sábado, 13 de março de 2010

Portugal esquece os seus soldados

Transcrição seguida de comentário, recebido por e-mail.
EDITORIAL DO JORNAL DESTAK DE 12/11/09, Por Isabel Stilwell,

Por toda a Europa celebraram-se ontem 91 anos sobre o fim da I Guerra Mundial e, no dia da Memória, como lhe chamam, homenagearam-se todos os que morreram em todas as guerras desde aí. Em França, o momento fez história, já que reuniu frente ao túmulo do soldado desconhecido, em Paris, os representantes de dois dos países que se confrontaram violentamente, Nicolas Sarkozy e Angela Merkel, numa iniciativa até aqui sempre recusada pelo governo alemão. Mas agora que, de cada lado do Reno, já não há veteranos do conflito, foi possível dar um passo de reconciliação. Na ocasião, Sarkozy puxou pelo seu lado mais sentimental lembrando que as crianças francesas e alemãs choraram da mesma forma pelos seus pais perdidos em combate.

No Reino Unido, a família real e os políticos multiplicaram-se em cerimónias, num ano igualmente simbólico, já que morreram recentemente os últimos três veteranos da I Grande Guerra. Mas as manchetes dos jornais chamavam a atenção, sobretudo, para o conflito no Afeganistão, que emociona, agita e desespera a opinião pública britânica, quando já 223 ingleses ali perderam a vida, desde 2001, e a retirada não está à vista. Os caixões das fotografias de primeira página não eram amarelecidas pelo tempo. Estes acabaram de chegar…

Apenas dois depois das celebrações da queda do muro de Berlim, o contraste é a prova de que nem todos os muros caíram. Em Portugal recordamos pouco e temos uma dificuldade enorme em falar dos nossos soldados mortos no Ultramar, ou que ainda hoje sofrem sequelas profundas daqueles combates. Quando não recordamos, não homenageamos aqueles que deram a vida pelo seu país, roubamos sentido à dor e traímo-los. Os combatentes em África, por força de um volte-face político, não tiveram direito a ser tratados como heróis.

Fomos incapazes de distinguir a justeza da guerra (e há alguma que o seja?) com a generosidade de quem cumpriu o seu dever. E um país que não é capaz de recordar é, paradoxalmente, um país sem futuro.

Comentário de V. Clemente:

Vergonha!! mais uma entre tantas !!!
Como os militares neste país deixaram há muito de ter políticos (defesa nacional) mas e sobretudo de chefes superiores que curem da sua dignificação e de todas as questões com a condição militar relacionadas, torna-se altamente gratificante vermos uma (verdadeira) cidadã, de forma isenta e modesta, substituir-se a eles e honrando-se ao mesmo tempo.
Muito obrigado Isabel.
v.clemente
Imagem de monumento em Viseu AJ

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