhe que a cooperação é necessária porque sem acordos bilaterais "o inimigo" nos atacará!

Fonte: - A Verdadeira História do Clube Bilderberg, Daniel Estulin, editora Planeta, 2005 (Na editora Circulo de Leitores, com o título: «Clube Bilderberg – Os senhores do Mundo», 2005)

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domingo, 20 de abril de 2008

Expurgar o RDM de inconstitucionalidade

Pela sua oportunidade e pelo esclarecimento que contém, transcreve-se o artigo seguinte.

É a altura de o Governo demonstrar o seu apego à democracia e à lei
José loureiro dos Santos, General
Público de 18/04/2008

A leitura da Constituição da República não deixa dúvidas sobre que cidadãos poderão ser abrangidos pela aplicação de penas disciplinares resultantes da infracção das leis que lhes restringem direitos dos militares. Não apenas pela leitura do seu artigo 270 (único na Constituição sobre "restrições ao exercício de direitos"), onde se afirma que "a lei pode estabelecer restrições dos direitos (...) dos militares e agentes militarizados dos quadros permanentes em serviço efectivo (...)", mas também no artigo 164, que define a "reserva absoluta de competência legislativa" da Assembleia da República, se utiliza a mesma expressão "em serviço efectivo" (as aspas são nossas).

Ou seja, é inconstitucional o que está ou vier a ser determinado no Regulamento de Disciplina Militar (RDM), relativamente à sua aplicação aos militares que se não encontrem em serviço efectivo. É tudo tão cristalino, mesmo para um não jurista, que não é necessário invocar a autoridade dos pareceres de reputados constitucionalistas como Gomes Canotilho e Vital Moreira, para o confirmar.

Existem dois motivos que poderão explicar que só agora se tenha levantado este problema. Por um lado, teve lugar um acontecimento, que não me lembro de ter ocorrido antes: um militar fora do serviço efectivo foi objecto de um processo disciplinar, o que despertou a atenção para este assunto, especialmente das associações militares e dos jornalistas, conforme, aliás, lhes compete. Por outro lado, porque, na imediata sequência cronológica, e presumo não causal, daquele insólito e inadequado processo, o Ministério da Defesa Nacional enviou um anteprojecto de actualização do RDM em vigor, que data de 1977 com posteriores actualizações pontuais, às chefias e às associações militares, para obtenção dos respectivos pareceres.

Não tenho uma ideia persecutória sobre os actuais responsáveis políticos pela instituição militar, nem penso que eles tenham qualquer intenção de restringir os direitos dos militares, além do que a Constituição permite, e avalio positivamente o exercício das suas funções, sem nunca deixar de criticar os erros que cometem, quando deles tenho conhecimento. Os infundados agravos causados aos militares no âmbito das reformas da administração pública (particularmente no apoio de saúde e no valor das reformas), que urge serem urgentemente reparados, devem-se principalmente à errada abordagem inicial feita pelo Governo a essas reformas, não considerando a especificidade da função militar, e à inexplicável e perigosa insensibilidade do ministro das Finanças aos assuntos militares. Os chefes de estado-maior defendem a instituição militar e estão interessados em resolver os problemas com que se deparam todos quantos têm a honra de lhe pertencer, pelo menos tanto como aqueles que se lamentam pela forma como são tratados, entre os quais me incluo. Por estas razões, fiquei bastante surpreendido e achei particularmente estranho o facto de surgirem inconstitucionalidades no anteprojecto de decreto-lei distribuído, nesta matéria tão sensível.

Questionado por vários meios de comunicação social, sempre revelei a minha surpresa pelo aparecimento das normas contestadas e afirmei não descortinar motivos que as justifiquem. Limitei-me a adiantar como hipótese de explicação a possibilidade de a elaboração do anteprojecto da proposta de diploma ainda estar situada a um nível menos político e mais técnico, o que, eventualmente, teria induzido uma atenção menos cuidada dos responsáveis políticos. E sempre afirmei estar convicto de que seriam retiradas as manifestas inconstitucionalidades que ele tem, quando fossem com elas confrontados, para o que bastariam os alertas dos chefes militares em funções, cuja devoção à instituição militar não deixa dúvidas.

