sábado, 28 de junho de 2008

Tiros para assustar

Transcrevo notícia do JN

Tiros disparados contra pavilhão onde José Sócrates discursou
JN.080628.01h55m

Seis tiros foram disparados esta sexta-feira à noite, em Portimão, acertando na cobertura do Pavilhão Arena, de onde saíra meia hora antes o primeiro-ministro José Sócrates, mas só dois projécteis acertaram na cobertura do recinto.

Fonte do gabinete do primeiro-ministro disse que José Sócrates já se encontrava, na altura dos disparos, perto de Albufeira, a cerca de 20 quilómetros do local. Segundo uma testemunha, que estava no exterior do Pavilhão, ouviram-se primeiro três tiros, seguidos de outros três, desconhecendo-se o local de onde foram feitos. A mesma fonte adiantou que não viu qualquer movimentação de veículos na estrada junto ao recinto, admitindo a hipótese que tenham sido efectuados por indivíduos que estivessem escondidos nas imediações ou ainda nas residências a cerca de cem metros.

Na altura, ainda se encontravam no interior e no exterior do Pavilhão, onde decorria um jantar da Federação do PS Algarve, centenas de pessoas que, apesar de tudo, mantiveram a calma.

O presidente da Câmara Municipal de Portimão, Manuel da Luz, desvalorizou o incidente atribuindo os disparos a indivíduos que se entretêm a disparar contra placas de sinalização. "Nos últimos quinze dias, têm aparecido sinais e placas de trânsito furadas por tiros, desconhecendo-se os autores do disparos", acrescentou. Ninguém ficou ferido no incidente.

A polícia viria a encontrar cinco invólucros de uma arma de calibre 7.65 milímetros, calibre normalmente utilizado pelas forças de segurança, num parque de estacionamento a cerca de cem metros do Pavilhão Arena.

10 comentários:

Luís Alves de Fraga disse...

Caro Amigo,
Os sinais de descontentamento e de loucura política começam assim em Portugal.
A desvalorização é, também, comum para dar uma imagem de desinteresse pela ocorrência.
Não acredito em movimentos organizados, mas actos tresloucados são de admitir.
A crise económica é má conselheira.
Foi assim que Sidónio Pais sofreu o atentado mortal de que se tornou a única vítima há 90 anos.
Por muito que me desagrade a condução política deste Governo julgo que não é com a tentados pessoais que os problemas se resolvem.

Está claro que, também, é com encenações teatrais de atentados que a popularidade aumenta...

A. João Soares disse...

A máquina de propaganda do regime quer convencer que se tratou de brincadeira de mau gosto, por grupo de miúdos que atiram contra as placas de sinalização das estradas. Mas parece que a PJ está a levar o caso mais a sério e já tem no terreno muitos inspectores a investigar. Para ela, pode tratar-se de um alerta do género: «põe-te a pau que da próxima será a sério».
Agora a PJ tem um caminho lógico (já me criticaram por falar em lógica, coerência, racionalidade!) a seguir: investigar nos grupos sociais mais desagradados com as condições actuais: juízes, professores, médicos, bombeiros, forças de segurança, forças armadas, ex-combatentes, pescadores, agricultores, camionistas, beneficiários do SNS, funcionários públicos, clientes de bancos, clientes da EDP, etc., etc.
É de esperar que, usando de método criterioso e lógico, irão encontrar os meliantes que fizeram aquela «brincadeira de mau gosto».
Mas parece que a PJ já está a ser pouco coerente (!) pois por causa de tal brincadeira está a empenhar muitos mais meios do que quando é assassinado um segurança nocturno no Porto!
É claro que cada um dos militantes do partido que estavam no pavilhão e que nem deram por nada(!) se considera com mais valor do que o tal segurança que foi morto.
Coisas da nossa democracia. Há cidadãos de várias categorias, embora com voto igual.

