Transfiro para aqui, pelo seu interesse para melhor compreensão da nossa realidade actual, o comentário muito elucidativo deixado por Manuela no post «Ex-combatentes desprezados».
Concordo consigo, João. Essa referência ao “rei-sol”, Luís XIV de França, que afirmou que “O estado sou eu”, fez-me recordar alguns conceitos desse poder absolutista da época e que a História parece estar a querer repetir. Chegam a ser irónicas as coincidências, salvaguardadas as devidas diferenças nos séculos que nos separam. Senão, repare:
1) A condição fundamental para o poder absoluto foram os conflitos entre classes que o próprio rei instigou, sobrepondo-se a eles e deles tirou proveito;
2) Protegeu a alta burguesia, garantindo-lhe ascensão social;
3) Calou a nobreza, atraindo-a com cargos;
4) O rei seria o representante de Deus na Terra, defensor da pátria e representante do Estado, cujos interesses estavam acima dos interesses particulares... ...mas,
5) Embora o Tesouro estivesse perto da falência quando Luís XIV assumiu o poder, muito dinheiro era gasto “alimentando” a Corte Real.
Sou só eu que vejo semelhanças com a actualidade?
Apenas numa área vejo distinção: Luís XIV, o rei absolutista, o REI-SOL, o rei que adorava ser adulado, reconheceu a lealdade dos militares que o serviram e que ficaram feridos ou já estavam em idade avançada, mandando construir o Hôtel des Invalides (Palácio dos Inválidos) para lhes servir de hospital/lar, caso contrário, ficariam na miséria!!!
Já agora, e para deixar esta comparação entre Portugal e a França do séc. XVII, prefiro nem pensar na sorte do Luís XVI que, 1 século depois, não conseguiu evitar a Revolução, pelo facto de não dar ouvidos a quem o aconselhava a “olhar” para o povo, nem se tornou “líder” popular por não “ouvir” o povo e...acabou como acabou: na guilhotina!
NOTA: Este texto, que surgiu como comentário, dá-me oportunidade de fazer algumas considerações sobre o que penso do papel dos blogues. Gosto de ter visitantes e bons comentários, embora não seja esse o meu objectivo, pois, se o fosse, colocaria posts mais espaçados no tempo, para não passarem despercebidos sob os mais recentes.
Gosto de escrever sobre as reflexões que as realidades me inspiram. Sei que não mudo o mundo, mas procuro contribuir para que seja mais justo e torne as pessoas mais felizes. Não dou lições mas procuro sugerir pistas que me pareçam positivas e incentivar as pessoas a pensar pela sua cabeça sobre problemas importantes para a sociedade.
Há quem me critique por ser superficial, mas penso que ninguém procura aqui, em poucas palavras, um tratado científico ou uma tese de doutoramento. Ficarei satisfeito se os visitantes ficarem a reflectir sobre os temas apresentados e com curiosidade de irem procurar maior aprofundamento em local mais adequado. Um blogue não é uma revista especializada, ou um manual académico.
E tenho a sensação de que os visitantes não vêm com disposição para estarem muito tempo a ler um post demasiado longo e com muitos pormenores técnicos e exaustivos.
Estas palavras surgem a propósito da crítica que ouvi a um amigo, que me parecem desproporcionadas e fora das características de um blogue ou de um jornal generalista.
O comentário de Manuela concretiza esta minha opinião, ao ir em busca de mais aspectos na intenção de testar, positiva ou negativamente, a referência à frase de Luís XIV. Um bom comentário é isto: contribui para aprofundar o conhecimento do tema do post. Trazê-lo para aqui é uma justa homenagem à sua autora.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
O absolutismo de Luís XIV e a actualidade portuguesa
Posted by A. João Soares at 11:22
Labels: absolutismo, ex-combatentes
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