segunda-feira, 2 de abril de 2007

O último cigarro é o mais prejudicial

Embora o título possa induzir em erro, Não vou dissertar acerca do perigo da nicotina e do alcatrão nos pulmões como origem de cancro. Isso está muito debatido e cada um tem o direito de se suicidar com essa arma, se isso é do seu agrado. O que quero abordar é o prejuízo para terceiros, com o primeiro e, principalmente, o último cigarro de cada maço e quanto isso representa na definição dos maus costumes dos portugueses e de outros Países menos civilizados. Ao abrir o maço para tirar o primeiro cigarro, o fumador corta uma pequena parte da embalagem que deita para o chão, quando se encontra em local público ou que não é sua propriedade exclusiva. Quando tira o último abandona da mesma forma o maço que se tornou inútil, mesmo que ali a dois metros esteja um recipiente para papéis e pequenos lixos.

Isto diz muito da falta de civismo e de educação, lições que deviam ter sido recebidas dos pais em casa e dos professores nas escolas. As pessoas esquecem-se, ou nunca souberam, que devemos respeitar os outros e usar a sua própria liberdade sem ferir a dos outros. Essa seria a forma educada e cívica de viver na humanidade em que todos têm o direito de não ser incomodados desnecessariamente pelos abusos de seus companheiros conterrâneos, terráqueos.

Não estou a vaguear sonhadoramente, mas sim a reflectir naquilo que aconteceu com um grupo de estudantes a que se refere o editorial do Diário de Notícias de hoje, os quais, para festejarem o fim do Ensino Secundário, viajaram de autocarro até Lloret del Mar, onde se instalaram num hotel. Depois de uma noite de cenas «dramáticas de rapazes e raparigas, reais e frágeis nos seus 17 anos, a emborcar álcool pelo gargalo de garrafas de litro», entregaram-se, depois do pequeno-almoço, a uma batalha campal com a respectiva algazarra, nos corredores do hotel, atirando entre si ovos cozidos, açúcar e rolos de papel higiénico. «Não é difícil calcular a algazarra durante a batalha campal». Como em «casa dos outros, um hotel, por exemplo, não é lugar para atirar ovos cozidos, açúcar e papel higiénico nos corredores» os « seguranças do hotel entraram nos quartos de cerca de cem jovens portugueses, obrigaram-nos a fazer as malas de imediato e expulsaram-nos». Uma estudante que relatou o caso à TV, e que acaba agora o ensino Secundário e se encontra preparada para enfrentar a vida como trabalhadora ou estudante universitária, «não compreendia a rispidez dos funcionários do hotel», talvez esperando que o hotel, pelo contrário, felicitasse os campeões e lhes oferecesse trofeus para nunca esquecerem tal acto desportivo!!!

«Fossem todos os funcionários de hotéis em Lloret del Mar como os daquele hotel, estas viagens de finalistas deveriam ser consideradas cadeira obrigatória do curso. Podiam chamar Educação à disciplina ensinada. Coisa aparentemente desconhecida - na escola e em casa - daqueles jovens. Deviam agradecer a quem lhes proporcionou a aula». «E sem propinas, de que tantos se queixam».

E assim vai a nossa sociedade. O cenário é muito coerente, em selvajaria, desde o maço de tabaco e outras pequenas embalagens ou o guardanapo de papel que acompanha o croquete que se come na rua, ou a garrafa ou lata de refrigerante ou água que se abandona logo que vazia, e agora este caso em Lloret del Mar, demonstramos, a cada passo não merecermos pertencer à União Europeia e ficamos mal cotados quando comparados com os povos mais atrasados do terceiro mundo. O País está doente. Temos que melhorar, e isso começa por os pais se sensibilizarem de que devem melhorar o seu comportamento para poderem educar os filhos, dando-lhes bons exemplos e exigindo deles boas maneiras e respeito pelos outros.

6 comentários:

Teresa Calcao disse...

