segunda-feira, 28 de setembro de 2009

À consideração dos futuros governantes

Acerca da polémica nos comentários constantes em https://www.blogger.com/comment.g?blogID=7302028665744397498&postID=1128138089144375274&isPopup=true&pli=1 recebi este e-mail da Amiga Maria Letra que merece ser aqui colocado para apreciação dos visitantes. São reflexões muito sugestivas para os governantes do País, agora que estamos em vésperas da constituição de nova equipa, que se espera seja bem seleccionada, com bons elementos, ideias adequadas e programas ajustados às reais necessidades de Portugal.

Amigo João Soares,

Li, novamente, tudo o que foi escrito quer pelo Luís, como pelo amigo João Soares e, duma forma mais atenta, já que da parte dos dois sabemos com o que é que podemos contar, o que escreveram: Bernardo e Leandro. É curioso que um escreve com o seu nome verdadeiro para 'tentar' iludir-nos com falsas verdades e o outro, que é o mesmo, pelo que percebi, esconde-se por trás dum nome que inventou para, cobardemente, escrever o que pensa. Mas ... será que pensa mesmo o que escreve? Em qual dos dois nos podemos basear para fazer um juízo de valor acerca desse alguém que anda tão ceguinho que nem pesa o que diz em defesa de algo que está a prejudicar todos nós? É que a mim já nem me interessa que o governo seja PS. Fosse ele do PSD, CDS, PCP ou de qualquer outro partido e a crítica, da minha parte, seria sempre a mesma. O que está em causa, como muito bem escreveu, João Soares, é as contas a prestar a todas as pessoas que acreditaram nas prometidas reformas. Se, qualquer deles, fizesse o que prometem nos seus programas, TENHO A CERTEZA que quem tivesse votado noutros partidos não seria mais do contra.

Um dos grandes problemas aqui está no facto de SER MUITO DIFÍCIL agradar a gregos e a troianos, quando, teimosamente, se defendem soluções diferentes, i.e., pró ou contra o Capitalismo, não aceitando cada parte procurar uma situação intermédia que pudesse equilibrar interesses, solução essa que poderia nivelar o bem/mal-estar dos cidadãos, sem ter de tirar a uns para dar aos outros. Depois do 25 de Abril houve uma euforia da parte da esquerda de incitamento à distribuição de bens de quem tinha mais, para dar aos que tinham menos quando, no meu entender, claro está, tal distribuição não era necessária para que todos os que estavam mal pudessem vir a ser beneficiados. Com uma correcta linha política dos governos, ter-se-ia chegado a resultados muito positivos, sem ter de recorrer ao 'roubo' de bens duns, para dar aos outros. Isso teria tido o sabor dos actos praticados pelos larápios: "não tenho, vou roubar ao que tem e passo a estar bem melhor do que o que estou agora."

Um dos grandes males que motivam o exagero de muitas fortunas, alcançadas sabe Deus como, é exactamente resultante do facto da linha defendida por certos partidos ocasionar esse estado de coisas. Não podemos ficar indiferentes à disparidade de ordenados de certos indivíduos, em detrimento duma miserável 'esmola' a outros, entre os quais estão, sem sombra de dúvida, os reformados, os deficientes, as mulheres que, por circunstâncias várias, não puderam ser mais do que domésticas - com que honra! - e tantos outros Portugueses. Eu trabalhei sempre, exceptuando 8 anos dedicados aos filhos (6) e, em alguns empregos, tinha um ordenado superior ao do meu marido. Não posso, portanto, dizer que fui vítima de desigualdade pelo facto de ser mulher. Contudo, tendo tido necessidade de permanecer em casa, para cuidar melhor dos meus filhos e continuar a estudar, vimos o nosso rendimento mensal baixar consideravelmente quando, numa correcta política governamental, as mulheres deveriam poder receber um mínimo que lhes permitisse fazer face a essa diferença. Depois, há situações tão desiguais, só porque uns têm um canudo e outros não ..... Cada profissão - quando exercida com competência absoluta - deverá ser remunerada de forma a permitir uma vida digna a quem a exerce. As hierarquias existem e têm de ser respeitadas, mas ... vamos lá ver ...., pagar balúrdios aos quadros, prejudicando as outras categorias inferiores de tal modo que firam a dignidade de vida de quem trabalha com profissionalismo, isso não! Se as empresas necessitam dos quadros, não é menos verdade que necessitam - e muito! - dos operários. Todavia, não deverá ser negligenciado que estes devem ter uma formação moral, educacional e profissional de elevado valor, para que não possam ser apontados como a classe ignorante, como já tenho ouvido chamar-lhes.

O meu amigo sabe bem que eu defendo, como base primeira, uma boa política no campo da Educação e da Saúde. Sem isso, nem vale a pena pensar no resto. A cultura e a saúde são dois elementos básicos na formação duma criança, sobre as quais deveremos debruçarmo-nos pois as crianças serão, um dia, os adultos de que o mundo carece.

Depois desta dissertação cuja origem está no teor das que foram feitas, sobretudo, pelo Bernardo e/ou pelo Leandro, eu gostaria ainda de dizer-lhe, meu caro amigo, que quem mereceu este meu e:mail às 03:45 da manhã foi, APENAS, o de nome João Soares, já que os outros dois comentaristas não mereceriam, sequer, que lhes dedicasse um minuto. Quem esconde o seu nome para dizer o que pensa não merece qualquer tipo de atenção. Mas este assunto sobre o qual acabei de escrever é importante para mim, mesmo que o não fosse para mais ninguém.

Para terminar devo esclarecer que não foram só as dores no meu pé que me mantiveram acordada, para as quais agradeço o conselho que me deu e que seguirei. Foi, também, um certo enjoo que me vem quando leio certas afirmações tendenciosas, disfarçadas duma intelectualidade inexistente.

Um grande abraço, amigo.
Mzt

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