quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Mais um candidato a milionário???

Ex-deputado pedia donativos a empreiteiros
Jornal de Notícias. 30 de Dezembro de 2009. por Nelson Morais

Carlos Lopes, do PS, é suspeito de crimes de corrupção e financiamento partidário ilegal.

O ex-deputado do PS Carlos Lopes é arguido por suspeita de crimes de corrupção e financiamento partidário ilegal, cometidos, presumivelmente, na angariação de donativos de construtores, nas autárquicas de 2005. (…) (para ler a notícia completa faça clique aqui)

NOTA: E quando será realizado o julgamento do deputado António Preto, que estava marcado para Outubro de 2009? O de Carlos Lopes também ficará adiado para as calendas? Mas desde quando a lei deixou de ser aplicada a todos os cidadãos? Parece que agora irá passar a ser geral, será que sim?

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Futuro difícil e falta de pulso

Transcrição sem mais.

O Titanic a afundar e a orquestra a tocar
Jornal I online. 12 de Dezembro de 2009.por Ricardo Reis, Professor de Economia, Universidade de Columbia

Se a Grécia entrar em bancarrota, Portugal não dura mais que umas semanas. E continua-se a discutir uniões de facto e casamentos?

De acordo com as notícias desta semana, o governo está empenhado na actualização do regime jurídico do casamento. O PSD está empenhado em ouvir escutas telefónicas para aferir o carácter moral do primeiro-ministro. O PCP e o BE estão empenhados em que os mesmos magistrados que não conseguem guardar o segredo de justiça possam ter acesso às contas bancárias de qualquer pessoa, e a persigam se acharem que ela tem mais dinheiro do que devia. O CDS-PP está empenhado em tornar-se imprescindível nos jogos políticos da Assembleia da República. E os deputados estão empenhados em insultarem-se uns aos outros.

Se me permitem, e se não os distraio demasiado destes afazeres, gostava de recordar aos nossos governantes uns pequenos detalhes. 548 mil portugueses estão desempregados. Cerca de 1,850 milhões de portugueses recebem pensão de velhice, 300 mil recebem pensão de invalidez, e 380 mil recebem o rendimento social de inserção.
Para apoiar estes 3,078 milhões de portugueses, trabalham somente 5,020 milhões de portugueses.

Por sua vez, a remuneração mensal média de um trabalhador, depois de impostos, está algures entre os 720 e os 820 euros. Na população activa, por cada pessoa com um curso superior, existem duas pessoas que têm menos do que a quarta classe.

Talvez estes detalhes da vida das pessoas não sejam demasiado importantes para quem tem o olho na Europa. Mas, em Outubro, Portugal só exportou 2856 milhões de euros em bens; importou 4502 milhões. A riqueza que produzimos num ano não chega para pagar o que devemos aos estrangeiros. De bons alunos vaidosos nas cimeiras internacionais, seria bom que os nossos líderes se preparassem para o novo papel de convidado que foge para a casa de banho quando se aproxima um credor.

Quatro países na UE estão com problemas financeiros semelhantes aos de Portugal, de acordo com as taxas de juro que têm de pagar aos credores. O Reino Unido e a Irlanda responderam com medidas dolorosas, que na Irlanda incluem cortes no salário dos funcionários públicos até 20%. A Grécia e a Itália, tal como Portugal, preferem assobiar para o lado. Os especuladores já começaram a atacar a dívida grega e fala-se do risco iminente de bancarrota do país.

Se a Grécia cair, Portugal não dura mais que umas semanas.

Eu sei que, infelizmente, muitos comentadores estão há décadas a anunciar o fim da nossa economia, pelo que os governantes estão habituados a ignorar estes avisos. Mas depois de olhar para estes factos, como é que quem jurou servir Portugal pode passar o tempo a distinguir uniões de facto e casamentos, ou obcecado em saber se José Sócrates trata o amigo por "Mando" ou "Varinha"?

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PS defende morte e ausência da vida???

Transcreve-se um artigo de Mário Crespo de há dez meses e meio que continua a dar que pensar. Tem havido fortes indícios de que a ideia não só não foi abandonada como está a ser implementada sistematicamente, com a indiferença apática do povo mantido em coma induzido, com discussões secundárias que desviam as atenções, tal como as camuflagens em campo de batalha.

O horror do vazio
Jornal de Notícias. 2009-02-16. Por Mário Crespo


Depois de em Outubro ter morto o casamento gay no parlamento, José Sócrates, secretário-geral do Partido Socialista, assume-se como porta-estandarte de uma parada de costumes onde quer arregimentar todo o partido.

Almeida Santos, o presidente do PS, coloca-se ao seu lado e propõe que se discuta ao mesmo tempo a eutanásia. Duas propostas que em comum têm a ausência de vida. A união desejada por Sócrates, por muitas voltas que se lhe dê, é biologicamente estéril. A eutanásia preconizada por Almeida Santos é uma proposta de morte.

No meio das ideias dos mais altos responsáveis do Partido Socialista fica o vazio absoluto, fica "a morte do sentido de tudo" dos Niilistas de Nitezsche. A discussão entre uma unidade matrimonial que não contempla a continuidade da vida e uma prática de morte, é um enunciar de vários nadas descritos entre um casamento amputado da sua consequência natural e o fim opcional da vida legalmente encomendado.

Sócrates e Santos não querem discutir meios de cuidar da vida (que era o que se impunha nesta crise). Propõem a ausência de vida num lado e processos de acabar com ela noutro.

Assustador, este Mundo politicamente correcto, mas vazio de existência, que o presidente e o secretário-geral do Partido Socialista querem pôr à consideração de Portugal. Um sombrio universo em que se destrói a identidade específica do único mecanismo na sociedade organizada que protege a procriação, e se institui a legalidade da destruição da vida.

O resultado das duas dinâmicas, um "casamento" nunca reprodutivo e o facilitismo da morte-na-hora, é o fim absoluto que começa por negar a possibilidade de existência e acaba recusando a continuação da existência. Que soturno pesadelo este com que Almeida Santos e José Sócrates sonham onde não se nasce e se legisla para morrer.

Já escrevi nesta coluna que a ampliação do casamento às uniões homossexuais é um conceito que se vai anulando à medida que se discute porque cai nas suas incongruências e paradoxos. O casamento é o mais milenar dos institutos, concebido e defendido em todas as sociedades para ter os dois géneros da espécie em presença (até Francisco Louçã na sua bucólica metáfora congressional falou do "casal" de coelhinhos como a entidade capaz de se reproduzir). E saiu-lhe isso (contrariando a retórica partidária) porque é um facto insofismável que o casamento é o mecanismo continuador das sociedades e só pode ser encarado como tal com a presença dos dois géneros da espécie. Sem isso não faz sentido. Tudo o mais pode ser devidamente contratualizado para dar todos os garantismos necessários e justos a outros tipos de uniões que não podem ser um "casamento" porque não são o "acasalamento" tão apropriadamente descrito por Louçã.

E claro que há ainda o gritante oportunismo político destas opções pelo "liberalismo moral" como lhe chamou Medina Carreira no seu Dever da Verdade. São, como ele disse, a escapatória tradicional quando se constata o "fracasso político-económico" do regime. O regime que Sócrates e Almeida Santos protagonizam chegou a essa fase. Discutem a morte e a ausência da vida por serem incapazes de cuidar dos vivos.

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Doentes recambiados

Esta notícia do Jornal de Notícias de que aqui deixo o título faz-me lembrar que o bastonário da Ordem dos Médicos não quer que sejam formados muito mais médicos.

Mas, apesar de já haver por cá muitos médicos estrangeiros a suprir a falta de nacionais, acontece isto «Doentes recambiados por falta de clínicos gerais».

Por mais que me esforce, não consigo compreender a teimosia corporativa de quem só olha para os médicos e ignora a situação da população e dos apoios de saúde que carece. Qual é o objectivo altruísta e patriótico? Ou apenas pensam no dinheiro que podem cobrar com a falta de concorrência? Expliquem com clareza o que se passa.

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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Um pilar do poder actual

Não me parece justo quererem fazer esta cabala, este homicídio político, a um tipo tão educado, cavalheiro, simpático, cortês, palaciano, que teve a amabilidade, a gentileza de dizer a uma senhora sua colega do Parlamento que ela se vende por qualquer preço!!!

Ficam aqui os links que recebi por e-mail para que se possa ver até onde chega a malvadez dos opositores!!!

E depois, há quem diga que não há fumno sem fogo!!!

-http://alertaconstante.blogspot.com/2009/12/ricardo-rodrigues-vice-presidente-da.html

-http://5dias.net/2009/12/20/o-rodrigues-do-socialismo-democratico/

-http://arrastao.org/sem-categoria/era-um-homem-de-sucesso-era-um-self-made-man-a-voz-do-ps-contra-as-corrupcoes/

-http://www.aventar.eu/tag/ricardo-rodrigues/

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Atritos entre Belém e São Bento

Transcrição de texto recebido por e-mail do autor, Barroca Monteiro (ex-ajudante de campo do PR Ramalho Eanes em 1981-83).

Porquê um conflito institucional disfarçado (?), entre dois dos mais altos dirigentes do Estado, Presidente da República e Primeiro-Ministro?
Sendo estes atritos recorrentes em Portugal, desde o início do regime, mas raros nos regimes democráticos aliados, pergunta-se qual o seu contributo para um melhor governo do país?
Qual o significado das faltas de sintonia entre dois dirigentes da cúpula do Estado, como? Porquê? e até quando?
Sem a cristalização mental dos filiados em partidos políticos, tenta-se encontrar uma explicação a dois tempos: política (de organização) e pessoal (de personalidades).

Explicação política: Sendo o Presidente eleito por sufrágio directo que leva ao estabelecimento de um elo de ligação particularmente forte com o eleitorado (o seu eleitorado, embora numa perspectiva supra partidária) e sendo dotado de um poder limitado, é estranho que se cerque de um staff de propensão presidencialista, cuja composição permite ter ali um pequeno governo sombra. Para quê?

