quinta-feira, 26 de junho de 2008

Ensino da ignorância

Transcrevo o conteúdo de um e-mail recebido da amiga Manuela, já conhecida de quem costuma visitar este espaço, em que consta um artigo do Professor catedrático Manuel Gonçalves da Silva, um comentário de Manuela e um seu apontamento sobre o Movimento Nova Era. Penso que ninguém parará a meio da leitura destes três textos, que enriquecem este espaço e pelos quais aqui endosso os meus agradecimentos a esta nossa amiga.

A fascinante tese do ensino da ignorância

Em Dezembro, o estudo da OCDE afirmava: os alunos portugueses de 15 anos estão abaixo da média entre 57 países a Ciências, Matemática e Leitura. Este facto gerou mais um conceito 'eduquês' de um secretário de Estado que disse à TV qualquer coisa do tipo 'Os alunos são ignorantes porque são reprovados' já que os resultados se devem em larga medida às elevadas taxas de retenção. Tão irresponsável doutrina dá crédito a uma curiosa tese da qual se pincelam os traços principais abaixo.

Humanidade supra-numerária

A correspondência entre 'progresso da ignorância' e declínio da inteligência crítica é evidente, como o é a necessidade de competência linguística elementar para o exercício do juízo crítico. Isto assente, porque se aprofunda e tolera a iliteracia que o quotidiano e estudos demonstram?
Michéa atribui-a à implantação da Escola do Poder Transnacional assente em reformas perversamente justificadas pela 'democratização do ensino' e 'adaptação ao mundo moderno'. Ilustra a teoria com reunião de 'quinhentos homens políticos, líderes económicos e científicos de primeiro plano', em S. Francisco, que concluiu que 'no século XXI, dois décimos da população activa serão suficientes para manter a actividade da economia mundial', pondo a questão: como manter a governabilidade dos oitenta por cento da humanidade supra-numerária?

A solução mais razoável lá defendida é do conhecido Z.Brzezinsky: 'criando 'cocktail' de diversão embrutecedora e alimentação suficiente que permita manter o humor dessa população'. Este cínico objectivo implicaria reconfigurar o sistema educativo do modo que se passa a sintetizar e se vem assistindo.

Excelência para poucos

Primeiro, há que manter um selectivo sector de excelência que forme as elites científicas e de gestão, enformado pelo modelo da escola clássica, criador de espírito crítico.

No escalão seguinte, ensinam-se competências técnicas com semi-vida estimada de dez anos e ligadas a tecnologias efémeras. Competências descartáveis quando as tecnologias são superadas e cuja aprendizagem não exige autonomia, nem criatividade e, no limite, pode ser feita em casa, frente ao computador. Ajustada ao ensino multimédia à distância proporciona negócio às grandes firmas e torna dispensáveis milhares de professores, sonho economicista e político dos meios do poder.

Ignorância para muitos

Resta o escalão dos supra-numerários (com emprego precário e flexível) que, 'jamais constituirão um mercado rentável' e a quem 'a transmissão de saberes críticos e mesmo de comportamento cívicos e o encorajamento à rectidão e à honestidade' é indesejável. A esses se destina a escola dos grandes números, a escola que deve ensinar a ignorância coerente com Brzezinsky. É a escola que produz ignorantes diplomados, incapazes de compreender um texto, ou serem proficientes em matemática. O ensino da ignorância é objectivo ao qual os professores tradicionais, apesar de excepções, se ajustam mal o que implica a sua reeducação por neo-especialistas em ciências da educação.

Estes peritos têm por missão impor condições de 'dissolução da lógica' no Ensino, real revolução cultural porque, até recentemente, 'toda a gente pensava com um mínimo de lógica, com a notável excepção dos cretinos e dos militantes'. Os professores tornar-se-ão animadores de actividades transversais e assistentes psicológicos. A escola será um espaço acrítico, um local de animação (Thanksgiving, Halloween…) confiada a associações de pais, aberto a todas as mercadorias tecnológicas ou culturais.

Fascinante e preocupante!

Difícil acreditar que haja esta estratégia capitalista específica, mas as mesmas consequências resultam de políticas incompetentes e do deslumbramento estrangeirado que assolam o país. É imperativo de cidadania reverter decisões e políticas que alicerçam um Ensino da Ignorância que converta 80% dos portugueses em supra numerários embrutecidos de uma UE, ela própria, ameaçada pelo mesmo mal.
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Manuel Gonçalves da Silva, Professor Catedrático da
Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL In Diário Económico

Comentário meu:

Haverá entre os meus contactos alguém que não concorde? Talvez alguns andem um pouco distraídos, legitimamente preocupados com o seu quotidiano de sobrevivência, mas se quiserem saber mais, pesquisem sobre os nomes que são referidos no artigo (ou sigam os links) e depois decidam o que pensar!

