Ângelo Correia recusa imposto especial para mais ricos, alegando que «quem tem mais já contribui na devida proporção»
Diz que, «quando as taxas progressivas de impostos são aplicadas a quem ganha mais, eles já estão a pagar muito mais. Quando ao IMI é aplicada uma majoração é a quem tem casa, em princípio ricos e classe média, ou seja, toda a tributação que existe em Portugal já penaliza mais os ricos do que os pobres».
As declarações de Ângelo Correia opõem-se claramente à posição de Warren Buffett e de 16 empresários super-ricos franceses.
Não tem razão naquilo que afirma com ar que procura ser convincente. Com efeito, o recente aumento do IVA que foi multiplicado quase por 4, favorece os ricos em prejuízo dos pobres. Estes gastam em electricidae, gás e no supermercado tudo o que ganham, enquanto os ricos só sujeitam ao IVA uma pequena parte do seu rendimento, porque os investimentos em acções, obrigações e off-shore estão isentos de IVA. Mesmo que assim não fosse, o IVA é um imposto injusto porque não tem escalões conforme o grau de rendimentos.
Também o subsídio de Natal, no conceito de subsídio, depois do corte anunciado, vai ser de poucas centenas de euros para os menos ricos e de vários milhares para os qye recebem salários dourados, como se os ricos precisassem de mais ajuda para as filhós. Logo aqui AC não tem razão. Mas se considerarmos que é um imposto extraordinário sobre o 13º mês, também nesse caso há favorecimento dos ricos porque é um imposto injusto, cego, sem escalões, usando a mesma fórmula matemática para os mais carentes e os mais ricos.
Por esta ordem de raciocínio das declarações deste notável, talvez venhamos a ouvi-lo a insurgir-se contra o combate à corrupção e ao enriquecimento ilícito!
Prefiro Warren Buffett de quem consta:
«Seus filhos não terão uma significante parte de sua fortuna, sendo que 83% de Berkshire vai para a Fundação de Bill e Melinda Gates, ou seja, 10 milhões de ações (aproximadamente US$ 30.7 bilhões), fazendo dessa a maior doação da história, transformando Buffett em um dos maiores filantropos do capitalismo.
Outra parte de sua fortuna irá para sua própria fundação, a Fundação Buffett. A herança de sua mulher, avaliada em US$ 2.6 bilhões, foi para a fundação quando ela morreu, em 2004.»
Imagem do Google
A Decisão do TEDH (398)
Há 6 minutos
4 comentários:
Caro João Soares
Para os devidos efeitos transcrevo o seguinte diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, na peça teatral "Le Diable" Rouge, de Antoine Rault:
«Colbert: - Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…
Mazarino: - Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado… é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
Colbert: - Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: - Criando outros.
Colbert: - Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: - Sim, é impossível.
Colbert: - E sobre os ricos?
Mazarino: - Os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: - Então como faremos?
Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer, e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média! »
Caro Vouga,
Obrigado por trazer aqui este texto que mostra bem o exagero a que chega a perversidade dos conselheiros dos governantes e, infelizmente, na maior parte dos casos devido a obtusidade e miopia destes, tais pérfidos conselhos são postos em prática, para progressivo empobrecimento da sociedade.
Mas não esqueçamos que pouco tempo depois do diálogo transcrito, a guilhotina da Revolução Francesa tratou ecologicamente da questão. É nisso que os actuais ricos que pretendem contribuir para a solução da crise estão a pensar e a procurar evitar, preferindo pagar agora um pouco para evitar ficar sem nada numa próxima revolução global.
O sábio Ângelo, cego pela ambição, não vê esse escape para evitar a «guilhotina»!
Abraço
João
Caros amigos, sugiro que leiam -se ainda não o fizeram- a reportagem na revista Única do Expresso sobre Warren Buffett.
Em Portugal, mas não só, os "ricos" usam a fortuna das empresas a seu belo prazer. Taxar as fortunas pessoais não será, para eles, o seu maior problema, uma vez que a sua verdadeira fortuna está na utilização de bens móveis e imóveis , assim como o dinheiro, no dia-a-dia pessoal e familiar, que é oriundo das suas empresas. Carros, cartões de crédito, viagens, casas...
O cidadão médio, que recebe e desconta directamente, não pode fugir ao fisco. Por isso a classe média é a grande pagadora e perdedora no meio de tudo isto. E sem classe média o país perde o consumo. Logo a crise aumenta e mais empresas encerram. E o país vai caindo...
Cumprimentos
Anónimo ou anónima,
Lamento que não tenha deixado algo que me levasse a saber quem é. Mas, de qualquer forma, agradeço este óptimo texto que nos dá uma visão muito real da indefinição dos limites entre a empresa e o património do seu «dono». É essa miscelânea que serviu de argumento ao Manuel Damásio ao afirmar publicamente que não declarava IRS porque não tinha salário nem rendimento semelhante. Não há vergonha, nem seriedade, nem civismo.
Por isso, não será fácil taxar com rigor os tubarões da economia nacional.
O PM disse qie para sair da crise é preciso poupar, mas isso pode resultar em estiolar a economia, fecho da produção e encerramento de empresas, industriais e de comércio, com desemprego e empobrecimento geral, com perda de poder de compra, mais fome e, em consequência, maior perigo de revolta interna com todos os perigos advenientes para a segurança de pessoas e dos patrimónios, pagando o justo pelo pecador.
Oxalá haja o milagre que ilumine o raciocínio dos governantes e que os leve a tomar medidas adequadas para sair da crise de forma socialmente justa e que saibam esclarecer o povo dos motivos dos sacrifícios exigidos, da sua duração e dos resultados esperados, isto é do desenvolvimento de Portugal de forma sustentada e justa.
Cumprimentos
João
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