Tirando o caso do primeiro PR eleito (general Eanes), vindo de fora do sistema partidário e no período de consolidação do regime, que vantagens resultaram dos conflitos políticos dos posteriores PR (Soares, Sampaio) com os sucessivos governos do país?
Careciam tais governos da vigilância e correcção pontual do PR?
Será o PR de um regime democrático a entidade mais ajustada para essa correcção?
No actual mandato presidencial, foi notório o PR a corrigir Governo e AR no caso do estatuto dos Açores, além de outras atitudes semelhantes.

Isto parece proveniente de uma dinâmica pouco salutar desenvolvida desde o início do regime, para satisfação fácil das corporações, sejam profissionais (no Estado) ou políticas (partidos), ou autárquicas (continente/ilhas), traduzida em algumas atitudes a destoar no sistema. Têm-se verificado da parte do PR tomadas de atitudes e decisões, desagradando a partidos e interesses há muito habituados a satisfazer aspirações políticas ou outras, por uma questão de simpatia (dividendos/votos).
Também ocorrem alguns reparos à dinâmica do governo no campo da economia e finanças (investimentos e endividamento públicos, obras públicas), como as referências por vezes tímidas no caso do futuro aeroporto de Lisboa, do natural consequente desagrado do PM e outros interesses.
Com tal dinâmica, em vez de um regime político adulto, com órgãos de soberania vivendo sob o clima de confiança que se encontra na generalidade dos países europeus, temos um regime onde o PR parece destinado a vigiar, controlar e corrigir o governo. Esse efeito acaba por surgir espontaneamente devido ao facto de a Presidência da República estar dotada de um pequeno governo sombra (casa civil), cuja existência seria aliás difícil de admitir, se não servisse para nada.
Será de admirar que a Presidência da República, dotada de tal «governo sombra» se julgue destinada a vigiar, corrigir ou emendar iniciativas governamentais, particularmente quando com origem em governos de partidos de cor política oposta (Soares, Sampaio, Cavaco)? Não servirá essa estrutura para o emprego de apoiantes das candidaturas presidenciais, do candidato a PR e dos partidos apoiantes?

Explicação de ordem pessoal: Os atritos são prováveis quando acontece como agora o Presidente ter personalidade diametralmente oposta à do seu/nosso PM, agravada pela diferença de idade, pelo percursos académicos, profissionais e políticos, partidos de origem e teimosia irredutível.
São dois actores cultural, profissional e politicamente antagónicos, nomeadamente na perspectiva económica e financeira para o futuro. Embora com papeis constitucionalmente delimitados, nem por isso imunes a que os PR se permitam surgir perante o eleitorado em posições antagónicas em relação aos PM. Daí, a necessidade de criar um estilo que passe pela «cooperação estratégica» do PR ou pela «cooperação institucional» do PM.
De entre os termos usados pelo PR na tomada de posse do Governo, que veio posteriormente a reutilizar, a chamada de atenção para o «carácter» na conduta dos actores políticos, diz muito do que se pode suspeitar das relações entre os actores políticos do momento.

E perante isto, a Assembleia da República existe? Será que, cumpre o seu papel de fiscalização do governo, quando as oposições desaprovam as políticas do governo, porque sim, sem apresentarem alternativas para bem de Portugal?
As últimas tomadas de posição das oposições são significativas ao questionar o governo sobre decisões de há anos, como compras militares; processo do computador Magalhães; venda das prisões, etc. Mas tinham estado mudos e calados quando o governo tomou tais opções, tal como outras: futuro aeroporto de Lisboa na Ota; rede de auto estradas ou de comboio de alta velocidade.
Num parlamento sem controlo e com deputados dados a demasiado «trabalho político» fora da AR, falta naturalmente o tempo: para estudar, investigar, criticar denunciando más opções e propor alternativas consistentes.
Com deputados absentistas, em part time e pouco dados ao trabalho de casa, permitindo soluções abortistas como a da Ota ou a sementeira de auto-estradas do governo, quem sobra no sistema senão o PR?
Como chegou o governo à conclusão de que iria haver no TGV Lisboa Madrid, 25 mil passageiros por dia, 12 mil em cada sentido?

P.S.: o vigente sistema semi-presidencial (híbrido), poderia começar desde já a ser pensado para inserir na próxima revisão constitucional. Naquilo que é tão habitual no país, a AR já se manifestou, aprazando a revisão da CRP para mais tarde. Entretanto, a crise institucional, a par da económica, podem continuar!

A bem do Regime.

Barroca Monteiro

NOTA: Acho muito interessantes estas reflexões de quem viveu estes problemas por dentro do palácio, com as quais em grande parte concordo, depois de ter feito parte do gabinete civil da presidência em 1975-76. Depois dessa data conturbada muita coisa mudou, como é lógico, mas houve distorções e indefinições que são altamente nocivas para o País, por acabarem por se reflectir no desempenho das funções das mais altas instituições do regime. A Constituição da República Portuguesa precisa de uma revisão muito profunda, sem paixões partidárias mas com o pensamento em Portugal, para clarificar a estrutura do Estado e assegurar um futuro mais tranquilo e de progresso.

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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Haja optimismo para 2010 !!!

Considero que o optimismo é saudável, em conformidade com o post «A saúde depende dos pensamentos e das palavras» e, por outro lado, o 2009 foi tão mau que o 2010 dificilmente poderá ser pior.

Porém, reconheço que as perspectivas não são animadoras, com a teimosia nos investimentos megalómanos, o desprezo pelas pessoas, os discursos balofos e a engorda do governo ( o Gabinete do Ministro da Defesa Nacional e o Gabinete do Secretário de Estado da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar admitiram nada menos que 26 altos funcionários entre adjuntos e assessores), em pano de fundo.

Mas não ponho fora de hipótese haver um «milagre» que anule o pessimismo do artigo que transcrevo a seguir.


Pior é bem possível
Correio da Manhã. 28 Dezembro 2009. Por António Ribeiro Ferreira

Em 2010, José Sócrates vai tentar, custe o que custar, recuperar a maioria absoluta. Dito isto, é de temer o pior do ano que aí vem.

O ano de 2009 está a acabar. Para muitos é um alívio. Principalmente para os muitos milhares que ficaram desempregados, para os que ficaram sem casa própria, para os que viram os seus níveis de endividamento atingirem valores incomportáveis, para os empresários falidos, para os muitos que caíram na pobreza e também para os milhares que só sobrevivem à conta de subsídios do Estado. Estas desgraças, na sábia opinião do senhor presidente relativo do Conselho e do seu partido, só aconteceram devido à crise internacional.

Como agora se sabe, quando as águas estão a voltar ao normal e deixam a nu uma miserável realidade, as culpas atiradas para cima da crise não passam de patranhas que o Governo do senhor presidente relativo do Conselho repetiu mil vezes na vã tentativa de as transformar em verdades. O ano de 2009 também ficou marcado por três eleições. Nas Europeias ganhou o PSD, nas Legislativas o PS, sem maioria absoluta, e nas Autárquicas de novo o PSD, com menos mandatos e menos câmaras. No fundo, depois de tantas campanhas, de tantos milhões atirados à rua e de tantos votos, ficou tudo exactamente na mesma. Melhor ainda. Ficou tudo pior. E se de política estamos conversados, com o PSD em estado de pré-coma, na Justiça as coisas chegaram a tal ponto que é legítimo a qualquer indígena deste sítio pobre, deprimido, manhoso e cada vez mais mal frequentado duvidar seriamente da independência dos mais altos responsáveis da dita, isto é, presidente do Supremo Tribunal de Justiça e procurador-geral da República.

Hoje em dia, qualquer decisão, despacho ou investigação está, à partida, sob suspeita. Tanto no Freeport como na Face Oculta, destapa-se a tampa e o cheiro é verdadeiramente nauseabundo. E se 2009 foi uma desgraça, é escusado andar por aí a desejar um bom ano de 2010. Não será melhor para os desempregados, para os pobres, para os falidos. É até bem possível que a esta legião de desgraçados se juntem mais uns tantos milhares. Com uma agravante. O Estado está a caminho do buraco com as políticas irresponsáveis e, em alguns casos, criminosas do Governo do senhor presidente relativo do Conselho. E do ponto de vista político, José Sócrates vai aproveitar o ano que aí vem para manter um clima de guerrilha com tudo e com todos, mesmo com Cavaco Silva, para tentar, custe o que custar, recuperar a maioria absoluta. Dito isto, é de temer o pior do ano que aí vem.

António Ribeiro Ferreira, Jornalista

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Para restaurar Portugal

Transcrição seguida de Nota

Primeiro o PS depois o PR
Jornal de Notícias. 28 de Dezembro de 2009. Por Mário Crespo

Portugal tem tido muita gente esquisita a governá-lo mas, com Cavaco Silva e José Sócrates, atingimos um elevado grau de desconforto. O semipresidencialismo destes dois homens produziu um regime híbrido que não executa nem deixa executar. Semi-governante e semi-presidente ao fim de quatro anos de semi-vida institucional aparecem embrulhados numa luta por afirmação confusa e desagradável de seguir.

O embaraço público que foram os cumprimentos de Natal adensou a sensação de incómodo. O regime poderia funcionar se os actores se quisessem complementar. Mas estes actores, por formação e deformação, não têm valências associáveis. O voluntarismo de que os dois vão dando testemunho não chega para disfarçar as suas limitações. Com eles a circular a alta velocidade nos topos de gama à prova de bala e nos jactos executivos do Estado, o futuro de Portugal fica hipotecado ao patético despique da escolha de impropérios numa inconsequente zaragata de raquíticos. Até que alguém de fora venha pôr ordem na casa. A menos que venha alguém de dentro.

Semi-governante e semi-presidente tornaram-se descartáveis e, dada a urgência, é preciso começar pelo Partido Socialista. A crise no PS com a ausência de resultados desta direcção é muito mais séria para Portugal do que o tumulto no PSD.

