Há muita gente a queixar-se da exploração das empresas que, na ambição do lucro, criam dificuldades às famílias mais carentes de meios financeiros e que têm de apertar o cinto para fazer face a necessidades dos filhos estudantes e outras. As tentações e os assédios económicos são irresistíveis para a maioria das pessoas.
Mas, como não devemos ficar pelas palavras, é de toda a justiça elogiar a iniciativa hoje vinda a público no Jornal de Notícias com o título Jovem "recicla" manuais pela escrita de Salomão Rodrigues.
Patric Figueiredo demonstra e põe em prática que é possível comprar livros escolares 75% mais baratos. Não se trata aqui de nenhuma iniciativa governamental, e muito menos de um acto promocional das editoras. Este jovem, inteligente e de acção, cansado de gastar dinheiro e de ver a mãe desembolsar centenas de euros na compra dos manuais escolares, decidiu recolher livros usados para posterior revenda.
Garante que o projecto pode ser implementado à escala nacional se as pessoas ousarem resistir aos "fortes lóbis das editoras". Quem disponibiliza os manuais usados tem a mais valia de ser ressarcido de parte do seu valor.
Habituado a usar os livros do irmão mais velho, Patric lembrou-se de pôr em prática o princípio usado em casa, "mas à escala nacional". Arrancou este verão com uma ideia amadurecida durante dois anos, mergulhou nos compêndios da informática e trocou saberes com os amigos da escola, e criou um sítio na Internet (www.exacto.com.pt) que é a "montra" da iniciativa.
O projecto Exacto.com.pt consiste na recolha de manuais usados junto de escolas, evitando que acabem esquecidos numa qualquer arrecadação ou mesmo no lixo. Os livros são depois colocados à venda na Internet, com preço 75% inferior ao original. Se a venda for efectuada, quem ofereceu o manual recebe parte da quantia cobrada. Quanto a livros oferecidos que não são adoptados pelas escolas, seguem para instituições de solidariedade, que os encaminharão para a África de língua portuguesa.
"O uso dos livros por seis anos dá mais consistência à iniciativa e a oferta aos mais carenciados vai permitir expandir a ideia a outros escalões de alunos". Patric só lamenta que os estudantes não sejam "incentivados a deixarem por livre vontade os seus manuais na escola, no final do ano".
O adolescente vai agora pedir ajuda à autarquia para ter espaço para acomodar os livros e promete continuar com as recolhas, em cada primeira sexta-feira do mês, junto às escolas.
Esta iniciativa merece todo o apoio – e é isso que aqui estamos a fazer agora – de autarquias, escolas, famílias, estudantes e todos aqueles que não estejam acorrentados aos lucros das editoras.
Este tema que versa a importância da gestão da economia doméstica e da defesa dos interesses do consumidor está relacionado com a notícia do Diário de Notícias «Alunos vão aprender a lidar com a publicidade» em que é anunciado que, a partir de Setembro, os estudantes do 1.º e 2.º ciclo, dos sete aos onze anos, terão um novo currículo nas salas de aula: vão aprender a entender a publicidade e a defender-se dos seus abusos. É indispensável que, desde tenra idade se aprenda que a publicidade raramente traz vantagens para o consumidor e este deve estar preparado para resistir às tentações dos seus apelos.
A Decisão do TEDH (396)
Há 1 hora
2 comentários:
Caro João Soares,
li esse artigo e pensei em fazer um post semelhante, pelo que concordo com o que diz e louvo este exemplo de juventude capaz!
Abraço
Mário Relvas
Caro Relvas,
O Patric Figueiredo não descobriu nada que não estivesse ao alcance de qualquer ser pensante. É o ovo de Colombo. Ele teve o mérito de pensar de forma prática e encontrar a solução.
Há muitos problemas semelhantes pelo País fora, é preciso alguém com capacidade de decisão e de realização, mas esses não abundam!Somos um país de acomodados e sofredores passivos resignados sem capacidade de indignação. Encontram-se destes aos pontapés. Precisamos de ter mais Patrics para aplaudir e incentivar a ir para a frente.
Viva o PATRIC FIGUEIREDO!!!
Abraço
Enviar um comentário