Tem sido crescente a ausência de esperança num futuro mais ético, mais orientado para a felicidade do povo, dos 90% da população mundial. Têm sido apontados como causadores dos piores males da humanidade os políticos, ambiciosos, ávidos de riqueza pessoal e para os seus familiares e amigos e arrogantes, abusando de imunidades e impunidades, de mordomias e do dinheiro público, além dos banqueiros e dos grandes empresários e especuladores financeiros.
Mas, vindos de países que cultivam valores éticos e humanos, vão aparecendo sinais animadores e geradores de esperança. De alguns países nórdicos têm vindo exemplos de que a Justiça deve funcionar contra todos os infractores , independentemente de serem políticos, ou pessoas altamente colocados na escala do poder económico e financeiro.
Agora, chega da Índia um dos países candidatos à supremacia mundial da próxima década, os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e South Afriba), exemplo de luta persistente e racional contra a corrupção. Não agem com multidões nas ruas que geralmente se excedem e destroem património privado de inocentes e carenciados, mas sim com actos individuais cirúrgicos mas que têm repercussões e efeitos positivos.
Em meados de Agosto Anna Hazare activista de 74 anos, entrou em greve de fome até à morte para apoiar uma redacção adequada da lei de combate à corrupção que estava a ser preparada no Parlamento. Foi severamente criticado pelo chefe de Governo, Manmohan Singh, em discurso no Parlamento, que foi amiúde vaiado pelos deputados da oposição.
Esta atitude cívica, embora individual, incomodou o Poder, mas o povo apoiou a ideia do activista anti-corrupção e mais de mil pessoas foram detidas numa manifestação não autorizada em Nova Deli, contra o facto de Anna Hazare, ter sido posto em prisão preventiva antes de iniciar a greve de fome “até à morte” para pressionar o Governo indiano. Os protestos alargaram-se a várias cidades e a polícia deu ordem para o libertar.
Mas, enquanto detido, nem a prisão o impediu da greve de fome. Recusou ser libertado, e decidiu fazer greve de fome na cadeia e tornou-se um problema político para o primeiro-ministro Manmohan Singh, e os protestos aumentaram em seu apoio.
A situação era demasiado incómoda para a autoridade e Anna Hazare foi libertado da prisão para continuar greve de fome em local público de Nova Deli,como forma de pressão sobre o governo para que crie uma legislação mais dura contra a corrupção. A atitude heróica, lógica e coerente com valores éticos pôs a Índia a gritar contra a corrupção.
Ao fim de 12 dias de greve e de o assunto ter repercutido por todo o mundo, o activista anti-corrupção indiano Anna Hazare aceitou pôr fim à sua greve de fome, após ter arrancado ao Governo e ao Parlamento um acordo para endurecer a legislação. A luta de Hazare, que teve um tremendo eco na população, com grandes manifestações de apoio em várias cidades, cristalizou-se num projecto de lei que visa criar um cargo de provedor da república para vigiar os políticos e os funcionários públicos.
Depois desta corajosa atitude cívica, o exemplo já deu origem a outros actos da defesa de valores e o mais recente foi o do jovem indiano Harvinder Singh que agrediu, ontem, o ministro da Agricultura, Sharad Pawar, e chamou-o de corrupto. O agressor disse, após a sua detenção, que a agressão foi "a resposta aos políticos corruptos".
Estes actos singulares acabam por não ter os grandes inconvenientes contra vidas e património em que, frequentemente, degeneram as manifestações de massas, mas têm um eco poderoso não só internamente mas também para o mundo.
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