quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Justiça mais eficaz e rápida precisa-se

A notícia «homicida livre por excesso de preventiva» faz pensar em problemas de Justiça, de segurança, de paz social e, consequentemente, de desenvolvimento sócio-económico em que as pessoas se sintam livres para se deslocar, trabalhar e divertir, sem receio de serem apanhadas por um qualquer assassino.

Um professor primário de 30 anos foi acusado de homicídio qualificado por, em 2 de Maio de 2005, despejar gasolina e atear fogo a uma mulher com quem mantivera uma relação extraconjugal, a vítima morreu três meses (de sofrimento) após o crime, o criminoso foi condenado a 20 anos, mas o recurso levou à repetição do julgamento que ainda não teve lugar.

Apesar do crime hediondo, e da gravidade da pena, estava em prisão preventiva (que raio de adjectivo para tal caso) e como este tipo de sanção «preventiva» tem um limite máximo de tempo, o criminoso condenado a vinte anos (não são vinte dias!) foi ontem libertado do Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, e está em liberdade como qualquer cidadão bem comportado que não tenha sido chamado a tribunal e nada deva à sociedade.

Após sucessivos atrasos gerados por actos processuais da defesa do arguido, durante três anos e quatro meses, o criminoso está agora em liberdade. Parece que algo está errado no sistema de Justiça. Parece que a generalidade das pessoas sérias do País não se sente em segurança, quando isto acontece com homicidas.

Esta lentidão mostra que a máquina judicial está emperrada. Mas é curioso que ontem foi conhecida a notícia de que o julgamento do pedido de dinheiro público por Paulo Pedroso foi resolvido rapidamente, o que prova que a lentidão não é generalizada. Perante tais casos há muitas dúvidas que empastelam o pensamento das pessoas, transformando os sinais áudio em ruído. E ninguém procura melhorar as transmissões para acabar com as origens dos ruídos e permitir uma comunicação franca e verdadeira, no bom estilo da «transparência democrática» de que, por vezes, se fala.

11 comentários:

Anónimo disse...

Um recuo positivo

A anunciada alteração à Lei das Armas, é um passo positivo no combate à criminalidade. Todas as ocorrências, violentas ou não, em que haja recurso a armas de fogo, ou outras definidas no Código Penal, passarão a ser punidas com prisão preventiva. A simples posse de arma ilegal está englobada nesta alteração de lei. Ou seja, em caso de qualquer crime com armas, a prisão preventiva volta a ser aplicada em casos com penas de prisão superior a três anos. Deixa assim de ser aplicada a prisão preventiva, apenas nos crimes cuja moldura penal seja superior a cinco anos de prisão. Quando se verifica que as leis não se mostram eficazes, não é vergonha alguma alterá-las de novo.

Por isso, deixo aqui o alerta para que se faça uma reflexão sobre a descriminalização da droga. Passou bastante tempo desde a sua aplicação. Tempo esse que já nos dá uma clara resposta. O tráfico de droga e a toxicodependência são o motor maior da criminalidade mundana. E esta evolui, torna-se violenta. É necessário rever a quantidade de droga que separa o consumidor do traficante. A droga encontrada no consumidor, não pode ser confundida com a droga que um traficante pode trazer, dizendo ser para seu consumo. A lei em vigor -n.º 30/2000- deixa as polícias de mãos atadas, pois os indivíduos que estejam na posse de doses médias individuais para um período de 10 dias, são considerados consumidores. Dez doses? De uma só vez? Anteriormente era de cinco, e passou-se para o dobro. Com esta lei tornam ténue e ineficaz a capacidade de diferenciar o consumidor do traficante.

Há recuos positivos!

Luís Alves de Fraga disse...

Caro João Soares,
Assim se prova que até na máquina da Justiça há favoritismos neste nosso Portugal. E não se diga que é por falta de funcionários... Era tão simples a solução do problema! Bastaria - como medida provisória - aplicar aos processos judiciais o mesmo sistema da triagem dos doentes nas urgências hospitalares: classificar os processos segundo cores para atendimento e resolução. Claro que não preconizo a contratação de juízes espanhóis para suprir as carências nacionais!!!!

Anónimo disse...

Caros amigos (João Soares e comentadores)

É tudo muito bonito, mas o que está APENAS em causa é diminuir as despesas com a Justiça, tal como acontece com a Saúde, a Defesa, a Educação, etc..
Ora, como os presos custam dinheiro, há que engendrar os subterfúgios mais subtis para os tirar das cadeias.
Elementar!...

A. João Soares disse...

Caros comentadores,
Para estes senhores, não há superiores interesses nacionais que lhes sirvam de guia, de objectivo.
E o povo (mexilhão do adágio) que se lixe! Mas eles lá na sua alta arrogância de donos da quinta de nada se privam em «tachos dourados», «reformas milionárias» e mordomias, para eles e todos os inúteis que os cercam que, nada de útil sabendo ou querendo fazer, passam o tempo preocupados com ninharias como a do comprimento dos parafusos que seguram as placas!!!
Abraços
A. João Soares

Anónimo disse...

