terça-feira, 22 de maio de 2007

Economia caseira

Não se fica rico a ganhar dinheiro, mas a poupar!
José Travassos Valdez- Nisa, in «Portugal Club»

Já aqui abordámos a forma simples e exequível de acesso à propriedade, à posse de algo, uma transferência de poder e de distribuição de riqueza. Mas tal não chega para garantir nem a felicidade a que todos têm direito, nem a riqueza, nem o bem-estar é apenas um princípio.
Diz o ditado “que de médico, de sábio e de louco todos temos um pouco” se fizermos uma análise de onde se escoa a maior fatia do rendimento de uma família, temos em primeiro lugar a casa, depois a alimentação, transportes, saúde, educação, etc.
Se analisamos onde é que o estado gasta a maior fatia do orçamento descobrimos que é nas despesas de saúde.
Apesar disto a saúde das populações em geral está muito pior e degrada-se de dia para dia. Um dos principais motivos deve-se ao facto de o estado, ao longo dos anos, ter negligenciado um conjunto de medidas educativas e profiláticas deixando-se ir na onda da indústria farmacêutica cujo único móbil é vender.
De forma ao estado e ás famílias reduzirem os custos nas despesas de saúde e ao mesmo tempo obterem melhores resultados, temos de cortar o mal pela raiz e isso significa, sem duvida alguma, ter a coragem de tomar as decisões certas.
Uma nação não pode assistir indiferente, por exemplo, à questão da obesidade infantil, são milhares de jovens que estão a ficar com a sua saúde e futuro empenhados e estes vão ser também uma sobrecarga para o Sistema Nacional de Saúde.
No meu entender, a tomada de decisões certas implica a criação de disciplinas obrigatórias no curriculum escolar onde as crianças aprendam, desde a mais tenra idade, o básico sobre a saúde, a alimentação e até formas de terapia simples que possam em sistema de auto tratamento resolver inúmeras patologias em casa, sem as idas constantes ao médico e aos hospitais.
Falando na base de tudo, a alimentação, todos temos consciência de que o ambiente está contaminado e, em grande parte, isso deve-se aos agro tóxicos, fertilizantes e pesticidas. Mas então antigamente as coisas não se criavam na mesma sem estes venenos? Obviamente que a resposta é sim. Com estes venenos obtém-se frutas e legumes de maior tamanho mas, para além de encherem o olho comparativamente aos produtos de antigamente, nada valem e são mesmo um perigo para a saúde.
A fruta é mesmo uma desgraça; não dura nada, e não cheira a nada, se tivermos a oportunidade de sentir o cheiro da fruta biológica na natureza, nada há de mais agradável que essa sensação. Ainda no ano passado tive uns pêssegos que lhes sentia o cheiro a 200m e arrancados da árvore fiz uma experiência com 2 pêssegos para ver quanto tempo duravam sem apodrecer, para meu espanto secaram e mirraram e não apodreceram. Com as maçãs é o mesmo. Alguém consegue ter fruta do supermercado 3 dias sem começar a apodrecer?
Do ponto de vista nutritivo, inúmeros estudos já o demonstraram claramente, os produtos biológicos são ricos em oligoelementos, minerais raros, essenciais para o metabolismo celular, em resumo essenciais para a saúde.
Para resolver este problema e tornar a agricultura biológica predominante actuaria com a arma dos impostos, onde os produtos biológicos não pagariam nada ou muito pouco e os de agricultura química seriam taxados a 30% e ainda com uma taxa suplementar de 20% destinada à protecção ambiental. Isto faria com que os agricultores e consumidores se voltassem para o que é bom, o biológico!
Na questão pecuária teremos de actuar no mesmo sentido, da produção biológica, ao mesmo tempo que tem de haver uma reeducação sobre a quantidade de proteína animal que o nosso organismo suporta sem se intoxicar que corresponde a 1/7 do que comemos.
A consciencialização desta realidade faz com que se perceba que não só não precisamos de produzir as toneladas actuais de carne, como também com racionalização não é preciso recorrer à importação de carne.