As declarações do secretário de Estado da Defesa Nacional são um sinal de que esta previsão tem fortes probabilidades de se concretizar. Em vez de insistir em normas à margem do que a Constituição da República prescreve, é a altura de o Governo demonstrar o seu apego à democracia e à lei, expurgando o RDM das inconstitucionalidades que ainda contém. Evitará complicações e tensões desnecessárias, que podem ser muito prejudiciais. E não se esqueça da urgência de retomar o cumprimento das leis que governos anteriores deixaram de cumprir (ilegalidade que se mantém), pois é uma atitude de pleno, injusto e perigoso "afrontamento" dos políticos com os militares, que não tem paralelo nos últimos tempos.

O que se pretende é a concretização do que está determinado na lei sobre a condição militar. Pondo fim aos exageros dos cortes no apoio de saúde e nas pensões, actualizando os vencimentos dos militares ao nível das profissões equiparadas (juízes, diplomatas e professores universitários) e pagando o que deve das pensões a que os reformados têm direito, mostrando que se porta, quando paga, com o mesmo rigor com que age, quando cobra.

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sexta-feira, 18 de abril de 2008

O Papa, comparado a pastor?

No post anterior, está um comentário que compara Sua Santidade a um pastor e acaba por fazer uma salada com Papa, Bush e deputados loucos. Isto merece uma reflexão muito participada pelo que aqui deixo uns tópicos para a polémica.

Sua Santidade não pode nem deve ser comparado a um qualquer pastor de gado, de qualquer região do País. As pessoas, crentes ou não, não são ovelhas nem cabras, pois são dotadas de livre arbítrio e, como tal, podem comportar-se como desejarem, usufruindo depois, dos benefícios resultantes das decisões acertadas e arcando com os inconvenientes das acções menos correctas. É isso que os mais fanáticos associam à ideia de pecado e de prémio ou castigo na vida do além.

O pastor de gado tem o dever de controlar totalmente e sem intervalos o seu rebanho, pelo qual é totalmente responsável, mas o Papa não tem a mínima autoridade sobre os seus crentes, não os pode controlar e impedir de errar, porque isso iria conflituar com a liberdade e o livre arbítrio de cada um, que é responsável pelos seus actos e, segundo a sua fé, por eles será julgado no além.

O Papa é um conselheiro, um dirigente espiritual, um inspirador do Bem, para aqueles que o desejam ouvir e aceitam as suas opiniões.

A Igreja não foi criada por Cristo e Este foi o único representante do Pai na Terra e não delegou tal função em qualquer mortal, em qualquer dos seus «irmãos». E a Igreja não tem sido um modelo de cumprimento dos ideais de Cristo, como facilmente se vê na opulência do Vaticano e de todas as catedrais do Mundo, o que acontece, aliás, em todos os lugares de culto das outras religiões. Esse fausto surgiu como fruto das fraquezas humanas, que levam a respeitar apenas o que é grande e rico, mas afastou-se imenso dos ideais de simplicidade e desprendimento aconselhado por Cristo.

Também o amor aos outros, como a nós mesmos tem sido muito mal interpretado e praticado, principalmente no respeitante à palavra OUTROS. Se esse conceito tivesse sido bem interiorizado, não teria havido as cruzadas nem a Inquisição. Nestes e noutros casos, os OUTROS não foram amados e nem sequer respeitados.

E, apesar das declaradas intenções ecuménicas, as religiões continuarão a ser rivais entre si porque os respectivos «pastores» não querem perder as suas mordomias, o seu poder, comportando-se como os líderes de partidos políticos, nas suas rivalidades interpartidárias e intestinas.

Não nos deixemos iludir por palavras enganosas. O pastor de ovelhas ou de cabras tem características próprias, diferentes dos líderes de pessoas, dos chamados condutores de homens.

Por fim, quando se diz que o Mundo está louco, tem de se enfrentar as realidades sociais globais desde as relações de trabalho, às estruturas políticas, passando pelo desporto e pelas religiões. Por exemplo, numa época em que muita gente se afasta dos cultos religiosos mais tradicionais, influenciada pelo materialismo laico, maior é, estranhamente, a adesão a seitas nascentes e também a busca na droga de solução para as dúvidas e angústias espirituais, para a crise existencial.

