Os pescadores, tal como os táxis, os transportadores de pessoas e mercadorias, os particulares com carros, todos estão a sofrer directamente as consequências dos aumentos sucessivos do preço dos combustíveis. É uma realidade com que é preciso saber lidar.
Penso ser uma norma indiscutível da actividade empresarial que o preço dos seus produtos acabados é calculado com base nos custos dos factores de produção, em que as matérias-primas e a energia estão incluídas. Sendo assim, se um desses factores encarece, vai ocasionar o aumento do preço do produto final. Se esse cálculo não for feito dessa forma, a empresa não pode aguentar muito tempo os prejuízos continuados, terá de encerrar e mandar o pessoal para o desemprego.
Será lógico que a bandeirada do táxi aumente, que os bilhetes de autocarro aumentem, bem como o preço do peixe. O cliente, se não encontrar alternativas mais em conta para os produtos de que necessita, tem de aceitar esses aumentos.
Tudo isto me parece lógico. Mas os pescadores e armadores, em vez de agirem com inteligência estão a transformar-se em malfeitores, a praticar vandalismo, lançando para o lixo peixe fresco que havia na lota, quando há no País gente com fome. Se eles não têm respeito por tal produto alimentar, a população em geral tem, e acha mal que eles o destruam. Também não é justo que impeçam a população de comer peixe, venha da Espanha ou de qualquer outro País. Eles não têm o direito de impedir que o povo se alimente e que procure alternativas para o peixe que eles se negam a pescar. Estão profundamente errados e são desumanos quando pretendem «provocar uma escassez de peixe nos mercados para venda ao consumidor final».
Então qual deve ser a sua atitude perante os custos do combustível? Aquela que atrás ficou explicado para a generalidade das empresas e devendo pesquisar alternativas para tornar a sua actividade mais económica e propondo medidas mais racionais de distribuição e comercialização do peixe por forma a não o encarecer demasiado ao consumidos final.
Alguém disse na TV que o preço de venda ao consumidor é éne vezes o da venda pelo pescador, em virtude haver múltiplos intermediários a obter lucros exponenciais. Ora, uma medida que os pescadores devem propor é a venda através de circuitos mais curtos com menor número de intermediários. Até podem organizar empresas de transporte directo da lota aos mercados e peixarias, ficando eles com o lucro que está a ser disseminado pela extensa cadeia de distribuição.
Uma crise, quando bem aproveitada, pode originar o saneamento de circuitos injustificadamente extensos, que se traduzem em exploração do produtor, por um lado, e do consumidor final, por outro. A solução apresentada seria uma prova de inteligência e daria benefício aos pescadores e armadores, ao contrário do vandalismo que se traduz em fazer mal aos consumidores, em geral, sem daí colherem benefício. Atrair os ódios de gente humilde e desprotegida, como é a maioria do povo, não é e nunca será um bom caminho para resolver problemas de que este bom povo não é culpado.
DELITO há dez anos
Há 4 horas
11 comentários:
É curioso que sendo este Governo supostamente composto por socialistas ("utópicos" em oposição aos "científicos" seguindo a terminologia marxista) ele não estimule, como processo de ultrapassara a crise, a criação de cooperativas de consumo as quais poderiam ir na linha da sugestão do meu Amigo, reduzindo o número de intermediários.
Creio que seria bom que estes senhores dessem uma vista de olhos sobre certas medidas adoptadas no pós-2.ª Guerra Mundial pelo Governo de Salazar... Ainda se recorda dos postos de venda de fruta?
E que ninguém me aplide de simpatizante de Salazar ou do Estado Novo, mas, por vezes, temos de ter a abertura de espírito necessária para identificar o que foi bom quando muita coisa era má.
Um abraço.
Caro Alves de Fraga,
Parece ser uma doença incurável a incapacidade de os políticos conseguirem encarar os grandes problemas com serenidade e sensatez, com base en antecedentes, realidade actual e perspectivas de futuro. Há o vício de ir ao estrangeiro buscar soluções, muitas vezes já postas de lado, e colá-las como um remendo sem fazerem as adaptações convenientes. Como diz muito bem, já tivemos medidas muito correctas que interessaria analisar e adaptar à actualidade.
As actuações dos governantes deixa muitas dúvidas sobre a sua preparação teórica para encarar os grandes problemas de gestão. Tan~bem é notória a falta de preparação para o trabalho eficaz em equipa e a respectiva direcção.
Um abraço com muita estima,
A. João Soares
Na realidade a coisa está preta mesmo.
Aliás parece-me que está preta já há muito tempo.
