Na minha passagem matinal pela imprensa deparei com esta notícia e logo decidi transcrevê-la. É com gestos deste género que se cria harmonia, se restabelece um são convívio entre as pessoas diferentes pela origem e pela cor da pele, mas iguais como pessoas e perante a lei. Como seria bom que este exemplo fosse seguido por todo o País e repetido com frequência.
Cânticos de paz onde antes ecoaram tiros
Luís Garcia
Mais de cem pessoas marcharam pela paz nas ruas da Apelação, em Loures. A iniciativa foi organizada pela Igreja Kimbanguista - que tem sede nacional na Quinta da Fonte - com o apoio de outras associações do bairro.
O ponto de partida foi o largo fronteiro à sala de culto da Igreja Kimbanguista, na Quinta da Fonte, praticamente o mesmo sítio onde, há cerca de seis meses, as televisões "assentaram arraiais" para transmitir o rescaldo dos tiroteios em plena via pública. "Onde houve imagens de tiros e confusão, queremos passar imagens de alegria e festa", explica o reverendo Paulo Zau Neto, da Igreja Kimbanguista.
Nos seus trajes coloridos, dominados pelo verde e pelo branco, os kimbanguistas animaram a marcha, enchendo as ruas por onde passaram - primeiro na Quinta da Fonte, depois no centro da Apelação - com o som da fanfarra e cânticos de festa. Muitas pessoas assomavam às janelas das grandes torres amarelas da Quinta da Fonte. Algumas limitavam-se a seguir o cortejo durante breves momentos com indiferença. Outras associavam-se à festa com sorrisos ou palmas.
A festa prosseguiu com um momento religioso, pontuado por momentos simbólicos como a libertação de pombas por crianças ciganas, negras e brancas e terminou com um convívio de partilha gastronómica.
Luís Cardoso, membro da Associação de Moradores da Quinta da Fonte, registada na semana que passou, disse que "muita coisa está a mudar e vai continuar a mudar" no bairro. Uma mudança que deve ser feita a partir de dentro, segundo Félix Bolaños, presidente do agrupamento de Escolas da Apelação. "Para resolver os nossos problemas, estamos cá nós. O que precisamos é de amigos que nos ajudem a isso", diz.
Entre os amigos "externos", a governadora-civil de Lisboa, Dalila Araújo, que passou pelo evento e destacou os "princípios da paz, solidariedade e concórdia" que nortearam a marcha. A responsável manifestou "uma grande esperança no futuro" e deixou o desejo de que, dentro em breve, "as pessoas digam que são da Quinta da Fonte com orgulho".
Apesar dos esforços dos responsáveis para unir todas as etnias do bairro, entre os mais de cem participantes quase não havia ciganos. Na opinião de Paulo Jorge, 31 anos, a fraca adesão desta comunidade à marcha deveu-se apenas ao facto de que "as pessoas estarem ocupadas a preparar as festas de Natal", que, para aquela etnia começam já amanhã.
A maior lição de união acabou por vir das crianças do ATL da Apelação, de várias etnias, que, em conjunto, entoaram cânticos de Natal perante os participantes na marcha pela paz.
domingo, 21 de dezembro de 2008
Natal Feliz, um gesto exemplar
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14 comentários:
Muito bem mesmo, belíssimo exemplo.
Caro Daniel,
Tudo o que une as pessoas em vez de as dividir é positivo e deve ser acarinhado. Tenho aqui colocado vários posts a defender as conversações, a negociação entre os Estados em vez de se lançarem loucamente em guerras que só destroem. Mesmo, havendo guerra, a PAZ é conseguida à volta de uma mesa, para assinar o tratado de Paz. E então pergunto: porque não fizeram isso antes, em vez da guerra? É fundamental criar abertura, confiança, contactos, diálogo.
Abraço
A. João Soares
Caro João Soares,
Sou um leitor assíduo do seu blog. Nem sempre comento, mas admiro a sua extraordinária persistência em manter na blogosfera uma janela aberta para várias saídas.
Aproveito o espírito natalício desta postagem para desejar ao «Do Mirante» e a si um Feliz Natal e um excelente 2009 dentro dos limites que a conjuntura nacional e internacional o permitirem.
Caro Alves de Fraga,
Agradeço as suas palavras simpáticas e os seus votos que retribuo com muita amizade.
