Há uns tempos que me preocupa a mania doentia de alguns falsos intelectuais inventarem palavras grandes para dizerem o mesmo que outras mais pequenas, que vêm nos dicionários, sem com isso darem mais força à ideia e até se arriscarem a dificultar a compreensão.
Será a mania do novorriquismo, de se mostrar um carro grande para parecer mais rico do que os que usam um pequeno? Ou será um complexo que os leva a pensar que, dessa forma, passa despercebida a pequenez do seu cérebro?
Hoje aparecerem três desses abortos linguísticos que me levam a romper com o adiamento de me referir ao assunto:
Em vez de contratar….. dizem ou escrevem contratualizar
Em vez de deslocar…... dizem ou escrevem deslocalizar
Em vez de grave….. …. dizem ou escrevem gravoso
Gravoso até existe, mas não tem o mesmo significado de grave. Significa pesado, oneroso, vexatório, que produz gravame. Quanto aos outros dois neologismos não encontro vestígios no dicionário. Mas há muitos mais casos e alguns vão aparecendo em função da vaidade do orador.
Gostava que alguém me explicasse a origem destas anomalias. Será vontade de colaborar com o governo na campanha de inovação, no simplex, ou no choque tecnológico? Não me parece porque até está em contradição com essas palavras curtas. Como se explica que um intelectual que diz deslocalizar em vez de deslocar, cai na asneira de dizer a palavra simplex de apenas duas sílabas? O simplex deve fazer-lhe muita azia e, possivelmente, é por esta razão que tal projecto não tem dado resultado. Teria sido mais moderno e consentâneo com as tendências intelectuais actuais dizer simplificalização, em vez de simplex.
Nisso admiro o tradicionalismo brasileiro que ainda emprega termos dos tempos do Eça, que nós já esquecemos e que ainda traduzem as mesmas ideias de antes.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Palavras grandes, cérebros pequenos?
Posted by A. João Soares at 11:17
Labels: palavras grandes
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1 comentário:
Caro João Soares,
Um dia fui a uma reunião na CMB -agendada por alguém que me levava como apêndice-. Um responsável da câmara e o meu acompanhante - assuntos de autismo- tratavam-se por drs. Eu era o Mário Relvas...
Fez-me olhar para eles e sentir pena de tanta estupidez e mediocridade. O meu acompanhante nem licenciado é... o outro sei lá.
Portugal -a terra dos Drs-...
Saudações
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