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GNR: mudança de comando
Boa sorte General Nelson Santos.
Por João J. Brandão Ferreira
“Aquele que se exaltar será humilhado, Aquele que se humilhar será exaltado”
Mateus 23,12
Entendemos que tudo o que possa ser feito em prol das instituições nacionais é um dever de todos os que nelas trabalham e deve ser apreciado por quem de direito e tido em boa conta pelo comum dos cidadãos.
È com base neste pressuposto, por ex., que a Igreja é rica e tem templos sumptuosos, para glória de Deus, enquanto os seus servidores devem ser despojados das riquezas do mundo; do mesmo modo durante o regime do “Estado Novo”, os órgãos de soberania se revestiam de grande Dignidade e protocolo exigente – pois representavam a Nação -, mantendo-se os ocupantes dos cargos numa postura remediada ,condizente com a evolução da sociedade. Não era permitido opulência.
Assim deve ser.
O último Comandante-Geral da GNR, não tendo sido promovido a General de quatro estrelas – num “processo” que não tinha razão de ser -, teria que obrigatoriamente passar à reserva e abandonar o cargo, no dia 12/4,por limite de idade.
Arranjos havidos e permitidos pelo governo, levaram a que a data de saída da GNR, do seu Comandante fosse postergada para depois do dia 3/5, aniversário da Guarda, já depois de ter sido nomeado o seu sucessor.
Deste modo deu-se início a uma maratona de despedidas: viagem a Timor, que durou nove dias, com escalas de pernoita, donde chegou a 22/4. Consta ser esta a sétima viagem àquela ex-província portuguesa sempre acompanhado da sua ajudante de campo, de há três anos a esta parte, a quem cedeu habitação de função e, agora, certamente por mérito dos serviços prestados, já marchou para Itália a fim de exercer funções em cargo da Eurogendefor.
Não se pode, aliás, dizer que o General-Comandante não fosse generoso para com quem com ele lida directamente, se tivermos em conta que o anterior chefe de gabinete (CG), marchou para adido em Madrid; um outro major do anterior gabinete, foi para o Maputo e ainda uma tenente e um capitão do actual, irão para Timor, este último para substituir um tenente-coronel.
Mais difícil (pensava-se...), seria o destino das três assessoras pessoais, conhecidas na gíria, como “as ministras”, dado terem sido contratadas, a pedido, do MAI, facto inédito em toda a história da Guarda.
No dia 23/4, teve lugar no Palácio Nacional de Queluz, uma recepção de despedida, algo “principesca e sumptuosa”, para 200 convidados, inicialmente prevista para o Corpo Diplomático e depois acomodada para permitir a presença do MAI e Secretário de Estado. Curiosamente, nenhum chefe militar esteve presente. De que orçamento terão saído as verbas para pagar semelhante cerimónia?
Efectuou-se parada tipo “carga máxima”, para o dia da Guarda, com sério prejuízo para o dispositivo operacional. Discursos longos e condecoração da praxe. No mesmo dia, pelas 13h30, S. Exª o PR dignou-se presidir à inauguração do monumento “ao esforço da Guarda”, junto à escola Prática, em Queluz.
Felizmente não choveu, senão arriscava-se a não haver parada, dado caminharmos a passos largos para só ter “tropa de bom tempo”, se atentarmos que no dia 21/4 a cerimónia do render da guarda no Palácio de Belém, não teve lugar por ameaça de aguaceiros. Dizem que estraga os instrumentos da banda e os cavalos, do ainda Regimento de Cavalaria (parece haver alguma relutância em o passar a chamar pela designação ridícula de “Unidade de Segurança e Honras de Estado”), podem escorregar...
Finalmente, esteve prevista uma ordem de operações para a cerimónia de despedida na Escola Prática, em Queluz com formatura de estadão e que terminaria com o regresso a casa do General escoltado por um esquadrão de motos, o que, normalmente, só é atribuída aos embaixadores estrangeiros quando vão apresentar credenciais, e ao Presidente da República.
Em meados da semana que antecedeu o dia da Guarda ficou decidido que o dia 5/5 seria o último da permanência no cargo e na véspera a cerimónia de despedida foi cancelada sem qualquer explicação. Ao passo que se soube que o senhor não iria gozar o remanso da reforma, mas ficaria apresentado no MAI. Assim a modos como se um chefe militar depois de abandonar o cargo ficasse colocado no MDN... Depois de ser ressarcido de cerca de 30000 euros referentes a dias de férias não gozados.
O enigma durou pouco:
Afinal o governo tinha um novo cargo para ele, o de “Estrutura de Missão para a Cooperação com os Palop”, ou algo que o valha. O edifício para este novo órgão, será o antigo quartel da Bela Vista, na 24 de Julho, que se destinava a albergar o Comando do Grupo de Acção Fiscal (a ser implementado pela recente reforma da Guarda), e onde se investiu cerca de 500000 euros. Este imóvel foi “cedido” ao MAI numa das últimas assinaturas do então Comandante-Geral, bem como foi “cedido”, por protocolo, à Câmara de Lisboa, metade do Quartel do Carmo.
É para lá que transitará em breve o general Mourato Nunes com o seu ex-CG (que também constou que iria para França), dois carros novos e.....as tais “ministras”.
O novo cargo terá equivalência a Secretário de Estado em honras e remunerações - afinal a “quarta estrela”sempre veio...
O prestigio das instituições deriva da qualidade do trabalho que desenvolvem, da defesa institucional, da qualidade da liderança e da acção de servidores de eleição que lhe cabem em sorte possuir.
E à Guarda, instituição com pergaminhos firmados, como a qualquer outra, interessará mais os exemplos que possa apontar para o futuro, e a marca que os comandantes nos diferentes graus hierárquicos, deixam no coração dos seus homens, do que em pompa e circunstância.
A passagem de testemunho foi feita. Boa sorte General Nelson Santos. Vai precisar dela.
João J. Brandão Ferreira, Tcorpilav (ref.)
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