domingo, 27 de maio de 2007

Ota. Porque ter medo de esclarecer?

O Presidente da República, Cavaco Silva, considera necessário fazer uma debate profundo sobre o novo aeroporto de Lisboa, assunto sobre o qual têm surgido grandes dúvidas nos aspectos geográfico, topográfico, orográfico, geológico, segurança de voo nas descolagens e aterragens, mas o Governo está irredutível em relação à escolha da Ota. Vá lá saber-se o porquê desta teimosia!

Essa teimosia chegou ao ponto de o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, ter dito que "jamais" o aeroporto será construído na Margem Sul, região que apelidou de "deserto faraónico". Perante esta teimosia arrogante que levanta dúvidas sobre as razões que lhe assistem e os interesses que estarão por detrás, Cavaco apressou-se a pedir imediatamente "um debate profundo" e "consenso técnico e político" sobre o novo aeroporto. Com efeito, quem tem medo de esclarecer este tão grande investimento? Porquê? Terão mesmo argumentos válidos para defenderem a Ota? Se têm, porque não os apresentam?

O Presidente merece apoio geral quando defende que o Parlamento não se deve demitir da intervenção permanente nas grandes questões da actualidade, e esta é uma delas. Os deputados não devem abdicar da sua função fiscalizadora, independentemente da sua cor política. É imperioso incutir "factores de racionalidade" na discussão sobre a localização do futuro aeroporto internacional de Lisboa ao contrário da argumentação utilizada por Lino em defesa da Ota no almoço na Ordem dos Economistas.

Quanto ao colóquio previsto na AR para o dia 11, Helena Pinto, do BE, avisa que "não pode ser um espaço onde o Governo vai fazer propaganda". "O colóquio não substituiu o debate político. Não é ali que se vai chegar a um consenso alargado, como pediu o Presidente. O Governo tem que ir ao Parlamento, mas ao plenário ou à comissão", sustenta Helena Pinto.

António Carlos Monteiro, do CDS, após as declarações sobre o "deserto" da margem Sul., acusa o ministro de "arranjar desculpas para fugir ao Parlamento". "Isso é censurável", acusa, insistindo no pedido de audição parlamentar de Mário Lino.

O deputado do PCP Bruno Dias defendeu esta sexta-feira a suspensão do processo para a construção do novo aeroporto de Lisboa, exigindo novos estudos, e responsabilizou o PS pela falta de um debate aprofundado sobre o tema. O comunista defendeu que o processo seja suspenso até à realização de novos estudos que sirvam de base «a um debate aprofundado», como sugeriu o presidente da República.

Também Miguel Relvas do PSD apoia o debate na AR e diz "espero que o PS não desrespeite o presidente da República como já desrespeitou o presidente da AR, quando chumbou o pedido a universidades para fazerem estudos sobre o aeroporto".

Marques Mendes descreveu a intervenção do Presidente da República, sexta-feira, como «muito importante», ao dizer que «é urgente um debate aprofundado sobre o novo aeroporto e em torno de toda esta questão». «Julgo que o apelo do Presidente da República foi dirigido ao Governo e aos vários responsáveis políticos». «Penso que é possível e desejável todo o consenso sobre o investimento do novo aeroporto. Estamos preparados e esperamos que o senhor primeiro-ministro tenha a mesma abertura e mostre a mesma disponibilidade acima dos interesses e da teimosia». Considerou as declarações de Mário Lino acerca do deserto na margem Sul «não apenas como um delírio, mas como uma provocação e um insulto de alguém que já não está bom da cabeça».

Mas, apesar de tudo isto, José Junqueiro, do PS, em defesa da obstinação obscurantista do seu partido, alega que "o debate político com especialistas não pode ser outro que não o do colóquio do dia 11. O que vamos fazer é um debate correctíssimo", e considera que Cavaco "não pediu uma coisa político-partidária, pediu um debate no Parlamento". Uma máscara, pois todos sabemos que Cavaco ao pedir a intervenção do Parlamento, estava consciente que naquele Palácio se faz política partidária.

Qual é a dúvida de Junqueiro? Que interesses tão importantes existem para exigir tanta blindagem por parte do Governo e do Partido que o apoia? Porquê tanto medo de clarificar o processo da escolha do local do Novo Aeroporto Internacional de Lisboa?

17 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo

Tudo isto é muito bonito. Mas, pensando bem, para quê mais estudos? Só se for para dar dinheiro a ganhar a uns quantos galifões.
Com Marques Mendes à frente do maior partido da oposição, não há qualquer hipótese de alterar a decisão dos governantes. Porque, vejamos bem, muita da arrogância do "engenheiro" e seus acólitos se deve à grande ajuda prestada por M.M.. Um homem sem qualquer carisma e que diz sempre o previsível e quase sempre da pior forma. Enfim, um homem sem ideias.
Estamos fritos.

A. João Soares disse...

«Estamos fritos» e pior estarão os nossos descendentes que receberão uma péssima herança que os ineptos da geração de seus pais e avós lhes vão legar. Que Deus se compadeça deles!!!
Abraço

Eric Lung disse...

