segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Egas Moniz respeitava a palavra dada

Este exemplo dos primeiros tempos da nacionalidade mostra apurado sentido da honra, da dignidade e do respeito pelo valor da palavra. Pelo contrário, os políticos de hoje são aquilo que vamos conhecendo.

Nada de pessoal tenho a favor do autor do artigo que cito nem do político nele destacado e, infelizmente, este é apenas um dos muitos que poderiam ser referidos por casos semelhantes. Se alguns são considerados mais mentirosos do que a média, poderá ser por terem maior incontinência nas palavras e promessas ou por ocuparem cargo de mais visibilidade. Como os valores éticos têm sido tão vilipendiados nos últimos tempos!

Vejamos o que diz o artigo:

Uma corda para Alberto Martins!
Jornal de Notícias. 15-02-10. Por Honório Novo

A fundação da nacionalidade está ligada a Egas Moniz, homem para quem a palavra dada era compromisso firme, que não hesitou em pôr uma corda ao pescoço quando soube que o que avalizara não seria cumprido.

É isto que está a acontecer a Alberto Martins, ministro da Justiça, ex-líder parlamentar do PS, candidato do PS no Porto nas eleições de 27 de Setembro. Por três vezes, Martins disse que o PS não iria privatizar a ANA, empresa pública que gere os aeroportos. Na RTP-N, no Porto Canal e na Associação Comercial, em três debates eleitorais, Martins repetiu o compromisso, afirmando que, quando muito, o PS poderia privatizar a parte comercial da ANA...

É pública a polémica sobre este tema. A reboque da privatização da ANA, há por aí uns "trutas" - apadrinhados pela Junta Metropolitana do Porto -, preparados para "sacar" os lucros dos 400 milhões do investimento feito no Aeroporto do Porto e do facto da sua gestão pública ter transformado o "apeadeiro de Pedras Rubras" num dos melhores aeroportos mundiais. Daí a relevância política das afirmações de A. Martins, comprometendo-se, e ao PS, a não privatizar a ANA! Mas, para Sócrates, a palavra pouco interessa.

Teixeira dos Santos disse esta semana que o Governo vai afinal privatizar a ANA. Estranhou então o Ministro a insistência no tema, em ligá-lo à honra de A. Martins. Já sabíamos o que significa a palavra dada para T. dos Santos: recordamos que se comprometeu a representar o Porto na Assembleia Municipal mas que, no dia seguinte às eleições, deu logo "às de vila-Diogo"! Só que não deve medir os outros pela sua própria bitola…

Mas, não obstante os tempos que correm, pensamos que há ainda homens com honra. Por isso, acreditamos que Alberto Martins se irá explicar, com ou sem corda, como Egas Moniz.

2 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro João Soares

Concordo consigo. Mas parece-me qua invocar a memória de Egas Moniz não é grande ideia. Andam por aí uns boatos inquietantes, ao ponto de pretenderem fazer uma análise ao ADN do Afonso Henriques.
Se calhar foi com o Egas que tudo começou. E o que nasce torto...

A. João Soares disse...

Caro Vouga,

O 1º Rei era tratado por ele como se fosse filho!
Há quem diga que a troca foi feita nas termas de S. Pedro do Sul, por o filho da D. Teresa não ter cura das suas malformações das pernas.
Mas quando se aponta como exemplo um caso, não quer dizer que a pessoa seja perfeita em tudo.
Não há ninguém perfeito. Por exemplo, aprecio a voz e a rapidez do verbo do PM, e acho-o muito competente para ser ... vendedor da banha de cobra ou apresentador dos artistas de um circo.

Um abraço
João