Depois da interessante conversa de ontem (19-05-2011) com o amigo Lourenço, companheiro do convívio trimestral, dei comigo a meditar neste tema.
Desde os velhos tempos da antiga Grécia e da antiga China, chegam referências ao desejo de filósofos que, já então ansiavam pela perfeição do ser humano e pelo bom relacionamento entre pessoas e povos, por forma a transformar o Planeta num paraíso. De tais objectivos de evolução humana e social participaram muitos homens de pensamento e as diversas correntes religiosas, e o resultado foi sendo materializado por alterações na vida dos povos. Mas estas foram sempre aproveitadas pelos detentores de poder para aumentarem este à custa dos menos capazes ou débeis.
As sucessivas épocas passaram pelo poder agrário e o feudalismo, pelo poder industrial de produção de bens e ferramentas e estamos agora no poder financeiro, que já não parece estar baseado em produtos ou em dinheiro real mas apenas virtual em que a contabilidade e o controlo não garantem a segurança desejada. A crise surgida há cerca de três anos resultou da virtualidade de financiamentos que se evaporavam quando se vendessem os bens sucessivamente penhorados em resultado de transacções baseadas em créditos sem base consistente.
Já existem muitos pensadores a tentarem definir ONDE ESTAMOS e quais os vectores que nos trouxeram até aqui e a procurarem desvendar as tendências de evolução para o futuro próximo. Deixam a sensação de grandes receios quanto ao que poderá ser o amanhã, PARA ONDE VAMOS.
Há necessidade de estudos elaborados por pessoas independentes que definam claramente o AGORA, e os factores que o condicionam, para que se esbocem os principais caminhos prováveis e, desses, os mais desejáveis do ponto de vista da Justiça Social e da melhor convivência entre as pessoas e os povos. É trabalho que fica bem a nível universitário, em grupos de entusiastas que consigam, depois aliciar os políticos a colocar em prática, as estratégias que renovem o culto dos principais «valores éticos» e coloquem normas no marketing fraudulento que se destina ao incremento irracional do consumismo, à ostentação, que destroem recursos sem benefício para o real bem-estar dos povos, e de que resulta o aumento do poder financeiro, raramente coincidente com valor ético e cultural.
Será bom que as gerações mais jovens, principais beneficiadas pelas boas condições que o futuro venha a ter, se entusiasmem desde já a colaborar numa obra que é para si. Seria um sinal de esperança que de entre os jovens surgissem ideias para definir ONDE ESTAMOS e PARA ONDE VAMOS. O pior que pode acontecer é a aceitação do «destino», o silêncio desconfortável, o sofrimento consentido.
AJS, Maio 2011
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