Penso que deveriam consultar os donos dos terrenos envolventes e os bancos que já estão a investir milhões em campos de golfe e hotéis na região (perguntem ao Grupo Espírito Santo quanta massa já investiu em Alenquer) antes de proporem outra localização para o Aeroporto de Lisboa.
Não se brinca com o dinheiro dos ricos.
Andam os homens a comprar e investir o seu dinheiro naquela zona para agora virem dizer que o novo aeroporto vai ficar alagado?
Até parece que se esqueceram dos senhores do lobby da nova travessia do Tejo e da valorização e seus frutos que toda a região de Alcochete e arredores gerou para essa minoria da nossa douta populaça.
Não sei porquê, talvez por estar bem longe de casa, tenho um feeling que os mesmos senhores que investiram e ganharam com a novela da ponte Vasco da Gama são os mesmo desta actual novela da Ota.
Continuaremos atentos e a denunciar estes casos.
O que me irrita de morte é que Eles estão cada vez mais ricos num país cada vez mais pobre.
Acha fé.

A. João Soares disse...

Caro Eric,
Obrigado pela visita e o comentário. Temos que seguir o seu conselho e o exemplo de Almeida Santos, Lino, o ibérico. Junqueiro e outros mestres do partido do Governo. Não devemos esquecer o muito que devemos respeitar o dinheiro deles. O Eric cita o caso das pontes sobre o Tejo, mas pode juntar-lhes outros. Por exemplo os terrenos do Baixo Alentejo onde passa a auto-estrada para o Algarve, e onde era previsto ser construída uma desenvolvida estação de rastreio de satélites e uma base logística chinesa de apoio ao comércio oriental na Península, ligada a um resort de férias com extensos campos de golf e outras actividades de ar livre. Quem servia de intermediário era um gasolineiro que hoje, depois de ter passado pela política, está riquíssimo.
Enfim, quem tem o poder usa-o, para benefício seu e dos seus amigos. São coisas correntes que já eram antigas quando Nicolau Maquiavel (1469-1527) escreveu o «Príncipe».

Cumprimentos

Amaral disse...

João Soares
mais que tudo querem fazer de nós OTÁrios. É verdade. O PR pede um debate e o ministro diz que já está aprazado na Assembleia; mas pelos vistos é um seminário sem direito a questões ou quaisquer esclarecimentos.
Já não há pachorra, para tanto amedronatmento.

Eric Lung disse...

Caro João,
sinto-me envergonhado com o meu:
Acha fé...
O empolgamento era tal que me levou a esquecer que havia fé e não que deveríamos achar a fé.
Haja fé, mas no caso de não a haver então achem a fé a qualquer custo.
Assim já posso dormir mais descansado.
Abraço

A. João Soares disse...

Caro Amaral,
Isto é uma espécie de ditadura. impõe-se a decisão dos superinteligentes do Governo e dos lacaios do partido e não se admite expressão de dúvidas ou discordâncias senão,acontece como ao Charrua. Ditadura a prazo de quatro anos renovável. E há a teoria do cheque em branco por quatro anos. Brincam à custa dos OTários.
Caro Eric,
Realmente a fé não se constrói nem se compra. Haja fé e mais c'a fé Aliás, depois de tantos anos a dizerem mal do café, agora vêm-nos convencer de que adia a chegada do mal de Alzheimer.
Com votos de que os nossos inteligentes nos esclareçam das boas razões da escolha que vier a ser feita para a localização do aeroporto, tendo em conta os interesses nacionais, aqui vos deixo abraços amigos

Meg disse...

Meu caro,
Mas se é necessário esclarecer, porque é que não esclarecem?
É tudo abstracto...
Nós votamos para quê?
Épater le bourgeois... é o que eles andam a fazer.
Andam no jogo do empurra, agora até o sr. Presidente da República entra ao barulho.
E enquanto o pau vai e vem, folgam as costas, o pior é depois.
Um abraço

A. João Soares disse...

É muito grave. Cada dia que passa encarecem os custos da obra. Cada estudo a mais custa um dinheirão.
Cara Meg
Porquê? Porque se ignora ao método de preparar as decisões. Estas só devem ser tomadas após estudos, formulação de possíveis soluções, comparação de todas elas por forma escolher a melhor. Mas na realidade, os políticos decidem antes de qualquer estudo, e depois encomendam um estudo para justificar essa decisão prévia. Depois aparecem os detractores da decisão e não há argumentos válidos que defendam a decisão perante outras que se aparentam como melhores. Esses argumentos seriam implícitos se o processo tivesse seguido os trâmites lógicos, isto é se tivessem previamente sido comparadas todas as soluções possíveis e escolhida a melhor.
MAS não há curso para políticos e muitos deles nem terão qualquer curso, tendo apenas diploma.

Beijinhos

Mentiroso disse...

