quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Ensino. Achas para a fogueira

Embora possa ser polémico, este texto de Isabel Stilwell, no Destak de 5 de Setembro, apresenta uma faceta, entre o humor e o sério, que merece ponderação para uma futura reforma do ensino.

Mais lamentos não!

A única coisa que me apetece é deitar achas para a fogueira quando vejo professores indignados por não terem sido colocados e uma ministra da Educação a recomendar que qualquer candidato à profissão desista já!

Pertencendo a um grupo profissional em que, como na maioria dos outros, a única via de acesso ao emprego é "mandar currículos" e esperar que alguém se renda aos nossos talentos e, se possível, a troco de um ordenado, o sistema de colocação de professores parece-me ultrapassado. Porque seria obrigação de um Ministério dar-lhes emprego?

Além do mais, será que a carreira académica é uma versão da tropa? Um jovem cheio de genica, só entra numa sala de aulas no dia em que for a enterrar um "general" de topo, mesmo que o senhor odeie ensinar? Julgo que no futuro as escolas deviam contratar os seus empregados directamente, segundo os seus próprios critérios, o projecto que defendem e as necessidades da sua escola. Cá por mim, se me dessem um estabelecimento de ensino para gerir, preferia mil vezes escolher, por exemplo, um professor/a que vivesse na zona do que me ver obrigada a aceitar alguém "deslocado" do outro canto do País, desenraizado e descontente. Preferia seleccionar uma pessoa empática, alegre e bem disposta, do que uma casmurra, mesmo com mais duas décimas de média!

E o melhor da história é que este sistema permitia dar uma machadada no polvo do Ministério. Sem um colosso de gente para gerir e de cheques para assinar, de directores necessários para mandar noutros directores, a organização podia ser menos tentacular, mais simples e mais ágil. Podia cumprir a missão de pensar e implementar estratégias e modelos. Sem pressas e com cabeça, o que era só por si uma agradável novidade.

Já entrevistei três ministros da Educação que se queixaram, amargurados, de perderem demasiado tempo com burocracias.
Isabel Stilwell | editorial@destak.pt

6 comentários:

Anónimo disse...

Amigo João,

Percorri este seu blog de cima a baixo e comove-me a preocupação que sente com tudo que vai mal neste País. È aberto, claro e não demonstra qualquer receio de poder ser chamado à pedra por quem anda lá pelas alturas. Compreende-me... Permita-lhe que lhe diga que tudo o que diz é terrivemento verdade mas, cuidado não vá cair-lhe em cima algo pesado que lhe provoque um hematoma...

A história do (há à) é uma vergonha nacional. Muito poucos sabem distinguir entre um e outro. Entre os jovens é uma autentica calamidade. Neste ponto da gramátca
nunca tive problemas mas, agora, de tantos erros ler, já tenho dado comigo a pensar...é com h ou sem h !!!

Beijos
Milai

Anónimo disse...

Caro João Soares,

o estado não sabe o que vale cada um dos seus funcionários. O sistema de avaliação é um fracasso. Os amigos, mesmo que não prestem, têm valores de bom, muito bom, os outros...

Sim algo tem que mudar... talvez a ministra, para comçar!

Abraço

A. João Soares disse...

Cara Amiga Milai,
O meu lema é: prefiro morrer com um tiro ou uma mocada do que com um cancro. Mas o receio que tolhe os portugueses de cumprirem o seu dever-direito de cidadania é a principal causa do estado de atraso em que o Pais se encontra.
Com educação e respeito pode dizer-se aquilo que podia e devia estar melhor. Esse é um dever de todos nós como disse Mário Soares (usar o direito de manifestar a indignação) e como disse Cavaco Silva (não devemos resignarmo-nos).
Portugal é feito de todos os cidadãos e cada um tem reponsabilidade nos destinos do País.
Nos locais em que as pessoas se manifestaram contra o fecho de maternidades, centros de saúde, urgências, etc., o ministro recuou. O aso da Ota mostra bem que vale a pena apontar ao Governo o nosso descontentamento, etc.
Beijinos
João

A. João Soares disse...

Caro Mário Relvas,
Tenhamos esperança que virá um dia em que a avaliação será mais justa. Para isso, tem de ser tornada pública nos respectivos serviços, e o chefe tem de dizer, cara a cara, a cada seu colaborador a informação que vai da dele e porquê. Cada funcionário tem de saber o conceito que o seu chefe tem dele a fim de poder corrigir os defeitos e desenvolver as qualidades positivas. E cada um tem o direito de reclamar sempre que se sentir prejudicado em relação aos «meninos bonitos do chefe» Só assim se melhorará a produtividade de qualquer serviço.
Um abraço
A. J. S

Amaral disse...

João
Realmente a autora (que eu particularmente não aprecio) do texto faz uma análise justa e ponderada. Podia ser mais aprofundada, mas talvez o tempo e o espaço não lho tenham permitido.
A avaliação é um "flop" vai continuar a beneficiar os bufos e os cunhas. Os professores serão avaliados pela aparência, o que me traz à memória uma frase de Cristo «são como sepulcros caiados, muito lindos por fora, mas por dentro é só podridão».
Ministros a queixarem-se de burocracias? Eles é que as criam.
Que mal vai um país onde a educação caiu nas profundezas do Hades.
Abraço

A. João Soares disse...

À Milai, um aditamento: Sou muito cuidadoso. Não critico casos concretos nem entro em pormenores, não ataco nem ofendo pessoas, apenas aponto o dedo a conceitos mal utilizados, normas desconexas com os valores mais válidos, contradições, etc. Não tenho deixado de apoiar aquilo que acho muito positivo. Até nos comentários procuro começar por elogiar o que acho mais positivo e depois dizer o que pode ser visto de outra maneira, tal como aprendi num curso de três anos, de actividade intensa, quase sem horário, em 1955-58. Por outro lado, utilizo informação já publicada que refiro através de links.
Não sou mais do que um simples cidadão muito interessado na felicidade dos portugueses, principalmente dos vindouros a quem devemos deixar uma herança rica ecológica e civicamente.

Caro Amaral,
O texto transcrito é o editorial do Destak, cuja extensão é limitada. Nisso gabo o saber da Isabel que consegue gerir as ideias por forma a caber naquele espaço formando um conjunto coerente.
Quanto à avaliação, concordo com a dificuldade, mas estou certo que se for aberta como disse no comentário anterior e as pessoas puderem reclamar, em breve ela será uma ferramenta de justiça, premiando o mérito.
Um abraço