quarta-feira, 7 de março de 2007

PAULO MACEDO. INSUBSTITUÍVEL ?

Ainda era menino e moço quando, pela primeira vez, ouvi dizer que os cemitérios estão cheios de homens insubstituíveis, geniais, providenciais, únicos, inigualáveis, etc. Mas, apesar de eles terem desaparecido, o Mundo não tem parado e continua sob a batuta do capital humano de que dispõe.

Um serviço fiscal, um Estado, não pode depender de um homem «providencial», seja qual for o significado que se queira dar a este termo. Essa tem sido a justificação de muitas ditaduras, mas a história demonstra que, após a morte do ditador, o país continuou. O mito de um homem indispensável numa qualquer organização, pública ou privada, evidencia uma péssima gestão dos recursos humanos, uma má avaliação das capacidades individuais, a ausência de uma escolha isenta e correcta dos mais competentes para cada tarefa, e a falta de estímulo e de condições de trabalho para serem levadas a cabo, com êxito, as acções fundamentais.

A solução passa por escolher o homem mais capaz de organizar racionalmente o serviço tendo em vista a sua finalidade principal e o seu objectivo, de discutir o projecto da organização com os colaboradores mais qualificados, antes de ser anunciado e implementado. Seguidamente, escolher a pessoa que mais se coadune com o perfil necessário para a liderança do funcionamento, quanto a saber, a capacidade de chefia e a coragem para seguir em frente sem ceder a pressões menos sérias.

Feito isto, com o máximo rigor possível e dando qualidades de trabalho e apoio político ao nomeado, chegar-se-á à conclusão que não é necessário ir buscar elementos estranhos à instituição para a dirigirem. Em todo o serviço, forçosamente, há pessoas honestas e competentes mas não são devidamente apreciadas e apoiadas para dirigirem. Isto passa-se em muitas organizações, desde as forças de segurança, à saúde, à educação, à defesa, etc. Na realidade, não há melhor dirigente de uma instituição do que o seu funcionário mais competente, dedicado e sério.

A escolha com base exclusiva na confiança política ou cor partidária não será a que melhores resultados produzirá. Há quem sugira concursos de ideias, concursos de candidatura a lugares de chefia, apoiados em currículos, em avaliações de desempenho, nas opiniões de colegas (dando desconto a que o melhor funcionário tem muito invejoso a procurar denegri-lo). E acabe-se com o mito dos insubstituíveis a que exigem ordenados de loucura, só compreensíveis na demência do «desporto» de alta competição.

3 comentários:

Anónimo disse...

Ninguém é insubstituível.
Agora temos que reconhecer que mereceu o que ganhou!..

Provou que o imobilismo estatal existe!

Abraços amigo
João Soares
MR

Anónimo disse...

Caro João Soares
Concordo inteiramente com a sua apreciação ao caso em apreço.Em tese é mesmo natural,direi mesmo racional,que os factos se passassem assim,porém é necessário,penso,tomar em consideração que,neste pobre país à deriva,as coisas não obedecem a essa lógica e justeza.Bastará perguntarmo-nos sobre quantos directores gerais já passaram pelas funções antes deste e quais os resultados obtidos para os cofres estatais e para a moralização dos comportamentos dos cidadãos e contribuintes?
O mérito do actual director geral é indiscutível e está provado.O Estado não lhe pagou o quanto lhe deve.Acresce ainda,relativamente aos seus honorários,que ele não é político mas sim um técnico.
Cumprimentos e obrigado.V.Clemente

A. João Soares disse...

Caro Clemente,
Agradeço a sua visita e o comentário.
Concordo consigo. Há dois aspectos complementares neste caso. Por um lado, Pulo Macedo foi uma bela aquisição e mereceu quanto ganhou. Mas, por outro lado a solução foi um acto que devia ter envergonhado todos os quadros dos Impostos. Se não prestam já deviam ter ido passear para outros trabalhos. É preciso prepará-los e avaliá-los e dar-lhes condições de trabalho para poderem ter um bom desempenho. A função pública é pouco motivadora porque a competência e a eficiência não à reconhecia e recompensada. Se o fosse talvez não tivesse sido necessário recorrer a um estranho.
Portanto, concordo consigo quanto a este caso concreto, mas mantenho o que disse quanto à norma geral a ao que deve ser preparado para o futuro, para sempre.
Fico a aguardar novos comentários seus.
Um abraço
A. João Soares