Uns tópicos para começar:

1) Estes "dois décimos da população activa, suficientes para manter a actividade da economia mundial" farão parte do Clube Bildelberg? Eu, simples habitante deste mundinho, não faço certamente. Trabalho e pago para viver!

2) Este 'cocktail' de diversão embrutecedora e alimentação suficiente que permita ‘manter o humor da população', será uma referência aos nossos medias, sobretudo TV?

3) Fazemos parte do "selectivíssimo" sector de excelência formadora de gestores "Nova Era" ou reconhecemo-nos como fazendo parte do tal escalão "semi-vida" efémero, acéfalo e "programado"?

4) Teremos de ser "reeducados por neo-especialistas em ciências da educação"?
(Pela minha parte, acho que sim porque, por teimosia minha, não me adaptei ainda a ensinar ignorância e talvez porque não tenha nascido com competências acríticas.)

Só mais uns textos para poupar trabalhos de pesquisa: (Siga o link)
http://domirante.blogspot.com/2008/04/comisso-trilateral.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Clube_de_Bilderberg

Este ano, 2008, participaram na reunião anual os portugueses António Costa (PS), presidente da Câmara de Lisboa, e Rui Rio (PSD), presidente da Câmara do Porto…
E..só mais este que achei interessante

Movimento Nova Era

As raízes do Movimento Nova Era têm origem na Sociedade Teosófica em 1875, em Nova York. Uma das doutrinas básicas da teosofia ensina que todas as religiões têm "verdades comuns", as quais transcendem todas as diferenças. Os adeptos da Sociedade Teosófica acreditavam na existência de "mestres", os quais seriam seres espirituais ou homens especialmente favorecidos pelo destino e que tinham "evoluído" mais do que os outros, isto é, os que se tinham tornado especialmente "iluminados". (…)

A Revelação ao público, conforme ordens secretas, o movimento deveria permanecer completamente clandestino até 1975. A partir daquele ano, a ordem era de se trazer à luz do público o "Plano" para a "Nova Ordem Mundial" e as suas características. Agora as doutrinas da "Nova Era" deveriam ser divulgadas mundialmente, usando-se todos os meios de comunicação disponíveis. E foi exactamente isto o que aconteceu.

Os programas dos grupos Nova Era, que à primeira vista defendem um estilo de vida saudável, foram aceites na economia e em todas as camadas sociais. Eles contêm, normalmente, os seguintes itens, os quais, no fundo, são diversas formas de técnicas orientais de ocultismo: meditação (ioga e terapias de relaxamento), hipnose, cura psíquica (visualização e "pensamento positivo"). Estas duas últimas partem da hipótese de que o homem converte em vida o que ele pensa, isto é, que o subconsciente transforma em realidade os nossos pensamentos e desejos. Especialmente o "pensamento positivo" é frequentemente praticado e até mesmo baseado em versículos bíblicos e denominado como "fé", apesar de premissa anti-bíblica de que a força básica de qualquer homem seja boa. (…)

A Filosofia da Nova Era

O objectivo da filosofia Nova Era é reconciliar todos os opostos: a ciência e o ocultismo são colocados no mesmo nível, todos os valores éticos desmoronam-se, o bem e o mal já não existem. Tudo é uma coisa só. Deste ponto de vista, entende-se também a tendência à síntese das religiões. (…)

Os objectivos e planos do Movimento Nova Era

O "Plano"consiste no estabelecimento de uma Nova Ordem Mundial, de um Novo Governo Mundial e de uma Nova Religião Mundial. O objectivo político principal do movimento é o domínio do mundo: "A dissolução ou destruição de nações individuais, no interesse da paz e da conservação da humanidade", é propagada abertamente.

No caminho para o domínio do mundo são fixados numerosos objectivos intermediários (políticos, sociais e económicos), como por exemplo:
- um sistema universal de cartões de crédito
- uma central mundial para distribuição de alimentos, a qual controlaria todo o abastecimento à humanidade.
- um sistema de impostos mundialmente unificado.
- Um serviço militar obrigatório em escala mundial (apesar das ideias pacifistas).

Quando em 1975 o movimento se tornou público, destes objectivos desenvolveram-se programas detalhados para os grupos Nova Era, como:
- criação de um sistema económico mundial.
- Entrega das propriedades privadas nos sectores de crédito, transporte e de produção de géneros de primeira necessidade a um directório mundial.
- Reconhecimento da necessidade de submissão a um controle mundial com relação a assuntos biológicos, como densidade populacional e os serviços de saúde.
- Garantia mundial de um mínimo de liberdade e bem-estar.
- Obrigação de se subordinar a vida pessoal aos objectivos de um directório mundial. (…)

Entramos brevemente na Era do Aquário. Aquário é um signo regido pelo planeta Urano, que foi descoberto em 1781, coincidindo com a Revolução Francesa. (…)

Conclusão: ????
Vou dedicar-me à pastorícia! ehhehee
Manela

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