Parece imperioso o apoio da fé na pesquisa da solução para os problemas mais complexos que preocupam as mentes, mesmo as evoluídas, mas raramente ela é procurada na direcção mais adequada. O ser humano é demasiado complexo e não deve ser encarado como se de ovelhas se tratasse.

Posts anteriores sobre religião:
- Páscoa. Religiões. Reflexões
- Festa de Natal tem 4.000 anos

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quinta-feira, 17 de abril de 2008

O Papa exorta à diplomacia em vez de bombas

Sua Santidade o Papa Bento XVI, durante a sua visita aos EUA apelou ontem a esta grande potência para "apoiarem os persistentes esforços da diplomacia internacional na resolução dos conflitos".

Para concretizar a sua recusa ao conflito musculado e o apoio à resolução pacífica das divergências, Bento XVI efectua um gesto de ecumenismo, de respeito pelas outras religiões, na continuação do seu antecessor e, em Nova Iorque, será o primeiro Papa a entrar numa sinagoga (em Park East, em Nova Iorque).

Quanto ao uso da diplomacia em vez do conflito bélico, não apresentou uma ideia nova mas, com a sua sabedoria e a experiência obtida pela permanente observação deste mundo de loucos, não quis perder a oportunidade de o afirmar no momento e local mais aconselhados para ser mais ouvido pelo mundo e, principalmente, pelos responsáveis pela potência militar e económica que maior uso tem feito das soluções bélicas para conflitos que poderiam e deveriam ser equacionados e resolvidos à mesa de conversações diplomáticas.

Recordo que, neste espaço de reflexão, este tema já aqui foi abordado, de uma forma ou de outra, sempre por estímulo de casos reais trazidos pela Comunicação Social. Para facilidade de consulta pelos interessados, fica aqui uma lista. «linkada» por ordem cronológica, de alguns posts.

20-06-2007. A Paz como valor supremo
21-06-2007. Paz pela negociação
15-07-2007. Guerra a pior forma de resolver conflitos
27-07-2007. A Paz pelas conversações
12-12-2007. ONU desrespeitada
28-12-2007. O mundo estará doente?
05-01-2008. Paz. Ocidente. Continentes. Futuro
09-01-2008. Vulnerabilidades da ONU
04-02-2008. Crises em África
17-02-2008. Negociar, coligar em vez de utilizar as armas
07-03-2008. Terroristas, dissidentes ou apenas oposição?

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terça-feira, 15 de abril de 2008

Como os políticos se respeitam!!!

O Presidente do Governo da Madeira, na sua linguagem pouco ortodoxa e diplomática, disse que durante a visita do Presidente da República, achava bem «não haver uma sessão solene, porque dava uma péssima imagem da Madeira mostrar o bando de loucos que está dentro da Assembleia». E acrescentou que tal sessão «teria repercussões negativas no turismo e na qualidade do ambiente» e com a afirmação de que «não apresento aquela gente a ninguém», apesar de a maioria dos deputados serem do PSD.

Palavras chocantes e desrespeitosas aos deputados da oposição e aos políticos em geral, mas que, infelizmente, não foram as primeiras, nem dele nem de outros. Nos plenários da AR quando o Governo é interpelado, há muitas coisas do género. Recordo-me de um diálogo caricato entre um mestre-escola e o menino Joãozinho das anedotas: Diga lá Joãozinho quantas são as diferentes formas de energias renováveis, vá lá diga, diga, não fique calado, diga, esta é a matéria para hoje.

E como o Joãozinho continuava calado, o mestre-escola com o dedo indicador apontado como se fosse um revólver, repetia a pergunta, com um sorriso sarcástico, e acabou por dizer, vá lá confesse, confesse que não fez os trabalhos de casa, que não se preparou para a lição. O Joãozinho tem de se aplicar mais ao estudo, senão… Não posso garantir que as palavras fossem mesmo estas mas o sentido era!!!

Estas conversas acontecem no intervalo dos grandes problemas do País como o da proibição do uso de piercings e outros de controlos de actividades pouco significativas para a vida dos cidadãos.