A. João Soares disse...

Caro Alves de Fraga,
Realmente, a violência não é a melhor solução para tornar o País mais próspero. Um pequeno acto que faça abrir os olhos para a insegurança geral, seria conveniente, mas este nem isso foi.
A encenação já é um truque velho desde a bomba na sarjeta quando o Salazar ia passar, ou o incêndio no Bundestag são casos conhecidos. Este caso de ontem pode ser mais um caso desses, pela forma como foi concretizado e o facto de a arma ser do calibre usado nas Forças de Segurança, isto é, dos próprios seguranças pessoais do Secretário Geral do PS.
Virá a saber-se.
Um abraço
A. João Soares

Camilo disse...

Luís Alves de Fraga...
Concordo. Tenho-me lembrado muitas vezes -nestes últimos tempos- do José Júlio da Costa...!
O chato desta questão é passarem-se 90 anos sem coragem!!!

Camilo disse...

Amigo João Soares...
O facto da arma ser do calibre das suas próprias forças de segurança, pode ter uma leitura "normal".
Lembra-se do... "Júlio Cesar"?!
Quanto ao futuro -isto é- sobre aparecer "um tresloucado" em vez de uma "situação" organizada, meu Caro, a guerrilha faz-se pondo bombas e minas nos sítios mais incríveis.
Tão incríveis que depois, quem as põe, também não sabe o local.
Mas... não descarte as duas (eu disse as duas) situações.
Tal como o Amigo, eu também sou pacífico.
Tão pacífico que só vejo isto resolvido à paulada.
Mas também pode ser à... BOMBA!!!
Um abraço.

A. João Soares disse...

Caro Camilo,
Com as medidas de segurança que rodeiam os detentores do poder, não é fácil um tresloucado fazer dessas partidas, pelo que elas partem com mais frequência de dentro do seu pequeno círculo. Foi o caso da Indira Ghandi morta por um seu segurança e o caso de Sadat morto quando assistia ao desfile das Forças Armadas, por tiros vindos de uma unidade de confiança.
Iremos agora assistir a mais e melhor segurança, mais carros de escolta, carros blindados em vez de vulgares, mais atenção para evitar os descontentamentos das polícias e dos militares, tudo à custa dos contribuintes.
A «brincadeira de mau gosto» pode muito bem ter sido feita para obter estes efeitos. Não foi para matar ninguém. Não foi uma operação suicida.
O caso de Sidónio Pais, em 14 de Dezembro de 1918, como muito bem recorda ao citar José Júlio Costa, pode repetir-se, por melhor que seja a segurança. E o País tem sido lançado num ambiente de desrespeito, de indisciplina e de ousadias pouco habituais, batendo em juízes e polícias e matando pela mínima coisa, que nada é impossível.

Um abraço
A. João Soares

Ana disse...

Eventualmente poderá tratar-se de "brincadeira" encomendada, que, mais tarde, resulte num crescente aumento de várias "medidas de segurança", a nível interno.
Mortinhos andam alguns, para vender certos tipos de tecnologia...

Abraço

A. João Soares disse...

Cara Ana,
Neste mundo de ambição pelo dinheiro, pelo negócio, não faltam pessoas sem escrúpulos que não olhem a meios para aumentar a sensação se insegurança donde resulte a aceitação de qualquer medida aumento da segurança mesmo que restritiva das liberdades fundamentais. Qualquer dia andamos todos «chipados», com coleira e açaime e devidamente sedados.
A sociedade do futuro p+retende que todos os que não pertencem à elite governamental (Governo mundial) tenham um cérebro reduzido, que apenas permita cumprir umas quantas tarefas, com obediência, sem reivindicar, com fidelidade canina.
Abraço
A. João Soares

Mondo Gatto disse...

O que mais me impressiona � a banaliza�o... 6 tiros de 7.65 n�o deve ser nada, apenas uns arruaceiros que atiram em placas. Onde vamos parar?

A. João Soares disse...

São esses pormenores que sensibilizam e fazem meditar na falta de senso e de sentido de Estado dos políticos. Estão ali, não por competência mas por compadrio e conivência partidária cimentados por forte amor ao tacho e respectivo dinheiro!
Cumprimentos
A. João Soares