sábado, 5 de junho de 2010

Ruptura com reestruturação inteligente é necessária

Transcrição seguida de NOTA:


Rupturas
Jornal de Notícias 05-05-2010. Por Paulo Baldaia

No meio da crise, que muitos imaginam estar longe do fim, há muito quem peça rupturas e quem adivinhe a necessidade futura de Portugal recorrer ao fundo de emergência europeu, uma espécie de FMI para os países pobres da Europa, mas ricos à escala global.

Ter amigos endinheirados, como a Alemanha, dá muito jeito quando as coisas correm bem, mas esses amigos têm sempre uma factura para apresentar quando as coisas dão para o torto. A ruptura com o caminho que temos seguido até aqui vai mesmo acontecer, a questão está em saber se a vamos saber impor a nós próprios ou se terão de ser outros a fazê-lo.

Recorrer ao fundo europeu, como em tempos recorremos ao FMI, só significará que as medidas de austeridade terão de ser mais fortes, muito mais fortes. Refinanciar a nossa dívida não significará nunca deixar de a pagar e, como o dinheiro está a ficar cada vez mais caro, vamos ter de o pagar cada vez mais rápido.

O país precisa de facto de uma ruptura, com o pragmatismo partidário a ceder em favor de uma ideologia que promova a dignidade humana, com os egoísmos a darem lugar à solidariedade e à partilha. Se isto não acontecer, vamos passar mais uns anos a corrigir os erros do passado para os repetir logo que a tempestade tenha passado.

O problema de Portugal e das empresas portuguesas é a falta de uma cultura de exigência e a falta de uma vontade pura de premiar o mérito, acabando com o mundo das cunhas. A ruptura que temos de fazer é cultural. Até lá, estaremos sempre em crise.

NOTA: A ruptura parece ser indispensável e inadiável, mas tem que ser sensata, inteligente e não um acto de loucura, de irresponsabilidade. Na Islândia, os eleitores estão dispostos à rotura votando em partidos e candidatos bizarros para fugirem ao afogamento no pântano criado pela diminuição da credibilidade dos políticos sérios. Elegeram o mais famoso humorista do país nas eleições autárquicas de há uma semana em Reiquejavique.

O autor, Paulo Baldaia, refere de forma muito clara os valores que devem ser respeitados para restaurar Portugal, fugindo ao marasmo, demasiado indiferente e acatador de vícios e manhas, nocivos ao País, que se vêem arrastando por tempo demasiado.

2 comentários:

Mentiroso disse...

Caro Amigo,

O autor está ainda muito longe da realidade. Ou a está a encobrir ou a ignora, e o último não é de crer, pelo que será mais um impostor a acrescentar à já imensamente longa lista.

No meio da crise, que muitos imaginam estar longe do fim. Imaginam? Ela esa para durar e no mínimo uma década. O que levou tanto tempo a formar-se solidamente não vai desaparecer com uma varinha mágica, mas vai fazer sofrer muita gente durante muito tempo. é com,o a história da cigarra: já que cantaste no verão, agora dança no inverno.

O que se vai passar se for pedido o empréstimo do FMI e da UE é bem simples: haverá uma transmissão de soberania económica para os credores. As decisões dos governos passarão nesse âmbito passarão a ser reguladas directamente por eles, a fim de não se continuar a enviar contas falsas para a UE e de evitar mais derrapagens. O desenvolvimento, desperdiçado pelo mau uso e roubo dos fundos europeus pelos governos do Cavaco parará por completo, que o seu tempo já passou. Será uma miséria a longo termo.

OBRIGADO CAVACO. Aqueles a quem tornaste miseráveis agradecem as tua imprescindível ajuda nesse sentido e ainda teres aprovado o casamento de anormais contra princípios que dizes ter e não defendeste por razões inexistentes.

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso,
Na gestão dum País, qualquer pequeno problema tem aspectos muito complexos e variados que ninguém consegue ter um tal poder de síntese que consiga numa folha A4 definir a globalidade de uma questão. Sobre a economia há centenas de tratados e manuais em qualquer biblioteca média, tal como sobre a saúde, o ensino, a justiça, a segurança, a defesa, a sociologia, a contabilidade, etc. etc. Ao olhar para um texto de jornal ou mesmo de revista da especialidade, aceito que tenha apenas uns pontos de reflexão para estimular o pensamento, sugerir dúvidas para se ir à busca de explicações mais completas.

Por outro lado, considero que os jornalistas não são especialistas de nada. Apenas generalistas com ideias vagas que lhes permitem fazer relacionamentos entre os sinais que obtêm. Com este conceito dou-lhes valor por terem despoletado os vários «casos» ocorridos no País e que, por deficiência da estrutura legal e do funcionamento da Justiça, acabam por ficar vazios, sem culpados nem condenados, ficando os colarinhos brancos sempre impunes.

Mas quanto ao título do post, parece que a ruptura será indispensável, porque com as pessoas e os procedimentos actuais não poderão ser eliminadas as causas desta crise financeira, económica e social, E para elas ficarem inactivas sem poderem interferir nas reformas que terão de ser implementadas, é preciso que haja uma ruptura e não se depositem esperanças em evoluções suaves, em paninhos quentes. Tem que se extrair os tumores que estão na raiz do actual mal-estar social e económico.

Pode realmente acontecer que tenha de haver cirurgias profundas, amputações e até implantar próteses, tal como se tem feito com a selecção nacional de futebol (exemplo do Scolari) ou com a TAP (administrador contratado no Brasil). Seria interessante um primeiro-ministro que tivesse o bom senso de firmar a equipa governativa com a maior parte dos ministros independentes, sem vícios e manhas partidárias, e com experiência de gestão na actividade económica dó País.

Mas infelizmente os portugueses não têm a coragem de ser independentes e , por exemplo, tenho encontrado pessoas que atribuem Fernando Nobre, como maior defeito o facto de não ter experiência política, não vendo que essa dita experiência se resume a corrupção, tráfico de influências, enriquecimento ilícito, tricas interpartidárias, negociatas para abater adversários manhas de propagandistas, etc., coisas indesejáveis e que a sua ausência só o valorizam

Um abraço
João
Sempre Jovens