sexta-feira, 29 de junho de 2007

Ensino, responsabilidade ou arbitrariedade

Ensino, responsabilidade ou arbitrariedade

Está ainda fresca na memória a polémica nacional a propósito da acção disciplinar rápida e musculada da D. Guida, a do conhaque, contra o professor Fernando Charrua. Agora surge a condescendência da ministra em relação ao erro na elaboração da pergunta no exame nacional de Física e Química A. O professor (ou a comissão) encarregado da preparação o exame, pelo que recebeu a devida remuneração, deveria ter controlado o resultado do seu trabalho, como qualquer artífice, depois de uma reparação ou montagem, verifica se o equipamento funciona correctamente, antes de o entregar ao cliente. Como não teve esse cuidado, causou incómodos mais ou menos sérios a 28.070 alunos.

As reacções ministeriais perante estes dois casos, foram incoerentes, diametralmente opostas, e fazem-nos pensar na forma como as nossas crianças e jovens não estão a ser preparados para uma vida séria, honesta, responsável, competente. Com efeito, o que será mais grave para a cultura da ética e do civismo na população, a graçola do Dr. Charrua ou a incompetência e o desleixo do «boy» que errou a pergunta to exame referido? O Dr. Charrua não prejudicou ninguém com a sua expressão popular, nem sequer o próprio visado, até porque foi dita fora as alas, num grupo de amigos na hora «do conhaque» como gosta de dizer a D. Margarida, que recebeu a denúncia por SMS e que já foi compensada pela sua reacção disciplinadora e muito zelo socrático revelado, por despacho superior. Pelo contrário, o erro no exame, que S.ra ministra considera sem importância, apesar dos protestos de federações regionais de associações de pais, lesou milhares de alunos, não apenas nas classificações do exame mas, principalmente, na sua formação com cidadãos, que sai prejudicada por este mau exemplo de quem esperam lições de competência e excelência no desempenho dos deveres.

O Dr. Charrua não pode dizer graçolas, os alunos não podem errar as suas provas de exame, mas os professores amigos da ministra e as directoras regionais de nomeação política são irresponsáveis, imunes a qualquer acção disciplinar (pouco provável). É assim que, com lições deste género deixadas aos jovens de hoje, se prepara um Portugal de amanhã mais competitivo entre os parceiros mundiais?

4 comentários:

Magno disse...

"Todos os porcos são iguais, mas existem uns que são mais iguais que outros"!
Por essas e por outras, é que eu acho que nunca existiu uma verdadeira revolução em Portugal!
Com boys, corrupção e cinismo não vamos a lado algum!
Magno

A. João Soares disse...

É muito mal para um País haver ministros de quem se espera um comportamento profissional, competente, racional e patriótico, seja pelo contrário, caprichoso, imprevisível, volúvel, agindo em cada momento com seu critério, sem rumo certo, sem uma directriz ética bem definida.
Assim não se vai a lado nenhum. É como viajar sem destino virando a cada cruzamento para Norte ou para Sul sem qualquer critério.
Abraço

Amaral disse...

João Soares
Desculpe contradizê-lo, mas o erro é seu. Eu sei, eu sei... estava a brincar consigo.
A governação apenas vê o cisco nos olhos dos outros e não a trave que cega os seus. Assumir um erro para a ME era uma fraqueza, então desculpa-se e já está.
Abraço

A. João Soares disse...

Caro Amaral,
Tem razão, mas é grave que esse pecadilho não seja evitado. Deviam pensar que ministério é uma coisa impessoal, e pessoas que o servem são outra. E estas vão desde a ministra até ao auxiliar de uma qualquer escola. O mal é que os boys e guirls, vivendo à sombra do Poder, ficam intocáveis, imunes a qualquer crítica.
Abraço