Porque o PS governa e o PSD não. O PSD morreu. Ressuscitará ao terceiro dia para um mundo diferente. Um mundo em que homens casam com homens e mulheres com mulheres e onde se morre, ou se mata, por uma questão de vontade, requerimento ou decreto. Um mundo cheio de coisas difíceis de descrever. Coisas que precisam de muitas palavras para serem narradas e, mesmo assim, não fazem sentido. Como por exemplo a "activista-transexual-espanhola" que é alguém que frequenta o Parlamento de Portugal pela mão deste PS segundo José Sócrates. Um PSD ressuscitado vai ter que incorporar estas invenções na matriz de costumes de Sá Carneiro, inovadora à época, monástica hoje, ainda que, provavelmente, adequada para o futuro.

Até lá, é aos Socialistas a quem compete definir alguém para governar. Alguém que quando falar de educação não nos faça recordar a Independente. Alguém que quando discutir grandes investimentos não nos faça associar tudo ao Freeport. Alguém que definitivamente não seja relacionável com nada que tenha faces ocultas e que quando se falar de Parlamento não tenha nada a ver com as misteriosas ambiguidades de Carla Antonelli "a activista transexual espanhola" que, com Sócrates, agora deambula pelos Passos Perdidos em busca do seu "direito à felicidade".

O governo não pode estar entregue a um PS imprevisível e imprevidente, menor em qualidades executivas e em ética, capturado nos seus aparelhos por operadores desalmados e oportunistas.

Recuperar a majestade das construções ideológicas e políticas de Salgado Zenha, Sottomayor Cardia e Mário Soares é fundamental nesta fase da vida, ou da morte, do país. No Partido Socialista há gente seguramente preparada para governar e começar a recuperar o clima de confiança e respeito pelos executivos nacionais que Sócrates e Cavaco arruinaram.

Substituir Sócrates é já um dever. Na hierarquia de urgências o problema Cavaco Silva vem depois mas, também aqui, Portugal tem que ter na Presidência alguém que não possa ser nem vagamente relacionável com nada onde subsistam incógnitas. E há muitas incógnitas no BPN. Mas cada coisa a seu tempo. Primeiro o PS, depois o PR.

NOTA:
Há quem diga que em 2010, centenário da implantação da república devia haver reformas positivas no País por forma a restaurar a vitalidade nacional para o desenvolvimento e a felicidade das pessoas. O ideal seria os partidos entenderem-se, unirem esforços em sólidos consensos para acelerarem a evolução com o mínimo de custos de todos os géneros, evitando soluções dramáticas como as já aqui referidas e de que o caso Berlusconi parece ser uma centelha. Seria de evitar ver estragar miniaturas dos Jerónimos contra os dentes de políticos.

A par das palavras sensatas e muito claras de Medina Carreira, Mário Crespo dá lições aos políticos sobre as realidades nacionais e a necessidade de medidas construtivas. Mesmo que os políticos, absorvidas nas tricas entre partidos, tenham dificuldade em interpretar tais alertas, devem fazer o esforço de nelas meditar e depois elaborar decisões e orientações correctas para bem de Portugal e das gerações futuras.

Estas lições não devem ser olvidadas por quem fez o juramento solene de cumprir com lealdade as funções que lhe foram confiadas. E, muito menos, ser olhadas com ar raivoso por ver que há quem não aplauda cegamente. Portugal precisa de pessoas que observem com isenção e serenidade as realidades e tenha a coragem de alertar para a necessidade de correcções do rumo a fim de evitar o abismo.

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Pobreza urbana carece de urgente atenção

Diz o título da notícia do JN «Eles vivem no lado errado da cidade» e outra explica o fenómeno «Radiografia de uma freguesia periférica onde sobram problemas»
Na zona oriental do Porto, ainda há quem durma em barracos, faça as necessidades no balde e tome banho em bacias. Uns pedem para comer, outros suplicam por casa. Miséria e ambições de famílias que moram para lá da Circunvalação. (…)

No final de 2007, havia 232 ilhas só naquela fatia de cidade, ocupada pela freguesia de Campanhã. O pior fica para lá da Circunvalação, em locais remotos como Azevedo de Campanhã e Pêgo Negro. Por ali, a água não chega a muitas habitações, a luz ilumina poucas ruas e de saneamento nem se fala. Praticamente não há serviços, faltam equipamentos sociais. A instalação de uma simples caixa multibanco já foi pedida há anos, conta o presidente da Junta de Freguesia, Fernando Amaral. (…)

Em contrapartida, fala-se com muita ênfase em investimento público, mas este carece de ser analisado em todos os seus factores muito além do endividamento. Há vários exemplos de países que se desenvolveram sem muitas auto-estradas nem comboios rápidos, teimosamente construídos para negócios dos construtores «amigos».
Há que olhar para a necessidade da população em criação de bem-estar e melhores condições de vida. e desenvolvimento produtivo.. As pessoas devem ser sempre o primeiro objectivo, o fim prioritário de qualquer decisão governamental. O País precisa de produzir para exportar a fim de equilibrar a balança comercial e a de pagamentos.

Investimento público não é apenas TVG, aeroportos, auto-estradas mas, prioritariamente, criar ou melhorar as instalações da Justiça, as escolas, os hospitais, a habitação social, os lares para idosos, as condições de operacionalidade de bombeiros e polícias, de tratamento de lixos, águas, electricidade, portos e costas, matas do Estado, prevenção dos fogos florestais, etc.

Mas quanto a estes investimentos que são criativos de riqueza e de bem-estar, os governantes não sentem atracção, porque são disseminados e de pouca monta o que não traz os benefícios referidos nas operações FURACÂO, FACE OCULTA, FREEPORT, etc, etc.
Não podemos ter ilusões. É preciso abrirmos os olhos. O homem é um ser imperfeito e parece que não vão para a política os menos imperfeitos. Errar é humano e, nesse aspecto, os políticos deviam ser menos humanos, deviam errar menos.

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Justiça com boas perspectivas para o Novo Ano!!!

Segundo o Jornal de Notícias o «Ministério Público investiga depósitos de ex-governante e de gestor» (fazer clic para ler a notícia).

De acordo com a notícia, o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa acaba de receber informação sobre depósitos bancários suspeitos, de 241 mil euros em numerário e com origem incerta, em contas do ex-secretário de Estado Paulo Pereira Coelho e do gestor da EDP Paulo Miraldo. (…)

Oxalá 2010, ano do centenário da implantação da República, seja um ano de restauração do Portugal por todos desejado e que tem vindo a ser tão vilipendiado. A Justiça deve ser prestigiada e merecer a confiança de todos os cidadãos e, para isso, tem de eliminar a ideia generalizada de que os indivíduos ligados à política são imunes e impunes. Este caso deve ser devidamente tratado em todos os seus efeitos e o povo fica com os olhos atentos para ver como termina o processo. E a propósito, o julgamento de António Preto continua adiado sine dia?

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Em busca da Verdade

Transcrevo o texto assinado por Luís Alves de Fraga, por ser imbuído de muita sensatez, isenção e a profundidade a que nos tem habituado e tentar pôr cobro numa discussão que azeda os ânimos nas bordas de problema que é muito mais profundo e se encontra a um nível superior e fora do alcance actual dos dados existentes. A busca da verdade tem regras e ele conhece-as.

A Verdade Histórica

Correm já na Internet duas cartas abertas, uma, da autoria do Coronel reformado Manuel Bernardo e dirigida ao Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa e, outra, assinada pelo Coronel Sousa e Castro em resposta ao primeiro.

Manuel Bernardo é um oficial com quem me cruzei uma ou duas vezes na vida e que, por conseguinte, mal conheço – fiquei a saber que, no 25 de Abril de 1974, foi saneado embora desconheça como foi reintegrado antes do 25 de Novembro de 1975 (uma vez que afirma ter sido frequentador assíduo do gabinete de Jaime Neves, no Regimento de Comandos). Ao que sei, tem publicados, pelo menos, dois livros sobre a época conturbada do pós-Revolução de 25 de Abril. Pelo que dele li, é marcadamente um homem que se identifica com a direita política; às vezes, pressente-se-lhe, até, uma ponta de ódio pela Revolução levada a efeito na madrugada de 25 de Abril de 1974.

Por que razão escreve Manuel Bernardo uma carta aberta ao Professor Marcelo Rebelo de Sousa? Pelo simples motivo de este ter prefaciado o livro do Coronel Sousa e Castro, dando, deste modo, cobertura às afirmações do autor. Nessa epístola aberta, Manuel Bernardo para além de confundir a realidade distorce-a, descontextualizando afirmações de Sousa e Castro.

Para quem como eu faz História, através da busca constante da verdade, estas polémicas são interessantes, mas perigosas, porque dão cores diversas aos factos passados.

Tanto Sousa e Castro como Manuel Bernardo lutam por verdades que julgam “verdadeiras”, mas fazem-no a partir da sua “trincheira”, do seu posto de observação e com as “lentes dos binóculos” que antecipadamente escolheram.

A verdade histórica, aquela que vai interessar aos historiadores e que irá ser tomada como a síntese possível de se fazer, não resulta dos testemunhos de Sousa e Castro, de Otelo Saraiva de Carvalho, de Vasco Lourenço, de Pires Veloso ou de outros que deixaram para os vindouros as suas interpretações. Eles foram meros “soldados” na “batalha” que ocorreu; uns mais bem colocados do que outros, mas todos tiveram uma visão “rasteira” da verdade. Esta, se de facto, foi alguma vez completamente apreendida, esteve nas mãos dos “generais” e esses não a confessaram.

Os grandes condutores de todo o processo foram Álvaro Cunhal, Costa Gomes e, em posição muito mais baixa, Mário Soares. Os dois primeiros nunca revelaram tudo o que souberam nem todos os mecanismos que movimentaram. O terceiro escapa-se a deixar dito o que realmente sabe da “grande intriga” internacional.

Ainda está por divulgar todo o alcance do pensamento e do comportamento político do grande obreiro da Democracia em Portugal: Costa Gomes. Foi nas mãos dele e pelas mãos dele que passaram as rédeas do Poder, as rédeas que conduziram o “cavalo à solta” que foi todo o PREC.

Álvaro Cunhal foi o motor de uma mudança. Uma mudança que ia para onde? São muitos os que defendem que iria para o comunismo, mas dizem-no por facciosismo, falta de informação ou mero mimetismo político. O mais que se sabe é que ia para a democracia. Mas que democracia? Esta? A Outra? Ou a que se vive na Madeira, por exemplo?

