sábado, 22 de março de 2008

Aumenta o fosso entre ricos e pobres

O Número de desempregados que vive apenas com o subsídio social de desemprego, uma prestação destinada a situações de emergência económica, é cada vez maior. Segundo o Instituto de Informática da Segurança Social, havia, em Fevereiro, 44 mil pessoas a receber o subsídio social de desemprego inicial, mais 23% do que no mesmo mês do ano anterior. Nos últimos 12 meses (de Março de 2007 a Fevereiro de 2008), a Segurança Social respondeu positivamente a cerca de 59 mil requerimentos de desempregados, sensivelmente o dobro do número verificado no período homólogo.

Os beneficiários que recebem o subsídio social de desemprego inicial são pessoas que não trabalharam (com descontos para a Segurança Social) o tempo suficiente para aceder ao subsídio de desemprego "normal" e que, simultaneamente, vivem em agregados familiares pobres, com um rendimento per capita inferior a 326 euros, no limiar da pobreza. 40 por cento dos beneficiários têm idades compreendidas entre 20 e 34 anos - tipicamente, são jovens que não viram renovados os seus contratos a prazo (muitas vezes a seis meses ou a um ano).

Do outro lado da sociedade, verifica-se a abundância de dinheiro que não encontra dificuldades para gozar férias dispendiosas.

Nestes dias de Páscoa, os hoteleiros estão satisfeitos com a afluência de clientes. Lisboa, Alentejo e Algarve foram as regiões escolhidas pelos turistas nacionais e estrangeiros. A Serra da Estrela, que supriu a falta de neve com a produção de neve artificial, regista uma taxa de ocupação superior a 80%, podendo subir aos 100% se nevar no fim-de-semana.

O Algarve mantém-se como o local preferido dos portugueses, com alguns hotéis a ficarem esgotados. Segundo a Associação de Hotelaria e Empreendimentos Turísticos do Algarve, o facto de a Páscoa ser, este ano, no mês de Março constitui um atractivo adicional para os turistas, por lhes permitir usufruir ainda dos preços praticados em época baixa.

Mas, além dos que ficam em território nacional, milhares de portugueses rumam por estes dias ao Brasil, Cuba, Cabo Verde, Palma de Maiorca, Egipto e várias cidades europeias, nas miniférias da Páscoa.

A avaliar pelo aumento da procura para o estrangeiro assinalada por alguns operadores, o dinheiro parece não ser problema para muitos que mantêm o Brasil como o destino favorito. Só duas agências citadas pelos jornais diários "levaram" 5200 portugueses para fora em pacotes turísticos, com a procura a subir entre 8 e 64% face ao ano passado, conforme os destinos.

Os dois factos atrás citados na comunicação social de hoje evidenciam as gritantes discrepâncias sociais existentes no País, em que a classe média está a desaparecer e aumenta o vácuo que separa os mais desprotegidos dos mais beneficiados pelo progresso.

Talvez a este fenómeno de injustiça social, não seja alheio o aumento de violência e de criminalidade nem as crescentes manifestações de descontentamento. Também poderá estar ligado ao encerramento, há três décadas, das escolas técnicas onde se preparavam as pessoas para a vida prática, tornando-as capazes de sobreviver, montando negócios, indústrias artesanais, reparações, manutenção, enfim trabalho por conta própria e ocupação de postos de trabalho que hoje estão à mercê de imigrantes, enquanto os portugueses estão no desemprego, por falta de qualificação adequada.

Trata-se de um problema complexo que exige análise cuidadosa por especialistas e pessoas ligados aos aspectos práticos. Os sindicatos poderiam ajudar os seus associados a melhor se prepararem para sobreviverem às dificuldades que a concorrência e a flexibilidade económica lhes apresenta.

4 comentários:

Nuno Raimundo disse...

Passei para desejar BOA PÁSCOA!
ABR...PROF...

A. João Soares disse...

Caro Nuno,
Obrigado retribuo a si e ao Profano. Que o dia de hoje seja o primeiro dia de uma vida melhor com saúde e a melhor disposição, num País com mais equidade.

Abraço
A. João Soares

SILÊNCIO CULPADO disse...

O fosso entre ricos e pobres não é apenas um fosso é também a expressão da ignomínia que põe em confronto quem compra sapatos a 600 euros ou quem nem o mísero ordenado mínimo de 400 e poucos tem para sobreviver.
Um abraço

A. João Soares disse...

Silêncio Culpado,
É realmente essa afronta. Aquilo que muitos gastam no supérfluo chegaria para as despesas indispensáveis de muitas famílias, O que muitos gastam numa almoçarada seria suficiente para alimentar uma família durante o mês.
E as realidades correntes são gritantes: o aumento do pão pode obrigar os pobres a passarem fome e terem de deixar de comer coisas indispensáveis, enquanto àquele que apenas gasta uma pequena parte do rendimento isso não os afecta minimamente.
Sugiro a leitura do post aqui colocado em 3 do corrente, com o título «O consumidor pobres é o mais explorado».

Um abraço
A. João Soares