segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

JÁ SE PERCEBE COMO SE CHEGOU AO DÉFICE!


Em 1997, há dez anos, foi publicada a lei que desde então era suposto impor, a todos os organismos da administração pública, a aplicação do Plano Oficial de Contabilidade Pública (POCP), algo que os especialistas consideram indispensável para uma gestão mais eficiente das finanças públicas. Porém, a aplicação do POCP continua, passados todos estes anos sobre a sua publicação em Diário da República, sem se concretizar e sem data prevista para o fim do processo, apesar das intenções repetidamente declaradas pelos sucessivos Governos em funções desde aquela data.

Para a administração central, o tribunal diz que "apesar das datas que foram sendo avançadas e sucessivamente adiadas ao longo dos anos, actualmente desconhece-se a data da aplicação do POCP em todos os organismos". Mas foi criada no mês passado a Empresa de Gestão Partilhada de Recursos da Administração Pública (GeRAP), que é suposto assegurar a prestação de serviços partilhados em vários domínios da gestão da administração pública.

Este é mais um caso do furor legislativo dos políticos que, por capricho, fazem leis sem meditarem na sua real utilidade e passam a noite de bem com a sua consciência sem curarem de saber da exequibilidade das leis produzidas. E elas não saem do papel e são completamente ignoradas. Uma prova de incompetência, falta de perseverança, ausência de sentido das realidades, ignorância cabal da função controlo, etc.

E passam-se dez anos desprezando a lei, que não passa de letra morta e, depois, surge logicamente o tão falado défice, com que os ignorantes se mostraram surpreendidos. E por isso, em consequência do desnorte dos governantes, temos de apertar os cintos, sem prazo previsível, até ficarmos sem fôlego.

Permito-me sugerir aos interessados a leitura de textos simples contendo algo relacionado com o desnorte que tem presidido aos actos da governação nas últimas décadas, recentemente colocados em blogues:

. Que Democracia? Que transparência?,060823, em A Voz do Povo
. O essencial encoberto pelo secundário, 60824, em A Voz do Povo,
. Legisladores não cumprem as Leis, 060826, em A Voz do Povo,
. Nação Unida, para ser poderosa, 060901, em A Voz do Povo,
. Incoerência de estadistas 060829, em A Voz do Povo,
. Reduzir o número de «beneficiários» da AR, 060904, em A Voz do Povo,
. Leis exageradas tornam-se inúteis, 060910, em A Voz do Povo,
. Oligarquias irresponsáveis, 060912, em A Voz do Povo,
. Má gestão dos dinheiros públicos, 060924, em A Voz do Povo,
. O Governo precisa de mais coragem, 061001, em A Voz do Povo
. Igualdade perante a Lei, 061015, em A Voz do Povo,
. País rico ou País em crise, 061120, em Do Mirante,
. É preciso planear e programar, 061125, em Do Mirante,
. Ninguém está acima da Lei, 061122, em Do Mirante,
. Ministros Omniscientes e Omnipotentes, 070104, em Do Mirante,
. Incoerência ou estratégia oculta. 070106, em Do Mirante.

7 comentários:

victor simoes disse...

Amigo Joao Soares. Excelente retrospectiva de análise e bem fundamentada em suporte e registos.
Pena o João aínda não se ter aventurado nos links, teria linkado toda a lista os interessados iriam directos para os posts referidos.
Mas eu vou preparar uma ajuda para o meu amigo, dê-me um tempinho, para depois dos exames.

Um abraço João

A. João Soares disse...

Caro Victor Simões,
Obrigado pela sua atenção. Já há dias fiz uma tentativa de linkar outros blogues, mas apesar de várias tentativas com a ajuda do nosso Amigo Beezz, consegui apenas colocar o nome de A Voz do Povo mas não funciona como link.
Também gostava de inserir um contador de visitas mas falhei.
Sou realmente um principiante sem muita paciência!!!
Fico à espera de mais esta ajuda sua, ma não se apresse.
Um abraço de agradecimento e consideração
João Soares

Anónimo disse...

Todas as razões aqui apresentadas tiveram um grande peso no problema. A administração tem-se tornado um peso cada vez maior, sobretudo devido ao desleixe, à bandalheira e à mandria fomentadas e exemplificadas nos dirigentes, assim como na sua incompetência. Não nos podemos esquecer que em cada mudança de governo há um assalto de parasitas incapazes e incompetentes aos lugares de direcção de tudo quanto é administração do estado. O número dos ladrões assaltantes tem diminuído muito ligeiramente e é agora de apenas mais de 2000. Estes lugares deveriam ser postos a concurso e entregues a quem provasse competência para os deter, como em qualquer país organizado e civilizado, que Portugal, evidentemente se tem esforçado em não ser e não é. A corrupção é o cancro que se tem espalhado por tudo e por todo o lado, quanto mais alto mais afectado.

