segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Família e escola. Espaço de convivência

Especialistas em educação reunidos na cidade espanhola de Valência defenderam hoje que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores.

Os participantes no encontro 'Família e Escola: um espaço de convivência', dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas.

'As crianças não encontram em casa a figura de autoridade', que é um elemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo Fernando Savater.

'As famílias não são o que eram antes e hoje o único meio com que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa', sublinhou.

Para Savater, os pais continuam 'a não querer assumir qualquer autoridade', preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos 'seja alegre' e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores.

No entanto, quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, 'são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os', acusa.

'O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar', sublinha.

Há professores que são 'vítimas nas mãos dos alunos'.

Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que 'ao pagar uma escola' deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de muitos professores que estão 'psicologicamente esgotados' e que se transformam 'em autênticas vítimas nas mãos dos alunos'.

A liberdade, afirma, 'exige uma componente de disciplina' que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade.

'A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara', afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação, 'uma oportunidade e um privilégio'.

'Em algum momento das suas vidas, as crianças irão confrontar-se com a disciplina', frisa Fernando Savater.

Em conversa com jornalistas, o filósofo explicou que é essencial perceber que as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do que antes; o problema é que 'têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos'.

'Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia', afirmou.

Daí que, mais do que reformas dos códigos legislativos ou das normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo Savater que 'mais vale dar uma palmada, no momento certo' do que permitir as situações que depois se criam.

Como alternativa à palmada, o filósofo recomenda a supressão de privilégios e o alargamento dos deveres.

Texto recebido por e-mail sem indicação do autor

NOTA: Os pais e, a seguir, os professores, sob a cúpula do poder governamental, não podem esquecer que estão a preparar os futuros cidadãos, a sobrevivência da Nação, do Estado e da humanidade. O civismo e o corpo de valores éticos não aparece por geração espontânea. Por isso, há que preservar e desenvolver aquilo que de bom herdámos das gerações anteriores, para legarmos aos vindouros uma sociedade mais perfeita.

4 comentários:

Daniel Santos disse...

Cada vez mais a sociedade ausenta os pais de casa. Não permite uma melhor ligação com os filhos.

O que se pedia, quase utopia, era que existisse uma alteração nos modelos de forma a que os pais realmente fossem pais e não uma carteira para os filhos.

A. João Soares disse...

Caro Daniel Santos,
As modernas tecnologias não estão bem aproveitadas. Há alguns anos li uma artigo que dava a entender que vinha aí uma nova modalidade de emprego, em que muitas pessoas, com a utilização dos computadores, trabalhariam em casa sem obrigação de horário, podendo fazer companhia aos filhos, ir às compras, etc. Em vez de estarem a ocupar espaço e gastar luz no escritório da empresa, receberiam em casa o documento com o problema a resolver, fariam o estudo e enviariam a informação necessária ao chefe.
Mas parece que o sistema não resultou, ainda.
Esta solução seria um bom apoio à família.
Abraço
A. João Soares

Unknown disse...

Caro amigo João,
como diz Daniel Santos, os pais têm cada vez menos tempo para dar atenção e transmitir valores. Mas também é certo que querer é poder, e os pais não devem nem podem isentar-se de responsabilidades em tudo a que diz respeito aos seus filhos.

Beijinhos

A. João Soares disse...

Cara Ana,
«Querer é poder» e sempre se pode aproveitar uns poucos minutos para, cada dia, evidenciar disponibilidade para um pouco de conversa, de carinho, com os filhos.
Li há uns tempos uma história em que uma criança à noite perguntou timidamente ao pai quanto ele ganhava por hora. O pai respondeu que ganhava cerca de 8,00€. O filho pediu-le emprestados 5,00€ e o pai muito intrigado perguntou para que os queria. O miúdo respondeu: É que tenho 3,00€ e com esses já fico com o suficiente para comprar uma hora do teu tempo para conversares comigo.
Dá para pensar não dá?
Um abraço
A. João Soares