Quem é que, de facto, coordenou o PREC? Washington ou Moscovo? Porque os estrategistas do Processo Revolucionário em Curso (PREC) estavam fora de Portugal, só os “generais” poderiam responder. E não se pense que Vasco Gonçalves era um “general”; ele, como todos os outros, incluindo Mário Soares, foi um “soldado” melhor colocado.

A verdade há-de ser encontrada quando se cruzarem informações dispersas, documentos perdidos e não é o Coronel Manuel Bernardo nem o Sousa e Castro que são detentores de verdades absolutas. Até, porque, em História, não há verdades absolutas!

Coronel Luís Alves de Fraga

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domingo, 27 de dezembro de 2009

Parlamento britânico e Parlamento português

Recebi por e-mail de pessoa de muita confiança, mas custa-me acreditar. Publico apenas para que alguém me possa esclarecer da verdade

Os deputados do Reino Unido, na "Mãe dos Parlamentos",

1 . não têm lugar certo, marcado na Câmara dos Comuns;
2 . não têm escritórios, nem secretários, nem automóveis;
3 . não têm residência (pagam pela sua casa em Londres ou em qualquer das províncias); e pagam, por todas as suas despesas, normalmente, como todo e qualquer trabalhador;
4 . não têm passagens de avião gratuitas, salvo quando ao serviço do próprio Parlamento.

E o seu salário equipara-se ao de um Chefe de Secção de qualquer repartição pública.
Em suma, são servidores do povo e não seus parasitas.

A propósito, em Portugal, os funcionários não deputados que trabalham na Assembleia têm um subsidio equivalente a 80% do seu vencimento. Isto é, se cá fora ganhasse 1000,00 Euros, lá dentro ganharia 1800,00 Euros.

E porquê? Profissão de desgaste rápido? Mas ninguém fala disto?

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O chicote a cenoura

Os domadores de outrora faziam largo uso do chicote e da cenoura para domesticarem os seus animais de trabalho ou de desporto. Hoje em que, para os menos eruditos, ainda o futebol é o modelo de organização e gestão de recursos humanos, continua a haver a chicotada psicológica para os treinadores que não consigam vitórias, os prémios para os goleadores e os «rebuçados» para as claques.

Dada a elevação intelectual da generalidade dos políticos, esses métodos são também usados na governação. Houve o uso do chicote por parte de Margarida Moreira contra o professor Charrua, pelo simples facto de em conversa com colegas ter usado uma palavra menos cortês referida ao PM, e a mesma senhora não tardou muito a receber a cenoura de prémio.

Agora repetiu-se no mesmo ministério a aplicação do mesmo método de premiar a dedicação canina ao sumo líder: Amandina Soares aderiu com muita força e oportunidade à intenção da ministra, contra os seus colegas professores no polémico caso das avaliações e já recebeu o merecido prémio, tendo sido nomeada pelo Governo para integrar o Conselho Nacional de Educação (CNE) , recompensa que está a gerar polémica entre os professores (Ver aqui e aqui).

O CNE é um órgão consultivo, instituído nos anos 80 com o objectivo de ajudar o Governo a tomar decisões. Inclui dezenas de representantes de várias instituições e sete membros nomeados directamente pelo Governo. Armandina Soares está entre os sete novos conselheiros, designados a 14 de Dezembro para um mandato de quatro anos.

Já um autarca de Penalva do Castelo, há alguns anos, dizia: quem está com o Governo come, quem não está com o Governo apenas cheira. O Governo sabe disso e constitui a equipa de apoio, a claque, com os elementos mais submissos, cegamente obedientes, e caninamente fieis.

Porém, seria melhor apoiado se estivesse rodeado de pessoas com personalidade bem definida, inteligentes, que aconselhassem as melhores soluções e alertassem para qualquer má tendência de desvio para soluções perigosas ou menos ajustadas aos objectivos mais consentâneos com os interesses nacionais.

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sábado, 26 de dezembro de 2009

Carro a hidrogénio adiado para longo prazo

A notícia «General Motors adia comercialização do carro a hidrogénio» vem dar realce ao que tem sido dito em vários posts, quanto à necessidade de «Pensar antes de decidir». Não basta ter um sonho, um palpite, um capricho, e teimar cegamente num projecto irrealizável dentro dos limites de sensatez, de economia e de rentabilidade.

Para decidir é indispensável, principalmente quando o futuro é instável e difícil de prever, mesmo que apenas aproximadamente, pensar em todos os factores que mostrem haver ou não possibilidade de êxito. A rentabilidade previsivel dum projecto é um factor que não poder ser negligenciado.

Isto não se passa apenas nos carros a hidrogénio, mas em muitos outros casos de menos importância financeira. A General Motors, tem dado provas de usar critérios muito judiciosos nas suas decisões e mesmo assim tem tido dificuldades financeiras. O que seria se não usasse metodologias sensatas e eficientes? O que seria se funcionasse por entusiasmos sem pernas para andar?

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Sócrates «encrençado» no grande investimento público

A notícia «Sócrates tem esperança na recuperação económica com base no investimento público», publicada com outros títulos noutros jornais, embora não seja promessa nem anúncio de um projecto ou programa, presta-se a reflexões que devem ser profundas, imparciais, isentas e sérias.

No post «pensar antes de decidir» era apresentado um método de preparação das decisões em que procurava mostrar-se que estas, principalmente quando se traduzem em condicionamentos do futuro de pessoas e de nações, devem ser realistas, isentas e de ideias bem largas e esclarecidas, com vista multilateral dos factores e condicionantes em campo. Não devem ser tomadas por capricho, crença ou fé, nem por pressões de grandes empresários ávidos logicamente de defender os seus interesses, nem por vontade de aceitar opiniões de amigos dedicados (yes men) que querem agradar ao chefe e não o contrariar nos seus juízos e preconceitos.

O mundo está a precisar de decisões de repercussões muito significativas, havendo que definir bem o problema,
o objectivo pretendido e os seus condicionantes, bem como a linha estratégica que conduz á concretização desse objectivo. Depois, deve existir um controlo cuidadoso e rigoroso por forma a garantir a convergência dos esforços, para não haver desperdício de energias e se atingir o melhor resultado.

Muitas vezes o que parece não é. No livro «THE COMMANDING HEIGHTS» dos autores premiados Daniel Yergin e Joseph Stanislaw, Edit. «A Touchstone Book», de 474 pág, apresenta logo a partir da pág 69 a análise do problema do desenvolvimento da Índia, então em vias de obter a independência, em que o Mahatma Gandhi defendia a instalação de teares artesanais nas aldeias a fim de, ao comprarem tecidos do seu próprio algodão, não terem de pagar o transporte deste para a Grã-Bretanha, o fabrico e o posterior transporte do tecido para a Índia. Porém a proposta do Pandita Hehru venceu ao defender uma indústria ligeira para substituir as importações e incentivar o desenvolvimento para consumo interno e, depois de vencida esta primeira etapa, irem para uma indústria pesada orientada para exportação. O resultado foi bem visível poucos anos mais tarde.

Um outro exemplo da importância das decisões de Estado, que arrastam c0nsequências para milhões de pessoas por muitos anos, por vezes, durante séculos é o que constitui o tema essencial do livro «SISTER REVOLUTIONS French Lightning, American Light» de Susan Dunn, editora Faber and Faber, Inc. que compara a génese e a conduta das duas revoluções Americana e Francesa, occorridas quase em simultâneo.

As grandes diferenças nos resultados destas duas devem-se, em grande parte, às origens e bases doutrinárias usadas por uma e por outra. Um dos aspectos foi que o fracasso da revolução francesa (que levou ao terror jacobino e finalmente à tirania e à guerra do Napoleão) se deveu ao postulado inicial, utópico e lunático, de "liberté, egalité, fraternité". Com efeito, os conceitos de liberdade e igualdade são incompatíveis! Tal como veio a ser demonstrado muito mais tarde pela experiência soviética, e de certo modo com o nosso PREC, pós-Abril.

Pelo contrário, o ideal da revolução americana "We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness" (conceito que vem do filósofo escocês Hume) põe a liberdade em destaque mas não impõe qualquer ideia de igualdade como objectivo final da sociedade. Cabe a cada indivíduo fazer o que muito bem entender com a sua vida, o seu livre-arbítrio, a sua característica genética, e não compete ao Estado constrangi-lo ou impor-lhe a sua ideia de felicidade, limitando-se apenas a garantir que cada um não prejudique os legítimos direitos dos outros cidadãos. É preciso respeitar a desigualdade e proporcionar que os desiguais convivam em ambiente de respeito, civismo e segurança.

Em Portugal, após o 25 de Abril, a liberdade foi entendida como libertinagem e logo aí em vez da apregoada igualdade surgiram exclusões e discriminações que restringiram a liberdade de cada um poder ser ele próprio e procurar a sua felicidade. À semelhança do fracasso da revolução francesa, e da URSS, também por cá houve fracasso de que ainda hoje nos lastimamos e não se vê a porta de saída deste labirinto em que se procura conciliar o inconciliável.

Isto faz temer que o sonho, a crença, a convicção do PM possa arrastar as gerações futuras para uma vida de desgraça, de dívida externa insolúvel. Parece que não será o investimento público, só por si, que irá produzir para substituir as importações a que os portugueses estão habituados, nem para exportar em quantidade que compense o volume de importações, a fim de equilibrar a «balança de pagamentos» e eliminar a dívida pública. Não parece ser com tais investimentos que se cria mais bem-estar para os portugueses de hoje e do futuro. Eles trarão benefícios apenas aos construtores e a indivíduos especializados em tráfico de influências e a decisores do género dos referidos a propósito dos casos «Facturas Falsas», «Apito Dourado», «Freeport», BPN, BPP, «Portucale» «Face Oculta», etc.
A. João Soares, 26-12-2009

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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Servir Portugal é dever de todos

Se é ponto geralmente aceite que servir e defender os interesses nacionais é dever de todos os portugueses, principalmente dos políticos e de entre estes os que foram eleitos para o desempenho de cargos públicos de destaque, o certo é que muitos parecem esquecer este seu dever que colocam lá para o fundo da sua lista de prioridades em que no topo está o seu culta da personalidade, vaidade, ostentação do poder, enriquecimento, etc.