Julgo mesmo que nunca esteve tão mal como agora. Acusam aqueles que tocam nos berlindes, de serem velhos do restelo, saudosos etc.etc. Na realidade eu tenho saudades de muita coisa dos velhos tempos. Do sucego,de passear livremente pelas ruas a qualquer hora da noite, de meter a chave debaixo do tapete ou no vaso das flores, quando me ausentava. de jogar a bola livremente na minha aldeia e de quando aparecia a GNR, a maltinha parava de jogar (era sinal de respeito) de comer fruta da boa, que jámais alguma vez dei igual aos meus filhos, de ter andado na escola e respeitar os meus professores, sei lá, tanta,tanta coisa, que pouco me resta de vida e nunca mais verei.
Aquele velho ditado, Fica-te Portugal cada vez a pior.
Que mal se abateu sobre nós e que
varinha de condão bateu na cabeça de quem nos (des)governa. Que homens sabios.......
Caro Zé do Cão,
Má fada nos tocou com a varinha mágica da maldade! tudo corre mal, as pessoas lamentam-se, mas quando é o momento de fazer algo de significativo, continuam apáticas a falar da vida íntima do Ronaldo e das telenovelas, sem pensarem em fazer algo pela própria vida. É o caso da indiferença com que tiveram conhecimento do falado boicote às gasolineiras. O consumo foi o do costume!
Esperam que outros lhes resolvam o problema e lhes levem o resultado numa bandeja. Pobre gente!
Desta forma, não haverá políticos diferentes dos actuais, por mais que se mude.
Como vê pela minha idade, é natural que também me recorde dos tempos que descreve. São agora tão desonestamente pintados aos jovens que até dá raiva. Vivia-se bem, com segurança e respeito. As únicas diferenças que noto, é que agora há TV, telemóveis, computadores, internet e mais gente a mendigar, sem abrigo, a ver passar muitos carros de grande cilindrada e preço astronómico.
Um abraço
João
Meu caro A. João Soares.
Rendo-me, verdades. Se estamos em liberdade, este não é o meu País quero ir prá ilha outra vez.
Quanto à idade o meu amigo é um jovem como eu. É tão bom recordar e sou um homem feliz por todas as minhas histórias serem verdadeiras e eu ser protagonista em quase todas. E quantas tenho ainda para contar, mais aquelas que não conto por serem para maiores de 80 anos e as dos desaires que tive muitas.
Um abraço.
Caro Zé,
Então, um brinde para que a nossa juventude se prolongue por muitos mais anos, embora com menos cabelo e mais branco!!! E que a matéria cinzenta se valorize como o vinho do Porto.
Um abraço
João
Sobre o aumento do preço do peixe desde o pescador até ao nosso prato, convém ler:
Sardinha sobe 17 vezes de preço entre a lota e o prato
http://dn.sapo.pt/2008/06/06/dnbolsa/sardinha_sobe_vezes_preco_entre_a_lo.html
É urgente, moral e justo rever estes circuitos comerciais.
A. João Soares
Não querendo, nem podendo discutir com números certos o estudo a que se refere a notícia, lembro-me de que a última vez que fui a uma lota assistir à descarga do peixe, no caso foi à da Nazaré e a descarga era sobretudo de sardinha, lembro-me que os números eram muito diferentes... estavam a vender o cabaz(+/- 22Kg)a cerca de 1 € e muito pouco, quando nos mercados e supermercados estava ser vendida a cerca de 5 €/Kg, o que dá contas muito diferentes... ou seja, cada Kg pagava cerca de 4 X 22Kg, pelo que 88Kg eram lucro para os intermediários...
Quink644,
Não conheço pormenores da lota, mas pode acontecer que a diferença dos números seja devida a que quem vende na lota não seja o pescador que agarrou o peixe e que já tenha havido um intermediário.
Os números que aqui apresenta, mostram bem a enorme percentagem de lucro dos intermediários, embora possa haver quebras de peixe que se estrague. Há negócios muito enriquecedores!
Abraço
A. João Soares
Não me expliquei bem, estava-me a referir ao preço a que saía o peixe para os pescadores, grande parte dele já tinha sido comprado via rádio e ao chegar a terra já estava vendido... Ou seja, quem ganha não é quem vai ao mar arriscar-se para o pescar, mas sim quem negoceia e especula com ele.
Um abraço,
quink644
Caro Quink 644,
É uma situação injusta, mas infelizmente muito generalizada. Os produtores de batata queixam-se do mesmo. Havia razão para as ooperativas de produção que dispunham de meios para colocar os produtos perto do consumidor, do que resultava mais benefício pra os produtores e para o consumidor, por ser evitado o grande número de parasitas que nada acrescentam ao produto e lhe elevam desnecessariamente o preço.
Abraço
A. João Soares
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