Não há rosas sem espinhos e tudo tem aspectos melhores e piores, como ressalta da notícia Ordem para calar críticas ao líder de que aconselho a leitura para melhor se compreenderem as reflexões que se seguem.
Uma instituição, um grupo, seja desportivo ou político, deve ter espírito de equipa, tendo em mira um objectivo. Isso é importante. O PS não quer ser como o PSD que, desde que deixou de governar, já escolheu e apeou quase meia dúzia de líderes. Mas levar essa preocupação ao extremo de calar todas as críticas, mesmo que positivas com propostas construtivas e inovadoras, já não parece um gesto racional de preparação do futuro do partido.
O culto da personalidade não dá resultados perpétuos, como se viu, por exemplo, com Mao Tse Tung, apesar da táctica da «Grande Marcha» e do seu livrinho vermelho. Por outro lado, a unanimidade nem sempre é garantia de boas decisões, como se viu na votação da lei do financiamento dos partidos e na da lei da rolha.
Mas isso é um problema interno que eles terão que resolver. Porém, a notícia apresenta um aspecto lastimável que é o de evidenciar que o PS não está a olhar pela positiva para um objectivo essencial, o de apresentar ao País propostas para desenvolver Portugal de forma a cá poderem viver com prosperidade as crianças que hoje dão os primeiros passos, sem terem de ir realizar a sua vida no estrangeiro.
Em vez de objectivo nacional, circunscrevem-se a objectivo partidário de ganhar o campeonato a olhar para as canelas do adversário, a passar-lhe rasteiras. É a pura luta pelo poder para continuar a distribuir empregos (melhor dizendo, salários e mordomias) aos amigos, em prejuízo dos contribuintes.
É deprimente ver a principal preocupação do PS ser colocar «todos os notáveis a falar a uma só voz nas críticas ao principal partido da oposição». Para um independente, apartidário, esta intenção é anti-patriótica, porque ignora, subalterniza, o interesse nacional, o País dos portugueses.
Felizmente, para Portugal e para o PS, surgem algumas (embora poucas) vozes de pessoas que recusam ser ovelhas abúlicas, como José Luís Carneiro, presidente da Câmara de Baião, que disse que "afrontar o PSD poderá dificultar inevitáveis negociações futuras, independentemente de quem sair vencedor das próximas legislativas", e se manifestou favorável à demissão de José Sócrates da liderança do partido em caso de derrota nas legislativas. "Se fosse eu, era o que faria. No entanto, estamos na luta com o claro objectivo de fazer com que ele volte a vencer".
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Há 4 horas
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Transcrição da notícia "É legítimo pedir a Sócrates que renuncie à recandidatura"
O socialista Narciso Miranda desafiou hoje José Sócrates a renunciar à recandidatura ao cargo de primeiro-ministro nas próximas eleições legislativas, uma vez que este disse, há cerca de 15 dias, que não estaria disponível para governar com o FMI.
Depois do anúncio de quinta-feira por parte do primeiro-ministro de que Portugal iria pedir ajuda externa, Narciso Miranda recordou à Agência Lusa algumas declarações de José Sócrates.
"Há pouco mais de 15 dias afirmou, e eu vou citar, "não estou disponível para governar se o FMI vier a entrar em Portugal", para oito dias depois, reforçar esta tese dizendo: "Este é o momento [estava a referir-se às próximas eleições] dos portugueses escolherem se querem um Governo com o FMI ou sem o FMI", relembrou.
Para o ex-presidente da câmara de Matosinhos, "é legítimo propor ao Eng. José Sócrates para dar um sinal de grande desprendimento do poder, de grande humildade política, renunciando à recandidatura ao cargo de primeiro-ministro".
"Se o fizer, presta um grande serviço ao PS e esta decisão é, do meu ponto de vista, patriótica e em consequência disso merecerá uma grande homenagem, em que eu obviamente participarei com muito gosto", garantiu.
Para o socialista "há aqui uma questão que já não é só política mas que para além disso é uma questão de caráter", acrescentando que "é um grande desafio" que faz a José Sócrates.
"Se ele fizer isso vai abrir caminho para que, seja qual for o resultado das eleições, se concretize um grande objetivo que é o de se criar um Governo com uma ampla maioria, forte, credível, que diga a verdade, que deixe de enganar os portugueses para resolver esta grande alhada para que nos conduziram nos últimos dois, três anos e que se agravou perante esta enorme teimosia do primeiro-ministro por não ter tomado a decisão mais cedo", criticou.
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