E assim, não por acaso, encontramos nos títulos de notícias, entre outros os seguintes:

- O Natal de Cavaco-Sócrates
- 2010 odisseia em Portugal
- "Escutas"e "Intrigas" nas relações entre Belém e São Bento
- Rangel acusa Sócrates de criar "guerra artificial" com Cavaco Silva
- Troca de "mimos" em Natal de crise

Dada a pequena dimensão de Portugal e, agora, tendo em atenção a crise que se mantém, seria da maior sensatez unir esforços, convergir vontades, conciliar, obter consensos, esquecer rivalidades, intrigas, tricas e teimosias, com vista a restaurar Portugal, para celebrarmos o centenário da República honrando a memória dos que a fizeram, certamente, com boas intenções.

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Estado desconhece o seu património imobiliário

Sócrates disse que «está com vontade de servir o país», mas parece que nem ele nem os seus antecessores tiveram verdadeiro interesse em «desempenhar com lealdade as funções que lhes foram confiadas». De outro modo não leríamos agora a notícia «Estado ainda desconhece número e valor dos seus imóveis» que nos levanta muitas interrogações, das quais saliento à primeira vista as seguintes:

O que significa isto?
Será que os governos terão tido sinceramente «vontade de servir o País»?
Terão os governos escolhido para os altos cargos da administração pública as pessoas mais competentes?
Qual a percentagem dos assessores que enxameiam os gabinetes que foram escolhidos pela sua competência?
Qual a razão de as nomeações não serem precedidas de concurso público isento a fim de serem escolhidos os melhores?
Porque teimam os governantes em nomear os seus amigos, os coniventes, os «yes men», só porque o são?
Porque não foi ainda estabelecido um rigoroso sistema de combate à incompetência, à corrupção e ao enriquecimento ilícito?
Porque não há para cada função uma clara definição de tarefas e responsabilização pelo seu não cumprimento?
Com as actuais lacunas, PORTUGAL tem sido prejudicado, e quem foram e são os beneficiados?

O esclarecimento destas e de outras dúvidas poderá conduzir à melhoria do funcionamento da estrutura do Estado, não apenas quanto ao património imobiliário mas também a todos os restantes sectores públicos.

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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Tribunal de contas em evidência positiva

O artigo do Público com o título «Tribunal de Contas chumba aval do Estado ao BPP», que para ser lido basta fazer clique, mostra mais uma vez a correcção com que funciona esta instituição, usando de isenção e independência e colocando os interesses nacionais acima de vontades partidárias ou facções de coniventes.

Sendo o BPP, uma empresa privada tal como o BCP e o BPN o são )ou eram), levanta-se o problema de distinguir o que é público daquilo que é privado. E da necessidade de evitar considerar público, para efeitos de ajudas de dinheiro dos cidadãos, aquilo que é propriedade de amigos dos detentores do poder.

Uma empresa do sector privado, pelo simples facto de pertencer a ex-políticos ou amigos de políticos com poder de decisão, não pode ser considerada pública para usufruir do dinheiro dos impostos. O Tribunal de Contas merece o aplauso público pelo seu correcto sentido de Estado. Já há algumas semanas se evidenciou em relação aos contratos da empresa pública «Estradas de Portugal». O manuseamento do erário público exige cuidados muito escrupulosos e um controlo apertado para evitar abusos e fugas para caras encobertas.

Os meus respeitos ao Sr. Dr. Oliveira Martins

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50 mil milhões onde foram parar?

Transcrição do blog A Tulha do Atílio.

Mais outra vergonha nacional

Mais outro ataque dos corruptos deste País

Estranho que ninguém seja pelo menos indiciado, pois presos não serão de certeza. Isto só lá vai a tiro...

A Unidade de Combate à Fraude da União Europeia contratou peritos externos para investigar o paradeiro de 50 mil milhões de fundos que ninguém sabe onde param.

Peritos em finanças públicas estiveram em Portugal nos últimos meses, a mando da união Europeia, à procura do destino de mais de 50 mil milhões de euros em fundos estruturais que Portugal recebeu desde o ano 2000, mas que agora parece ninguém saber onde foram aplicados - se é que o foram. Para a Comissão Europeia o que está em causa é que todo o dinheiro investido em quatro eixos fundamentais de desenvolvimento deviam ter dado frutos. Mas não deram e a CE quer agora saber o que foi feito ao dinheiro, entregue ao Estado para formação e desenvolvimento.(...)

(...) Os investigadores internacionais estão agora à procura dos 10 milhões de contos (cerca de 50 mil milhões de euros) que entraram em Portugal e foram distribuídos para quatro grandes eixos:

14 mil milhões para a qualificação e o emprego;
16 mil milhões para alterar o perfil produtivo do País;
5 mil milhões para "afirmar o valor do território e da posição geo-económica";
15 mil milhões para o desenvolvimento sustentável das regiões mais pobres.


A Europa olha para o trabalho feito e não vê resultados. Perante estas denúncias e a estagnação do desenvolvimento, a Comissão Europeia levanta agora a hipótese dos dinheiros terem caído em mãos ilícitas. (...)

(...)Augusto Morais, presidente da ANPME - Associação Nacional das PME - recebeu há semanas a visita da inspectora delegada Anca Dumitrescu, enviada pela CE para investigar os fundos do EIP - Entrepreneurship and Innovation Programme, IEE - Intelligent Energy for Europe e ICT - Information and Communication Technologies - programas financiados pela União Europeia. É a primeira vez que um organismo da União Europeia decide investigar directamente junto de entidades privadas, passando por cima dos organismos de controlo do Estado membro.

Surpreendido pela visita da inspectora, Augusto Morais considera haver "uma fundada suspeita de sérias irregularidades e que o Tribunal de Contas deve investigar, com urgência, para não sermos apanhados pela CE em processos com apontamentos de corrupção, muito maiores do que o 'Face Oculta'". A ANPME aponta o dedo aos parceiros sociais: "São quem recebe mais dinheiro do Estado para organizar acções de formação e desenvolvimento. (...) Os ministros, desde Elisa Ferreira a Manuel Pinho, tiveram nas mãos muito dinheiro para contrariar estes dados, mas infelizmente as estatísticas continuam a traçar um padrão negro. Por isso, os empresários, os economistas e os analistas perguntam: onde foi gasto tanto dinheiro, se não teve resultado".

PSD questiona governo

Paulo Rangel, lançou esta semana sérias dúvidas sobre a aplicação dos fundos comunitários. Rangel estranha o silêncio do ministro da Economia, Vieira da Silva, sobre "a aplicação deficiente dos fundos comunitários (...) A situação dos fundos comunitários é de tal forma grave que é impensável que a pessoa que tem a pasta do QREN não tenha dado uma palavra sobre isso". Ainda este mês o Governo vai ter que devolver a Bruxelas mais de 270 mil euros mal aplicados nos Açores, depois de em 2002 ter havido uma queixa de uma empresária de S. Miguel à CE sobre o Sistema de Incentivos de Base Regional. O dinheiro, em vez de servir todos os empresários necessitados, terá sido distribuído em circuito fechado. A falta de legislação para avaliar estas situações e o contínuo recurso às entidades europeias implica que cada queixa demora, em média, seis anos e meio a ser investigada. Segundo o último relatório do Tribunal de Contas Europeu, Portugal está envolvido em quatro casos de irregularidades. Dois dizem respeito aos pagamentos efectuados para a expropriação de terras para a construção de SCUTs. Ao todo, o País pode ter que devolver à CE mais de 80 milhões de euros em consequência da má administração e aplicação dos fundos comunitários.(...) in O Diabo

Obs: não dei conta na imprensa dita "de referência" que, a visita de Anca Dumitrescu, tenha sido notada. Da visita dos peritos em finanças públicas, também não. De tudo o resto, não sendo uma notícia é contudo, mais uma confirmação do oceano de suspeitas que são ciciadas, há muito anos.

David Oliveira

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Sócrates quer servir o País!!!

Segundo a notícia «José Sócrates assegura que executivo “está com vontade de servir o país”», na cerimónia de cortesia de apresentação de cumprimentos de Boas Festas pelo Governo ao Presidente da República, o PM disse: “todos os que aqui estão têm bem consciência de que esta oportunidade de servir o nosso país é uma oportunidade que é raras vezes dada a um dos nossos compatriotas, e por isso este Governo que aqui está, senhor Presidente, está com a firme vontade de servir Portugal e os portugueses”.

Qualquer pessoa atenta fica espantada com esta declaração. Com efeito, era de esperar que, quando os governantes juraram, solenemente, no acto de posse, que iam cumprir com lealdade as funções que lhes eram confiadas, estavam conscientes de que estavam a declarar «firme vontade de servir Portugal e os portugueses». Mas, pelos vistos, o Sr. Primeiro-ministro não estava certo disso e sentiu necessidade de o afirmar agora neste acto informal, sem o carácter de protocolo de Estado, constitucional, como era o momento da tomada de posse. Provavelmente, deve ter tomado consciência de que o povo não acreditara em tal juramento e ele, que não é estúpido, deve ter as suas razões para fazer essa leitura do sentimento popular.

Mas, francamente, não devia confessar que os governantes não se têm preocupado com os interesses de Portugal e dos portugueses, pois têm sido pagos para isso. E os seus acólitos não se têm comedido no abuso de atitudes arrogantes a tentar mostrar tal «interesse». Pelos vistos não o terão conseguido e agora o líder do grupo procura suprir tal deficiência.

E uma outra particularidade, é que se podia haver dúvidas na sinceridade das palavras ditas solenemente no juramento da tomada de posse, muito menos poderá haver certezas quanto a estas ditas, agora, em plena quadra natalícia em que as frases doces e amorosas, infelizmente, não passam de formalidades de bom tom, com uma duração tão efémera como as rabanadas ou o bolo-rei, que já nem tem prenda. Depois destas festas o povo volta a ter de encarar as dificuldades que os governos têm deixado agravar-se progressivamente, apesar de repetidas promessas cada vez mais balofas.