E vergonhoso constatar que jovens portugueses tenham comportamentos desta natureza noutros paises.....ja nao chega a falta de civismo que se verifica quando visitamos o nosso Pais.....infelizmente nao e so nas camadas jovens!!!!!!!!!!!!
Beijinho

A. João Soares disse...

Cara Teresa,
Compreendo o seu pesar embora esteja afastada desta bagunça. Tenho uma filha também chamada Teresa que vive aqui, mas um pouco afastada das loucuras juvenis, e tenho dois filhos nos EUA, como a Teresa Calção, que visitam Portugal ocasionalmente. Isto deixa-me mais tranquilo ao saber os meus netos educados de forma mais sadia, com o acompanhamento próximo dos pais muito sensatos. Um dos meus rapazes esteve cá este fim de semana e só lamentei ter estado tão pouco tempo com ele, porque gostei de ouvir a sua ideia sobre o mundo em que vivemos.
Mas, minha cara, este caso do último cigarro é preocupante. O que é de todos não merece o respeito dos vândalos que são a maioria. A juventude, devido à incompetência dos pais para a educar, está a rolar por uma rampa que a leva até ao abismo, de onde só sairá com muita dor, e os governantes parecem alheios a esta realidade e nada fazem para inverter esta corrida para a desgraça total.
Beijinhos

Anónimo disse...

Caro A. João Soares,

um texto belíssimo e do qual falei e conversei em Albufeira.

Realmente a nossa sociedade está doente.Não só pela falta de civismo que reina nos estudantes, sempre houveram excessos e os senhores do hotel fizeram senão bem em os meter na RUA!

Vou-me referir a outra falta de civismo, muito grave na minha óptica, o "déficet democrático" de alguns comentadores "COM AMARRAS" bem vermelhas na VOZ DO POVO!!

http://comnexo.blogspot.com

Alguns pensam que só eles sabem História de Portugal,alguns pensam que a verdade é o que escrevem e os outros ou são lorpas e ainda não acordaram, ou são uns grandes "FACHOS". Permitem-se falar de antes do 25 de Abril sómente sobre a PIDE, a Catarina Eufémia e as imensas torturas que "Salazar assassino" infringiu ao desgraçado do povo português!!

Esquecem quem os livrou da crise financeira e consecutivos governos ditatoriais na altura.Esquecem quem depois de reparar a economia fez obras públicas, dotou o País de estradas e infra estruturas.Esquecem-se das ESCOLAS,Hospitais, criadas por todo o Portugal e para não me alongar mais, tendenciosamente esquecem o período "democrático vermelho" do herói deles -Álavro Cunhal.O PREC, as ocupações, as comunas da reforma agrária, as FPS 25 de Abril, as Oteladas,os saneamentos, as prisões a vulso à escolha do COPCON com autos de detenção assinados em branco...esquecem as deportações...os "criminosos" que apenas eram donos de pequenas e médias empresas... O começo da gargalhada vermelha dos nossos dias (a corrupção e as benesses dos politiqueiros)...

Isto não será falta de civsimo?Ou ainda será culpa de Salazar?

Se calhar é minha, pois penso com a minha cabeça e não engulo cassetes, nem do Cunhal, nem da Odete "actriz"...

É realmente uma falta de civismo, desde a educação em casa, à escola, aos comentadores da "VOZ DO POVO"...

Abraços

Mário Relvas

A. João Soares disse...

Caro Relvas,
Agradeço esta visita e o comentário, feitos antes de desfazer as malas!
Coloca aqui recados para os grandes pensadores geniais da Voz do Povo, mas está a perder o seu tempo porque eles não se baixam a comentar os meus posts! Votaram-me ao ostracismo! Mas não lhes tenho sentido a falta. Sei viver sem bengalas!!!
Um abraço

Anónimo disse...

Fui a uma viagem de finalistas e felizmente nao optei por ir a lloret mas sim a Andorra. ADOREI e sem duvida que mal puder irei repetir. Nao deixei de me divertir mas tambem fiz desporto e convivi de forma saudavel. Loret foi uma vergonha.

A. João Soares disse...

Caro Coimbra,
O que foi vergonha não foi Lloret., mas sim a falta de educação primária, básica dos estudantes que fizeram aquele desacato. A educação permite evitar excessos, em qualquer circunstância permite um auto controlo cívico, sem desrespeitar os outros. O nosso prazer e divertimento não deve resultar em incómodo para os outros. Isso é que é civilidade, educação, democracia. Todos temos direito a sr felizes, mas sem prejudicar igual direito dos outros.
Um abraço
A. João Soares