Ultimamente vários ministros têm «recuado» em decisões anteriormente tomadas com arrogância e autoritarismo, pouco compreensíveis em Democracia, em que seria de esperar que elas tivessem sido preparadas em diálogo com todos os interessados, nomeadamente os parceiros políticos e sociais. Há técnicas consagradas para o estudo dos problemas, das possíveis modalidades de solução, da comparação destas e da escolha da melhor, antes de a decisão ser tomada e difundida.
Mas, infelizmente, não existe um curso de formação para governantes e os assessores de que se rodeiam abundantemente, em vez de serem dotados de conhecimentos técnicos e larga experiência, primam pela confiança política familiaridade com o clã dominante, o que acaba por se traduzir na má imagem do governante que por eles devia ser apoiado.
Não é preciso fazer uma pesquisa exaustiva, para apoiar esta sensação: basta citar os avanços e recuos do ministro da Saúde, quanto a maternidades, urgências, centros de saúde, hospitais, etc, da ministra da Educação, acerca da TLEBS, do inquérito sobre intimidades dos pais, , e agora, do ministro dos Negócios Estrangeiros com os fechos ou não de consulados e, pra remediar, a ideia ainda aérea sobra os postos consulares virtuais.
Se as decisões erradas e as arremetidas arrogantes chocam os eleitores, é ainda mais preocupante verificar que os recuos se devem ao efeito da opinião pública e principalmente das manifestações de rua. Recuar quando se erra é uma virtude, um acto de contrição que não desmerece de quem a ele se presta com humildade e firme propósito de se emendar e não voltar a errar. Mas os erros tão ostensivos, praticados com tanta certeza de estar dentro da «verdade», tanta arrogância autoritária são degradantes para a imagem dos seus autores e do governo em que se inserem, que não tem a coragem e o espírito de disciplina, de justiça e de dedicação à causa nacional para os substituir de imediato. Isto vem dar razão à tese do Estado exíguo a que se refere o artigo seguinte, publicado em Securitas
PANO DE FUNDO
“O mundo é um moinho” (Cartola).
“A incerteza continua sendo a palavra-chave do momento” (Ramonet).
Numa visão facilmente apodada de pessimista, e recordando o conceito, Portugal está a caminho de ser, ou já é (?), um “Estado Exíguo”, que “não tem recursos suficientes para prover os meios necessários ao desempenho das funções mínimas que se exigem para a sua soberania, nomeadamente na Defesa e Segurança”.
Os fins clássicos do Estado são garantir a Segurança, a Justiça e o Bem-estar.
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Almirante Gouveia e Melo (I)
Há 1 hora
2 comentários:
Embora na qualidade de anarquista considere desnecessária a existência do Estado, por razões teóricas que não vêm agora ao caso, o que é facto é que ele existe e orienta a vida da sociedade civil. Reconhecendo este facto e com base na excelente análise que o meu amigo acaba de fazer, o Estado português não está a cumprir com uma das suas obrigações fundamentais, que é a de servir os cidadãos. Ao fechar-se sobre si próprio, mantendo uma atitude básica de autoritarismo, o Estado está a servir-se a si próprio, beneficiando principalmente governantes e seus amigos empresariais. Desta forma, o Estado em Portugal transformou-se no veio transmissor do capitalismo dominante.
Um abraço amigo
Caro Savonarola,
Obrigado pelo comentário. Ao fim e ao cabo, nem lhes podemos chamar autoritários, pois são uns débeis bonecos que são manipulados pelas manifestações, por não estarem seguros das decisões que tomam, por capricho e ao acaso, sem noção perfeita das realidades. Há muita incompetência, falta de dedicação e sentido de Estado, tudo demasiado condimentado por desmedida ambição e apego ao Poder. Mas nem o Poder conseguem dominar, por só saberem dele abusar.
Um abraço
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