sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A profissão militar

Transcrição do post com igual título publicado por Paulo Sempre no blogue «Filhos de um Deus Menor».

Hoje, as instituições militares estão a «saque». O «diapasão» do funcionalismo publico, a retórica politicamente correcta, a crise da palavra dada, o crescimento desmesurado de pantominas nas coisas sérias, os efeitos dos poderes ocultos que “mascaram” a realidade, há muito que “arrancaram” a «alma» da profissão militar.

Face às pressões desestimulantes, injustas e irreflectidas de que os militares são vitimas por parte de certos segmentos da sociedade, dentro da estratégia de dividir e desacreditar para reinarem, urge, na minha opinião, reflectir sobre a profissão militar, pouco visível aos olhos dos comuns cidadãos.

Como as demais funções sociais, a profissão militar tem que possuir a sua escala de valores específica, traduzida na defesa constante das virtudes militares.

Os militares só se elevam quando são inspirados por um alto ideal, quando o seu olhar contempla o orgulho de serem comandados por verdadeiros Comandantes/Chefes, agitados pela paixão de uma grande “aventura” colectiva e um poder político culto no que concerne à escala de valores em que se forjaram as virtudes e qualidades castrenses. A história militar mostra-nos que a confiança e a estima são nos momentos de crise as mais seguras garantias da disciplina e o melhor “bálsamo” para enfrentar os dias de miséria e de desgraça.

Infelizmente, hoje são raros os discursos que possam em determinado momento, dar coragem às vitimas das expectativas politicas sempre adiadas, ou incutir fortemente no espírito dos militaras que ainda vale mais morrer combatendo de que “salvar” a vida por uma “fuga” preparada nos labirintos da anárquica gestão de pessoal onde cada militar é conhecido por um numero.

Os sentimentos de coragem e energia dos militares só serão eficazes quando estes forem reconhecidos com dignidade por leis que promovam a consideração dos realmente mais válidos e a punição efectiva dos criadores de expectativas frustradas ou sempre adiadas e dos que consideram os militares meros servidores do Estado.

Qualquer desconsideração da profissão militar é, pois, um “atentado” à própria autoridade do Estado e à segurança e tranquilidade dos cidadãos.

A falta de respeito pelas Instituições Militares, ou equiparadas, arruína, irremediavelmente, as qualidades morais que impelem os militares a cumprir os seus deveres para com a sua Pátria, com o mais elevado grau de obediência e respeito à Hierarquia e à Disciplina. A inércia do Estado nesta matéria e/ou a dolosa omissão do Estado na criação de mecanismos estatutários que empolguem o espírito das instituições militares, ou de carácter militar, deteriora as vigas mestras, os sustentáculos onde devem assentara condição militar e de onde brotam as seculares virtudes militares.

Vale a pena recordá-las – as virtudes militares - e defini-las sinteticamente, no torvelinho da hora presente, em que valores consumistas e amorais e estranhos às tradições militares, propagados intensamente pelos mídia, tendem a amortecê-las e mesmo sufocá-las no peito de muitos militares, confusos com o mundo a sua volta e enorme crise de valores, que, por vezes, os leva ao suicídio:

Coragem: É a virtude que faz com que os militares desprezem o perigo, face à imposição de bem cumprir o dever militar custe o que custar.

Bravura: É a que caracteriza os militares valentes, intrépidos, impetuosos, arrojados e que se distingue da coragem por ser fruto do temperamento pessoal.

Camaradagem: É a que caracteriza o elevado sentimento da fraternidade e de afeição que cada militar deve cultivar em relação aos demais militares.

Solidariedade: É a que impele os militares a se auxiliarem mutuamente.

Abnegação: E a que sustenta os militares no cumprimento do dever militar, a despeito das adversidades, sacrifícios e privações a que forem submetidos.

Honra Militar: É a que leva os militares a cumprirem conscientemente o dever militar que lhes foi imposto. É a “religião” da Disciplina Consciente.

Iniciativa: É a que impele os militares, numa emergência, a agirem com consciência e reflexão para darem com a maior presteza e, sobretudo com oportunidade, a solução adequada exigida para o caso. Ela é importante em campanha!

Devotamento: É a que impele os militares a fazerem sacrifícios e a padecerem privações em benefício da segurança de sua Pátria e dos seus compatriotas e camaradas.

Moralidade: É a que impõe aos militares, não só o cumprimento das leis e regulamentos e normas, como ir além, cumprindo os ditames da moral social.

Amor e ordem: É a que impõe aos militares apresentarem-se bem em todas as actividades profissionais e sociais. Por exemplo, bem fardar-se!

Pontualidade: É a que impõe aos militares o cumprimento fiel, a tempo e a horas, das ordens recebidas e das obrigações delas decorrentes.

Presteza: É a que impõe aos militares conscientes que eles cumpram no menor espaço de tempo e na melhor forma possível as ordens recebidas, dando ciência a quem as deu de que foram cumpridas.

Decoro militar: É a que impõe aos militares boa conduta e educação civil e militar

Paulo

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