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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Justiça social e direitos humanos

China. Protestos populares estão a aumentar - estudo sociológico
Jornal de Notícias. 22 de Dezembro de 2009

Pequim, 22 Dez (Lusa) - Os protestos populares, e em particular os conflitos de natureza laboral, estão a aumentar na China, indicou um estudo da Academia Chinesa de Ciências Sociais (ACCS) citado hoje na imprensa oficial.

O relatório anual da Academia sobre a sociedade chinesa não precisa quantos "incidentes de massas" ocorreram em 2009, mas segundo o jornal Global Times, o número tem aumentado e em 2004 chegou a 74.000 - sete vezes mais do que uma década antes.

Os protestos, incluindo manifestações de ruas e bloqueio de estradas, "foram mais frequentes este ano", disse aquele jornal, publicado pelo grupo do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista Chinês.

NOTA:

Os potenciais ditadores mundiais devem ter em atenção que as pessoas estão cada vez menos tolerantes em relação a abusos do poder.

É preciso mais justiça social, reduzir o hiato entre os mais ricos e os mais pobres, escalonar os salários conforme o mérito e a produtividade mas sem abusos no topo. Todo o ser humano tem o direito de viver com dignidade, acesso aos tempos livres, à alimentação razoável, ao vestuário decente, etc.

Há que difundir a ideia de que as pessoas devem ser avaliadas pelo seu valor intrínseco, a sua obra, o seu comportamento e não tanto pelo que possuem (por vezes obtido de forma menos legal e socialmente injusta)

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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Elites são indispensáveis

Onde estão as elites?
De: José António Saraiva

No tempo de Salazar não havia universidades privadas. Ou melhor: havia a Católica, fundada em 1968, mas essa tinha um estatuto especial. Depois do 25 de Abril, uma das reivindicações dos liberais foi, naturalmente, a criação de universidades fora da tutela do Estado.

E a explosão da população universitária (provocada, também, pelo fim dos cursos profissionalizantes, uma das decisões mais erradas tomadas em Portugal) fez o resto. As universidades privadas multiplicaram-se como coelhos: Lusíada, Independente, Lusófona, Internacional, Atlântica, Moderna... Uns anos depois os escândalos também se multiplicariam em cadeia: a Moderna foi o que se sabe e fechou, a Independente foi o que também se sabe e fechou igualmente, a Internacional idem.

Mas o problema principal não foi o encerramento das universidades, que mais tarde ou mais cedo teria de ocorrer face à queda do número de alunos. O problema principal foi o facto de ter ficado claríssimo que muitas universidades tinham como único objectivo o negócio – e, ainda por cima, o negócio fraudulento. O país constatou que em algumas universidades funcionavam verdadeiros gangues, gente sem escrúpulos organizada em termos de associação criminosa. Foi isto o que se passou na área do ensino superior privado.

Na banca a história foi mais ou menos semelhante. É certo que antes do 25 de Abril não havia restrições tão estreitas como nas universidades. No tempo do anterior regime podiam fundar-se bancos privados – embora sob a vigilância próxima do Estado (e o olhar atento de Salazar). Mesmo assim houve ‘casos’ nesta área, como o da herança Sommer e os conflitos com Cupertino de Miranda. Mas, passado o período revolucionário, a banca portuguesa adquiriu um novo fôlego, traduzido nas reprivatizações dos bancos que tinham sido nacionalizados (como o BPA, o Totta ou o Espírito Santo) e na fundação de bancos novos (como o BCP e o BPI, a que se seguiram muitos outros), não esquecendo as aquisições e fusões em série.

Tudo parecia correr bem nesta área quando, de repente, estalou o escândalo do BCP. Um escândalo de contornos mal definidos, que essencialmente resultou de uma zanga entre grandes accionistas, destapando situações que noutras circunstâncias não teriam provavelmente consequências.

Só que ao escândalo do BCP seguiu-se o do BPN e a este o do BPP. E, aqui, toda a área ficou sob suspeita. Tal como sucedeu nas universidades – em que, depois de conhecidas as fraudes, só as públicas e a Católica não passaram a ser olhadas com desconfiança –, na banca portuguesa só a Caixa Geral de Depósitos não foi afectada pela hecatombe.

Olhemos agora para o futebol. O futebol sempre foi uma área difusa, dominada por interesses privados, mas que o anterior regime acompanhava de perto. O Benfica tinha o claro apoio do Estado (Salazar não deixou Eusébio emigrar), o Sporting integrava figuras gradas do regime, até o Belenenses beneficiava de ter Américo Thomaz como adepto e presidente honorário. Mas o 25 de Abril também provocou aqui uma pequena revolução, ‘completada’ mais tarde por Pinto da Costa – que transferiu o centro de gravidade clubístico de Lisboa para o Porto. Ora, tal como sucedeu nas duas áreas anteriores, depois de o futebol ter sido entregue a si próprio não tardou muito a que começasse a falar-se de escândalos. O mais célebre foi o Apito Dourado, mas muitos outros ocorreram envolvendo árbitros, dirigentes e presidentes de Câmara: José Guímaro, Pimenta Machado, Valentim Loureiro, Fátima Felgueiras, José Eduardo Simões, etc., etc.

Em três sectores que fugiram ao controlo ou à tutela do Estado, e onde a sociedade civil passou a operar livremente, o resultado está a vista: deu-se o descalabro. Houve de tudo: corrupção, fraudes financeiras, gestão ruinosa, associações criminosas, fugas ao fisco, eu sei lá!

Ora isto diz muito sobre as nossas elites. Em duas áreas de referência da sociedade – a universidade e a banca – e naquela que provoca mais paixões e arrasta multidões – o futebol –, os dirigentes falharam rotundamente. E é este o aspecto mais preocupante da sociedade portuguesa.

Todos os países podem ter melhores ou piores Governos. Mas os países só podem verdadeiramente andar para a frente se tiverem boas elites. Se, nos sectores vitais da sociedade, houver gente capaz, séria, competente e empreendedora.

Ora. em várias áreas-chave temos tido demasiada gente que não presta. Gente que não hesita em recorrer à fraude, à corrupção, à usura para alcançar os objectivos.

Se os portugueses funcionam bem quando estão lá fora, por que não renderão o mesmo aqui? Exactamente porque não existem elites capazes de estimular e enquadrar os cidadãos, aproveitando ao máximo as potencialidades do país.

José António Saraiva

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Que políticos!!! Que futuro???

Transcrição do texto de Ricardo Reis, Professor de Economia, Universidade de Columbia, do Jornal I de 12.12.2009 que me foi enviado pelo amigo Estevens via e-mail. No meio da euforia do consumismo natalício que nos ofusca a capacidade de discernimento e nos faz esquecer a necessidade de fazer contas rigorosas, é sensato fazer um pequeno intervalo e meditar naquilo que aqui está escrito.

RICARDO REIS - Se a Grécia entrar em bancarrota, Portugal não dura mais que umas semanas.

De acordo com as notícias desta semana, o governo está empenhado na actualização do regime jurídico do casamento. O PSD está empenhado em ouvir escutas telefónicas para aferir o carácter moral do primeiro-ministro. O PCP e o BE estão empenhados em que os mesmos magistrados que não conseguem guardar o segredo de justiça possam ter acesso às contas bancárias de qualquer pessoa, e a persigam se acharem que ela tem mais dinheiro do que devia. O CDS-PP está empenhado em tornar-se imprescindível nos jogos políticos da Assembleia da República. E os deputados estão empenhados em insultarem-se uns aos outros.

Se me permitem, e se não os distraio demasiado destes afazeres, gostava de recordar aos nossos governantes uns pequenos detalhes. 548 mil portugueses estão desempregados. Cerca de 1,850 milhões de portugueses recebem pensão de velhice, 300 mil recebem pensão de invalidez, e 380 mil recebem o rendimento social de inserção. Para apoiar estes 3,078 milhões de portugueses, trabalham somente 5,020 milhões de portugueses. Por sua vez, a remuneração mensal média de um trabalhador, depois de impostos, está algures entre os 720 e os 820 euros. Na população activa, por cada pessoa com um curso superior, existem duas pessoas que têm menos do que a quarta classe.

Talvez estes detalhes da vida das pessoas não sejam demasiado importantes para quem tem o olho na Europa. Mas, em Outubro, Portugal só exportou 2856 milhões de euros em bens; importou 4502 milhões. A riqueza que produzimos num ano não chega para pagar o que devemos aos estrangeiros. De bons alunos vaidosos nas cimeiras internacionais, seria bom que os nossos líderes se preparassem para o novo papel de convidado que foge para a casa de banho quando se aproxima um credor.

Quatro países na UE estão com problemas financeiros semelhantes aos de Portugal, de acordo com as taxas de juro que têm de pagar aos credores. O Reino Unido e a Irlanda responderam com medidas dolorosas, que na Irlanda incluem cortes no salário dos funcionários públicos até 20%. A Grécia e a Itália, tal como Portugal, preferem assobiar para o lado. Os especuladores já começaram a atacar a dívida grega e fala-se do risco iminente de bancarrota do país. Se a Grécia cair, Portugal não dura mais que umas semanas.

Eu sei que, infelizmente, muitos comentadores estão há décadas a anunciar o fim da nossa economia, pelo que os governantes estão habituados a ignorar estes avisos. Mas depois de olhar para estes factos, como é que quem jurou servir Portugal pode passar o tempo a distinguir uniões de facto e casamentos, ou obcecado em saber se José Sócrates trata o amigo por “Mando” ou “Varinha”?

Ricardo Reis

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Políticos turistas acomodados

As couves de Bruxelas
Jornal de Notícias 21 de Dezembro de 2009. Por Mário Crespo

Uma coligação acomodada em Estrasburgo incomodou-se com a actividade parlamentar do CDS-PP.A esquerda portuguesa no Parlamento Europeu uniu-se contra Nuno Melo por uma questão de etiqueta.