Caro AJS -e comentadores-

Não é simples fazer a triagem de que fala o amigo Alves de Fraga. Já ninguém acredita. Já são poucos os que trabalham com dedicação. O mal pega-se. A insatisfação é generalizada. Nem com o medo lá vão. O respeito deixou de existir porque ninguém os estimula, ou pune. Ninguém dá o exemplo. Pior, são cosntantes as alterações e a burocracia imposta.Isto vai de "tanga" por aí a baixo!
A insatisfação não tem cor partidária. As nomeações e desnomeações minaram o estado, as polícias e as forças armadas. Mas serão os nomeados a dar cabo deles quando se sentirem tocados.
Quando o povo recorda Salazar, mais não faz do que um desabafo sentido contra o que se passa nesta abrilada sem controle.
cumprimentos

Anónimo disse...

Caro José Relvas

Concordo com o que diz. Mas parece-me um quanto desajustada a sua referência à "abrilada" neste contexto.
Já pssaram 34 anos sobre o acontecimento. Na altura, havia que acabar com um regime iníquo que, para lá de outros males, nos levou a uma guerra condenada ao frcasso desde o início. Nessa guerra só participavam os menos favorecidos. Porque as figuras destacadas (com as devidas excepções) desse regime tinham o cuidado de não deixar os filhinhos participar nela. Lá morreram cerca de 9.000 militares e ficaram feridos cerca de 30.000, dos quais ums 14.000 ficaram deficientes. Isto só para lhe mencionar dois pormenores.
Como concluíu Ramalho Eanes na sua tese de doutoramento, os Portugueses nãom estavam preparados para a democracia que se impunha. Porque o regime os amordçou e não lhes consentiu uma cultura pluralista.
Os militares, apesar das imensas dificuldades que enfrentaram e da sua falta de cultura política, tiveram a coragem de entregar o poder à sociedade civil. Já passaram os tais 34 anos de que falei. Acho que é ofensivo e injusto culpar a "abrilada" pelo que hoje se está a passar. Com a agravante de que não é procurando culpados que se resolvem problemas...

Anónimo disse...

Caro Fernando Vouga,
chamo-me Mário: José era o velho mestre, meu avô que já partiu...
Lá estamos nós: ninguém pode falar em abrilada, mas podem falar nos defeitos todos e mais alguns de antes do 25 de Abril de 1974. Quando me refiro a abrilada, refiro-me àquilo que bem sabem que eu quero dizer; muita parra e pouca uva.Pronto fico-me por aqui!!
Sobre a guerra não falo dela neste contexto.

E sobre o gen R. Eanes, pergunto: Já fala com Jaime Neves?

Fiquem com os meus estimados cumprimentos

A. João Soares disse...

Agradeço o interesse que os comentadores demonstraram por este blog e pelo tema. Foi uma troca de opiniões muito interessante e, por serem diferentes, enriquecedora.
Agradeço que ninguém decida, em momento de azedume, eliminar qualquer comentário, pois isso deixaria os outros em falso, por falta de base na polémica. Se isso acontecer, poderei transplantar os textos, mas o efeito resultante será inferior ao actual.
Cumprimentos de gratidão e consideração
A. João Soares

Anónimo disse...

Caro Mário Relvas

Peço desculpa pelo engano no seu nome.

Queixa-se de que só se critica o que se passou antes do 25 de Abril. Talvez tenha razão.
Mas, ao contrário do que lhe possa parecer, acho que há muito que criticar o que se passou depois. Basta lembrar o verão quente de 75 e as inumeráveis tropelias causadas pelo Dr. Barreirinhas Cunhal. Que, para lá de outras felonias, inviabilizou todas as hipóteses de uma descolonização digna, que contemplasse os legítimos interesses e direitos, tanto dos povos colonizados como os de Portugal.
E terei muito gosto se ouvir o meu amigo a cacetar essa figura sinistra cujo produto final se sagrou em destruir em vez de construir. Tudo para servir os interesses da antiga URSS.
O que eu não posso tolerar, é a misturada subjacente ao termo "abrilada". Porque pretende meter no mesmo saco energúmenos como o tal Cunhal e Homens como Salgueiro Maia. Este e outros militares, arriscaram a vida e a carreira par derrubar um sistema político anacrónico, ridículo e desastroso.

Anónimo disse...

Caro Fernando Vouga,

na realidade, não meto no mesmo saco o Salgueiro Maia, por quem tenho enorme respeito, não por ser de "cavalaria", mas pelo facto de ter sido um homem que honrou a Instituição Militar, e os Portugueses. Um nome de quem se destaca, e tudo dá, sem nada pedir em troca. Um homem que esteve em Moçambique integrado na 9ª Companhia de Comandos.Um Homem que saiu da EPC em Abril de 1074 e em Novembro de 1975, contra a abrilada.
Mas há muitos nomes para lá do Barreirinhas na abrilada, que terminou com a novembroada. E ainda há pouco tempo, o Coronel CMD Jaime Neves disse que não foi para isto que se fez Novembro. Foi para isto que se fez Abril?

Um abraço

Anónimo disse...

Caro Mário Relvas

Estamos de acordo. Mas, só para prolongar esta nossa agradável conversa, vou acrescentar mais um comentário. Talvez para o desafiar a escrever mais alguma coisa, do que para o contrariar.
Acho que estamos a olhar demasiadamente para o passado. Porque se corre o perigo de, de recuo em recuo na História, de acabarmos no D. Afonso Henriques.
Foi ele que começou...
Um abraço