Pode ter sido um erro da notícia ou, provavelmente, foi uma inconsciência de algum servidor, subserviente, serviçal ou, pelo contrário um sabotador que quis fazer mal ao patrão. Tais actos de sabotagem ou ainda piores são raros mas existem, como nos assassinatos de Indira Gandhi e de Anuar Sadat.
Salazar, o ex-governante que os políticos actuais tanto criticam sem admitirem excepções, era incapaz de permitir tal caso. Nem queria que fossem citadas frases suas, porque alegava que uma frase fora do contexto pode ter um significado contrário ao pretendido no original. Pelo contrário, Mao Tse tung usava e abusava desse tipo de endeusamento obrigando à leitura exaustiva do seu «livro vermelho» que era companhia obrigatória da juventude maoísta. Não é de estranhar que atitudes semelhantes à relatada pela notícia ocorressem com Roberto Mugabe, Hugo Chávez, Saddam Hussein, Fidel Castro, Estaline, Hitler, Bokassa, Idi Amin, Mobutu, sei lá!. Mas num regime dito democrático, é um caso muito estranho, mesmo em ano de eleições!
Para não obrigar à leitura da notícia «Instituto do Emprego exige leitura de discurso de Sócrates» pelos mais carenciados de tempo, transcrevo o primeiro parágrafo da notícia atrás linkada: «O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), organismo público na tutela do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (MTSS) , abriu um concurso de promoção para o preenchimento de 26 vagas de técnico administrativo principal em que um dos métodos de selecção é uma prova escrita onde os candidatos devem estudar um texto do primeiro-ministro, José Sócrates, sobre a iniciativa governamental Novas Oportunidades.»
Para testar a capacidade de leitura e redacção usando o idioma português, não faltam textos de escritores nacionais consagrados, desde Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, Almeida Garrett aos actuais Saramago (Prémio Nobel), Lobo Antunes, Rodrigues dos Santos, Sousa Tavares, etc. Para ser escritor a apresentar como exemplo de bom estilo da língua escrita, não é preciso recorrer ao critério de escolher um político mesmo que este esteja no activo, seja governante e até primeiro-ministro.
Para defesa do seu bom nome e dignidade, o Engenheiro José Sócrates não pode deixar de dar um 'puxão de orelhas', com visibilidade de todos os portugueses, aos responsáveis pela notícia se é infundada, ou pela decisão do IEFP e àqueles que tiveram conhecimento desta decisão e não contribuíram para ser parada em devido tempo. Houve aqui uma associação intencional oneste conluio, muito prejudicial ao bom nome, honestidade e dignidade do nosso primeiro-ministro. Ou será que a iniciativa partiu dele ou de um seu assessor???
A tragédia valenciana
Há 2 horas
2 comentários:
Caro João Soares
Muito bem observado!
Mas só um pequeno e modesto reparo. Não me parece que a prosa de Saramago, com o seu uso um tanto enviezado da nossa gramática, seja muito adequado a uma prova de português...
Caro Vouga,
Concordo. Mas não devia deixar de citar o Prémio Nobel!!! Mesmo assim, com a sua gramática muito discutível, seria preferível aos textos do detentor do Poder que, assim, foi colocado em situação muito pouco elegante... apesar dos seus fatos de elevada qualidade!!!
Um abraço
João
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