O denominado Ocidente, tradicionalmente considerado o pólo de desenvolvimento nos seus vários aspectos, está a necessitar de rever os seus comportamentos por forma a não se deixar ultrapassar por Estados que tem considerado menos desenvolvidos.
Há lições chegadas de tais Estados que devem ser devidamente ponderadas e adoptadas como modelos, após a conveniente adequação às condições reais locais. Os exemplos são numerosos. Cito apenas alguns dos casos mais recentes
No Peru o ex-presidente Alberto Fujimori foi agora condenado a sete anos e meio de prisão em Lima, por um delito de corrupção ocorrido durante o seu mandato, entre 1990 e 2000, anunciou o tribunal. A condenação de Fujimori faz recordar as ocorridas na Coreia do Sul em Agosto de 1996 dos ex-presidentes Roh Tae-Wu a 22 anos de prisão e de Chun Doo Han à morte, ambos por corrupção. Estes casos constituem pontos reflexão obrigatória para o mundo civilizado.
Porém em Portugal já é admitido por pessoas bem conhecidas na política, na Justiça, na Comunicação Social, etc., que existe corrupção e enriquecimento ilícito por parte de políticos ligados ao poder central a ao autárquico, mas pouco se fala em legislar com eficácia para fazer face a tal cancro e muito menos em julgamentos de pessoas com poder (mesmo que apenas mediático).
Desde os ex-governantes ligados ao caso BPN, a empresas com capital do Estado ou autárquico, a casos de licenciamentos anormalmente rápidos em relação à vulgaridade das situações, constam na imprensa muitos casos que dão origem à convicção generalizada de que em Portugal os crimes de pessoas que usam gravata ficam impunes, salvo raras excepções como a de João Vale Azevedo.
Outra lição a aprender pelo Ocidente é a que vem do Japão em que o primeiro-ministro japonês, Taro Aso, dissolveu o Parlamento nipónico e convocou eleições antecipadas para 30 de Agosto (40 dias depois), prevendo-se uma grande alteração no panorama político do país. Ao contrário desta rapidez de processamento, em Portugal, as eleições legislativas e as autárquicas rotineiras, programadas, previstas há muitos anos (as do Japão foram inopinadas) foram marcadas com quase três meses de antecedência. Isto mostra a lentidão sonolenta dos portugueses e o seu gosto (mau) pelo espectáculo pois, com isso, vão passar todo este tempo em «festa» de propaganda partidária, monopolizando a Comunicação Social e descurando a resolução dos verdadeiros problemas que preocupam as pessoas.
Um outro assunto a ponderar é a reacção da UE ao caso hondurenho que vem mostrar o compadrio dos governantes com os colegas de outros povos, numa duvidosa conivência na defesa dos poleiros, mesmo que a saída tenha sido pacífica e moralmente justificada e correcta. A Comissão Europeia anunciou o congelamento de um apoio de 65,5 milhões de euros às Honduras, na sequência do golpe militar que depôs o Presidente Manuel Zelaya, a 28 de Junho, e depois de o líder do Governo entretanto instituído, Roberto Micheletti, ter recusado uma proposta para a criação de um Governo de unidade liderado por Zelaya. Esta posição europeia evidencia o que foi referido aqui e mostra o conceito polémico de que todos os detentores do poder, mesmo que corruptos, autoritários, absolutistas, desonestos, devem ser apoiados incondicionalmente contra os legítimos interesses dos povos. Neste aspecto a condenação de Fujimori e as ocorridas na Coreia do Sul em Agosto de 1996 dos ex-presidentes Roh Tae-Wua 22 anos de prisão e de Chun Doo Han à morte, todos por utilização do poder em benefício próprio, não devem cair no esquecimento dos políticos honestos.
Um outro caso que mostra uma má visão da situação do mundo e do seu futuro desejável, tendo em atenção as pessoas e o seu relacionamento pacífico, é o anunciado aumento dos efectivos do exército americano em 22 mil soldados. Havia esperanças de que as repetidas violência contra a humanidade que os EUA provocaram ou neles se envolveram, tivessem como resultado uma análise sobre os custos das guerras em vidas humanas de pessoas inocentes e em gastos em prejuízo do bem-estar da população, de património cultural, histórico e económico, e que daí se tivesse concluído pela prioridade a dar à diplomacia para conversações, negociações na resolução de atritos e de conflitos de interesses internacionais. Pelo contrário, acentua-se o perigo de o poder do complexo industrial militar» que Eisenhower previa e contra o qual alertou os americanos. Com forças armadas mais poderosas, maior será o risco de intervenções injustificadas e desastrosas como foram as levadas a cabo no Vietname, na Sérvia, na Somália, no Iraque, no Afeganistão e outras de menor volume, pela África, como na Líbia e no Sudão.
A Decisão do TEDH (396)
Há 1 hora
Sem comentários:
Enviar um comentário