Já aqui disse que não costumo ver televisão por considerar que, na maior parte das vezes, é um mau emprego do tempo. Mas ontem, ao ver numa notícia online que o Doutor Jorge Lacão, como ministro dos Assuntos Parlamentares, ia discursar ao País acerca da entrega do PEC pelo Governo ao Parlamento, julguei, com a minha ingenuidade e o optimismo que procuro não perder, aprender algo sobre o novo PEC e as medidas que estão a ser preparadas para bem dos portugueses, para tirar Portugal da crise que tem sido alimentada por políticos incompetentes e pouco dedicados à causa nacional.
Mas, em vez de ouvir o Senhor Doutor, falar dos problemas de Portugal, deparei com ele a agir como fera acossada, refugiada na sua toca e mostrando as garras contra eventuais adversários. Foi uma desilusão, que rima com Lacão, com ostentação.
Em vez de falar de Portugal, da situação actual que, pelos vistos, continua a exigir mais e mais sacrifícios aos já mais sacrificados, limitou-se a denegrir o partido mais temido, num género de queixinha infantil, do menino Zequinha das anedotas. Referiu seis ou sete «incoerências e contradições» do PSD, num discurso que deve ter dado muito trabalho a preparar, mas que nada interessa verdadeiramente aos portugueses que pretendem saber como vamos sair do buraco e viver nos próximos tempos.
Como errar é humano, o PSD, naturalmente, não é isento de imperfeições mas, no momento presente, o PS não tem autoridade moral para dizer mal de qualquer partido da oposição. Os erros que tem cometido, a situação muito denunciada quanto a despesas injustificadas, como por exemplo, as Dezenas de institutos públicos a extinguir, retiram–lhe tal autoridade moral e não dão crédito à lição que Lacão quis ministrar.
A maior incoerência, contradição e desilusão veio de Lacão… até rima.
O PEC quer apertar mais o cinto dos pobres mas continua com os mesmos gastos desnecessários com os seus «rapazes».
Lacão em vez de falar do PEC e de Portugal limitou-se a dizer mal do partido que teme, portanto colocou o interesse do seu partido e a competição com o seu rival acima de Portugal, colocou a luta interpartidária acima do respeito que deve ter pelos portugueses.
Esta é mais uma prova de que a sensatez não abunda na mente dos políticos que estamos condenados a suportar. E, como diz «Eduardo Lourenço: Os políticos são os nossos representantes, não os nossos chefes». Logo devem evitar tanta arrogância e ostentação de poder.
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