Temos a tentação de ainda olharmos para o Mundo asiático e africano com a mesma mentalidade da época dos descobrimentos em que éramos «os maiores» e mais civilizados e íamos tornar mais evoluídos os povos «atrasados» das outras partes do planeta.
Hoje tal visão é demasiado restritiva e castrante pois dessas «remotas paragens» chegam-nos frequentemente lições de grande superioridade moral e social cuja aprendizagem e aplicação muito nos elevaria.
Chega agora da Tailândia a notícia de que o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawaha, deposto em 2006 pelo exército e exilado no Reino Unido, foi condenado à revelia a dois anos de prisão por abuso do poder. O tribunal considerou que o antigo responsável recorreu à influência política para ajudar a mulher a comprar um terreno estatal por um preço reduzido.
Também há três dias veio a notícia de que o ex-vice-presidente da Câmara de Pequim, Liu Zhihua de 59 anos, foi condenado á morte com pena suspensa, por corrupção. Em 2006 foi afastado do cargo, por corrupção da Câmara, onde era responsável pelos projectos de construção das infra-estruturas dos Jogos Olímpicos de 2008. Segundo indicou agora a imprensa oficial, foi condenado à morte com pena suspensa, tipo de condenações que funciona em geral como uma pena de prisão.
Beneficiou do seu cargo de vice-presidente da Câmara e director de um parque de ciências de 1996 a 2006, para receber subornos de vários milhões de yuans e por ter atribuído ilegalmente projectos de construção. "Os subornos foram recebidos por Liu e pela sua mulher Wang Jianrui. Liu abusou do seu poder para obter projectos de contratos, de empréstimos e oferecer promoções a outras pessoas em troca de contrapartidas", indicou a Nova China, citando a decisão do tribunal.
Este tema levou-me a visitar mais uma vez o livro «The Commanding Heights» de Daniel Ryergin e Joseph Stanislaw para recordar que na Coreia do Sul os ex-presidentes Chun Doo Hawn (Dezembro de979 – Abril 1987) e Roh tae-Woo (Abril 1987 – Dezembro de1992), foram julgados por corrupção e abuso de autoridade e ouviram as sentenças em Agosto qde 1996, tendo Roh sido condenado a 22 anos de prisão e Chun recebido a sentença de morte.
Estas são algumas das lições a aprender. A lei é igual para todos. No entanto, nós por cá, parece que não estamos imunes à corrupção, ao abuso de autoridade, esquecendo os programas de governo, já por si muito diferentes das promessas eleitorais, para ser feito aquilo que dá na real gana dos governantes e dos autarcas. São conhecidas as acusações de elementos das oposições ao Governo e aos autarcas. São visíveis os espectáculos na AR quando o Governo ali vai dar contas da sua governação, com acusações de baixo nível nos dois sentidos. E é notório o esforço feito por João Cravinho para se fazer legislação contra a corrupção e o enriquecimento ilegítimo. Tudo porque isso não interessa aos detentores do Poder, talvez porque não querem matar a galinha dos ovos de ouro.
Os casos aqui referidos deviam servir de lição aos «notáveis» do nosso País.
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