E viva Portugal!!!

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segunda-feira, 14 de abril de 2008

Que se passa. Poema de Vicky

Trago aqui mas um poema de Viçoso Caetano, o Poeta de Fornos de Algodres, a adicionar aos que foram aqui publicados, de que se referem, por exemplo, Democracia, A (minha) Mensagem e Ao Combatente do Ultramar Português, todos impregnados de um grande Patriotismo e profundo Amor a Portugal, o que nos dias de hoje vem sendo raro.

QUE SE PASSA ?

Afinal isto não é uma ameaça,
É antes o prelúdio da desgraça
Que a falta de decoro e de respeito,
De algum modo assim se denuncia
Nas palavras de um Homem insuspeito
Que veio por a nu a hipocrisia
Que and´aí a torto e a direito
A encher “bocas” com a Democracia.
Como s´esta palavra, com efeito,
Não fosse de conceitos tão vazia
Que´o Zé Povo simples e escorreito
Nela já só vê demagogia….

E por mais que lhe digam qu´é perfeito
O sistema que a poucos privilegia,
Em contrição, bate com a mão no peito
E jura com um ar insatisfeito,
A que empresta alguma ironia,
Que jamais votará na utopia.
Pois quem quer que venha a ser eleito,
Outro não é, senão mais um sujeito,
Que “come” da mesma confraria,
Uns milhõezitos que são uma ninharia.

Viçoso Caetano (O Poeta de Fornos de Algodres)
Fev2008

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domingo, 13 de abril de 2008

A «lei da rolha» está aí

A «lei da rolha» está a generalizar-se e a consolidar-se. Os 34 anos decorridos sobre o 25 de Abril, não foram suficientes para instalar uma autêntica democracia, com as liberdades inerentes e os direitos humanos que estão a ser exigidos em todo o mundo, de Leste a Oeste.

Na DREN (Direcção Regional da Educação do Norte), houve o processo contra o professor Charrua (Ver aqui e aqui) que acabou por ser arquivado (Ver post) devido à pressão da comunicação social e popular.

A directora do Centro de saúde de Ponde de Lima foi demitida (ver aqui e aqui) por uma questão mal definida com ares de autoritarismo.

Na DREN foi também objecto de notícia o encerramento de uma escola (ver notícia) que entretanto tinha sido contemplada com um prémio internacional, mas já não existia quando devia recebê-lo.

O Dr. António Caldeira, por querer esclarecer pormenores ligados à licenciatura do PM teve um processo jurídico, entretanto arquivado (ver post).

Outros casos houve, com posteriores recuos eventuais, sendo o mais recente sido processo disciplinar contra o coronel na reforma Luís Alves de Fraga (ver notícia), seguido de nova versão do RDM (Regulamento de Disciplina Militar) (ver aqui e aqui) orientada para amordaçar todos os militares mesmo na situação de reforma.

E, novamente, a DREN aparece novamente como notícia (ver aqui), pela mão da sua directora Dr.ª Margarida Moreira que processa órgãos de Comunicação Social por terem divulgado a notícia sobre a violência havida da escola Carolina Michaelis, no Porto.

Já não se pode dizer «o rei vai nu», não se pode dizer o que está mal e precisa de ser rectificado, não se pode referir aquilo que deve ser melhorado a fim de as autoridades responsáveis serem alertadas e estimuladas para um desempenho mais eficaz, em benefício dos portugueses.

E, a propósito de recuos, depois de tantos verificados em vários ministérios – saúde (encerramentos de urgências, maternidades, centros de saúde, etc), educação (TLEBS, avaliações de professores, estatuto de alunos, manuais, etc), obras públicas (Ota, deserto, etc) – surge agora o caso dos descontos abusivos aos reformados sobre o subsídio de férias e de Natal.

Recuar é um sinal de bom senso e de seriedade, mas ter de recuar muitas vezes é prova de que as decisões não foram devidamente preparadas e apoiadas em estudos correctos e num esforço de previsão dos efeitos que delas decorriam.