Mas não é tudo, não no podemos esquecer do que também a corrupção fez dos fundos de coesão europeus nem dos seus autores. Estes fundos foram esbanjados, distribuídos entre os bandos oligárquicos de salteadores políticos e amigos, delapidados de todas as formas, pouco ou nada restando para a modernização do país, contrariamente ao que se passou noutros que os aproveitaram, alguns deles tão bem que passaram para a cabeça da Europa, como a Irlanda e a Finlândia, países na altura tão pobres como Portugal ou mais ainda. Até a tradicionalmente miserável Espanha conseguiu aproveitar alguma coisa. Foram os que conceberam este plano de assalto e roubo ao povo que são os principais culpados da desgraça actual, aqueles que atiraram com o país para a estrumeira da Europa. Para comprovar a estupidez, o atraso da população – enormemente aprofundado pela desinformação jornaleira, a qual representou um papel preponderante em que tudo tem ocultado em aberto conluio com os traidores – são estes mesmos traidores aqueles que continuam a receber mais votos. Os carneiros agradecem aos carrascos que os adoecem, os torturam, os sangram e os degolam.

Algumas recordações mais detalhadas:
http://leaopelado.bravehost.com/
http://leaopelado.bravehost.com/presidenciais.htm
http://leaopelado.bravehost.com/estado.htm#pre
http://leaopelado.bravehost.com/estado.htm#conheci
http://leaopelado.bravehost.com/estado.htm#parti

Os blogs do Blogger que usam as antigas templates estiveram para dos quase todo o dia. Tinha escrito outras coisas para este blog, mas por isso não as consegui colocar nas alturas próprias, pelo que julgo ter metido água e colocá-los noutros posta. Embora os assuntos se possam “encaixar”, pode não ser assim tão evidente, pelo que peço desculpa de alguma confusão que eventualmente tenha espalhado.

A. João Soares disse...

Caro «mentiroso»,
Obrigado pelo seu comentário. Sinto prazer em verificar que escolho temas que merecem a reflexão de pessoas atentas ao País.
Só é pena que a maior parte dos portugueses se recuse a meditar nos problemas essenciais e se disperse pelos factos mais mediáticos e secundários. Submetem-se meigamente ao papel de ovelhas que se entregam nas mãos do carrasco.
Mas preocupo-me muito com a estratégia de desviar as atenções da corrupção, porque o seu combate não agrada aos políticos que seriam os principais, talvez únicos, réus. Em Países civilizados os politicos não se sobrepõem à lei e à Justiça. Na Holanda, um príncipe recente, marido da ex-Rainha, foi julgado por ter recebido luvas de um negócio de aviões. Enfim, trata-se de um País de gente séria!
Um abraço
A. João Soares

Anónimo disse...

Caro João Soares,mais um belo texto.O amigo Victor Simões referia-se aos links que colocou no final do texto (o amigo tem tudo muito organizado e por datas).Ele queria dizer que pode fazer isso e ao criar um link o leitor clica e vai parar ao texto respectivo!

Um abraço de parabéns!

MR

Anónimo disse...

Há um pequeno pormenor que escapa à opinião publica...isto de aplicar tecnologia aos processos publicos é muito interessante, mas falha num ponto importante na nossa democracia do chinelo...é que os nossos processos não são padronizaveis, não há regras, e quando as há, são tudo menos matemáticas, numéricas ou concretas...a regra em Portugal é a descricionaridade, é dela que vem o caminho para o suborno, a corrupção, o financiamento dos partidos, etc...longo caminho a percorrer....

A. João Soares disse...

Anónimo,
É como diz. Sem regras é muito mais fácil governar segundo o capricho de quem detém o poder. Já ouvi a um ministro muito chegado ao PM que se o povo lhes deu a maioria foi para eles governarem como entenderem. Nem sequer se referiu ao programa de governo que propuseram ao eleitorado! Nem sequer mostrou saber que o Governo é um mandatário do Povo que, esse sim, detém a soberania e a delegou nos eleitos.
Só que o povo está em «coma induzido» e não se apercebe do logro em que o meteram.
A. João Soares