quinta-feira, 10 de abril de 2008

Duas etapas sensíveis na vida

Neste texto, com links que ajudarão os interessados a aprofundar a análise, abordam-se dois aspectos de como se pode melhorar, nos diversos grupos etários, a qualidade de vida através do estudo e da acção.

Nas escolas há um mundo prático, para lá dos conhecimentos teóricos e científicos dos currículos, para o qual é conveniente alertar os alunos dando-lhes ferramentas e estímulos de curiosidade que os atraiam para o aprofundamento das questões. São indicados três artigos do JN que merecem uma leitura atenta. Depois, é referida a posição do PR quanto à valorização da velhice activa.

Um artigo do Jornal de Notícias, acerca da utilidade da matemática, refere que cerca de oito centenas de alunos do Ensino Secundário participaram, ontem, na iniciativa "Alunos em comunicação matemática" que decorreu na Universidade Lusíada de Famalicão com a finalidade de perceberem a utilidade da disciplina. Eduardo Cunha, um dos responsáveis da iniciativa explicou que "os alunos não sabem para que serve a Matemática e, muitas vezes, somos questionados por eles acerca disso. Há necessidade de os pôr a descobrir qual é a utilidade da Matemática".

Sobre um outro tema prático do ensino, o JN cita Ana Vilas-Boas, coordenadora do programa de educação para a saúde da Escola Secundária de Alvide, em Cascais" afirmou com clareza, que a escola deve informar e formar no sentido de fornecer aos jovens todas as ferramentas que lhes permitam saber fazer escolhas correctas. Só desta forma conseguiremos formar cidadãos conscientes e responsáveis"

Noutro artigo do JN António Rocha da Escola Secundária Inês de Castro, em Gaia disse que "obviamente que, a par da informação técnica, privilegiamos a formação referente à transmissão de valores e afectos, respeitando sempre as opções e a liberdade individual de cada um",

O Presidente da República (ver aqui), na sessão de abertura do Fórum Gulbenkian de Saúde dedicado à análise da evolução demográfica em Portugal e no mundo, defendeu que falta pôr em prática "soluções mais flexíveis de transição da vida activa para a velhice" e é preciso que o envelhecimento da população não seja visto como ameaça ou fardo para o bem-estar das novas gerações.

Os diversos agentes da sociedade e, em particular, as empresas devem favorecer práticas de envelhecimento activo através de "soluções que permitam uma combinação de trabalho, lazer e aprendizagem" aos cidadãos que estão a entrar na terceira idade. Não é correcta a perspectiva pela qual tem sido abordado o envelhecimento e centrada sobretudo nos custos que o fenómeno acarreta.

Para o PR está a haver "todos os anos" o desperdício de "um capital que poderia ser muito útil para as empresas, para os trabalhadores mais jovens, para as organizações da sociedade civil". Quanto às empresas, questiona-se " sobre se a obsessão àcerca do contínuo rejuvenescimento dos seus trabalhadores se traduz sempre num ganho efectivo de eficiência e se tal não poderá contribuir para um défice de identidade, de cultura organizacional e, mesmo de rentabilidade". Contrariou o que considera ideia feita, segundo a qual "cada cidadão reformado representa mais um posto de trabalho liberto para um jovem trabalhador". "Tal seria verdade" referiu, em sociedades pouco dinâmicas e com fraca mobilidade profissional, o que não se aplicará necessariamente às sociedades de hoje. Nas actuais sociedades, em que se diz valorizar o conhecimento e a experiência, é "paradoxal" que o conhecimento acumulado não seja aproveitado.

Sem o seu aproveitamento activo na sociedade, os idosos contribuem para aumentar a pressão sobre os sistemas de saúde, ao procurarem os profissionais "como um refúgio onde tentam encontrar um pouco mais de atenção e carinho" de que sentem carência.

Realmente, para um idoso, é importante receber carinho e ter o sentimento de utilidade. É-lhes devido carinho, a uns mais do que outros, mas o sentimento de utilidade, de que a sua vida tem interesse para a colectividade, é-lhes fundamental para suportarem o peso da idade com os inerentes achaques. Estas reflexões são, em grande parte, fruto de interessantes experiências no meio de alunos de três «universidades» para a terceira idade: UITI, Saudação e Academia de Seniores de Lisboa. Nelas, vários alunos procuram mais a convivência com outros do que a aquisição de conhecimentos, mas não são poucos os que com a experiência e os conhecimentos ali adquiridos preparam trabalhos de grande nível e com utilidade para a comunidade. Recordo um belo trabalho sobre a Rota da Seda elaborado por uma senhora modista de Almeirim que se deslocava a Lisboa para assistir às aulas e utilizava bem o computador.

1 comentário:

A. João Soares disse...

Se não for muita maçada, o Sr. faz a fineza de morrer

Gonçalo Pereira – Editor Executivo do Jornal 24 Horas

Dizem que a população portuguesa está cada vez mais velha e que isso é um drama para todos nós.
Ora bem, está na altura de acabar com o discurso idiota do “país de velhos”. O problema não é termos velhos a mais, mas haver jovens a menos. Cada pessoa que se refere a velhos em excesso devia levar uma bengalada de um avôzinho.
Essa é a visão de que os velhos só cá estão a empatar, sem fazerem a fineza de morrer. “ Enquanto contribuíste para a segurança social, estavas cá bem. Agora custas dinheiro, por isso é melhor ires fazer tijolo”.
Antes da chegar à terceira-idade, deixo um recado aos meus filhos: “Queridos, não sei quais as vossas ideias, mas o papá tem grandes planos para os próximos 40 anos”. É que ser-se velho, não obriga a ficar feito mono num banco de jardim. Eu espero ainda fazer muitas coisas.

Comentário

Neste artigo são focados dois problemas de que muito se tem falado ultimamente, a saber:

1. Que somos um “país de velhos”
2. Que só cá estamos a desbulhar as reservas destinadas às reformas.

Quanto ao primeiro ponto concordo plenamente com o autor do artigo e até posso dar o meu exemplo no sentido de tentar contrariar a falta de jovens. Sou pai de 5 filhos e avô de mais 5 jovens a caminho de ser bisavô. Isto de cada casal só ter um filho e até não ter nenhum é que tornou PORTUGAL num país sem massa jovem para o próximo futuro.

Quanto ao segundo ponto que, de certa forma, se entronca no primeiro os que descontaram para as suas reformas têm direito a usufruí-las e o Estado não faz mais do que a sua obrigação ao processá-las.
Já, no entanto, deve ter cautelas, que as não tem tido, em dar reformas exorbitantes e em idades precoces a quem só as tem por razões políticas ou semelhantes. Isso sim é que é delapidar as reservas existentes. Mas para esses nada se diz e tudo se faz!!!! Se se tivesse tido uma política de apoio às famílias neste momento talvez não se verificassem os problemas actuais com a segurança social.

Quanto ao titulo do artigo acho-o muito soft para o que se tem passado. Considerando o que anteriormente se disse e o que se tem feito no serviço nacional de saúde o titulo devera ser: “Vamos lá a morrer de pressa que já se faz tarde!”

Que pena tenho do meu país em que ser idoso é sinónimo de ser senil em vez de ser tido como elemento válido e sabedor!!! Só falta levarem-nos às costas para cima de uma serra e deitarem-nos dali abaixo!!!!