Embora actualmente a prática seja diferente, é lugar comum dizer-se que a formação das pessoas começa com a primeira mamada ou, como defende a escritora Alexandra Caracol, nos primeiros tempos da gestação.
Em termos práticos, clássicos, essa formação chama-se educação e nela desempenham um papel muito importante e insubstituível os pais e os professores, embora familiares, amigo e vizinhos devam colaborar.
Infelizmente, os pais arrastados prelo frenesim da vida moderna, abstêm-se desse dever e as escolas quase estão transformadas na indiferença perante actos de vandalismo e violência, por vezes contra os próprios formadores. O Estado, em vez de tomar medidas para reactivar estes dois factores da formação dos cidadãos, deixa de lado a formação e volta as suas «capacidades» de actuação para a repressão
É assim que a sinistralidade rodoviária resultante fundamentalmente da generalizada falta de civismo, de respeito pelos outros utentes, pelos próprios passageiros e pela própria vida, continua sem redução sustentada, apesar de repetidas promessas de melhoria por parte do Governo. Mas este não actua no ponto sensível, a formação cívica e limita-se a reprimir, aumentando o valor das multas e coimas, reduzindo os limites de velocidade, etc., tudo isso concorrendo para aumentar as receitas públicas mas não aumentando a segurança dos utentes da estrada. Da mesma forma, a lei das armas não acabou com o crime violento, assistindo-se, pelo contrário, ao seu aumento incontrolado. E há muitos mais diplomas legais que resultam letra morta, por falta de adequação ao problema, por serem inviáveis e de aplicação impossível ou contraproducente. Falta ao legislados seguir um método de preparação semelhante ao que consta do post «Pensar antes de decidir»
Hoje vem juntar-se a estes o caso «Bares não conseguem aplicar a lei do álcool». Segundo pessoas colocadas dentro do assunto, os jovens passarão a beber em garagens onde poderão abusar brutalmente da ingestão de bebidas alcoólicas, de forma totalmente livre, com muito piores efeitos. Vale a pena ler o artigo atrás linkado. Legisla-se antes de procurar analisar o problema em todas as vertentes e procurar as possíveis soluções para, de entre elas, escolher a melhor, mais adequada às circunstâncias.
Um mês e muitos pesadelos depois
Há 2 horas
4 comentários:
Caro João:
É, evidentemente, "de pequenino que se torce o pepino".
As proibições que valem de verdade são as ditadas em primeiro lugar pelos pais, quando a criança chega à idade do entendimento.
Saber dizer não e ensinar a um filho o que não pode fazer é tão importante como estimulá-lo a adquirir bons hábitos consigo, com a familia e com os que convivem com ele.
Mas os pais de hoje declaram-se demasiado cansados para acompanhar a educação dos filhos, deixando-a entregue a professores que a não sabem dar, ou, em último caso, à televisão que instalam no quarto do rebento.
Relativamente à opinião do senhor Presidente da Associação de Bares e Discotecas, embora lhe reconheça alguma razão, não será a pessoa mais indicada para ajuizar em causa própria...
Neste país, leis é o que não falta.
Fazem-nas a torto e a direito, sem cuidarem depois do seu cumprimento.
Sempre assim foi e não vemos jeito de que a coisa mude.
Esta lei do álcool, como a lei das armas, está fadada para não ser cumprida.
As tais aulas de Educação Cívica é que estão destinadas a nunca existirem.
E assim se vai embrutecendo um povo, de geração em geração.
Um abraço.
Cara Amiga e Colega Ana Martins,
Como diz o panorama é negro e o futuro pouco promissor. Claro que nisto, a opinião de uma parte do problema pouco conta, o que o presidente da Associação pretende é defender o negócio dos seus associados. Para ele até seria melhore poder servir bebidas a crianças de qualquer idade.
Mas o Governo deve procurar conhecer bem todos os aspectos do problema e colocar-se num ponto distante dos interesses dos intervenientes e olhar para os interesses do Portugal de Amanhã, procurando que a legislação seja aplicável, viável, e obter a colaboração doa intervenientes.
Mas o desejo de repressão é eivado de sadismo, autoritarismo irreal, lunático, que não chega a colher frutos.
Um abraço
João Soares
Agradecia-se a prevenção, a educação e um real investimento nos jovens, depois é que se aplicaria a sanção.
Caro Daniel Santos,
Seria essa a solução lógica. Ensinar as pessoas a viver civilizada mente em sociedade, respeitando os direitos dos outros. Depois, os prevaricadores seriam sancionados. Mas os nossos governantes e autarcas seguem o caminho inverso. Vá lá saber-se porquê. Será que eles serão capazes de nos dar uma explicação, da sua repressão sádica?
Abraço
João Soares
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