O artigo no Jornal de Notícias de hoje, de David Pontes, com o título «Um metro aos solavancos» fez-me recordar o post Governo sem bússola nem leme? e meditar nos fabulosos custos provocados pelo pára-arranca de muitos projectos e reestruturações que avança e recuam, devido à ausência de um completo, sério e isento estudo do problema que preceda a decisão que deveria ser seguida de um planeamento de cada fase da execução, por forma a reduzir substancialmente erros, indecisões, desvios e recuos.
A propósito do metro do Porto o autor afirma que «temos de concluir que «a geografia, o planeamento urbano, a gestão de transportes, são ciências desconhecidas dos nossos responsáveis políticos, incapazes de olhar para o mapa e determinar quais são as ligações que melhor servem os interesses da população e o desenvolvimento da área metropolitana»
Admite, muito sensatamente, que no decurso da obra haja margem para discussão sobre alguns aspectos, mas quanto a questões essenciais, como a prioridade de Gondomar, não é admissível que não estivessem resolvidas com base em estudos técnicos imparciais em vez de servirem agora como arma de arremesso em jogos políticos. Mas, infelizmente, os factores mais valorizados pelos políticos raramente são benéficos para os interesses do Pais, pois, no meio das confusões entre o "calendário" do Governo, que pretendia ter um acordo para coroar a vinda de Sócrates ao Porto, e as hesitações dos autarcas da Junta Metropolitana acaba por ninguém saber para onde vai o metro. «Há muito que deveria estar planeado para não poder encravar.»
«O que aqui se diz para o metro é, em parte, também verdade, para a Ota e o TGV. Se queremos ultrapassar a nossa proverbial incapacidade de planear e racionalizar, devemos perceber que há áreas em que era melhor os políticos darem um passo atrás e cederem o lugar aos técnicos. Se claramente os eleitos não lutam por programas sufragados pelos técnicos, antes vão mudando os mapas ao sabor do episódio político do momento, temos todo o direito de pensar que não é o interesse público que os guia.»
El País
Há 1 hora
6 comentários:
Caro João Soares,
o País está dividido na partidocracia...
Em vez de se pensar em PORTUGAL, pensam no futuro pessoal e partidário.
Assim continuaremos a afundar-nos cada vez mais... sendo "o último" dos últimos países europeus!
Abraço
MR
Caro Relvas,
O ideal é que um governante fosse um gestor que tivesse por objectivo os mais altos interesses de Portugal, em que devia estar em primeiro plano a melhoria das condições de vida da população em geral. Não era necessário que possuísse um diploma de qualquer universidade mais ou menos tolerante. O que era necessário é que tivesse noções sobre a preparação da decisão, o planeamento e o controlo da execução, tudo isto assente numa preocupação de racionalização. No caso de não ter conhecimentos profundos, o que é compreensível, por não haver homens enciclopédicos, devia ter a capacidade de recorrer a técnicos isentos e imparciais com vista às melhores escolhas dos objectivos e ao ciclo atrás descrito.
Porém, para infelicidade dos portugueses, ninguém pensa nem decide assim, estando os políticos apenas interessados na concorrência com a oposição na previsão das eleições seguintes, e, entretanto, vão-se governando a si, aos familiares e aos amigos. E, com isto, o País está a trabalhar para umas dezenas de comilões. Veja-se o que tem vindo a lume acerca do Sr António José Morais e as suas relações com o Poder e o uso que deste faz.
Um abraço
AJS
Pois é, meus amigos:
Há uma cantiga de sucesso que estribilha
"São os glutões!
eles comem tudo
e não deixam nada"...
Convém lembrar que a "política" é a arte (habilidade) de conquistar e manter o poder. Também há quem diga que se trata daquilo que fazem os políticos... Vale tudo.
Para vosso regalo espiritual, sugiro a leitura de um livro primeiramente publicado sob o nome do padre António Vieira mas atribuído a António Sousa de Macedo,intitulado "A Arte de Furtar". Sendo um texto do sec XVII, tende a manter-se intemporal.
Saudações.
Amigo Zé Guita,
Obrigado pela sua visita e comentário.
O que falta no nosso País não é os políticos terem um «canudo» de engenheiro civil, mas apenas um simples curo ou estágio de práticas de gestão pública ou de governação, parecido com o que muitos políticos têm frequentado no IDN, chamado «Curso de Defesa Nacional».
É que Governar não é fazer política partidária, não é apenas impor ideias sem as justificar e troçar das sugestões e críticas da oposição que, na presente data, é muito pouco hábil. Governar é estudar, prever, decidir, planear executar e controlar, com a finalidade de melhorar a qualidade de vida da população em todos os sectores, como, ensino, segurança pública, justiça, saúde, equidade social, etc.
Mas eles não receberam formação profissional e não querem aprender.
Um abraço
o problema de Portugal reside no facto de tudo se centrar no momento, na conjuntura, e muito raramente na estrutura. isto passa-se a todos os níveis....
Caro Túlio hostílio,
Esse é um defeito end~emico. Fazer as coisas no joelho, sem estratégia, sem planeamento, decidir às cegas e, depois. Seja o que Deus quiser... e pode ser que não seja nada!!!
Para mais, tivemos o azar de aparecer a Nossa Senhora de Fátima, que leva muita gente a nem pensar no que diz ou faz, esperando o milagre. Parece que os desastres na estrada estão relacionados com a fé nos milagres. No procurar evitar porque só acontecem aos outros e a N. Srª protege.
Não essa a filosofia que defendo e distribuo! A minha formação profissional criou-me hábitos de ponderação e de planeamento e preparação a decisão.
Um abraço
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