sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Suspensa punição de militares por tribunal

Penas suspensas para militares do protesto
Jornal de Notícias, 070216

O Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra decretou ontem a suspensão da pena de detenção aplicada aos nove sargentos da Força Aérea que foram condenados por terem participado num protesto.

Na terça-feira, dez sargentos da Força Aérea foram condenados a cumprir entre cinco e sete dias de detenção por terem participado no protesto de militares de Novembro passado. Na sequência das condenações, os advogados da Associação Nacional de Sargentos decidiram avançar com uma providência cautelar no Tribunal de Sintra para suspender as punições decretadas pelo comandante do Comando Operacional da Força Aérea, o tenente-general Cruz.

Anteontem, o mesmo tribunal decretou a suspensão imediata da pena imposta pelo Comando da Força Aérea ao sargento José Agostinho.

NOTA:
A união, a coesão, a disciplina tornam os militares mais fortes. Não é por acaso que um conjunto de militares organizados, treinados e equipados se denomina UNIDADE. Mas disciplina militar não significa submissão, subserviência, conivência e conluio com os superiores ou os políticos. Os militares, pelo seu treino operacional, antes de tomarem uma decisão, analisam o melhor possível o inimigo. E, neste caso, convém saber claramente onde está o inimigo, se no tribunal ou no gabinete do comandante.
Um comandante deve cuidar das condições de operacionalidade dos seus homens tanto quanto dos materiais e equipamentos, se não mais. Mas há casos, como este, que mostram a preocupação de ser duro para o pessoal, saltando por cima da Constituição da República, das leis gerais, exigindo uma obediência cega, em vez de uma disciplina consciente, assente na vontade, na dedicação ao serviço da Pátria, com os maiores riscos. Só com disciplina e forte motivação e coesão com os outros elementos da sua equipa o militar é capaz de assumir a missão e avançar contra qualquer risco.
E que dizer do tal contrato, chamado condição militar, em que só uma das partes, os militares, tem de cumprir, enquanto a outra parte, o Estado, recusa as suas responsabilidades, dizendo que são regalias e benesses e, nisso considerando os militares iguais aos funcionários públicos.
Não se deve cruzar os braços perante caso tão grave.
Vejamos o que se segue nesta novela. É um assunto que merece ser acompanhado com atenção nos próximos episódios.
Mas nota-se uma grande apatia ao encarar este inimigo que mostra à saciedade o receio de represálias. Os militares sentem-se amordaçados e emudecem. A lavagem ao cérebro feita pelos generais por ordem dos políticos parece estar a dar resultado.
É preciso acordar, abrir os olhos, aproveitar a força que está a ser dada pelos tribunais. Um militar não deve acobardar-se perante o inimigo, seja ele quem for!!!
Em tempos, o Grande D. Nuno Álvares Pereira queria um exército de heróis. Agora os governantes, obedientemente servidos pelos generais que eles promoveram e que devem mostrar-se gratos pelas estrelas, pretendem ovelhas mansas e domadas, interpretando a disciplina, como obediência indiscutida, subserviência, conivência com os governantes e os «superiores», «yes men», para não fazerem ondas e engolirem todas as patifarias que lhes façam.
Como se pode exigir tanto a homens sérios, a coberto da chamada «condição militar», quando o Governo se nega a cumprir as compensações das exigências dessa condição? E que fazem os generais? Agradecem com o seu silêncio as estrelas que lhes foram concedidas.
Os referidos processos disciplinares, são o retrato das Forças Armadas e dos escravos por quem o Governo quer ser servido.
E a Pátria, de oito séculos e que queremos que seja eterna?
Oxalá Deus ilumine os cérebros dos bem intencionados e mais clarividentes e lhes dê forças para defenderem os ideais nacionais.

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