Ao mesmo tempo os produtores podem valorizar o seu produto na qualidade (biológico) e depois no preço, vendendo mais caro. Para o consumidor não altera grandemente as coisas uma vez que vai comer de melhor qualidade, menos quantidade, mais caro é certo, mas o que gastará em carne por mês devido à redução da quantidade, kg per capita, vai ficar com dinheiro no bolso e melhor saúde. Melhor saúde porque a carne em excesso é prejudicial e melhor saúde porque comendo uma carne com certificação biológica não ingere as quantidades de hormonas e, mais grave, antibióticos que destroem o sistema imunitário.
O segundo ponto onde é preciso atacar é o açúcar, está mais que estudado que o açúcar branco retira minerais do organismo durante o processo de digestão, o açúcar de cana integral não provoca estes malefícios. Por que é mais caro um kg de açúcar de cana natural do que um de açúcar refinado? Não se entende a não ser que por detrás disto esteja um interesse sombrio de que as pessoas fiquem doentes, já se sabe desde há muito que o açúcar branco é um dos principais responsáveis pelas depressões nervosas.
Outro alimento altamente prejudicial é o leite de vaca, já pensaram se existe algum animal na natureza que beba leite depois de desmamado? Eu não conheço, só os estúpidos dos humanos que não sabem olhar para a natureza. Beba-se leite vegetal, soja, arroz, amêndoa, avelã, etc. feito em casa fica a menos de 20 cêntimos o litro e é muito nutritivo e saboroso.
Para finalizar deve ser dirigido um ataque sobre a forma de imposto para toda a comida artificial, desde os enlatados, refrigerantes ao fast food. Taxar estes alimentos a ponto que se torne pouco apetecível o seu consumo.
As crianças devem ser educadas e reorientadas na escola e a própria escola deve dar o exemplo nomeadamente nos refeitórios e inclusive organizando cursos de cozinha racional para os pais, reeducando-os.
Ainda no campo da saúde, as crianças devem ser treinadas, desde a mais tenra idade, a saber um conjunto de técnicas simples mas eficientes e deter conhecimentos para auto tratamento e os pais devem também, numa primeira fase, ser reeducados.
Por exemplo, hoje em dia, uma criança tem um bocadinho de febre e os pais correm logo para o hospital, sem perceberem que a febre é, antes de tudo, um mecanismo de auto cura onde o organismo através da elevação da temperatura se procura libertar dos agentes infecciosos. Até 39º não há crise o velho truque da avozinha de colocar a criança num banho tépido funciona, porque encharcar a criança de antibiótico diminuindo as defesas imunitárias se com uma banheira de água tépida se obtém o mesmo resultado?
Estas noções deveriam ser dadas e aprendidas na escola. Para além disso, eu iria mais longe e penso que as crianças poderiam perfeitamente aprender técnicas de massagem e até algumas técnicas de acupunctura mais simples como a auricular, estes ensinamentos nas mãos da população permitem aliviar o Sistema Nacional de Saúde e responsabilizar a sociedade pela defesa desse bem impagável que é a saúde. Ao cidadão, a primeira responsabilidade pelo tratamento do seu corpo!
Com a aplicação de medidas do tipo das anunciadas anteriormente, os cidadãos mais saudáveis tornam-se mais felizes, logo, mais produtivos. Ao mesmo tempo, economizam nas despesas pessoais de saúde e com isto fazem o estado poupar milhões que podem e devem ser desviados dos chorudos e imorais lucros das farmacêuticas para benfeitorias públicas como por exemplo melhor protecção ás crianças e idosos.
É preciso governos com coragem para quebrarem a cadeia de lucro da indústria química/ farmacêutica. Primeiro vendem os agro tóxicos, as hormonas de crescimento rápido, os antibióticos para animais, etc. e depois de nos porem doentes, lá vêm vender o medicamento… grandes espertalhões… mas então andamos todos a dormir ou já não há tipos com coragem.

2 comentários:

Moon disse...

Excelente artigo. Adorei a sua reflexão!

A. João Soares disse...

Agradeço a sua visita,
O elogio ao raciocínio do autor do texto é endossado a José Travassos Niza, pois trata-se de uma transcrição. Trouxe para aqui este texto porque, como o Pantera, também gostei.

Abraço
A. João Soares