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sábado, 12 de abril de 2008

Apelo ao General Chito Rodrigues

Transcrevo a carta que Fernando Rezende escreveu ao General Joaquim Chito Rodrigues acerca do descontentamento dos militares, recebida por e-mail em que é pedida a sua divulgação.

Ex.mo Senhor Tenente General Chito Rodrigues
Digníssimo Presidente da Liga dos Combatentes

Por certo que terá V. Ex.ª conhecimento dos textos que abaixo transcrevo.
Mas considero que nunca será demais relembrá-los.

Não teremos nós capacidade para nos fazermos ouvir na Assembleia da República?
Só através de Pessoas Influentes como V. Ex.ª isso será possível, nomeadamente pela posição de relevo que tem junto do Sr. Ministro da Defesa Nacional que se prepara para mais uma “machadada” nos Militares.

Deputados: Os mais velhos ou não foram Militares ou foram desertores; os mais novos ou não o foram mesmo, ou passaram pela Instituição como “gatos por brasas”, guindando-se ao cargo através das juventudes partidárias.

Então quem nos poderá defender e levantar a sua Voz contra as Injustiças, Esquecimentos e Aleivosias de que estamos a ser Vítimas?

Se esse Grito de Revolta não vier da Plêiade de Ilustres Generais Combatentes, estamos entregues nas mãos de incompetentes e corruptos políticos de baixa craveira intelectual e moral, para quem contam apenas as Leis que produzem em benefício próprio.

O Povo, esse, é mero verbo de encher, apenas sendo importante e necessário para, iludido, preencher um boletim de voto.

Desculpe-me V. Ex.ª o precioso tempo que lhe ocupei.

Respeitosos Cumprimentos
Fernando Rezende

Os textos referidos são posts deste blogue:

- Militares vistos por um civil
- Militares amordaçados até à hora da morte

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Militares vistos por um civil

Militares
Por Joaquim Letria, 25ª hora, Jornal 24 horas

Os Militares Portugueses estão por dez réis de mel coado, os cuidados de saúde e de segurança social que lhes são devidos custam uns trocos, e o melhor que se espera é que venham a ser equiparados a funcionários públicos, o que, para quem trabalha em disponibilidade total e pode dar a vida pela Pátria, é, naturalmente um desprimor.

Houve um tempo em que, para cometer mais injustiças, o Estado pensou equiparar as contrapartidas que oferece aos oficiais militares, aos diplomatas, aos juízes e aos professores universitários. Mas depressa os militares ficaram para trás e ninguém foi capaz de acompanhar a passada dos juízes, que, a tratarem da vidinha, são um “vê se te avias”.

Resultado: quando a política externa assenta mais no esforço militar, os nossos oficiais, sargentos e praças são tratados abaixo de cão e só um distinto oficial e cavalheiro parece ter voz e memória em Portugal.
Chama-se Loureiro dos Santos.
O resto foi para termas tratar do reumático ou está a almoçar na Associação 25 de Abril…

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sexta-feira, 11 de abril de 2008

A Revolta dos Generais

Semanário. 2008-04-10 22:36

Nas últimas semanas os generais Loureiro dos Santos, Espírito Santo, Rocha Vieira, Garcia Leandro e Martins Barrento escreveram artigos ou fizeram intervenções muito duras em que criticaram o sistema político, a perda de soberania, o Governo, a política de defesa, a violação de compromissos do executivo para com os militares. É a primeira vez, a esta escala, que vários generais fazem estas declarações e também é a primeira vez que os militares com ideias mais moderadas ou mesmo de direita dão um murro na mesa. Refira-se que, para além dos generais já referidos, também o general Ramalho Eanes não tem escondido nos últimos meses o seu desagrado por algumas situações lesivas das Forças Armadas.