Não parece que se esteja a ver o problema pelo seu lado real. Como toda a gente sabe, os invejosos e mal intencionados no Porto sempre tudo fizeram para diminuir a hegemonia que Lisboa já tinha mesmo antes de 1147. Por causa dessa inveja, os políticos corruptos têm desviado os fundos europeus para as regiões mais atrasadas, em que o Alentejo se enquadra, para a região do Porto. Como se pode compreender que uma região muito menor que a de Lisboa posa ter quase o dobro de extensão de linha de metropolitano? Não que aquilo seja muito mais que um eléctrico. Não, também, que não faça verdadeiramente falta, mas serve muito menos pessoas do que na região de Lisboa. Como se pode de outro modo compreender que se tenha praticamente refeito o aeroporto de Pedras Rubras e agora se queira dar a grande machadada a Lisboa? Sim, porque construir um aeroporto na Ota não é deslocá-lo, é fazer um novo aeroporto para o centro do país e retirar a Lisboa aquele que já tem, tentando assim os apoiantes dos tripeiros a dita machadada na supremacia da capital, que seria seriamente atingida. De recordar que para além disto, o Porto sempre tem parasitado o Norte do País. Veja-se por exemplo como os tripeiros baptizaram o vinho generoso das encostas de Trás-os-Montes.

Francis disse...

Por uma vez concordo com o Cavaco.
A Politica nunca foi o meu forte. Quando o PSD era Governo e apresentou a proposta, esta foi chumbada pelo PS. Agora é o PS que a acha viável e o PSD, não.
Acho gira a pressa do Lino em Faze-lo. Por mim mandava os camiões de areia já amanhã!!!

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso.
Coloca aqui dois pontos de vista novos neste debate, que merecem atenção. São realidades com que se deve contar e que merecem ser meditadas. Infelizmente, raramente se tem a lucidez e a coragem de ir ao fundo dos assuntos e acaba-se por andar nas orlas a discutir marginalidades e aspectos pouco significativos. O aeroporto Sá Carneiro e o Metro são dois factos reais, bem como quantidade de pontes sobre o Douro e o abundante nó de auto-estradas na periferia do Porto, Dizem mal do João Jardim de explorar os dinheiros do País, mas não reparam que o porto faz o mesmo, acentuando as assimetrias entre o Norte e o Sul.

Caro Francis,
Possivelmente, o futuro poder´dizer que está certo, no caso de ser esta teimosia a vencer, mas atendendo ao muito que se diz e escreve sobre o assunto essa solução será dramática para os futuros portugueses que, além de arcarem com os custos da Ota, terão depois de construir um NAL no deserto farónico do Montijo ou do Rio Frio ou do Poceirão.

Abraços

Anónimo disse...

Eu cá estou de acordo com Mário Lino... PORTUGAL é um deserto, depois das suas declarações já circula um mapa actualizado de Portugal...

Um país onde se discute o acessório, sem o essencial, PORTUGAL!

Por isso o João Jardim diz que isto é Cuba...talvez,para lá caminhamos...

Sem cidades, sem hospitais, sem escolas, sem comércio, sem hóteis, sem cidades...um deserto!Ah grande Mário Lino, o exemplo vivo de quem sabe...
Não discutam a OTA...ele é que sabe.

O governo tudo sabe e bibó PBX (Partido Berdadeiramente Xuxialista).

Penso que Portugal não tem retorno... nunca mais, a não ser que venha algum gestor do exterior...

Abraço caro AJS

MR

A. João Soares disse...

Essa do gestor vindo do exterior, já tem autor!!! Realmente, porque não imitar o que faz a Federação de Futebol que contrata treinadores estrangeiros para a Selecção verde-rubra?
Contrata-se um bom gestor estrangeiro e, depois de ele instalar a ordem administrativa, poderá pensar-se em formar governo nacional com ministros que estagiaram, entretanto, com esse gestor e aprenderam o que é governar o País. Agora só sabem governar-se a si e aos amigos.

E, afinal, quais as verdadeiras razões que justificam a ida do aeroporto para a Ota?

Cumprimentos

Anónimo disse...

Caro João Soares e a TAPPP...Vruuummm, vai de vento em popa direita á privatização, agora que dizem estar a dar lucro, pelo menos dizem que não dá prejuízo...

Sim tem direitos de autor...do meu amigo AJS!

Abraço
MR

abraços
MR

Anónimo disse...

Afinal ainda não compreendi porque é que quase todos estes escribas estão contra o novo aeroporto na Ota, será que trabalham para a Sonae? tem interesses em Troia? ou na comporta turismos?
Será que sabem algo sobre aeroportos? ou tráfego aéreo? ou será só vontade de dizer mal porque está na moda? argumentos não li nenhum, tratar-se-á de intectuais de caneta?...

A. João Soares disse...

O que falta é argumentos para defender o projecto que se vai implementar, seja na Ota ou em qualquer outro lugar. O sr «Anónimo» sabe explicar-nos as vantagens da Ota? Se sabe, porque não nos explica? De que tem medo para para se ocultar no anonimato? Aqueles que apelida de «escribas» não tiveram esse medo.
Ficamos à espera que nos explique, de cara destapada, as virtudes da Ota para Novo Aeroporto de Lisboa.