PS, PCP e BE acham que não foi de bom-tom interpelar o Procurador Lopes de Mota no plenário em Estrasburgo sobre a sua tentativa de manipulação da justiça.

De lado ficaram as históricas diferenças das Internacionais catalogadas por números. Acabaram-se as subtis variantes do que deve ser um matrimónio entre dois homens ou duas mulheres. Foram-se as vibrantes divergências programáticas dos enunciados de Engels, Bakunin e Trotsky. Tudo porque estão envergonhadíssimos com o ultraje às boas maneiras que foi o questionamento do CDS-PP ao Presidente do Eurojust.

Estranha a coligação, perigosa a deriva para o comodismo das conveniências que, simultaneamente, Ilda Figueiredo (PCP), Correia de Campos e Edite Estrela (PS) e Miguel Portas (BE) denotaram ter.

Todos puxaram pelos galões de apparatchiks instalados para, com o olho crítico de conhecedores da inacção prolongada, lançar uma excomunhão conjunta sobre Nuno Melo por ter levantado o tema.

Traduzida por miúdos, a reacção do grupo expedicionário da Esquerda Portuguesa foi: aqui não se fazem ondas. Come-se e cala-se.

Correia de Campos achou a interpelação a Lopes da Mota "parola e reveladora de atraso cultural". O antigo Ministro de Sócrates sentia-se confortável com um alto magistrado de Portugal com poderes condicionados pelo seu comportamento no Freeport à frente do Eurojust. Mas acha mal que o assunto, já do conhecimento de toda a Europa, seja abordado no Parlamento Europeu.

Isso, para Correia de Campos, é atitude que "prejudica a posição e o prestígio do País", rematando com um notável "no estrangeiro somos todos descendentes de Vasco da Gama".

Certo. Seremos isso. Mas essa estirpe ilustre não nos obriga a ser cúmplices de Lopes da Mota nas irregularidades que o Conselho Superior do Ministério Público detectou. Pelo contrário. A distinção dessa linhagem manda que se usem todos os meios para não deixar que o nome de Portugal e a dignidade das suas instituições sejam melindrados às mãos de terceiros.

Compete a portugueses interpelar, julgar e condenar Lopes das Mota. Ilda Figueiredo e Miguel Portas alinharam com paixão no Auto de Fé dos zelotes deste PS de boas maneiras. Para Portas, o Deputado do CDS-PP fez tudo para ter direito a "10 segundos de glória nos Telejornais" (teve muito mais. Só eu dei-lhe 2' e 11"). Para o Partido Comunista Português as denúncias de Nuno Melo seriam "fenómeno passageiro" de político habituado a São Bento mas desconhecedor das diferenças com Estrasburgo, disse a repetente comunista em Bruxelas.

Para usar a terminologia de Correia de Campos: que "entendimento parolo" das suas funções e dos seus deveres na Europa terão adquirido estes veteranos da acomodação política? Será que a vegetativa existência de que desfrutam há tantos anos lhes destruiu o bom senso? Será que não vêm que ter um jurista suspeito (e agora culpado) de pressões ilegais à frente de um órgão judiciário internacional exige interpelações parlamentares sempre que possível? Será que não vêm que foi melhor e mais digno serem portugueses a fazê-las do que outros que as fariam de certeza, mais cedo ou mais tarde?

NOTA: Mais um artigo a condizer com a imagem já conhecida do seu autor, português atento, perspicaz, frontal, sem se deixar manietar pelo «comodismo das conveniências», sem se vergar perante «estes veteranos da acomodação política». Precisamos de homens como este, «descendente da geração de Vasco da Gama», que tenham a coragem de dizer que «o rei vai nu».

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domingo, 20 de dezembro de 2009

Chinelos Dourados

Texto de Sérgio Barros, que não precisa de introdução:

Faltavam apenas cinco dias para o Natal. O espírito da ocasião ainda não tinha me atingido, mesmo que os carros lotassem o estacionamento do shopping. Dentro da loja, era pior. Os últimos compradores lotavam os corredores.

-Por que vim hoje? Perguntei a mim mesmo. Meus pés estavam tão inchados quanto minha cabeça. Minha lista continha nomes de diversas pessoas que diziam não querer nada mas eu sabia que ficariam magoados se eu não os comprasse qualquer coisa. Comprar para alguém que tem tudo e com os preços das coisas como estão, fica muito difícil.

Apressadamente, eu enchi meu carrinho de compras com os últimos artigos e fui para a longa fila do caixa. Na minha frente, duas pequenas crianças um menino de aproximadamente 10 anos e uma menina mais nova, provavelmente de 5 anos. O menino vestia roupas muito desgastadas. Os ténis me pareceram grandes demais e as calças de brim muito curtas. A roupa da menina assemelhava-se a de seu irmão. Carregava um bonito e brilhante par de chinelos com fivelas douradas.

Enquanto a música de Natal soava pela loja, a menina sussurrava desligada mas feliz. Quando nos aproximamos finalmente do caixa, a menina colocou, com cuidado, os chinelos na esteira. Tratava-os como se fossem um tesouro. O caixa anunciou a conta.
-São $6,09. -Disse.
O menino colocou suas moedas enquanto procurava mais em seus bolsos. Veio finalmente com $3,12.
-Acho que vamos ter que devolver. Nós voltaremos outra hora, talvez amanhã. –disse.

Com esse aviso, um suave choro brotou da pequena menina.
-Mas Jesus teria amado esses chinelos. -Ela resmungou.
-Bem, nós vamos para casa e trabalharemos um pouco mais. Não chore. Nós voltaremos. -Disse o menino.
Rapidamente, eu entreguei $3,00 ao caixa. Estas crianças tinham esperado na fila por muito tempo. E, além de tudo, era Natal.

De repente um par de braços veio em torno de mim e uma pequena voz disse:
-Agradeço, senhor.
-O que você quis dizer quando falou que Jesus teria gostado dos chinelos? -Eu perguntei.
O pequeno menino me respondeu,
-Nossa mãe está muito doente e vai pro céu. Papai disse que ela pode ir
antes mesmo do Natal, estar com Jesus.
E a menina completou:
-Meu professor disse que as ruas no céu são de ouro, brilhantes como estes chinelos. Mamãe não ficará bonita andando naquelas ruas com esses chinelos?

Meus olhos inundaram-se de lágrimas e eu respondi,
-Sim, tenho certeza que ficará.

Silenciosamente agradeci a Deus por usar estas crianças para lembrar-me do verdadeiro espírito de Natal. O importante no Natal não é a quantidade de dinheiro que se gasta, nem a quantidade de presentes que se compra, nem a tentativa de impressionar amigos e parentes. O Natal é o amor em seu coração, é compartilhar com os outros como Jesus compartilhou com cada um de nós. O Natal é o nascimento de Jesus que Deus nos enviou para mostrar o quanto nos ama realmente.

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Natal e um auto-exame

Com base na oração de abertura do Senado estatal do Kansas, pelo reverendo Joe Wright, foi elaborado este texto:

Nesta quadra de Natal analisamos os nossos actos mais recentes, arrependemo-nos dos erros cometidos e esperamos melhor inspiração e orientação para agirmos melhor no futuro.

Segundo os valores éticos tradicionais seria amaldiçoado aquele que chama "bem" ao que está "mal“, mas é exactamente o que temos feito.

Temos perdido o equilíbrio espiritual e temos mudado os nossos valores.

Temos explorado o pobre e temos chamado a isso "sorte".

Temos recompensado a preguiça e chamámos-lhe "Ajuda Social".

Temos matado os nossos filhos que ainda não nasceram e temos-lhe chamado “interrupção voluntária da gravidez".

Temos sido negligentes ao disciplinar os nossos filhos e chamámos-lhe “desenvolver a sua auto-estima”.

Temos abusado do poder e temos chamado a isso: "política".

Temos cobiçado os bens do nosso vizinho e a isso temos chamado "ter ambição".

Temos contaminado as ondas de rádio e televisão com muita grosseria e pornografia e temos-lhe chamado "liberdade de expressão".

Temos ridicularizado os valores estabelecidos desde há muito tempo pelos nossos ancestrais e a isto temos chamado "obsoleto e passado".

Esperamos que o Espírito de Natal nos leve a olhar para o fundo dos nossos corações, a fim de nos purificarmos e evitarmos voltar a errar.

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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Feliz Natal e Vida Nova para todos

Há três anos escrevi num aqui que «A Festa do Natal tem 4.000 anos !». Efectivamente, independentemente das festividades religiosas de diversos cultos, sempre houve festividades nas proximidades do solstício do Inverno. A Natureza renova-se por ciclos de vida que se repetem, uns com regularidade pendular, outros mais influenciados pelos comportamentos humanos.

O Natal representa um momento de reflexão no termo de um ano e no início de outro no aparecimento de uma nova vida precursora da Primavera que não tardará a chegar. Faz-se o balanço de um ano que acaba e esboçam-se intenções, objectivos, projectos para uma nova fase da vida. Os cristãos comemoram o nascimento do Menino, o inicio da vida, o ressurgir de um mundo novo. O Mundo utilizou esse momento para começar a contagem de uma nova era, a separação do antes e do depois.

Nada do que atrás fica dito é novidade, mas nem sempre tiramos disto as convenientes deduções e lições para a nossa vida quotidiana. É momento para analisar a forma como vivemos desde o último Natal, retirar daí conclusões para seguir as soluções correctas e arquivar tudo o que só poderá interessar como exemplo do que não deve ser feito. Isto aplica-se em tudo, desde a alimentação, aos pequenos e grande vícios, até à difícil tarefa de governar.

Há métodos a eliminar sem hesitação e outros a utilizar com os retoques, os polimentos das faces, o limar das arestas, para se adaptarem da forma mais recomendável às realidades que vão surgindo. Em tudo isto deve estar inserido, como pano de fundo, o respeito pelos outros a harmonia, paz e amor que devem ser basilares no relacionamento entre as pessoas apesar das diferenças. Em direitos e deveres, na prática do civismo, somos todos iguais em oportunidades.

Tanto as soluções que tiveram êxito como os exemplos de outros não devem ser colados cegamente nos novos problemas, antes devem ser devidamente analisados face às novas circunstâncias e adaptados da forma mais inteligente, lógica, racional.

