Quando, em análises gerais e abstractas, se atribuem vícios e erros aos políticos, de forma abrangente, nunca devemos esquecer de que há excepções, como em toda a regra. Temos que admitir que existem políticos que são homens com sentido de Estado e que não cedem a irregularidades no respeitante aos deveres da POLÍTICA com maiúsculas e, quando evidenciam as suas qualidades positivas, devem ser destacados e elogiados, pelo exemplo de dignidade que representam.
Vem hoje no Público a notícia de que João Correia Secretário de Estado da Justiça demitiu-se por identificar uma “cultura contra a Justiça” e refere-se a entrevista dada pelo próprio ao jornal «I», em que afirma sair porque o objectivo central, quer do convite quer da sua permanência no Governo, era contribuir para as reformas, nesta fase delicada da administração da Justiça em Portugal, que lhe foi entregue a missão de concretizar a reforma do mapa judiciário, fazer a reforma do processo civil, do processo penal, da lei da arbitragem. E que, além do mandato que recebeu, inovou também ao nível dos tribunais da concorrência, regulação e supervisão e tribunal da propriedade intelectual, para além das normais miudezas de qualquer ministério, que resultavam da tutela da direcção-geral da administração da justiça, da reinserção social, do instituto de medicina legal, da comissão para a protecção às vítimas de crimes violentos.
Deve salientar-se que, apesar de ter formalizado o pedido de demissão no dia 22 de Novembro, teve o cuidado de, por razões de fidelidade, coerência e respeito pelo Governo, isso não ser publicitado até que fosse votado o Orçamento, para não criar ruído, para isso não poder ser aproveitado como um factor de enfraquecimento da política do Governo no seu todo.
João Correia evidencia, desta forma, elevado teor ético, sentido de missão, da honra, da dignidade, do dever. Um governante exemplar deve colocar o Estado, o Portugal de todos os portugueses, acima das tricas partidárias, acima das pressões que têm levado à impunidade dos políticos.
Como cidadão português, presto a minha homenagem a este exemplo de bom português que não se vende por mordomias ou por tachos dourados.
Imagem do Público.
sábado, 27 de novembro de 2010
Governante honrado e descontente
Posted by A. João Soares at 17:03
Labels: dignidade, honra, sentido de Estado
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6 comentários:
Caro João Soares
Conheço pessoalmente o Dr. João Correia. É irmão de um camarada do meu curso.
Tal como esse irmão, tenho-o por uma pessoa íntegra e incapaz de trair a sua consciência. Só não percebi muito vem como é que aceitou ser membro deste (des)Governo.
Caro Vouga,
Se se refere ao Garcia Correia, concordo consigo.
Pelos vistos, foi enganado tal como o foram O ex-MNE Diogo Freitas do Amaral e o ex-MF Luís Campos e Cunha. Agora já há mais alguns a estudar a melhor forma de se afastarem sem prejudicar o futuro de «boys» atentos e venerandos. Quem não sabe mais do que sabujar-se aos líderes políticos tem que engolir os sapos que se lhes apresentarem e ir aguentando...
Nem todos se sentem em condições de bater com a porta como estes que já saíram do bando.
O João Correia mostrou muita dignidade e respeito pelo partido procurando não ocasionar muita quebra do pouco crédito nos mercados financeiros!!!
Um abraço
João
Do Miradouro
Caro João Soares
Acertou. É irmão do Garcia Correia, meu particular amigo desde os tempos da A.M.
Honrado? O sr Gaba-se da reforma do mapa judiciário, reforma do processo civil, reforma da lei da arbitragemEstalem os dedos e perguntem. alguma destas coisas já deu entrada no Parlamento?Resposta: nenhuma. Mas para o dr Correia isso é irrelevante. Ele já pensou.Os seus amigos já sentenciaram.Como se atreverão os ignaros deputados a mexer num f ou r dos reis da cultura judiciária????!Pergunta: A criação dos tribunais da concorrência, regulação e supervisão e tribunal da propriedade intelectual já ocorreu? R: não. ha uma proposta na AR. Nem um tostão para comprar as traquitanas e os terrenos da EPC em Santarém. Nada feito entre o Governo e a câmara onde o sr PM foi anunciar os tribunais em abril passado... GANDA IMPULSO REFORMADOR!!!! O dr Palma chora este defunto porquê????!
Caro Fernando Vouga,
Conheço o irmão e tenho por ele grande apreço. Peço ao Vouga que quando o contactar lhe transmita um abraço, porque não possuo o seu contacto.
Um abraço
João
Sempre Jovens
Madalena,
Vê-se que está dentro dos meandros da máquina da Justiça. Trouxe pormenores das deficiências de tal mecanismo que devem ser levados ao conhecimento dos eleitores.
Talvez pelas dificuldades que se lhe depararam decidiu parar a sua colaboração ao País no meio de tal equipa. Alguns dos pormenores que refere dependem de colaboração de outros ministérios e talvez(!!!) a máquina governativa não esteja a trabalhar como uma equipa bem treinada e orientada para usar todas as sinergias de interacção com vista a um grande objectivo nacional de desenvolver o País em todos os aspectos. Talvez (!!!) haja pastas onde se pretende fazer brilharetes e empregar mais «boys», sem ter em vista o objectivo global da missão da equipa. Talvez esta esteja organizada mais para empregar «boys» do que para defender da melhor maneira os interesses nacionais.
Uma equipa deve ter uma organização simples, funcional, económica, patriótica, aliando o rigor e a flexibilidades, nas relações verticais de mando e nas laterais de coordenação entre pastas, etc
Uma pessoa honesta, não se sujeita a permanecer numa equipa bem remuneradora só para colher mordomias e ter visibilidade que engorde a vaidade, mas onde não possa trabalhar mais e melhor para Portugal. Sair de uma tal equipa, só por si, já demonstra muita dignidade e honra. Englobo aqui outros governantes que já saíram e os que estão a pensar sair.
António Guterres deu um bom exemplo aos restantes políticos.
Mas nem todos têm estofo moral para o imitar e agarram-se ao poder pelo poder apesar de estarem envolvidos em variados escândalos não se livrando de suspeitas que nada os prestigiam, mesmo que um dia venham a ser totalmente esclarecidas.
Cumprimentos
João
Saúde e Alimentação
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