Esta actividade de bloguista não é mais do que o exercício do dever e direito de cidadania de um indivíduo simples, sem pretensões nem ambições materiais, que procura estar atento ao que se passa e contribuir, de forma simples, mas o mais clara possível, para um futuro mais risonho dos habitantes deste País que se deseja humanamente grande e um modelo de paz e eficiência como o foi na época de 1500.
Um abraço e Feliz Natal
João
um belo exemplo
passei para desejar
_________________Paz
_______________União
______________Alegrias
_____________Esperança
____________Amor Sucesso
___________Realizações Luz
__________Respeito harmonia
_________Saúde solidariedade
________Felicidade Humildade
_______Confraternização Pureza
______Amizade Sabedoria Perdão
_____Igualdade Liberdade Boa sorte
____Sinceridade Estima Fraternidade
___Equilíbrio Dignidade Benevolência
__ Força Tenacidade Prosperidade Reconhecimento
_______________!!!!
_______________!!!!
_______________!!!!
beijos e FESTAS FELIZES
Carla,
Uma prenda de Natal com tudo o que é necessário para todos sermos felizes.
Repleta de valiosos valores, longe das vulgaridades monetaristas e consumistas!
Beijos
Feliz Natal
João
Estimado Amigo,
Venho hoje deixar-lhe um singelo abraço Amigo repleto dos maiores desejos de um Santo e Feliz Natal para si e demais entes queridos e um Ano Novo repleto de Felicidade.
Até já,
Maria Faia
Nunca tinha ouvido falar da Igreja Kimbanguista.
Digo-lhe que foi uma iniciativa de louvar, sob todos os aspectos.
Pode até acontecer que tudo volte ao mesmo, passada esta época de alguma boa vontade.
Seja como for, alguém se chegou à frente e estendeu o "cachimbo da paz".
Curioso como não me lembro de ver alguma reportagem na tv a este respeito.
Mas também nestes dias pouco tenho ligado às notícias.
Um abraço com renovados votos de Feliz Natal.
Querida Ana,
Também não conhecia a designação da Igreja Quimbanguista. Pode ser uma organização religiosa, à semelhança da Maná, ou do Reino de Deus. Mesmo que esteja voltada para explorar a carência de fé dos seus seguidores, agora com este movimento, mereceu aplauso. Costumo dizer que as mentalidades de civismo, humanidade e solidariedade melhoram com o efeito de pequenos gestos, repetidos muitas vezes até se transformarem em hábitos e rotinas.
Beijos, Feliz Natal
João
Amiga Maria Faia,
Agradeço a sua atenção e retribuo com muito afecto os seus votos.
Desejo que 2009 seja muito melhor do que foi o 2008. Basta de tanto sofrer!
Beijos
João
É neste mundo que quero viver...
União pela paz? Belo!
Um mundo azul, cheio de esperença para todos.
Cara Luísa,
Muito bem! Temos de nos juntar nos mesmos ideais, apontando os melhores caminhos e insistir sem esmorecer para vermos os resultados num futuro próximo.
A luta é muito dura por ser difícil alterar maus hábitos e enfrentar ambições e interesses não confessados e muito generalizados.
Espalhemos a semente da nossa «boa nova»!
Beijos
João
Caros amigos. Parabéns por esta iniciativa tão cheia de humanismo. Pese embora o facto do Bairro da Quinta da Fonte continuar a ser um dos muitos "guetos" que existem em Portugal, é necessário que as pessoas saibam que os habitantes deste bairro também são pessoas com dignidade. Na minha Angola, convivi com inúmeros kibanguistas, pessoas que sempre apreciei, pela forma persistente como sabiam ultrapassar as dificuldades que as autoridades coloniais lhes criavam. Conheço a história de Simão Kimbango, que foi condenado no Congo belga, vindo a morrer na prisão. Não desistam e lutem sempre pelo bem comum, livre de discriminações sociais, recusando a classificação das pessoas pela cor da pele. Saudações - H. M.
Caro Amigo Henrique Mota,
Acho que os habitantes da Quinta de Fonte que venham a conhecer estas sua palavras ficarão orgulhosas daquilo que são, do seu gesto de solidariedade natalícia. E eu agradeço este seu comentário que vem ao encontro das palavras de apresentação deste post.
Por baixo de cada pele, em cada grupo religioso ou desportivo ou cultural há almas virtuosas. É bom que cada um procure melhorar o seu comportamento para a que a vida seja mais agradável no convívio fraterno.
Um abraço
João Soares
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