Dessa forma, se adoptará o ESPÍRITO DE NATAL e se poderá dizer que NATAL É TODOS OS DIAS ou que NATAL É SEMPRE QUE O HOMEM QUISER.

Desejo um Santo e Feliz Natal a todos os colaboradores e visitantes deste blogue com a esperança de que consigam espalhar à sua volta, diariamente, o ESPÍRITO DE NATAL.

A. João Soares

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Autarquia de Paredes esbanja o dinheiro público

Primeiro fiquei incrédulo ao ler o título do «Um milhão de euros para içar bandeira». Pensei que se tratasse de um novo ilhéu agora descoberto no arquipélago das Berlengas e cobiçado por países «inimigos. Depois verifiquei que não era coisa assim tão «justificativa». É apenas para fazer um mastro para içar a bandeira nacional junto à Câmara Municipal de Paredes, ali para os lados de Bitarães e de Santiago de Subarrifana.

Mesmo que o número tivesse sido escrito com dois zeros a mais já era uma exorbitância, em tempos de crise, de desemprego, de muita gente com carência alimentar, etc.

Já surgiram comentários a oporem-se a tal «oportunismo bacoco e populismo". A população sensata e com alguns neurónios "não pode aceitar que, num momento de crise económica e financeira, em que o Governo e todas as famílias estão empenhadas em poupar, se gaste tanto dinheiro numa despesa inadequada". "O argumento estafado que este acontecimento é gerador de uma dinâmica internacional e ajuda a economia local não faz o menor sentido".

Parece que alguns políticos do País, principalmente os que têm poder de decisão sobre os nossos impostos ensandeceram. Precisam de alguém que lhes «diga» de forma convincente «alto aí».

Para ler o artigo faça clique aqui.

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Guerra Junqueiro fotografou o Portugal de hoje!!!

Transcrição do texto recebido por e-mail da amiga Mizita, seguido de NOTA de A. João Soares:

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai;
um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."

Guerra Junqueiro, 1896.

NOTA: Um génio este escritor. Como seria se tivesse assistido ao «diálogo» empolgante entre aquele «palhaço» e aquela que «se vende por qualquer preço para subir ao poder»?
O Junqueiro, o Eça e tantos outros «em quem poder não tem a morte» não tiveram a dita de estar presentes em frente dos ecrãs da televisão para assistir aos espectáculos invulgares realizados na meia arena do Parlamento, nos quais os nossos descendentes não conseguirão acreditar e dirão que os vídeos não passam de montagens de miúdos traquinas, blasfemos e iconoclastas da época.
Que belos textos tais artistas, escultores que usavam a palavra em vez de barro, teriam construído e legado aos vindouros!!!

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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O circo actual e «Todo o mundo e ninguém»

Transcrição do artigo de opinião do Jornal de Notícias, seguindo de NOTA:

O palhaço
JN. 091214. 00h30m. Por Mário Crespo

O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada.

O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.

O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso.

O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes.

Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si.

O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos.

Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos.

E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa.

O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos.

O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas.

O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém.

Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem.

O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público.

E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.

Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.

O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal.

Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.

E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço.
Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.

Ou nós, ou o palhaço.

NOTA: Independentemente de se concordar ou discordar das opiniões de Mário Crespo ,ele é um artista no uso das palavras e na argúcia com que observa as realidades que o cercam.

Esta crónica tem o dom de nos transportar aos escritos de Gil Vicente fazendo recordar a peça «Todo o mundo e Ninguém», por exemplo, de que retiro como exemplo a parte em que diz que TODO O MUNDO é mentiroso e NINGUÉM fala verdade. Estas duas personagens repetem até ao fim da obra a sua dicotomia.

Agora Mário Crespo, sem citar nenhuma destas personagens nem outras, deixa ao leitor a a liberdade de pessoalizar uma personagem VIRTUAL que é apenas RUÍDO DE FUNDO, um fantasma incorpóreo, que não é TODO O MUNDO e que NINGUÉM quer sê-lo.

Talvez haja leitores atrevidos que queiram pessoalizar o ruído de fundo. Mas estou certo que NINGUÉM irá crucificar Mário Crespo por que NINGUÉM vai enfiar a carapuça. TODO O MUNDO se considera alheio a tais palhaçadas.

Parabéns ao Mário Crespo porque no circo emparelha bem com os palhaços, na sua arte de equilibrista e contorcionista no sábio uso das palavras.

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Jurista afastado pelo IEFP por ser isento e imparcial

Pode até parecer absurdo, mas Instituto do Emprego e Formação Profissional(IEFP) afastou do serviço um dos seus mais antigos advogados só porque este insistia em manter uma postura de isenção e imparcialidade. Antes da transferência, já a directora da Delegação Regional Norte do IEFP o havia criticado pela sua postura de "isenção e imparcialidade" face à lei, advertindo-o de que lhe poderia "prejudicar a carreira".

Perante esta hostilidade aos funcionários que são isentos e imparciais, duvida-se que a proposta do grupo parlamentar do PSD de a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) do Parlamento analisar a execução económico-financeira das entidades que integram o SNS, onde se incluem os hospitais entidades públicas empresariais (E.P.E.) as administrações regionais de saúde, os hospitais do sector público administrativo e os serviços autónomos, venha a ter qualquer eficácia.

Quanto á exigência de falta de isenção e imparcialidade não devemos esquecer a intenção de construir o aeroporto de Lisboa na Ota em que o argumento mais repetido e sem lógica era que havia centenas de «estudos» encomendados a amigos para defender a solução teimosamente desejada pelos ocupantes do poder como sendo a melhor solução, mas que no fim teve que ser posta de lado por só ter inconvenientes à luz de observações isentas e imparciais de quem dava prioridade aos reais interesses nacionais. Afinal provou-se, como sempre acaba por acontecer, que a hostilidade aos indivíduos que são isentos e imparciais não deve vencer.

Transcreve-se o artigo de opinião do Jornal de Notícias sobre este caso:

De novo o IEFP
JN. 091215. 00h11m. Por Manuel António Pina

A notícia vem no "Público" e põe questões que só o são num país onde os poderes públicos parecem ter batido no fundo no que toca a degradação moral: pode um serviço público prosseguir interesses diferentes do interesse público?

E: é ou não do interesse público o cumprimento isento e imparcial da lei pelas instituições do Estado?

Para o IEFP ou, pelo menos, para uma directora da sua Delegação Norte, a resposta à primeira questão é "sim" e a resposta à segunda é "não". Compreende-se assim que o IEFP tenha afastado compulsivamente um jurista das suas funções por ele "(olhar) para a lei com isenção e imparcialidade" quando deveria fazê-lo "a favor do IEFP, numa óbvia perspectiva de parcialidade e pouca isenção". A senhora directora bem o alertou contra os inconvenientes de um funcionário público agir com isenção e imparcialidade: "Tudo o que fizer ao contrário deste princípio (o da "parcialidade e pouca isenção") prejudica a sua carreira".

O funcionário insistiu em ser "isento e imparcial" e a carreira foi-se-lhe. Em contrapartida, a da directora "parcial e pouco isenta" vai de vento em popa.

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Diálogo construtivo é desejável

Ao mesmo tempo que se fala de recuperação da crise, para o que se torna indispensável fazer convergir todos os esforços no sentido de um objectivo bem escolhido, de estabelecer diálogos sem conflitualidades, assiste-se ao espectáculo dado no Parlamento entre as diversas facções que desperdiçam tempo e energias em atritos que minam as vontades de colaborar.

O primeiro-ministro com dificuldades em despir a arrogância entranhada durante quatro anos avisa que «Portugal é ingovernável…» num momento em que devia deixar de se considerar o dono absoluto do destino dos portugueses e apontar as soluções para ele ser governável com o consenso dos outros partidos,

Perante esta crispação que não conduz a um diálogo profícuo, a oposição não se encolhe e reage à provocação e «Louçã acusa Sócrates de criar uma “crise política artificial”».

Mas, sempre atento e arguto, embora por vezes seja demasiado agreste na forma como se explica, «Alberto João Jardim defende diálogo sem conflitualidade». É o melhor conselho surgido nesta temporada em que as alergias estão a agravar-se quando deviam serenar e amaciar os espíritos por forma a permitirem entrar melhor as soluções aconselháveis. Veio ao encontro das muitas sugestões que aqui têm aparecido quase diariamente.

Mas, se o conselho de Alberto João Jardim não for devida e ponderadamente meditado, há que pôr os olhos no incidente em que «Berlusconi foi agredido».

As agressões a dirigentes políticos não são novidade. Há pouco mais de 100 anos foi assassinado o rei D. Carlos (1-2-1908), John Kennedy 22-11-1963 também foi vitimado por um atentado, Anwar el Sadat (6-10-1981) foi abatido por tropas da sua confiança, Indira Gandhi (31-10-1984) foi abatida por soldados da guarda ao palácio, Olof Palme (28-2-1986), Rajiv Gandhi (21-5-1991). Agora foi a vez de Berlusconi ter sido agredido em público. Para reduzir o efeito e a verdadeira justificação dizem os seus colaboradores que foi obra de um deficiente mental.

Inquestionavelmente, a violência é sempre de lamentar. Mas devemos procurar compreender as causas de tais actos. O que leva as pessoas a agir desta forma? O que está mal de parte a parte? Que meios pacíficos tem o cidadão para se defender dos abusos dos detentores do poder quando a Justiça os deixa em total impunidade?

Estas notícias de violência devem constituir, para os políticos de todo o mundo, um motivo de reflexão sobre o seu papel em relação aos interesses do País e das populações, segundo conceitos de ética, de moral, de honestidade. Devem pensar serenamente para avaliar a eficiência do seu desempenho das elevadas funções de que foram investidos. Neste momento, o conselho de Jardim merece muita, mesmo muita, atenção. A conflitualidade, além de prejuízos para o País, pode ser precursora de, violência contra os responsáveis institucionais. O caso de Berlusconi pode fazer ecos. E não há seguranças totalmente eficientes como se viu com os casos acima citados.

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