terça-feira, 10 de novembro de 2009

O Robô e Nós

«Nós somos o que escapa à competência do robô».
Esta frase escrita numa parede da passagem inferior junto da estação de caminho de ferro de Cascais revela muita sabedoria e um prenúncio significativo do futuro da humanidade.

O robô é um invento recente e tem evoluído muito rapidamente, o que leva a supor que, dentro em pouco, poderá fazer quase tudo que hoje dá trabalho ao homem. Como «o trabalho é um esforço penoso para produzir bens», deixa de haver trabalho e a vida será só lazer, o que pode parecer animador. Porém, o laser, o ócio, os passatempos têm custos. Como poder+a um ocioso fazer face a esses custos? Como poderá alguém comprar os bens produzidos pelo robô?

Sem dúvida, a sociedade irá sofrer (beneficiar de) profundas transformações, hoje inimagináveis. E quem estará preparado para tais mudanças que, segundo tudo leva a crer, serão muito rápidas, mais rápidas do que a nossa capacidade de adaptação? Já em 23 de Outubro aqui foi referida tal incógnita, e os múltiplos aspectos que ela acarreta.

4 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro João Soares

Isso faz-me lembrar um planeta coberto de mar, no qual há uma pequena ilha. É caso para dizer que o mar se encontra cercado de terra por todos os lados...

A. João Soares disse...

Caro Amigo Vouga

Acredito que o que se vai passar é algo de que nós não fazemos ideia, como se deduz do vídeo do post que está linkado.
As pessoas daqui a 50 anos terão hábitos tão diferentes dos nossos como nós temos das pessoas medievais, quanto a ocupações, hábitos e tecnologia utilizada. Temos um exemplo recente no caso de há 20 anos não haver telemóveis e hoje ninguém passa sem um ou mais, e além da comunicação, servem para armazenar música, fotografar e filmar, com ligação à Internet, etc.
A velocidade com que aparecem as novas tecnologias aumenta exponencialmente.
A nossa actual sensatez nada contará na gestação da nova sociedade que aí vem.

Da forma como a sociedade está a evoluir, tudo é incógnito, e hão-de aparecer soluções que hoje nem imaginamos.
Ao falar-se de que a globalização foi iniciada pelos descobrimentos portugueses, temos hoje a noção clara de que nessa época ninguém imaginava o que é o mundo de hoje, uma pequena aldeia onde todos, sem perda de tempo, conversam vendo-se como se estivessem na casa ao lado, uma conversa de vizinhos. Quanto ao trabalho, hoje há profissões de que ninguém imaginava nesse tempo.
Há 20 ou 30 anos, ninguém sonhava que a actividade ligada à informática se desenvolveria ao ponto de ocupar tanto trabalhador, e constituir o principal ramo de negócio em certos países para quem é a principal riqueza. Coisa parecida se passou com o turismo.

O problema vai ser a rapidez com que tudo vai acontecer, mais rapidamente do que a capacidade de as pessoas se adaptarem às mudanças. Serão mudanças rápidas de emprego, de ramo de actividade, de residência, etc. Mal se acaba de tirar um curso já ele nada ajuda na vida e é preciso iniciar outro.
Trabalho não faltará porque nada substituirá a imaginação e a criatividade do homem. Mas deixará de haver lugar para o preguiçosos, indolentes sem vontade de acompanhar o progresso, esses, e serão muitos, serão parasitas, ervas daninhas que só criarão problemas e que darão a origem a repressão que tomará formas não conhecidas hoje, porque o homem continuará a ser cada vez menos generoso e tolerante para os que são pouco úteis.
Enfim, muito podemos imaginar mas o que acontecerá é imprevisível.

O que acho interessante nisto é que os «riscadores» de paredes, por vezes, exprimem ideias pouco vulgares e de grande profundidade que nos conduzem a reflexões de âmbito muito alargado. Num dos blogues em que coloquei este post os comentários sucederam-se e tive oportunidade de alargar a minha opinião sobre o caso que agora aqui transcrevi com adequadas adaptações.
Muito mais pode ser dito e a análise do problema merece ser enriquecida.
Um abraço
João

Fernando Vouga disse...

Caro João Soares

Obrigado pela sua resposta com a qual concordo inteiramente.
Porém, estou profundamente convencido que as máquinas nunca vencerão em capacidades e complexidade a mente humana.
Veja-se o caso das guerras hoje em curso. A sofisticação dos sistemas de armas das forças que combatem o terrorismo de pouco servem diante de uma vontade indomável de um grupo que, com razão ou sem ela, não se verga perante um inimigo equipado com o que há de melhor e mais letal. Uns quantos bandos de maltrapilhos fanáticos, num país atrasado como o Afeganistão, venceram os soviéticos e preparam-se para vencer os EUA e Nato.

A. João Soares disse...

Caro Vouga,

Mau seria se a capacidade de raciocínio do homem se deixasse ultrapassar pelo robô, mas muitas tarefas hoje feitas pelo homem passarão a ser encargo de máquinas e hoje isso já acontece.
Quanto às guerras menos evoluídas, já houve quem dissesse que em sua casa um homem pode tanto que até depois de morto são precisos quatro para o tirarem de lá.
E para os «terroristas» se baterem com risco de vida é porque se sentem com razão, porque defendem algo que lhes é caro. Não devemos menosprezar as razões, os motivos que os movem.

Um abraço
João