O governo, em resposta, parece ter decidido calar-lhes a boca com uma lei da rolha para os militares reformados, querendo aplicar-lhes o dever de reserva que só abrangia os militares no activo. Segundo a edição de ontem do "Diário de Notícias", o governo vai enviar para aprovação na Assembleia da República uma proposta de lei que altera o artigo 5º do Regulamento de Disciplina Militar. Entre os deveres a que os militares reformados passam a estar sujeitos, no quadro do RDM, caso a proposta seja aprovada, está o sensível e muito abrangente dever de lealdade que refere os militares não podem "manifestar de viva voz, por escrito ou por qualquer outro meio, ideias contrárias à Constituição ou ofensivas dos órgãos de soberania e respectivos titulares, das instituições militares e dos militares em geral ou , por qualquer modo, prejudiciais à boa execução do serviço ou à disciplina das Forças Armadas.". Para além destas limitações, ainda que muitas delas sejam semelhantes às limitações de qualquer cidadão, militar ou não, perante a lei, com a nova proposta os militares reformados ficariam bastante restringidos na opinião sobre as Forças Armadas, o seu funcionamento, os meios ao dispor, e, num âmbito mais vasto sobre a política e os conceitos de defesa nacional. Também opiniões políticas de carácter geral poderiam ficar ameaçadas, dependendo da interpretação e aplicação que viesse a ser dada à lei pelos órgãos disciplinares e jurisdicionais.

O SEMANÁRIO contactou vários generais e todos estão contra a proposta do Governo de alterar o RDM estender os deveres respectivos aos militares reformados. O general Garcia Leandro diz: "Não vou deixar de me pronunciar mesmo que a alteração seja aprovada porque antes de ser um oficial militar sou um cidadão." Garcia Leandro coloca, porém, a hipótese de a proposta não ir para a frente e, no mesmo tom crítico levanta a possibilidade de se tratar de um sinal condicionador que o governo quer dar, "uma operação de dissuasão", ao bom estilo militar, o que faria deste governo um às em estratégia de guerra. Recorde-se que não é a primeira vez que o governo apresenta propostas de lei que parecem visar um "efeito choque", como aconteceu com a proposta de lei dos vínculos à função pública e a equiparação dos juízes aos funcionários públicos.

Já o general Loureiro dos Santos considera que esta alteração, nos moldes em que está feita "é inconstitucional porque a Constituição só permite restrições ao exercício de direitos em relação a militares no activo.". Em causa está o artigo 270º da Constituição que diz que "A lei pode estabelecer na estrita medida das exigências próprias das respectivas funções, restrições ao exercício dos direitos de expressão, reunião, manifestação, associação e petição colectiva e à capacidade eleitoral passiva dos militares e agentes militarizados dos quadros permanentes em serviço efectivo". Esta redacção do artigo tem origem, refira-se, na revisão constitucional de 2001. O general Loureiro dos Santos diz ainda que "os militares reformados são cidadãos iguais aos outros, com os mesmos direitos e os mesmos deveres". "Se os militares reformados, por exemplo, insultarem a bandeira, há os tribunais civis para se pronunciarem", não fazendo sentido aplicar-lhes o mesmo regime dos militares no activo. Loureiro dos Santos confessa a sua estranheza pela proposta do Governo, até porque não conhece nenhum país onde vigore aquilo que o governo quer agora aprovar. O general refere que nos EUA e nos países europeus, a liberdade de expressão dos militares reformados é bem vista pelo Estado e pelos governos já que pode funcionar como alerta para situações que não estão a funcionar bem nas Forças Armadas e no país. "É uma espécie de válvula de escape", diz Loureiro dos Santos. A rematar, o militar quer admitir que a proposta agora apresentada pelo governo se trate de um "mero trabalho técnico", onde não houve o cuidado de fazer uma conformidade plena com o texto constitucional. Se não for esse o caso e a lei vier a ser mesmo aprovada na Assembleia da República, Loureiro dos Santos é, então, muito duro para com o executivo: "Estaríamos perante uma situação de um Estado policial".

O general Martins Barrento também acha estranha a proposta do governo e, questiona, com alguma ironia, "se agora vai passar a estar vigiado". Por sua vez, o general Lemos Ferreira referiu ao SEMANÁRIO que "um militar reformado está mantém os direitos e deveres de cidadania".

Alguns textos relacionados com o tema:
- A Revolta dos Generais
- Reforma na disciplina militar atinge Eanes
- Homem de causas
- FAP processa reformado
- Militares amordaçados até à hora da morte
- Processo disciplinar a militar reformado
- Proibido dizer «O rei vai nu»

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