Enquanto esperava a reunião do pequeno grupo de amigos para o almoço passei os olhos pelos títulos de alguns jornais, sem me afundar no teor dos artigos porque entretanto conversava e o tempo não o permitia. Deparei com esta frase que me arrepiou «Bush quer reforçar o orçamento para a OFENSIVA no Iraque».
Que Bush não tem sido nada feliz na sua intenção de tornar a América ainda mais poderosa é reconhecido interna e internacionalmente. Falta de senso, má escolha de colaboradores para os lugares mais decisivos e péssima avaliação das situações sobre as quais tem de tomar decisão, tudo isso tem feito parte da salada que o levou ao fracasso.
Mas, santo Deus, falar em continuar a OFENSIVA, já começada há mais de quatro anos, com resultados trágicos para todas as partes, ou é má tradução ou desconhecimento do significado das palavras. A OFENSIVA devia ter sido considerada terminada após a destituição de Saddam. A seguir, devia falar-se de pacificação dos ânimos, justamente exaltados, e da reconstrução de um país traumatizado entre a retirada forçada do ditador violento e a necessidade de paz e de reconstrução daquilo que foi danificado e daquilo que precisava de renovação e de modernização.
É aceitável que a América se disponha a investir muito nesta fase de PACIFICAÇÃO e de RECONSTRUÇÃO, mas nada de falar de OFENSIVA. Esta palavra poderá aparecer nas bocas de grupos nacionalistas das diversas tribos mas não na do ocupante. Os diplomatas e os representantes de países responsáveis devem pesar muito bem as palavras que empregam.
A força e a importância das palavras justificam que se lhes dê atenção. É para isso que tem sido chamada a atenção em posts recentes em:
- A Voz do Povo, nos posts: «A arte de calar» e «O poder das palavras»,
- Sempre Jovens, no post «Vamos semear a vida com as palavras»
Sexta-feira na Rua do Benformoso em Lisboa
Há 57 minutos
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