terça-feira, 18 de setembro de 2007

Somos gente ingovernável

Não é possível encontrar governantes com capacidade milagrosa para governar este rectângulo povoado com gente como nós. E eles saem do âmago desta população, sofrendo dos mesmos defeitos atávicos.

Nos dias de hoje, com tanta preocupação com o ambiente, pelo menos em palavras teóricas, é convicção geral de que a energia do futuro assentará nas fontes renováveis, como a eólica a solar e a hídrica, que não poluem a atmosfera. Com base neste conceito, há planos para o aproveitamento da barragem do baixo Sabor e, também, para as de Fridão, Foz Tua e Vidago, estando a execução destas prevista até 2020, representando os três projectos juntos 487 megawatts, quase 10 % da actual potência hídrica instalada.

Já tínhamos assistido a pressões de «intelectuais» dos sectores da ecologia e da arqueologia que travaram por dezenas de anos a barragem do Alqueva, impossibilitaram a de Foz Côa e têm atrasado a do Sabor. Agora, ao ser conhecida a intenção da construção da barragem de Fridão, no Frio Tâmega, a 12 quilómetros de Amarante, a autarquia aprovou, ontem, por unanimidade, uma moção contra a sua construção, alegando questões "ambientais, de segurança e patrimoniais". E não se trata de questão de tricas partidárias, pois o presidente do executivo municipal, o socialista Armindo Abreu, contou com o apoio dos vereadores do PSD e do Movimento Amar Amarante.

O argumento usado para a oposição ao empreendimento assenta em questões de segurança, ambientais e patrimoniais. O presidente considera um «perigo» a cidade ficar com um "enorme depósito de água" a escassos quilómetros da cidade. "Não queremos um lago de águas pestilentas na cidade", argumentou o autarca que também referiu a "degradação da água, por ficar estagnada».

Ora é sabido que a produção de electricidade não se consegue com água estagnada, mas sim com água corrente. É considerada uma riqueza uma cidade ter um rio ao lado, como espelho de água, onde se podem praticar vários desportos náuticos. Conclui-se que se trata de uma visão egoísta, sem sentido de Estado e com o desejo de adquirir visibilidade por dificultar o Governo na prossecução do desenvolvimento nacional e preservação da qualidade do ar, evitando o CO2 produzido pelas centrais a combustíveis fósseis.

«Povo que não se governa nem se deixa governar».

2 comentários:

CORCUNDA disse...

Ah grande Júlio César! Ele é que tinha razão.
Abraço.

A. João Soares disse...

Esta sua exclamação é uma prova de que a idiossincrasia dos povos não se altera nem com a geada do inverno nem com o sol escaldante do verão!
Somos o que somos, e não há santo nem político que nos mude!
Não sou fatalista mas, às vezes, saem destes desabafos, mais próprios do fado do que da razão matemática!
Um abraço