segunda-feira, 20 de agosto de 2007

É indecente

Portas volta à foice
Ferreira Fernandes

Um agricultor com a propriedade e o cultivo legais viu o seu trabalho destruído. Não gosto daqueles betos-ceifeiros, mas admito que possam ter razão. Talvez combater por todos os meios o milho transgénico seja uma causa essencial. Não sei, admito o talvez. A história está cheia de causas essenciais que precisaram de acções ilegais para serem defendidas.

Sobre isto, Miguel Portas aplaudiu os betos-ceifeiros e escreveu: "A nossa sociedade tem de aprender a conviver com novas formas de conflitualidade não-violenta." Ora, Portas é deputado europeu, recebe o ordenado saído dos impostos daquele agricultor que agora ficou sem ordenado por uma acção ilegal que Portas defende. Ora, o agricultor pagou impostos no pressuposto de que os que vivem dos seus impostos o defendessem de ilegalidades.

Não quero saber se é legal ou não um deputado defender uma ilegalidade que prejudica um cidadão cumpridor. Falo de outra coisa, que pertence a outro mundo. É indecente.

NOTA: Sobre este tema convém ler mais os seguintes artigos da imprensa de hoje:
Estado apoia encontro de activistas na origem do ataque do milho
O grupo alterglobalista que recebe apoio estatal
O milho é cultivado há 7300 anos no mínimo merece algum respeito
Miguel Portas explica apoio a activistas
Sem orgulho de ser português
Governo quer investigação ao caso
Ministério Público vai investigar ambientalistas

6 comentários:

Anónimo disse...

Esses arruaceiros cometeram um crime grave perante as câmaras da Tv. O que prova a existência de premeditação, uma circunstância agravante.
A atitude das autoridades é inadmissível. Limitara-se a fazer umas quantas identificações, quando se tratava de flagrante delito.
Actuação bem diferente tiveram na manifestação de Outubro do ano passado, em Guimarães, por ocasião de uma reunião do Conselho de Ministros.
Afinal o que é grave é apupar o PM...

Mentiroso disse...

Sobre a acção propriamente ditaa, é bom falar com conhecimento de causa. Se não se sabe não se pode tomar partido sem que se o faça desmioladamente. Os activistas geralmente têm razão, mas como estes são portugueses nunca se sabe... Um deles declarou que o que fizeram foi legal e contra um facto ilegal, ilegalmente permitido pelo governo. Os governos já os conhecemos. Será? Se não for é uma impostura condenável. Se for é a declaração do Cavaco que é uma impostura e o responsável é o governo, ou seja, os irresponsáveis impunes que o compõem.

Como em tudo, há que começar pelo princípio, meter os parasitas corruptos no seu lugar, devidamente controlados pelo povo, único soberano, ou então acabe-se com a fantochada de alcunhar isto de democracia e trate-se pelo que é: oligarquia.

A. João Soares disse...

Caros amigos De Profundis e Mentiroso,
Este pequeno texto, referido a um caso complexo, merece realmente muita reflexão. Há muitos factores a ter em consideração.
Miguel Portas disse que "A nossa sociedade tem de aprender a conviver com novas formas de conflitualidade não-violenta." Eu diria que a sociedade está a lidar com formas de conflitualidade demasiado violentas, injustamente violentas, contra idosos desprotegidos, contra empregados de bombas de gasolina, contra os pagadores de impostos cada vez mais violentamente espoliados.
Talvez venha a provar-se que o milho transgénico seja prejudicial à saúde.
Mas os activistas, pretensos defensores dos humanos sujeitos à especulação dos empresários supranacionais, em vez de atacarem as origens do mal, foram atacar uma vítima desses «malfeitores da Humanidade», foram tirar a um trabalhador de fracas posses, o fruto do trabalho de um ano, foram tirar o pão da boca a uma família. Essa vítima dos «betinhos-ceifeiros», tem que suar muito para depois poder colher, enquanto estes inconscientes, dispõem de posses, gratuitas, e apoios do Governo para se deslocarem ao Algarve e fazerem este vandalismo na propriedade de quem trabalha, para poder viver. Porque não se dirigem com a mesma violência contra os responsáveis pelo País? Será que têm medo da acção policial do estilo de Guimarães?
Bater no mexilhão pode ser compreensível da parte dos políticos, mas não o pode ser da parte de lutadores contra a globalização e a exploração das multinacionais. É INDECENTE!!!
Cumprimentos

Mentiroso disse...

Tudo tem uma razão, por vezes, a mesma é causa de múltiplos problemas.

O estado, por meio dos sus componentes, deve conceber leis lógicas, de acordo com os bons costumes internacionais e não interpretáveis; mas incapacidade mental dos que isso deveriam fazer não lhes permite, além de desmaiado ocupadas em conceber métodos de roubarem o próprio estado em sei proveito.

Os que ocupam estado deviam dar o exemplo de boa conduta e honestidade, mas são a fonte da corrupção, da ganância, da irresponsabilidade e de actos ilegítimos, ilegais ou simultaneamente ambos.

Independentemente dos assaltantes terem ou não razão, acções como esta só podem multiplicar-se, visto o clima mais que propício em que vivemos após os corruptos terem enganado o povo dizendo-lhe que democracia era cada um fazer o que quisesse sem restrição, omitindo que a liberdade termina irrevogavelmente quando o seu uso possa diminuir a de outrem. Criaram-se assim as condições necessárias e favoráveis à selvajaria actual em todos os campos. Unicamente sob este aspecto, tão culpados são os assaltantes como aqueles que assassinam nas estradas. Absolutamente igual.

O estado tem que se ocupar do país, mas como é ocupado por mafiosos e está nas mãos da máfia, isso não acontece.

De nada serve atacar as consequências deixando a causa prosperar livremente, como está a acontecer.

A justiça portuguesa é composta por pessoas que estudaram e foram criados em conjunto com os outros cidadãos, assim como por pais idênticos. Donde, diga-se ou pense-se o que se quiser, deles se podem apenas esperar decisões de acordo com a sua capacidade e os seus princípios e formação pessoal e não profissional, no fim de contas a mais importante.

Neste caso, com ligações internadionais, os juízes vão de certo ser obrigados a pensar à moda dos outros países e tomar decisões que correspondam. Esperemos para ver, embora pelo que fica atrás saibamos já quem são os verdadeiros culpados, que decerto mais uma vez se sairão ilesos.

A. João Soares disse...

Parece muito grave a falta de respeito pelas leis, mesmo da parte daqueles que as fazem e deviam dar o exemplo no seu cumprimento. O desrespeito na elaboração das leis resulta nelas serem confusas e muitas vezes incumpríveis. Temos leia a mais mas mais valia que fossem a menos e fossem acatadas por todos.
Abraço

A. João Soares disse...

Para melhor conhecer este tema sugere-se a leitura do seguintes artigos publicados nos jornais de 22 de Agosto:
Apelo directo à resistência foi lançado no 'site' do GAIA
Alentejo domina transgénicos em Portugal
Miguel Portas admite 'erro de avaliação'
Plantar milho transgénico não é como ir ao México