quinta-feira, 12 de abril de 2007

Frase de Milôr Fernandes

As frases que se tornaram célebres têm o condão de nos fazer meditar sobre as realidades da vida que, possivelmente, sem elas, nos passavam menos perceptíveis. O humorista, escritor e desenhista brasileiro Milôr Fernandes que se distinguiu na revista Cruzeiro com «o amigo da onça», disse um dia a propósito da corrupção nos tempos do Presidente Collor de Mello a seguinte frase:
«É preciso roubar hoje porque amanhã pode ser ilegal». Quando um amigo, num almoço de confraternização de hoje, me recordou esta tirada, logo me lembrei que ela também se aplica às realidades que se estão a viver em Portugal.

O Engenheiro (este formou-se no Instituto Superior Técnico!) João Cravinho quis que a AR iniciasse um corpo de legislação que combatesse a corrupção e o enriquecimento ilegítimo, mas a sua iniciativa não vingou porque os poderosos devem ter levado a sério as palavras humorísticas do Milôr, e o resultado foi o Cravinho ter ido para um exílio dourado no estrangeiro de onde não pode incomodar os ambiciosos que acham que «O poder só tem significado quando é usado» e abusado. E o cenário mantém-se em tudo quanto é autarquias, apito dourado, e muitas outras instituições públicas, de onde sai fumo com mais frequência do que o desejado.

Parece que os Poderosos estão com medo de serem afogados de repente e querem governar-se antes do fim, antes de vir a ser proibido. Para o náufrago, qualquer tábua, qualquer sombra, qualquer fantasma, contém em si a força da esperança de salvação. Os nossos notáveis agem como náufragos que se imaginam a afundar se, rapidamente, antes de obterem prestígio e consideração da parte dos outros. A ostentação, a vaidade de bem vestir, de um título de campeão em qualquer coisa, ou de grau académico e a visibilidade, passam a ser o móbil dos comportamentos, pisando os limites do bom senso e da ética e caindo no ridículo, na mentira, no embuste, nas falsas promessas, no faz-de-conta. Receiam perder as posições antes de enriquecerem, porque o dinheiro constitui para eles o único valor que julgam respeitável.
Mas, o povo, apesar de pouco esclarecido, é-o no grau suficiente para não comer toda a publicidade enganosa, para não acreditar nos vendedores de banha da cobra, para não aceitar todas as aparências.

Os detentores do Poder devem convencer-se de que o Milôr Fernandes era um humorista e o emitir aquela frase, estava a caricaturar a situação e não a dar mandamentos de boa conduta!!!

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro João Soares, trago-lhe um texto escrito ontem...só tem um comentário... anónimos, impera o medo!!

Abraço
MR
---------

Portugal e a verdade



Senhor Primeiro Ministro, vi a sua entrevista na RTP 1, não me pareceu tão lesto na sua argumentação, como noutros momentos... mas quero-lhe dar o benefício da dúvida. Quero acreditar no nosso Governo (seja lá qual a sua cor política), no nosso futuro... Vejo-o cada vez mais escuro, negro mesmo.
Tantos sacrifícios, tantas medidas restritivas, para o povo, merecemos melhores resultados.
Hoje os policias portugueses viram o valor do seu subsídio de refeição baixar... Como é que isto é possível?? Logo de €91,92, para €72,97, mensalmente.
Estavam a pagar a mais?
Não merecem uma explicação ampla e séria?
Também o desconto gradual, sobre o vencimento para o SAD (serviço de Assistência na Doença), foi mal lançado, descontando mais do que estipulado na lei, que exigia a implementação daquele valor, em aumentos graduais durante vários anos.
Não é possível, com tantos civis nas policias, se cometam tais enganos. Ainda vêm mais civis!?...
Para lá dos dois anos em que não houve qualquer aumento. Para lá do congelamento dos escalões.
Sei que o País está mal, mas devem ser aqueles que servem a segurança das pessoas e bens, os mais penalizados?
Que incentivos têm estes homens e mulheres, para lutarem contra a criminalidade?
Se isto é um estado de alma negativo, ainda têm as leis a penalizarem mais os elementos da ordem, que se afundam cada vez mais em burocracia e na lentidão dos tribunais ...
Como sabem, sou isento politicamente, nunca fui sindicalizado, nem reconheço valor aos referidos sindicatos, muito politizados, que servem dúbios interesses, na minha modesta opinião. Lutemos e melhoremos Portugal, com isenção, mas com objectividade na vida profissional de cada um.
É preferível dizer as verdades, com todo o custo que elas tragam, do que inverdades, ou meias verdades, que causam o maior desconforto à sociedade.
O Senhor Primeiro Ministro teve esta experiência sobre as suas habilitações, que lhe causaram, com toda a certeza, os maiores dissabores pessoais, na sua Honra e Dignidade.
Pense nisto!

Anónimo disse...

Caro João Soares, o blog agora está OP.

Abraços
MR

A. João Soares disse...

Obrigado, Amigo M Relvas pelo alerta da deficiência do blog e por esta informação de que a reparação resultou.
Um abraço
AJS